Sofonias foi escrito para conclamar o povo
de Judá e de Jerusalém ao arrependimento em face da invasão babilônica, bem
como à esperança numa grande restauração após o tempo de destruição e exílio. Já
nos encontramos na terceira parte, sendo agora o capítulo segundo.
III. ESPERANÇA DE SALVAÇÃO (2.1-3).
A única esperança de proteção contra o
julgamento divino era buscar a Deus com humildade.
O primeiro ciclo do livro termina com um
chamado ao arrependimento como caminho para a esperança de salvação da destruição
que aconteceria no Dia do Senhor.
O capítulo começa com uma ordem para uma
nação despudorada congregar-se (NVI) ou concentrar-se e examinar-se. Usando uma
terminologia que normalmente significa "reunir gravetos ou restolho",
o profeta, ironicamente conclama os judeus a se reunirem como palha pronta para
ser descartada (vs. 2).
Eles foram chamados a reunir-se para ouvir
(Is 34.1; Jr 4.5; JI 2.15-16; 3.11) e buscar a misericórdia de Deus (vs. 3).
Exortar o povo a ouvir advertências severas
é um ato da graça divina, pois as advertências são formuladas com o objetivo de
estimular ou evocar arrependimento naqueles que as ouvem.
A razão para a busca do Senhor era óbvia e
urgente, não se poderia adiar. O furor da ira do SENHOR, literalmente, "o
calor da ira do SENHOR" (Ex 32.12; Nm 32.13; Dt 13.17; Jr 4.26; 12.13;
25.37-38; Jn 3.9; Na 1.6) iria chegar com toda a sua força.
A palavra de escape foi dirigida aos que
temem ao Senhor, aos mansos de toda a terra que haveriam de ouvir e entender a
urgência e perigo iminentes. Os outros também ouviriam, mas desprezariam o
alerta e continuariam normalmente com suas vidas, mas o momento era de buscar o
SENHOR (1.6; Is 55.6-7). Hoje, o alerta está sendo dado pela igreja de que
Jesus está voltando. Você está ouvindo ou rejeitando?
Nesse contexto, buscar ao Senhor é descrito
de modo mais preciso como um ato de arrependimento ("buscai a justiça,
buscai a mansidão").
Um padrão semelhante pode ser visto em Am
5, onde o profeta ordena: "Buscai o SENHOR" (Am 5.6) e mais tarde:
"Buscai o bem e não o mal" (Am 5.14).
Aos que ouvirem e buscarem a promessa seria
de que poderia haver o escape do Senhor. Compare com Amos 5.15. A promessa do
Senhor de uma salvação eterna é certa para todos os que verdadeiramente o
buscam (Is 55.7). +++ LEIA MAIS +++
Aqui as palavras do profeta expressam a
esperança de que um remanescente "humilde" encontraria refúgio diante
da iminente destruição dos babilônios.
IV. O JULGAMENTO DIVINO (2.4 – 3.8).
O profeta acrescenta detalhes a respeito do
julgamento que brevemente virá ao nomear nações específicas.
O profeta retorna uma descrição de como
Deus julgaria por meio dos babilônios. Esses oráculos de julgamento são
semelhantes aos encontrados em outros profetas (veja Is 13-30; Ez 25-32; Am
1.3-2.3).
Sofonias especifica seis nações (incluindo
Judá; 3.1-5) em cinco oráculos que terminam num pronunciamento resumido da
destruição mundial (3.6-8).
Palavras de salvação para o remanescente de
Judá (2.7,9), assim como uma palavra de esperança a respeito das nações (2.11),
encontram-se espalhadas ao longo desses oráculos.
O texto segue um padrão presente nos livros
dos profetas, como Jeremias e Ezequiel: uma palavra de advertência a Israel, um
julgamento das nações e uma promessa futura de restauração.
Destarte, seguindo a divisão proposta pela
BEG, encontraremos as seguintes seções: A. Contra a Filístia (2.4-7); – veremos agora B. Contra Moabe e Amom
(5.8-11) – veremos agora; C. Contra a
Etiópia (2.12) – veremos agora; D.
Contra a Assíria (2.13-15) – veremos
agora; E. Contra Jerusalém (3.1-5); e, F. Contra todas as nações (3.9-20).
A. Contra a Filístia (2.4-7).
Os filisteus haviam atormentado Israel
desde o tempo de Sansão (Jz 13.1; 15.20).
O “ai” que introduz o verso 5 é a mesma
palavra de maldição pronunciada posteriormente sobre Jerusalém (3.1). É uma
fórmula literária usada para introduzir uma terrível ameaça.
Eles seriam completamente aniquilados e
suas terras passariam a pertencer aos restantes da casa de Judá. Os judaítas
que sobrevivessem ao julgamento e voltassem para a terra possuiriam as terras
da Filístia. Outras referências ao remanescente em Sofonias podem ser
encontradas em 2.9; 3.9-13.
Os fracassos daqueles que retornaram do
exílio causou um atraso no cumprimento dessa promessa; ela não começou a ser
cumprida até a primeira vinda de Cristo (Ef 1.19-23), e não será completamente
cumprida até que Cristo volte e conceda domínio ao seu povo na nova terra (2Tm
2.11; 21.1-22.5).
Isso haveria de acontecer porque Deus os
visitaria e os faria retornar do cativeiro, ou atentaria para eles e lhes mudaria
a sorte. Essa frase amplamente empregada refere-se à futura salvação de Israel
além do julgamento (Dt 30.3; SI 14.7; Jr 30.3,18; 32.44; Am 9.14), o que às
vezes se aplica ao retorno do povo do exílio. Veja 3.20, onde a mesma frase
descreve o destino futuro de Israel após o exílio.
B. Contra Moabe e Amom (5.8-11).
Essas nações são tratadas em conjunto em
razão de seus ancestrais comuns (Gn 19.4-5,36-38).
No juízo de Deus sobre elas, as mesmas
tornar-se-iam como Sodoma e como Gomorra, cidades que representam a epítome do
pecado e servem como tipos do julgamento final de Deus sobre os pecadores (Is
1.9; Am 4.11; 2Pe 2.6).
A comparação é pertinente à luz da estreita
associação de Sodoma com o ancestral de Moabe e Amom (Gn 19.4-5,36-38).
Depois do juízo, eles serão saqueados e o
restante do povo de Deus, o remanescente que possuirá a Filístia, também aqui
os possuirá. Deus mesmo iria destruir todos os seus deuses que não são deuses e
cada um, desde o seu lugar, de todas as ilhas dos gentios, viriam para adorar
ao Senhor - 3.9-10; SI 72.8-11; Is 56.6-7.
C. Contra a Etiópia (2.12).
O remoto povo do alto Nilo não escaparia. A
espada do SENHOR – vs. 12 – os mataria, provavelmente pelas mãos dos assírios -
Is 10.5.
Deus usa em seu juízo quem ele quer e o que
ele quer. Muitas vezes usa a própria natureza, mas aqui no caso, um outro povo
que não teria piedade.
D. Contra a Assíria (2.13-15).
Os assírios conquistaram o Reino do Norte
em 722 a.C. e afligiram Judá, o Reino do Sul.
Os babilônios conquistaram Nínive em 612
a.C. o que sugere que a profecia de Sofonias é anterior a essa data.
Eles eram tão arrogantes que ousavam dizer
que eram únicos e que além deles não haveria outra semelhante. Essa arrogância
é expressa numa linguagem semelhante àquela usada apenas pelo Soberano Senhor
(Dt 4.39; Is 45.5-6; 47.10).
»SOFONIAS [2]
Sf 2:1
Congregai-vos, sim, congregai-vos, ó nação sem pudor;
Sf 2:2 antes que o decreto produza efeito,
e o dia passe como a pragana;
antes que venha sobre vós o furor da ira do Senhor,
sim, antes que venha sobre vós o dia da ira do Senhor.
Sf 2:3 Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra,
que tendes posto por obra o seu juizo;
buscai a justiça, buscai a mansidão;
porventura sereis escondidos no dia da ira do Senhor.
Sf 2:4 Pois Gaza será desamparada,
e Asquelom assolada;
Asdode ao meio-dia será expelida,
e Ecrom desarraigada.
Sf 2:5 Ai dos habitantes da borda do mar,
da nação dos quereteus!
A palavra do Senhor é contra vós,
ó Canaã, terra dos filisteus;
e eu vos destruirei, sem que fique
sequer um habitante.
Sf 2:6 E a borda do mar será de pastagens,
com cabanas para os pastores, e currais para os
rebanhos.
Sf 2:7 E será a costa para o restante da casa de Judá,
para que eles se apascentem ali;
de tarde se deitarão nas casas de Asquelom;
pois o Senhor seu Deus os visitará,
e os fará tornar do seu cativeiro.
Sf 2:8 Eu ouvi o escárnio de Moabe, e os ultrajes dos
filhos de Amom,
com que escarneceram do meu povo,
e se engrandeceram contra o seu termo.
Sf 2:9
Portanto diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Tão certo como eu vivo,
Moabe será como Sodoma,
e os filhos de Amom como Gomorra,
campo de urtigas e poços de sal,
e desolação perpétua;
o restante do meu povo os saqueará,
e o restante da minha nação os possuíra.
Sf 2:10 Isso terão em recompensa da sua soberba,
porque usaram de escárnios,
e se engrandeceram contra o povo
do Senhor dos exércitos.
Sf 2:11 O Senhor se mostrará terrível contra eles;
pois aniquilará todos os deuses da terra,
e adorá-lo-ão, cada uma desde o seu lugar,
todas as ilhas das nações.
Sf 2:12 Também vós, ó etíopes, sereis mortos pela
minha espada.
Sf 2:13 Ainda ele estenderá a mão contra o Norte,
e destruirá a Assíria; e fará de Nínive uma desolação,
terra árida como o deserto.
Sf 2:14 E no meio dela se deitarão manadas,
todas as feras do campo;
e alojar-se-ão nos capitéis dela tanto
o pelicano como o ouriço;
a voz das aves se ouvirá nas janelas;
e haverá desolação nos limiares;
pois ele tem posto a descoberto a obra de cedro.
Sf 2:15 Esta é a cidade alegre,
que vivia em segurança,
que dizia no seu coração:
Eu sou, e fora de mim não há outra.
Como se tem ela tornado em desolação,
em covil de feras!
Todo o que passar por ela assobiará,
e meneará a mão.
Conforme a Bíblia TEB[1], os
assobios e os movimentos de mão expressavam a zombaria e o espanto, mas também
o medo, e poderiam ser ritos mágicos para expulsar os maus espíritos.
O fato é que seria ela toda destruída e
motivo de espanto para quem por ela passasse, uma vez que na história tinha
sido grande, poderosa e agora, somente ruínas.
O verdadeiro reino pertence ao Senhor, de
quem também é o domínio para todo sempre. Nos últimos dias – os dias que
estamos vivendo que compreende o período entre a sua primeira vinda e o seu
retorno, como ele prometeu – ainda os homens acham que possuem reinos e tem
domínios, mas não sabem, nem entendem que Deus os está usando para cumprir
todos os seus propósitos. Maranata!
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