domingo, 12 de julho de 2015
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Jamais Desista
Habacuque 3 1-19 - A ORAÇÃO DE HABACUQUE
Estamos meditando no livro do profeta que
por duas vezes questionou a Deus querendo entender a justiça divina e Deus,
pacientemente, lhe respondeu. Veremos agora o terceiro e último capítulo desse
livro. Estamos na quarta parte.
IV. ORAÇÃO DE ENCERRAMENTO DE RESOLUÇÃO E FÉ (3.1-19).
Habacuque expressou a sua confiança de que
Deus manteria a sua promessa. Ele prometeu louvá-lo mesmo com a continuação dos
tempos difíceis.
Veremos, então, nos próximos dezenove
versículos uma oração de encerramento de resolução e fé. Em forma de canto,
Habacuque respondeu à antecipação da intervenção do Senhor em nome do seu povo.
Assim como os babilônios representavam os
orgulhosos e ímpios (2.6-20) em seu caminho para a desgraça, Habacuque simbolizava
os justos fiéis, perseverando e em júbilo na expectativa do cumprimento da
promessa de vida do Senhor.
Essa oração se divide em cinco seções: um
sobrescrito (vs. 1), uma invocação (vs. 2), o louvor do aparecimento de Deus
(vs. 3-15), a fé do profeta (vs. 16-19a) e um pós-escrito (vs. 19b) que
formarão nossa divisão proposta, conforme a BEG: A. Sobrescrito (3.1); B.
Invocação (3.2); C. Teofania divina (3.3-15); D. Expectativa da fé (3.16-19a);
e, E. Pós-escrito (3.19b).
A. Sobrescrito (3.1).
Conforme a BEG, a presença de um
sobrescrito sugere fortemente que existia um hino independente que mais tarde
foi incorporado ao livro.
Oração aqui talvez fosse um sinônimo para
"hino" (SI 72.20), sob a forma de canto, ou Sigionote. O significado
preciso desse termo é desconhecido, mas parece ser uma notação musical ou
litúrgica que lembra o aspecto característico de muitos salmos.
B. Invocação (3.2).
Ele começa invocando o Senhor e diz que
ouviu a sua palavra e tremeu diante dela. Esse versículo é uma invocação ao
hino no qual Habacuque, em nome do seu povo perturbado, clama a Deus para que
aja.
A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra
de Deus, assim nos ensina o apóstolo Paulo. O fato de ter-se colocado perante o
Senhor (2.1), e ouvido o relato das ações passadas (Êx 15.1-21) e recentes
(1.5) de Deus, inundou a compreensão de Habacuque e o encheu de medo reverente
ao compreender o que o Senhor havia feito e faria novamente (2.2-20).
Essa admiração inspirou urgente oração. Ele
pede ao Senhor para avivar a sua obra e torná-la conhecida no meio dos anos, literalmente,
"tornar vivo"; ou seja, traduzir a visão em acontecimentos concretos.
Além disso, conhecendo a ira do Senhor a
qual é igualmente santa e justa, ele pede que no exercício natural dela, ele se
lembre também de sua misericórdia, mais abundante ainda.
Coragem combinada com a apreensão perante a
perspectiva de resposta para a oração dele. A vinda do Senhor seria um
acontecimento terrível no qual Deus executaria julgamento furioso contra os
seus inimigos. O profeta ansiava por essa vingança, mas também desejava que
fosse demonstrada misericórdia para os justos, de modo que eles não fossem
eliminados juntamente com os pecadores.
C. Teofania divina (3.3-15).
Dos versos 3 ao 15, de sua oração, ele fala
dessa teofania divina. Conforme a BEG, Habacuque retratou urna teofania divina
da vitória em três movimentos: vs. 3-7, vs. 8-11 e vs. 12-15.
A descrição usa material poético
tradicional e a linguagem metafórica tradicional das teofanias (p. ex., Ex
19.16-20; 24.15-17; Dt 4.9-12; 33.2) e de muitos salmos (p. ex., SI 50.2-6). As
vitórias visionadas aqui são principalmente aquelas sobre os egípcios e os
cananeus.
Primeiro movimento – 3-7.
O profeta descreveu poeticamente o efeito
na natureza da vinda do Senhor da direção do Sinai.
Deus veio de Temã - o nome do neto de Esaú
representa a terra de Edom – e do monte Parã - localizado na bem conhecida
selva de Parã da península do Sinai e com sua glória cobriu os céus e a terra
se encheu do seu louvor provocando um resplendor que se fez como a luz, donde
raios brilhantes saiam da sua mão, sendo ali o esconderijo da sua força.
No verso 5, Habacuque retratou as dimensões
ameaçadoras da vinda do Senhor (SI 91.4-6), com terríveis maldiçoes caindo
sobre os seus inimigos. A peste ia adiante dele e brasas ardentes saiam dos
seus passos.
Então, ele parou e mediu a terra, olhou e
separou as nações, onde os montes perpétuos foram esmiuçados, os outeiros
eternos se abateram, porque os caminhos eternos pertencem ao Senhor. A metáfora
de tremor e destruição da criação comumente representava julgamentos terrenos,
tal como a conquista por uma nação estrangeira (veja Is 14.16; Mq 1.3-7).
Ele viu as tendas de Cusã em aflição e
tremiam as cortinas da terra de Midiã. Neste caso, Cusã e Midiã, são termos
sinônimos e se referem a lugares nos arredores do Sinai.
Segundo movimento – 8-11.
Dos versos de 8 a 11, o Senhor que se
aproxima é o invencível guerreiro divino, retratado de maneira semelhante a uma
grande tempestade.
Na criação, ele subjugou as forças do caos
e estabeleceu o seu reinado sobre o mundo (Gn 1.2). Descrições semelhantes
conhecidas de outras culturas do Oriente Próximo intensificam a imagem poética.
O discurso passa de indireto para direto.
Terceiro movimento 12-15.
Dos versos de 12 a 15, o Senhor da natureza
também tem poder absoluto sobre as forças da História (SI 46.2-3,6,8). Ele vem
para libertar o seu povo e julgar os pecadores.
O Senhor marcharia pela terra e trilharia
ou calcaria aos pés os gentios. Uma imagem agrícola derivada da maneira pela
qual os grãos são debulhados de suas cascas com batidas ou pisadas violentas
(Am 1.3).
No passado, o Senhor havia saído de seu
palácio celestial ou terreno para a salvação do seu povo sofredor. Isso é o que
Habacuque esperava que ele fizesse novamente, que ele saísse para salvação do
seu ungido, possivelmente um sinônimo para o povo, mas mais provavelmente uma
referência ao rei davídico, o cabeça representativo do povo de Israel.
Em sua saída para salvação de seu povo,
feriu a cabeça – lideranças – da casa do ímpio e descobriu-se-lhes os seus
alicerces até ao pescoço. Isso é o que o Senhor também faria nos dias de
Habacuque para os babilônios e o seu rei.
Habacuque novamente se refere ao Êxodo –
vs. 15 -, um acontecimento no qual o Criador mostrou o seu incontestável
domínio sobre a natureza e as forças do caos (representadas pelo temido mar).
D. Expectativa da fé (3.16-19a).
Depois de sua oração em forma de cântico,
dos vs. 16 ao 19, veremos uma grande expectativa da fé. Habacuque declarou a
sua expectativa e o seu júbilo.
Conforme a BEG, o verso 16, juntamente com
o vs. 2, dá início ao hino dos vs. 3-15 com referências autobiográficas no
começo e no fim.
Habacuque descreveu em termos físicos os
profundos efeitos que a visão/revelação exerceram sobre ele (Jr 4.19). O Senhor
respondeu às suas dolorosas perguntas e escutaria a sua oração, por isso que ouvindo
ele, seu ventre se comoveu e à sua voz, tremeram os seus lábios. Ele sentiu a
podridão invadir os seus ossos e estremeceu-se todo, mas no dia da angústia
haveria de descansar.
Habacuque tinha certeza de que o Senhor se
manteria fiel a ele mesmo e julgaria os pecadores que viessem contra o povo de
Deus, atacando uma vez após a outra enviando grupos de invasores.
Nos versos 17 e 18, ele declara que mesmo
num tempo futuro das mais adversas calamidades agrícolas e pastorais, quando o
povo de Deus enfrentasse fome e pobreza, a perspectiva confiante de Habacuque
não seria sufocada. Confiança e esperança transformaram o seu medo do futuro no
desejo de sempre se regozijar no seu Salvador-Deus (Rm 8.35-39; Fp 4.4).
·
A
figueira poderia não florescer.
·
A
videira poderia não dar o seu fruto.
·
A
oliveira poderia decepcionar.
·
Os
campos poderiam não produzir mais o mantimento.
·
As
ovelhas da malhada poderiam ter sido roubadas.
·
Nos
currais, poderia não haver mais gado.
Não importa o que pudesse acontecer, ou
quais que seriam as circunstancias, o profeta declara, em exercício de fé,
atendendo ao que o Senhor disse em Hb 2.4, que o seu justo viveria pela sua fé,
que, todavia ele se alegraria no Senhor; exultaria no Deus da sua salvação. A dependência
total no Senhor real da aliança era a chave da vida para Habacuque.
Ele conclui dizendo que o Senhor era a sua
força e que por isso faria os seus pés ligeiros como os da corça que andaria altaneiramente,
como se tivesse andando sobre as suas alturas. Essa imagem surpreendente
retrata a verdadeira vida em liberdade desinibida e progresso confiante apesar dos
desafios e perigos.
Hb 3:1 Oração
do profeta Habacuque,
à moda de sigionote.
Hb 3:2 Eu ouvi, Senhor, a tua fama, e temi;
aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos;
faze que ela seja conhecida no meio dos anos;
na ira lembra-te da misericórdia.
Hb 3:3 Deus veio de Temã, e do monte Parã o Santo.
[Selá].
A sua glória cobriu os céus,
e a terra encheu-se do seu louvor.
Hb 3:4 E o seu resplendor é como a luz,
da sua mão saem raios brilhantes,
e ali está o esconderijo da sua força.
Hb 3:5 Adiante dele vai a peste,
e por detrás a praga ardente.
Hb 3:6 Pára, e mede a terra;
olha, e sacode as nações;
e os montes perpétuos se espalham,
os outeiros eternos se abatem;
assim é o seu andar desde a eternidade.
Hb 3:7 Vejo as tendas de Cusã em aflição;
tremem as cortinas da terra de Midiã.
Hb 3:8 Acaso é contra os rios que o Senhor está irado?
E contra os ribeiros a tua ira,
ou contra o mar o teu furor,
visto que andas montado nos teus cavalos,
nos teus carros de vitória?
Hb 3:9 Descoberto de todo está o teu arco;
a tua aljava está cheia de flechas. (Selá)
Tu fendes a terra com rios.
Hb 3:10 Os montes te vêem, e se contorcem;
inundação das águas passa;
o abismo faz ouvir a sua voz,
e levanta bem alto as suas mãos.
Hb 3:11 O sol e a lua param nas suas moradas,
ante o lampejo das tuas flechas volantes,
e ao brilho intenso da tua lança fulgurante.
Hb 3:12 com indignação marchas pela terra,
com ira trilhas as nações.
Hb 3:13 Tu sais para o socorro do teu povo,
para salvamento dos teus ungidos.
Tu despedaças a cabeça da casa do ímpio,
descobrindo-lhe de todo os fundamentos. (selá)
Hb 3:14 Traspassas a cabeça dos seus guerreiros
com as suas próprias lanças;
eles me acometem como turbilhão
para me espalharem;
alegram-se,
como se estivessem para devorar
o pobre em segredo.
Hb 3:15 Tu com os teus cavalos marchas pelo mar,
pelo montão de grandes águas.
Hb 3:16 Ouvindo-o eu, o meu ventre se comove,
ao seu ruído tremem os meus lábios;
entra a podridão nos meus ossos,
vacilam os meus passos; em silêncio,
pois, aguardarei o dia da angústia
que há de vir sobre o povo
Hb 3:17 Ainda que a figueira não floresça,
nem haja fruto nas vides;
ainda que falhe o produto da oliveira,
e os campos não produzam mantimento;
ainda que o rebanho seja exterminado da malhada
e nos currais não haja gado.
Hb 3:18 todavia eu me alegrarei no Senhor,
exultarei no Deus da minha salvação.
Hb 3:19 O Senhor Deus é minha força,
ele fará os meus pés como os da corça,
e me fará andar sobre os meus lugares altos.
(Ao regente de música. Para instrumentos de cordas.)
E. Pós-escrito (3.19b).
No verso 19b, um pós-escrito. Uma nota a
respeito de instrumentação.
Ao mestre de canto, para instrumentos de
corda. Conforme a BEG, o fato de essa nota instrumental aparecer num
pós-escrito pode indicar que instruções semelhantes nos Salmos sejam também
pós-escritos em vez de sobrescritos.
...
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.