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quinta-feira, 10 de março de 2016

Tiago 2 1-26 - A FÉ E AS OBRAS

Como falamos, Tiago foi escrito com o objetivo de ensinar a sabedoria de Deus para podermos perseverar em meio às dificuldades até o retorno de Cristo. Ela, provavelmente, foi escrita entre 44-62 d.C. Estamos vendo o capítulo 2/5.
Breve síntese do capítulo 2.
Primeiro Tiago vai falar da acepção das pessoas. O homem dá muito valor às aparências e despreza o coração. Nesse julgamento, ele acaba cometendo injustiças, pois o que se vê é aparente e não se vê o real do interior de uma pessoa.
Quem tem a oportunidade de se vestir melhor porque tem mais condições financeiras é tido de maior valor quando, na verdade, o valor de alguém não é medido por suas posses. No entanto, muito nos enganamos com as aparências até o dia de hoje e assim o será até nosso fim.
Por fazermos acepção de pessoas continuamente, devemos estar alertas para isso aceitando quando necessária a devida repreensão para voltarmos ao caminho da justiça e não das aparências.
Depois aborda um tema controverso e muito difícil a questão entre obras e fé. Eu não vejo contradições entre Paulo e Tiago. Ambos falam a mesma coisa. Eu somente vou dizer algo: quando as minhas obras me fazem maiores do que meu irmão, então elas não são obras da fé; mas quando elas são maiores não porque eu as fiz, mas porque a graça de Deus me fez frutífero, então elas, de fato serão maiores, mas nada tenho que me gloriar, nem diante de meu irmão.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. A SABEDORIA E SEUS EFEITOS NAS PROVAÇÕES (1.2-3.12) - continuação.
Estamos vendo de 1.2 a 3.12 a sabedoria e seus efeitos nas provações. Tiago passou imediatamente para a sua preocupação central: a sabedoria divina em meio às provações e aos sofrimentos.
Estamos seguindo a seguinte divisão proposta, conforme a BEG: A. Pedindo a Deus por sabedoria (1.2-18) – já vimos; B. Ouvir e fazer (1.19-27) – já vimos; C. Favorecendo o rico (2.1-13) – veremos agora; D. Fé e obediência (2.14-26) – veremos agora; e, E. O controle da língua (3.1-12).
C. Favorecendo o rico (2.1-13).
Novamente Tiago refere-se de maneira explícita ao tema dos relacionamentos entre os ricos e os pobres (veja 1.9-11) porque essa era uma questão crucial com a qual seus leitores defrontavam. Aqui ele ressaltou que é contrário à Palavra de Deus (e, portanto, contrário à sabedoria de Deus) mostrar favoritismo aos ricos.
Somos crentes no Senhor Jesus Cristo, no Senhor da glória. Isso poderia ser traduzido "nosso Senhor Jesus Cristo, a glória". Aqui Jesus pode ser identificado com a glória de Deus. Ele era a viva e encarnada nuvem da glória (Êx 16.10; 24.16; 40. 34-35), Deus habitando entre nós.
E como crentes que somos, não devemos andar em acepção de pessoas. Isso indica um respeito pelas pessoas baseado puramente nas aparências. É contrário ao comportamento de Deus, aquele que não faz acepção de pessoas (Rm 2.11; Ef 6.9; Cl 3.25). À luz da divina glória de Cristo, é insensato mostrar favoritismo com base nos níveis inferiores da glória humana.
Quem julga os outros fazendo distinção, está discriminando. Deus nos manda discernir entre o bem e o mal. No entanto, favorecer uma pessoa acima de outra com base nas exterioridades, como posição econômica, etnia ou critérios semelhantes é pecado. Em cada um de nós Deus imprimiu a sua imagem e a sua semelhança e qualquer afronta ou desrespeito, é mesmo uma afronta e um desrespeito a quem o criou.
A herança no reino de Deus está baseada na eleição soberana de Deus, não em qualquer tipo de mérito humano. A Escritura revela que Deus dá atenção especial a todos aqueles que são fracos e humildes segundos os padrões humanos.
Com frequência Deus escolhe o seu povo dentre a classe dos pobres a fim de manifestar a glória do seu poder para salvar (Lc 6.20; 1Co 1.28-29).
Do mesmo modo que a verdadeira religião deveria dar atenção às viúvas e aos órfãos (1.27), ela também não deve mostrar favoritismo com respeito aos ricos.
O verbo "oprimir" – vs. 6 - é forte e em outra parte refere-se à obra de opressão feita por Satanás (At 10.38). Era muito comum que os ricos fizessem uso dos poderes políticos e judiciais para explorar os pobres, e muitos ainda confiavam em sua riqueza e seu poder em vez de em Cristo para a salvação.
Os leitores de Tiago haviam mostrado falta de fé ao concordar com o sistema de valores do mundo. Eles favoreciam os ricos, embora estes maltratassem os cristãos e caluniassem Cristo, apesar de que Deus favorece os pobres, mas não com imparcialidade porque é pobre. Deus é justo e jamais comete injustiças, mas julga retamente.
Não há, diante de Deus, vantagem alguma em ser pobre ou rico, sábio ou ignorante, culto ou analfabeto, famoso ou desconhecido, poderoso ou desprezível, inteligente ou estulto, pois Deus trata a todos com justiça e amor. O filtro de Deus, ou para quem Deus olhará, será sempre para aquele que tem fé nele.
A lei suprema ordenada por Deus, o grande Rei, para suas imagens reais em Cristo (a BEG recomenda aqui a leitura e a reflexão em seu excelente artigo teológico "Criados à imagem de Deus", em Gn 1) é a lei régia – vs. 8 - amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Tiago considerava o pecado do favoritismo como uma violação do grande mandamento (Lv 19.18; Dt 6.5; Mt 22.36-39), o que fazia do infrator um transgressor da lei.
Tiago não negou o claro ensinamento do Antigo e do Novo Testamento de que alguns pecados são mais sérios do que outros (Êx 21.12-14; Mt 11.22; Mc 3.29; 1Jo 5.16).
Em vez disso, ele enfatizou que, por Deus ter dado todas as estipulações da lei, nenhum de seus requerimentos é insignificante (Mt 5.17-19).
Porque toda a lei reflete a personalidade perfeita de Deus de algum modo, qualquer violação da lei se constitui numa transgressão contra ele e, desse modo, também contra o espírito de toda a lei.
Aparentemente, Tiago acreditava que seus leitores poderiam tratar essa questão de maneira inconsequente ao isentar-se de amar ao próximo e continuar a favorecer os ricos.
No dia do julgamento, os cristãos não serão julgados com base nos seus próprios méritos. Caso isso acontecesse, seríamos todos condenados.
Pela misericórdia de Deus, seremos julgados com base no mérito de Cristo. Por termos sido julgados misericordiosamente, devemos julgar outros cristãos da mesma maneira, mostrando misericórdia em vez de discriminação. Esse é o ponto chave de seu argumento.
Dessa forma, a misericórdia triunfa sobre o próprio juízo. (Veja Mt 5.7; 18.21-35; cf. Zc 7.9). Embora Deus não seja obrigado a mostrar misericórdia, ele livremente escolhe mostrá-la em abundância.
Ele se reserva o divino privilégio de mostrar misericórdia a quem ele quer (Rm 9.18), óbvio que aí está implícito os princípios divinos de sua soberania, sabedoria e bondade máxima.
Pela sua lei, no entanto, nós somos ordenados a equilibrar a justiça com a misericórdia. Somos advertidos por ele que, se nós nos recusarmos a mostrar misericórdia, não receberemos a sua misericórdia.
D. Fé e obediência (2.14-26).
Tendo enfatizado a importância de ir além do conhecimento da Palavra de Deus na área do amor ao próximo, Tiago voltou-se para o outro lado da mesma questão: o relacionamento entre fé e obras quanto a cuidar dos companheiros cristãos.
Pode, acaso, semelhante fé (que alega ser algo, mas que não faz absolutamente nada) salvá-lo? É importante relembrar que o Novo Testamento emprega o termo "fé" de diferentes maneiras.
Os teólogos têm distinguido esses diferentes significados de diversas maneiras. Aqui Tiago estava distinguindo "fé salvadora" (a fé que resultará na salvação eterna) da falsa fé. A fé que não produz boas obras não é a fé que salva.
Tiago ilustrou o que ele entendia por fé sem obras no vs. 15. Como essa ilustração mostra, ele continuou a focalizar em mostrar misericórdia aos pobres (veja 2.1-13).
Aqui, no entanto, ele aponta para o fato de que a fé que não serve ao pobre não é a fé salvadora. Embora o raciocínio de Tiago esteja estreitamente focado, nós podemos aplicar o mesmo tipo pensamento de modo mais amplo.
Se não manifestamos as boas obras que se originam da nossa fé em Cristo, então não temos fé salvadora.
Quando Lutero e os reformadores insistiram na fórmula "justificação somente pela fé", a intenção deles era deixar bem claro que a justificação vinha por meio da fé e não por meio das boas obras.
A palavra "somente" não significa que fé salvadora ou justificadora existe sem nenhum subsequente fruto da obediência. Lutero insistia que a fé salvadora é uma fé viva.
A imagem de fé morta não se refere a uma fé que pereceu, mas a uma fé que nunca teve verdadeira vida dentro dela. Essa fé não pode ser o meio para a justificação.
Tiago desafiou qualquer pessoa que afirmava ter fé a demonstrá-la, torná-la visível. A única evidência visível disponível aos olhos humanos é a das obras da obediência.
Embora Deus possa ler o coração das pessoas, a única maneira pela qual a humanidade pode ver o coração é pelo seu fruto exterior.
Saber que há somente um Deus (de fato, que Deus existe) é assentir concordar com uma proposição que até mesmo os demônios reconhecem. Crer "em" Deus, por outro lado, requer confiança pessoal. A fé salvadora inclui o conhecimento cognitivo, mas vai, além disso, chegando à confiança e submissão pessoal.
Ao se referir ao homem insensato – vs. 20 – ele está fazendo uso de uma forte repreensão. Trata-se de um julgamento moral e não intelectual, lembrando o julgamento que cai sobre o insensato na Literatura de Sabedoria do no Antigo Testamento. A fé desse é inoperante, ou seja, destituída de fruto.
Tiago citou Abraão como o exemplo principal de uma pessoa que foi justificada pelas suas obras. Tiago não está em conflito com Paulo, que também citou Abraão — como a prova principal de uma pessoa que foi justificada pela fé à parte das obras (p. ex., Rm 4.1-25; Gl 3.6-9).
A diferença entre as afirmações de Paulo e Tiago é que Paulo, nesse contexto, usou a palavra "justificado" para se referir ao fato de a justificação ter sido imputada a Abraão (p. ex., Rm 4.3,9,22; 01 3.6), o que encontramos registrado em Gn 15.6.
Tiago usou a palavra "justificado" para referir-se à prova, ou vindicação, da fé de Abraão que ocorreu muitos anos mais tarde (Gn 22.12).
Em Tiago, a frase "foi justificado" (aqui) e "é justificada" (vs. 24) não se refere à reconciliação com Deus, à demonstração da verdade de uma alegação anterior.
Jesus usou o mesmo verbo (dikaioo) nesse sentido em Lc 7.35 quando declarou que "a sabedoria é justificada por todos os seus filhos" (ou seja, a sabedoria é demonstrada ser sabedoria verdadeira pelos seus resultados).
Assim como a verdadeira sabedoria é demonstrado pelos seus frutos, a alegação de fé de Abraão foi justificada (ou seja, demonstrada) pela sua obediência exterior. No entanto, suas obras não foram a causa meritória da sua salvação; elas nada acrescentaram ao perfeito e suficiente mérito de Cristo.
A fé verdadeiramente operante é vista nas obras. A fé verdadeira sempre produz frutos. Fé e obras podem ser distinguidas, mas nunca separadas ou divorciadas.
A fé verdadeira necessariamente produz boas obras (v. 17). Portanto, quando Abraão realizou as boas obras de Gn 22, ele cumpriu as expectativas criadas pela declaração de sua fé em Gn 15.6.
Uma pessoa não prova ser justificada apenas por professar, ou mesmo por possuir, fé. Uma pessoa revela ser justificada pelo que ela faz.
À vista de Deus, nenhuma de nossas obras é digna da justificação definitiva. Somente o mérito de Cristo é eficaz para esse tipo de justificação, de modo que apenas por confiar em Cristo somente nós podemos ser considerados justos na visão de Deus.
Aqui Tiago atacou todas as formas de antinomianismo que busca ter Jesus como Salvador sem aceitá-lo como Senhor. Do mesmo modo que Paulo demonstrou que confiar nas próprias obras para salvação é fatal, também Tiago ensinou que depender de fé vazia ou morta é igualmente fatal.
Tg 2:1 Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso
Senhor Jesus Cristo,
Senhor da glória,
em acepção de pessoas.
Tg 2:2 Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem
com anéis de ouro nos dedos,
em trajos de luxo,
e entrar também algum
pobre andrajoso,
Tg 2:3 e tratardes com deferência
o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes:
Tu, assenta-te aqui em lugar de honra;
e disserdes ao pobre:
Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés,
Tg 2:4 não fizestes distinção entre vós mesmos
e não vos tornastes juízes
tomados de perversos pensamentos?
Tg 2:5 Ouvi, meus amados irmãos.
Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres,
 para serem ricos em fé
e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?
Tg 2:6 Entretanto, vós outros menosprezastes o pobre.
Não são os ricos que vos oprimem
e não são eles que vos arrastam para tribunais?
Tg 2:7 Não são eles os que blasfemam o bom nome
que sobre vós foi invocado?
Tg 2:8 Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo,
fazeis bem;
Tg 2:9 se, todavia, fazeis acepção de pessoas,
cometeis pecado,
sendo argüidos pela lei
como transgressores.
Tg 2:10 Pois qualquer que guarda toda a lei,
mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.
Tg 2:11 Porquanto, aquele que disse:
Não adulterarás também ordenou:
Não matarás.
Ora, se não adulteras,
porém matas,
vens a ser transgressor da lei.
Tg 2:12 Falai de tal maneira
e de tal maneira procedei
como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.
Tg 2:13 Porque o juízo é sem misericórdia
para com aquele que não usou de misericórdia.
A misericórdia triunfa sobre o juízo.
Tg 2:14 Meus irmãos, qual é o proveito,
se alguém disser que tem fé,
mas não tiver obras?
Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
Tg 2:15 Se um irmão ou uma irmã
estiverem carecidos de roupa
e necessitados do alimento cotidiano,
Tg 2:16 e qualquer dentre vós lhes disser:
Ide em paz,
aquecei-vos
e fartai-vos,
sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo,
qual é o proveito disso?
Tg 2:17 Assim, também a fé,
se não tiver obras,
por si só está morta.
Tg 2:18 Mas alguém dirá:
Tu tens fé,
e eu tenho obras;
mostra-me essa tua fé sem as obras,
e eu, com as obras,
te mostrarei a minha fé.
Tg 2:19 Crês, tu, que Deus é um só?
Fazes bem.
Até os demônios crêem e tremem.
Tg 2:20 Queres, pois, ficar certo,
ó homem insensato,
de que a fé sem as obras
é inoperante?
Tg 2:21 Não foi por obras que Abraão,
o nosso pai, foi justificado,
quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?
Tg 2:22 Vês como a fé operava
juntamente com as suas obras;
com efeito, foi pelas obras
que a fé se consumou,
Tg 2:23 e se cumpriu a Escritura, a qual diz:
Ora, Abraão creu em Deus,
e isso lhe foi imputado para justiça;
e: Foi chamado
amigo de Deus.
Tg 2:24 Verificais que uma pessoa é justificada
por obras
e não por fé somente.
Tg 2:25 De igual modo,
não foi também justificada por obras
a meretriz Raabe,
quando acolheu os emissários
e os fez partir por outro caminho?
Tg 2:26 Porque, assim como o corpo
sem espírito é morto,
assim também a fé sem obras
é morta.
Assim como aconteceu com Abraão, as ações de Raabe demonstraram a autenticidade de sua fé. O capítulo 2 se conclui – vs. 26 - com a citação de Tiago de que assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está morta.
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel Deusdete. 
...
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.