quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
quinta-feira, fevereiro 19, 2015
Jamais Desista
Jeremias 18:1-23 - DEUS ENVIA JEREMIAS À CASA DO OLEIRO.
Iniciaremos agora a décima parte, de nossa
divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada
pela BEG. Estamos no capítulo 18.
X. DEUS COMO OLEIRO (18.1-20.18).
Nos próximos três capítulos, incluindo
este, estaremos vendo Jeremias transmitindo lições aprendidas na casa do
oleiro. O tema central é o Senhor trabalhando como um oleiro.
Dividiremos esta parte X em cinco seções: A.
Na casa do oleiro (18.1-17); B. Oposição a Jeremias (18.18-23); C. A quebra
simbólica da botija (19.1-15); D. Mais oposição a Jeremias (20.1-6); e, E. O
lamento de Jeremias (20.7-18).
A. Na casa do oleiro (18.1-17).
Do versículo primeiro ao décimo sétimos,
veremos a casa do oleiro. Nessa seção Jeremias observará um oleiro trabalhando
e aprenderá como Deus trata com Israel e com outras nações. Um tema
interessante que a BEG explorou muito bem ao criar o seu texto “Providência:
Quem está no controle do mundo?”[1] –
ele será reproduzido, na íntegra, após nosso trabalho com este capítulo.
Novamente temos, como é de praxe, a palavra
de Deus vindo a Jeremias e lhe dizendo desta vez para ele ir/descer – vs. 2 –
na casa do oleiro. É de Deus a inciativa de conduzi-lo à casa do oleiro. Ao que
parece, um lugar situado no vale de Hinom, aproximadamente próximo à entrada
chamada de “Porta do Oleiro”. Daí a ordem para “descer". Veja também 7.31.
Jeremias deveria se levantar, descer, ir e
lá ouvir as palavras que Deus estava preparando para ele. Ele obedece a Deus e
desce. Chegando lá, encontra o oleiro ocupado em seu trabalho com o barro,
trabalhando sore as rodas.
Eram duas rodas de pedra encaixadas num
eixo vertical. Como bem nos salienta a BEG, para uma descrição mais precisa desse
método, veja o livro não canônico de Eclesiástico (38.29-30).
E justamente o vaso que ele observava o
oleiro trabalhar, se quebrou, ou estragou. A palavra estragar é o mesmo termo
hebraico de 13.7 que descreve o cinto de linho "apodrecido". No
entanto, o oleiro tinha plena autonomia com respeito à obra de suas mãos. O
fato de o primeiro vaso ter se estragado não significava, necessariamente, sua
ruína definitiva.
Deus se aproveita do fato casuístico do
vaso quebrado e dá uma palavra profética para Jeremias. Sua pergunta retórica é
se ele não poderia fazer o mesmo com a casa de Israel.
O uso do termo "Israel" traz à
mente os propósitos históricos de Deus na eleição do seu povo como um todo (dos
quais Judá havia se tornado o herdeiro).
Dos versos 7 ao 10, a ilustração do oleiro
mostra que, se o Senhor anuncia a intenção de castigar ou abençoar uma nação,
esse propósito pode ser revogado de acordo com a reação dessa nação.
Julgamentos e bênçãos podem ser revertidos, diminuídos ou adiados (veja Êx
32.14; Jz 10.8-18; 2Cr 12.1-12; Jo 3.10).
A mudança de intenção do oleiro (Deus) com
base no arrependimento não contradiz o caráter imutável dos decretos divinos.
É importante observar que essa passagem, e
outras similares que apontam Deus se arrependendo, não trata das leis eternas
de Deus, mas das interações providenciais de Deus com as ocorrências históricas
"necessária, livre ou contingentemente" (ver Confissão de Fé de
Westminster - CFW 5.2).
A intenção de Deus de destruir ou abençoar
faz parte do seu plano eterno; o arrependimento ou a rebelião do povo e a
mudança providencial da interação divina também estão dentro do plano imutável
de Deus – ver ao final deste estudo o artigo teológico da BSG, já citado,
relacionado à "Providência".
Nos versos 11 e 12, a esperança do profeta
era que o povo ouvisse que o arrependimento poderia reverter o julgamento
esperado, mas ele tinha experiência suficiente das reações das pessoas para
perceber que os seus compatriotas apenas endureceriam o coração, desse modo
condenando-se ao julgamento certo.
Eu costumo observar o seguinte. Quando
alguém faz o mal intencionalmente e é apanhado em flagrante ou logo após, é
porque Deus estendeu sua misericórdia e graça sobre aquela vida; do contrário,
quando se faz o que é mal e nele se prospera e ninguém fica sabendo, já Deus
entrou em juízo com essa vida e o seu fim se aproxima velozmente.
Se você está acostumado a pecar voluntariamente
e ninguém nunca descobre nada, teme e treme, pois certa é a vinda do juízo
sobre ti. Também de nada adiantará essas advertências porque encontrará o seu
coração endurecido pelo engano do pecado.
Por isso que eles respondem – vs. 12 – que não
haja esperanças e que andarão conforme os seus próprios projetos, fazendo cada
um segundo o seu obstinado coração.
O que de horrendo fez a virgem de Israel? Tudo
indica que essa expressão forte é usada a para a prática da idolatria (cf.
5.30).
No verso 14, Jeremias volta a usar a
natureza em sua argumentação, como fez em 8.4,7; 17.11. Ele faz duas perguntas
retóricas para indicar que essas coisas não aconteceriam, mas o povo de Judá
tinha mesmo se esquecido do Senhor e pior, queimado incenso a deuses falsos –
vs. 15.
Nas veredas antigas tropeçaram e passaram a
andar em atalhos não aplainados para fazerem de suas terras objeto de espanto e
de perpétuos assobios, sendo que todos os que passam por ali meneiam a cabeça e
se espantam – vs. 16.
Deus retribuirá à altura tanto descaso e
com um vento oriental os espalhará diante do inimigo e no momento da aflição não
estaria com o rosto a postos, mas sim o veriam pelas costas, como aquele que
passou a desprezá-los e a não se importar com os seus respectivos destinos.
Deus estaria retendo seus favores, o oposto de encontrar a face de Deus (2Cr 7.14).
Por conta de suas duras palavras, cuja
escolha deles foi o endurecimento de seus corações, para ruína deles mesmos,
eles estariam fazendo grande oposição a Jeremias – vs. 18 ao 23. Essa é a
quinta "confissão" de Jeremias. O profeta lamenta, com razão, a
oposição que suportou e continuaria suportando por dizer a verdade a Judá.
A resposta à pergunta de Jeremias é não! Não
se paga com o mal um bem feito - SI 35.12; 1Pe 2.19-24. Assim, Jeremias estava
agindo pelo bem deles, mas eles abriram-lhe uma cova. Um gesto que simboliza
intenções assassinas (vs. 22).
Jr 18:1 A palavra que veio do Senhor a
Jeremias, dizendo:
Jr
18:2 Levanta-te, e desce à casa do oleiro,
e
lá te farei ouvir as minhas palavras.
Jr
18:3 Desci, pois, à casa do oleiro, e eis que ele estava ocupado
com
a sua obra sobre as rodas.
Jr
18:4 Como o vaso, que ele fazia de barro,
se
estragou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso,
conforme
pareceu bem aos seus olhos fazer.
Jr
18:5 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Jr
18:6 Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro,
ó
casa de Israel? diz o Senhor.
Eis
que, como o barro na mão do oleiro,
assim
sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
Jr
18:7 Se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação,
e
acerca dum reino, para arrancar, para derribar
e
para destruir,
Jr
18:8 e se aquela nação, contra a qual falar,
se
converter da sua maldade,
também
eu me arrependerei do mal que intentava fazer-lhe.
Jr
18:9 E se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação
e
acerca dum reino, para edificar e para plantar,
Jr
18:10 se ela fizer o mal diante dos meus olhos,
não
dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei
do
bem que lhe intentava fazer.
Jr
18:11 Ora pois, fala agora aos homens de Judá,
e
aos moradores de Jerusalém, dizendo:
Assim
diz o senhor:
Eis
que estou forjando mal contra vós,
e
projeto um plano contra vós;
convertei-vos
pois agora cada um do seu mau caminho,
e
emendai os vossos caminhos e as vossas ações.
Jr
18:12 Mas eles dizem:
Não
há esperança;
porque
após os nossos projetos andaremos,
e
cada um fará segundo o propósito obstinado
do
seu mau coração.
Jr
18:13 Portanto assim diz o Senhor:
Perguntai
agora entre as nações quem ouviu tais coisas?
coisa
mui horrenda fez a virgem de Israel!
Jr
18:14 Acaso desaparece a neve
do
Líbano dos penhascos do Siriom?
Serão
esgotadas as águas frias que vêm dos montes?
Jr
18:15 Contudo o meu povo se tem esquecido de mim,
queimando
incenso a deuses falsos;
fizeram-se
tropeçar nos seus caminhos,
e
nas veredas antigas,
para
que andassem por atalhos não aplainados;
16
para fazerem da sua terra objeto de espanto
e
de perpétuos assobios;
todo
aquele que passa por ela se espanta,
e
meneia a cabeça.
Jr
18:17 Com vento oriental os espalharei diante do inimigo;
mostrar-lhes-ei as costas e não o rosto,
no
dia da sua calamidade.
Jr
18:18 Então disseram:
Vinde,
e maquinemos projetos contra Jeremias;
pois
não perecerá a lei do sacerdote,
nem
o conselho do sábio,
nem
a palavra do profeta.
Vinde,
e ataquemo-lo com a língua,
e
não atendamos a nenhuma das suas palavras.
Jr
18:19 Atende-me, ó Senhor, e ouve a voz
dos
que contendem comigo.
Jr
18:20 Porventura pagar-se-á mal por bem?
Contudo
cavaram uma cova para a minha vida.
Lembra-te
de que eu compareci na tua presença,
para
falar a favor deles,
para
desviar deles a tua indignação.
Jr
18:21 Portanto entrega seus filhos à fome,
e
entrega-os ao poder da espada, e sejam suas mulheres
roubadas
dos filhos, e fiquem viúvas;
e
sejam seus maridos feridos de morte,
e
os seus jovens mortos à espada na peleja.
Jr
18:22 Seja ouvido o clamor que vem de suas casas,
quando
de repente trouxeres tropas sobre eles;
porque
cavaram uma cova para prender-me
e
armaram laços aos meus pés.
Jr
18:23 Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim
para
matar-me.
Não
perdoes a sua iniquidade,
nem
apagues o seu pecado de diante da tua face;
mas
sejam transtornados diante de ti;
trata-os
assim no tempo da tua ira.
Isso porque cavaram contra ele covas para
prendê-lo e armaram laços para os seus pés – vs. 22. Jeremias então se volta
para o Senhor e sabe que o Senhor conhece essas intenções malignas e todo
conselho que tinham para tirar-lhe a vida. Ele roga a Deus que essa iniquidade
não seja perdoada, que sejam transtornados diante do Senhor e tratados dessa
forma, não em tempos de paz, mas durante a sua ira.
Providência: Quem está no controle do mundo?
Muitas vezes, a teologia reformada é
confundida com fatalismo, porque ela enfatiza que Deus preordenou "livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece" (CFW 3.1). Para muitos
observadores, a oração, a evangelização e as escolhas humanas em geral parecem
não ter nenhum significado verdadeiro uma vez que os decretos imutáveis e
eternos de Deus já estabeleceram tudo o que acontecerá. Na realidade, porém, a
teologia reformada sempre afirmou a importância da oração, da evangelização e
das escolhas humanas de todo tipo, pois entende o controle de Deus sobre o
mundo a partir de dois pontos de vista. O primeiro e mais conhecido se refere aos
seus decretos eternos e soberanos de preordenação, mas o segundo é igualmente
importante, pois se refere à providência.
Deus não limitou somente a criar um universo
que simplesmente realizaria aquilo que ele havia determinado eternamente.
Antes, formou um universo no qual poderia interagir com a sua criação. É
verdade que Deus pré-ordenou até mesmo o seu envolvimento com a criação, bem
como todos os meios para todos os fins, mas isso não torna o seu envolvimento
ou esses meios menos reais ou necessários. Os teólogos reformados chamam essa interação
de Deus com' a criação a cada momento da História de. "providência".
De acordo com a Confissão de Fé de Westminster:
"Pela sua muito sábia providência,
segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua
própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da
glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta,
dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as
coisas, desde a maior até a menor" (CFW 5.1).
Na criação, Deus exerceu o seu poder divino
para trazer o mundo à existência; na providência ele continua a exercer esse
mesmo poder para sustentar toda a criação, se envolver com todos os
acontecimentos e dirigir todas as coisas para os seus fins determinados.
Outras tradições cristãs minimizam a
importância da providência divina sugerindo que Deus simplesmente conhece todas
as coisas de antemão, e não que ele as controla; que ele as sustenta
indiretamente sem qualquer envolvimento direto; e que ele governa apenas os
rumos gerais da História, e não os seus detalhes específicos. No entanto, as
evidências das Escrituras deixam claras a natureza e a extensão da providência
divina. Louis Berkhof resumiu o atual controle de Deus sobre a criação da seguinte
maneira:
A Bíblia ensina claramente o controle
providencial de Deus (1) sobre o universo em geral, SI 103.19; Dn 4.35; Ef
1.11; (2) sobre o mundo físico, Jó 37; SI 104.14; 135.6; Mt 5.45; (3) sobre a
criação inferior, SI 104.21,28; Mt 6.26; 10.29; (4) sobre os negócios das
nações, Jó 12.23; SI 22.28; 66.7; At 17.26; (5) sobre o nascimento do homem e
sua sorte na vida, 1Sm 16.1; SI 139.16; Is. 45.5; GI 1.15,16; (6) sobre as
vitórias e fracassos que sobrevêm à vida dos homens, SI 75.6, 7; Lc 1.52; (7)
sobre as coisas aparentemente acidentais ou insignificantes, Pv 16.33, Mt
10.30; (8) na proteção dos justos, SI 4.8; 5.12; 63.8; 121.3; Rm 8.28; (9) no
suprimento das necessidades do povo de Deus, Gn 22.8,14; Dt 8.3; Fp 4.19; (10)
nas respostas à oração, 1Sm 1.19; Is. 20.5,6; 2Cr 33.13; SI 65.2; Mt 7.7; Lc
18.7,8; e (11) no desmascaramento e castigo dos ímpios, SI 7.12,13; 11.6 (L.
Berkhof, Teologia Sistemática, 3ª ed. [São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2007j, p. 155].).
A providência divina controla até mesmo os
acontecimentos moralmente maus. No entanto, a teologia reformada acrescenta
várias especificações a esse respeito:
(1)
Apesar de Deus permitir o mal moral, ele não é o seu
autor direto (At 14.16).
(2)
Deus castiga o mal
com mal (SI 81.11-12; Rm 1.26-32).
(3)
Deus faz o mal
redundar em bem (Gn 50.20; At 2 23; 4.27-28; 13.27).
(4)
Deus usa o mal para provar e disciplinar aqueles que ele ama (Mt 4.1-11, Hb 12 4-14).
(5)
Um
dia, Deus remirá o seu povo inteiramente do poder e da presença do mal (Ap
21.27 22.14-15).
Embora Deus tenha o controle soberano e
absoluto sobre todas as coisas, a teologia reformada também afirma a
importância da escolha humana ao enfatizar que providência de Deus é uma
realidade maravilhosamente variada.
Em primeiro lugar, Deus interage com aspectos
diferentes de sua criação de acordo com as suas naturezas específicas. As
criaturas dotadas de vontade, isto é os anjos e os seres humanos, são tratados
por Deus de maneira distinta das criaturas sem vontade e da criação inanimada.
Por exemplo, Deus realiza muitos dos seu planos por meio da escolha humana, mas
simplesmente manipula pedras e árvores.
Em segundo lugar, Deus varia o seu
envolvimento providencial com o mundo, usando com frequência causas secundárias
(criadas), como as ações humanas, apesar de também agir sem elas, sobre elas ou
contra elas (CFW 5.3), como nos milagres e outra casos em que ele sobrepuja o
seu modo normal de opera o universo.
Em terceiro lugar, ao realizar seu plano soberano
na História, Deus ordena as interações de causa: criadas de modos diferentes
(CFW 5.2). Alguns aconteci mentos são necessários, constituindo resultados
diretos e inevitáveis de outros acontecimentos. Alguns ocorrem livremente, sem
nenhuma necessidade aparente na ordem criada. Ainda outros ocorrem de modo
contingente quando as escolhas dos seres humanos e anjos têm efeito sobre o
curso da História, como quando Deus faz certas coisas acontecerem em resposta à
nossa obediência ou desobediência. Assim, a doutrina da providência divina não
minimiza, mas sim enfatiza a importância de atividades humanas como a oração e
o evangelização.
A doutrina da providência é uma verdade preciosísima das Escrituras para os cristãos. Ela nos ensina que nunca estamos sob o domínio
de forças obscuras (destino, acaso sorte), mas sempre nas mãos de nosso Pai
celestial amoroso e misericordioso. Cada acontecimento nos chama novamente a
confiar, a obedecer e a nos regozijar, sabendo que tudo o que acontece conosco
e por nosso intermédio é para o nosso bem eterno (Rm 8.28).
[1]
Trata-se de um artigo teológico que se encontra às
páginas 984, com o título: Providência: quem está no controle do mundo?
...
2 comentários:
gostei muito da palavra que foi ministrada.crismacleiton
muito bom ;em cada estudo aprendemos mais ,pesquisando conferindo ,vamos enrriqueçendo,nosso intelequito .
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Fique à vontade para tecer seus comentários.
No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.