Em nosso pequeno e humilde trabalho, estaremos
agora entrando, no quinto livro (Daniel), dos últimos 17 livros da Bíblia (AT) que,
justamente são os livros proféticos. A fonte principal
de nossas pesquisas, pela qual seguiremos sua divisão proposta, com ligeiras
alterações/adaptações, é a Bíblia de Estudo de Genebra – BEG.
Autor:
Daniel (9.2; 10.2).
Não entraremos no mérito de discussões relativas à autoria do livro de Daniel. Partiremos,
portanto, desse pressuposto de ser a autoria do livro do próprio Daniel.
Propósito:
Uma das principais razões para a composição do livro de
Daniel foi preparar o povo de Deus para o período de Antíoco Epífanes, e
fornecer encorajamento para os que viveriam durante aquele período de perseguição.
O livro
também olha para além do período de Antíoco Epífanes, para a vinda de
Cristo. É Cristo quem destruirá todos os
reinos humanos e estabelecerá o seu reino eterno de justiça e paz. Todos
esses acontecimentos estão na perspectiva das profecias de Daniel.
O livro tem
constituído um grande alento para o povo de Deus em tempos de perseguição e
continua a inspirar aqueles que sofrem perseguições em nossos dias.
Concordamos com a
BEG que nos diz que seria seu propósito dar aos exilados e aos primeiros dentre
eles que voltaram para a Terra Prometida a certeza de que Deus estava no
controle da História e que o seu profeta, Daniel, havia falado a verdade a
respeito dos prolongados sofrimentos antes do estágio final do reino de Deus.
Data:
Imediatamente após
539 a.C.
Verdades Fundamentais (conforme a BEG):
• Daniel e seus
amigos foram fiéis a Deus durante o tempo que passaram no exílio. • Podia-se
confiar no fato de que Daniel era verdadeiro em suas palavras porque ele nunca
fez concessões aos seus captores. • Deus tem o controle absoluto de toda a
História. • O exílio prolongou-se por todo o período em que quatro reinos
governaram o povo de Deus por causa de seu contínuo pecado. • No futuro,
sofrimentos continuariam a sobrevir a Israel, mas o Ungido, o Cristo viria e
traria salvação.
Contextualização:
Daniel viveu cerca
de duzentos a trezentos anos antes dos acontecimentos descritos pelas suas
profecias. Ele é contemporâneo a Jeremias, Ezequiel e xxx. Jerusalém estava destruída, o templo em ruínas, o povo estava no exílio, governantes iníquos
pareciam ser triunfantes e a esperança do povo
parecia ter se desvanecido com a nação.
Características do livro:
·Há seis narrativas
históricas que aparecem nos caps. 1-6. Aquela
constante do capítulo 2, também é profética. O foco das narrativas:
üSão narrativas independentes que
foram unidas conforme um propósito específico não histórico (a ênfase não era
um registro histórico dos eventos) nem biográfico de Daniel.
üAs histórias enfatizam mais o modo como a
absoluta soberania de Deus opera nos acontecimentos de todas as nações (2.47;
3.17-18; 4.28-37; 5.18-31; 6.25-28). À época, Jerusalém estava
destruída, o templo em ruínas, o povo estava no exílio, governantes
iníquos pareciam ser triunfantes, mas Deus permanecia supremo.
üDe acordo com a sua vontade soberana, ele interviria
entre os reinos deste mundo para estabelecer o reino universal que duraria para
sempre.
üEssas narrativas apresentavam Daniel e seus amigos
como proeminentes na
terra de seus dominadores não porque houvessem transigido com respeito à sua lealdade a Deus, mas porque
foram exaltados pela bênção de Deus derramada sobre eles. De certa
forma, esse tema é central
porque acaba
conferindo credibilidade às
profecias de Daniel, especialmente àquelas relacionadas
com o prolongado sofrimento de Israel.
·Há quatro visões,
praticamente proféticas, nos caps. 7-12.
üAs visões (caps. 7-12) contêm previsões de tempos no
futuro durante os quais as verdades apresentadas nas narrativas se provariam
ser de particular importância para o povo de Deus.
üImpressiona-nos a riqueza de
detalhes a respeito de eventos futuros, principalmente relacionadas aos
detalhes de Dn 11.2 a 12.3. Para quem crê no caráter sobrenatural da profecia e
das práticas ocasionais de outros profetas (p ex., 1Rs 13 2; Is 44.28; 45.1),
isso não se constitui em problema.
üEmbora os judeus tivessem sido perseguidos durante o
tempo de sua sujeição aos governos babilônios e persas, não houve nenhuma
tentativa sistemática ou muito difundida de abolir a sua fé.
üIsso não aconteceu até o período de Antíoco IV
Epífanes, um governante do Império Selêucida entre 175-164 a.C. Ele tentou
erradicar a religião judaica e forçar os judeus a aceitar as
práticas religiosas gregas. Muitos judeus o seguiram, mas outros se recusaram e
sofreram severa perseguição.
Cristo em Daniel.
Na época, a
semente messiânica estava sendo preservada e guardada para ser manifesta algum
tempo depois.
A BEG nos dia que
a profunda atenção dada por Daniel à restauração de Israel após o exílio chama
a atenção diretamente para Jesus. Como outros profetas do Antigo Testamento, Daniel
predisse um futuro glorioso para o povo de Deus que o Novo Testamento apresenta
como cumprido na primeira e na segunda vindas de Cristo assim como na
totalidade da história da igreja.
üCristo cumpre as esperanças do
profeta Daniel.
üJesus se identificou como o
"Filho do Homem" (p. ex., Mt 9.6; 10.23; 12.8). No uso feito por
Daniel desse termo, o "Filho do Homem" era o grande rei davídico
exaltado por Deus que representava Deus na terra. Jesus, sendo o Messias, era o
rei davídico definitivo; apenas ele cumpre as predições feitas em relação ao
filho do homem nas visões de Daniel (7.13-14; a BEG recomenda nesse momento a
leitura de seu artigo teológico "O reino de Deus", em Mt 4, para
melhor compreensão).
üNo cap. 9, Daniel compreendeu que a previsão de
Jeremias sobre os setenta anos de exílio do povo de Israel na Babilônia, seria
estendida até "setenta semanas" de anos (9.24), ou cerca de
quatrocentos e noventa anos. Em termos gerais, essa predição atinge um
cumprimento inicial com a primeira vinda de Cristo.
üO prolongamento do exílio corresponde à série de quatro impérios
estrangeiros que oprimiram o povo de Deus (2.1-49) e ao aparecimento da
"pedra que... se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra"
(2.35), a qual Daniel mais tarde chamou de "um reino que não será jamais
destruído" (2.44).
üEsse grande reino não é outro senão o reino de Cristo
que teve início na sua primeira vinda, continua hoje e alcançará a consumação
na gloriosa volta de Cristo (a BEG propõe aqui a leitura de
dois de seus excelentes artigos teológicos "O reino de Deus", em Mt
4
– já mencionado acima -, e "O plano das eras", em Hb 7). Para
melhor compreensão e aperfeiçoamento de nossos estudos e reflexões, iremos
reproduzi-los também, provavelmente junto com o capítulo 2 que faremos em
seguida.
üOutros acontecimentos mais específicos preditos por
Daniel também aparecem em primeiro plano no Novo Testamento. Por exemplo, o
próprio Jesus se refere à predição de
Daniel sobre a "o abominável da desolação" (9.27; 11.31;
12.11), que originalmente se referia à profanação do templo pelo
grego Antíoco IV Epífanes, como precursor da profanação causada pelo general
romano Tito em 70 d.C. (Mt 24.15; Mc 13.14).
De um modo ou de outro, a
maioria dos intérpretes cristãos associa intimamente essa tipologia com o
anticristo, cujo espírito já está trabalhando no mundo (1Jo 2.18) e atingirá
seu total desenvolvimento, talvez como uma pessoa real, perto do retorno de
Cristo (2Ts 2.3).
Esboço do livro proposto pela BEG (estamos
seguindo sua proposta integralmente):
I. AS NARRATIVAS (1.1 6.28)
A. A
defesa de Daniel e seus amigos (1.1-21)
B. O
primeiro sonho de Nabucodonosor (2.1 -49)
C.
Livramento da fornalha (3.1-30)
D. O
segundo sonho de Nabucodonosor (4.1-37)
E. O
julgamento de Belsazar (5.1-31)
F.
Livramento da cova dos leões (6.1-28)
II AS VISÕES (7.1-12.13)
A. A
visão dos quatro animais (7.1-28)
B. A
visão de um carneiro e um bode (8.1-27)
C. A
visão das setenta semanas (9.1-27)
D. A
visão sobre o futuro do povo de Deus (10.1-12.13)
1. A
mensagem do anjo para Daniel (10.1 11.1)
2. De
Daniel até Antíoco IV Epífanes (11.2-20)
3. O
governo de Antíoco IV Epífanes (11.21-12.3)
4. A
mensagem final a Daniel (12.4-13)
Daniel 1:1-21 Segmentação e Reflexões
Iremos, doravante,
estudar o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes principais,
as suas narrativas, até o capítulo 6 e as suas visões, do 7 ao 12. Começaremos
vendo suas narrativas.
As histórias
de Daniel e de seus amigos ilustram a fidelidade
deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as nações.
Informamos que
estaremos nos guiando e seguindo as divisões propostas pela Bíblia de Estudo de
Genebra – BEG, principalmente seus riquíssimos comentários.
Essa primeira parte
do livro salienta tanto o absoluto controle de Deus sobre os reinos deste mundo
como a sincera consagração a Deus de Daniel e seus amigos.
Daniel queria que
os seus leitores compreendessem que, embora o povo de Deus seja, algumas vezes
perseguido, reis e reinos se levantam e caem de acordo com o propósito de Deus.
Também ensinou que
Deus abençoaria grandemente aqueles que prestassem atenção às suas palavras
como um fiel intérprete de Deus.
A nossa divisão
proposta para esta primeira parte, seguindo a BEG, é: A. A defesa de Daniel e
de seus amigos (1.1-21) – veremos agora;
B. O sonho de Nabucodonosor (2.1-49); C. Livramento da fornalha (3.1-30); D. O
segundo sonho de Nabucodonosor (4.1-37); E. O julgamento de Belsazar (5.1-31);
e, F. O livramento de Daniel da cova dos leões (6.1-28).
A. A defesa de Daniel
e de seus amigos (1.1-21).
O profeta
estabelece o contexto de seu livro narrando a sua (e de seus amigos) história
pessoal de cativeiro, treinamento, fidelidade e serviço ao rei Nabucodonosor.
No ano terceiro do
reinado de Jeoaquim, ou seja, em 605 a.C., o mesmo ano em que Nabucodonosor
venceu uma coalizão assírio-egípcia em Carquemis e deu início à ascensão da
Babilônia como um poder internacional.
Imediatamente após
a vitória sobre Carquemis, Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim (2Rs 24.1-2;
2Cr 36.5-7) e levou cativos Daniel e vários outros judeus.
Essa foi a
primeira de três invasões de Judá por Nabucodonosor. A segunda aconteceu em 597
a.C. (2Rs 24.10-14) e a terceira em 587 a.C. (2Rs 25.1-24). Entre essas
invasões temos um intervalo de 12 e 10 anos. Provavelmente, Daniel fora
contemporâneo de todas elas, uma vez que viveu mais de 90 anos.
A aparente discrepância
entre Dn 1.1 e Jr 25.1, onde Jeremias data o ataque de Nabucodonosor contra
Jeoaquim durante o quarto ano de Jeoaquim e não no terceiro ano, pode ser
explicada pelas diferenças do sistema cronológico usado pelos babilônios e
pelos judeus.
Conforme nos
ensina a BEG, no sistema babilônio, que aparentemente foi utilizado por Daniel,
o primeiro ano de governo de um rei era visto como o "ano da
ascensão" e o reinado, propriamente dito, era contado a partir do início
do primeiro mês de nisã do ano seguinte.
Nabucodonosor, rei
da Babilônia. Como príncipe herdeiro e comandante do exército, Nabucodonosor
conduziu os babilônios à vitória em Carquemis em 605 a.C. Logo depois de sua
vitória ele assumiu o trono da Babilônia após a morte de seu pai, Nabopolassar
(626-605 a.C.). O reinado de Nabucodonosor (605-562 a.C.) estabelece o ambiente
histórico para grande parte dos livros de Jeremias, Ezequiel e Daniel.
A derrota de
Israel não pode ser explicada simplesmente pela análise das condições políticas
e militares da época. Deus estava agindo soberanamente nos negócios das nações.
Ele usou os
babilônios para julgar o seu próprio povo pela quebra das obrigações da aliança
(2Rs 17.15,18-20; 21.12-15; 24.3-4). Em sua invasão, ele, aproveitando-se, fez
uma pilhagem dos utensílios do templo para a casa do seu deus Marduque que era
o deus principal do panteão babilônico (cf. Jr 5.20).
O rei da Babilônia
ficou curioso com sua conquista e pediu a Aspenaz, chefe dos eunucos, que lhe
trouxesse dos israelitas alguns jovens para ele ver. No entanto, ele não queria
qualquer um deles, mas os que não tivessem defeitos e fossem dotados de
sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem
no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
A literatura
babilônia era escrita em caracteres cuneiformes e basicamente sobre tabletes de
argila. Foram descobertos milhares desses tabletes. O estudo dessa literatura
provavelmente fez com que Daniel e seus amigos tomassem conhecimento da visão
de mundo politeísta dos babilônios, a qual destacava de modo proeminente a
magia, a feitiçaria e a astrologia.
Até a porção
diária da comida desses jovens foi determinada pelo rei antes de se
apresentarem a ele. Eles deveriam seguir aquela dieta – porção diária das
iguarias do rei - por três anos. Curiosamente, essa mesa real, posteriormente,
foi dada a Joaquim que recebeu a mesma atenção durante o reinado do rei
babilônio Evil-Merodaque (2Rs 25.27-30).
Dentre esses
jovens selecionados pelo rei foram encontrados quatro que se destacaram Daniel,
Hananias, Misael e Azarias. Com relação aos seus nomes, todos eles contendo
características hebraicas. Dois deles contêm o componente hebraico el, que
significa "Deus" e os outros dois apresentam o componente ia, unia
forma abreviada de "Javé" ("o SENHOR"). Daniel significa
"Meu juiz é Deus"; Hananias "Javé é gracioso"; Misael,
"Quem é como Deus?"; Azarias "Javé ajudou".
O chefe dos
eunucos então tratou de mudar os nomes deles para Beltessazar, Sadraque, Mesaque
e Abede-Nego. O significado desses nomes é controvertido. Sugestões para
Beltessazar: "Bel [outro nome para Marduque, o deus principal da
Babilônia], protege a sua vida" ou "Senhora, protege o rei”.
Sadraque: "Estou com medo de Deus” ou "O comando de Aku (o deus lua
dos sumérios)". Mesaque: "Sou de pouca valia" ou "Quem é
como AL?" Abede-Nego: "Servo daquele que brilha”.
No entanto, Daniel
resolveu não contaminar-se com essas iguarias do rei, ou com sua dieta. A razão
para Daniel concluir que o alimento servido pelo rei o contaminaria e também
aos seus amigos não é apresentada.
Talvez comê-lo
envolvesse uma violação das leis dietéticas da legislação mosaica (Lv11. 1-47),
que proibia comer carne de porco ou carne da qual o sangue não tivesse sido
drenado (Lv 17.10-14). Talvez envolvesse também comer um alimento que houvesse
sido oferecido aos ídolos babilónicos.
O fato era que
Daniel e seus amigos tiveram atitude, oraram a Deus, apresentaram sua posição
firme à autoridade e dela conseguiu consentimento à sua estratégia.
Tudo vinha de
Deus! Ele fez com o coração do rei o mesmo que ele faz com seus ribeiros, ou
seja, ele os inclina para onde quiser – Pv 21.1. Assim, achou graça Daniel e
seus amigos diante de Aspenaz e Daniel pode apresentar seu plano de alimentação
e uma proposta de observação de apenas dez dias.
Em apenas dez dias
sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que
comiam das finas iguarias do rei. Deus abençoou Daniel e seus amigos pela
obediência deles ao Senhor e pela recusa de transigir quanto à sua fé num
ambiente gentio (Dt 5. Mt 4.4).
Em consequência, o
despenseiro tirou as iguarias e o vinho que deveriam beber e substituiu pelos
legumes.
Tudo vem de Deus
que tem os seus propósitos em tudo. Foi com propósitos que Deus levantou Daniel
e seus companheiros os fazendo mais sábios e inteligentes que todos na
Babilônia. Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e
sabedoria. A bênção de Deus não se limitou ao bem-estar físico, mas incluiu um
importante sucesso no desenvolvimento intelectual durante os três anos de sua
instrução babilônica.
À partir dos
relatos que se seguem no livro (caps. 2; 4-5), Daniel se distinguia de seus companheiros
pela capacidade de interpretar sonhos e visões. Assim como José havia sido
considerado como especial pela mesma razão na corte de Faraó (Gn 40.8: 41.16).
Vencido o tempo
determinado pelo rei, ou seja, após os três anos mencionados no vs. 5, o chefe
dos eunucos os apresentou diante do rei. Ele conversou com eles e os examinou
achando-os muito superiores – dez vezes mais – que os magos e encantadores de
seu reino.
Obviamente que os
que se esforçam, estudam, se dedicam, trabalham e são focados são aqueles que
se destacarão em qualquer lugar onde estiverem inseridos, no entanto, mesmo
assim, tudo vem de Deus e, portanto toda a glória lhe pertence.
Eu gosto de fazer
uma análise reversa das coisas. Por exemplo, vamos pegar o contexto deste
capítulo que destaca 4 hebreus da tribo de Judá entre todos os jovens da
Babilônia e dos exilados. Depois de intensos preparativos e estudos quem foram
os que chegaram à frente com destaque? Justamente os quatro jovens hebreus.
Todos correram? Todos
se esforçaram? Todos estudaram? Todos seguiram as recomendações de Asquenaz? Sim,
todos, mas somente quatro se destacaram notavelmente.
De quem é a
vitória então? Dos que correram? Sim, também, pois todos estavam na mesma
condição, no entanto a graça de Deus fez um destaque especial na vida daqueles
jovens hebreus.
O termo traduzido
aqui como "mágicos" também é usado em Gn 41.8,24; Êx 7.11. O termo
traduzido corno "encantadores" ocorre apenas aqui e em 2.2 e é
algumas vezes traduzido como "feiticeiro" ou "adivinho".
Daniel e seus amigos demonstraram uma percepção superior sobre as questões a
respeito das quais foram interrogados.
Pensando mais
profundamente, tudo vem do Senhor. A vitória, a inteligência, a saúde, a
capacidade de interpretar sonhos e visões, a inclinação do coração do rei, a
paz, a ausência dela. O que fazer então para sermos vitoriosos sempre? Ser sábio
estando sempre do lado da correnteza do rio que o Senhor estiver controlando.
Dn 1:1 No ano terceiro do reinado de
Jeoiaquim, rei de Judá,
veio
Nabucodonosor, rei de Babilônia,
a
Jerusalém, e a sitiou.
Dn 1:2 E o
Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim,
rei
de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus;
e
ele os levou para a terra de Sinar,
para
a casa do seu deus;
e
os pôs na casa do tesouro do seu deus.
Dn 1:3 Então
disse o rei a Aspenaz,
chefe
dos seus eunucos que trouxesse alguns
dos
filhos de Israel,
dentre
a linhagem real e dos nobres,
Dn 1:4 jovens
em quem não houvesse defeito algum,
de
bela aparência, dotados
de
sabedoria, inteligência e instrução,
e que
tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei;
e que lhes
ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
Dn 1:5 E o
rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei,
e
do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados
por
três anos; para que no fim destes
pudessem
estar diante do rei.
Dn 1:6 Ora,
entre eles se achavam, dos filhos de Judá,
Daniel,
Hananias, Misael e Azarias.
Dn 1:7 Mas o
chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes,
a
saber: a Daniel, o de Beltessazar;
a
Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque;
e
a Azarias, o de Abednego.
Dn 1:8
Daniel, porém, propôs no seu coração
não
se contaminar com a porção das iguarias do rei,
nem
com o vinho que ele bebia;
portanto
pediu ao chefe dos eunucos
que
lhe concedesse não se contaminar.
Dn 1:9 Ora,
Deus fez com que Daniel
achasse
graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
Dn 1:10 E
disse o chefe dos eunucos a Daniel:
Tenho
medo do meu senhor, o rei,
que
determinou a vossa comida e a vossa bebida;
pois
veria ele os vossos rostos
mais
abatidos do que os dos outros jovens
da
vossa idade?
Assim
poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
Dn 1:11 Então
disse Daniel ao despenseiro
a
quem o chefe dos eunucos havia posto sobre Daniel,
Hananias,
Misael e Azarias:
Dn 1:12
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias;
e
que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
Dn 1:13 Então
se examine na tua presença o nosso semblante
e
o dos jovens que comem das iguarias reais;
e
conforme vires procederás para com os teus servos.
Dn 1:14 Assim
ele lhes atendeu o pedido,
e
os experimentou dez dias.
Dn 1:15 E, ao
fim dos dez dias,
apareceram
os seus semblantes melhores,
e
eles estavam mais gordos do que todos os jovens
que
comiam das iguarias reais.
Dn 1:16 Pelo
que o despenseiro lhes tirou as iguarias
e
o vinho que deviam beber, e lhes dava legumes.
Dn 1:17 Ora,
quanto a estes quatro jovens,
Deus
lhes deu o conhecimento e a inteligência
em
todas as letras e em toda a sabedoria;
e Daniel era
entendido
em
todas as visões e todos os sonhos.
Dn 1:18 E ao
fim dos dias,
depois
dos quais o rei tinha ordenado
que
fossem apresentados,
o chefe dos
eunucos os apresentou diante de Nabucodonosor.
Dn 1:19 Então
o rei conversou com eles;
e
entre todos eles não foram achados outros tais
como
Daniel, Hananias, Misael e Azarias;
por
isso ficaram assistindo diante do rei.
Dn 1:20 E em
toda matéria de sabedoria e discernimento,
a
respeito da qual lhes perguntou o rei,
este
os achou dez vezes mais doutos
do
que todos os magos e encantadores
que
havia em todo o seu reino.
Dn 1:21 Assim
Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.
O verso 21 dá a
impressão que Daniel viveu somente até o primeiro ano do rei Ciro – vs. 21 -,
no entanto, ele viveu muito mais. A Babilônia caiu diante de Ciro em 539 a.C.,
sessenta e seis anos após Daniel ter sido levado cativo para a Babilônia.
Daniel viveu durante todo o período do cativeiro babilônico.
Ciro proclamou um
decreto no primeiro ano do seu reinado permitindo aos israelitas retornarem do
cativeiro e levarem consigo os utensílios do templo que haviam sido confiscados
por Nabucodonosor (Ed 1.7-11). A afirmação não significa que Daniel tenha
morrido no primeiro ano do reinado de Ciro (10.1), como teremos a oportunidade
de vermos mais adiante.
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