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quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

DEUS O*D*E*I*A (Wilbur N. Pickering, ThM PhD)

Image by Bruce from Pixabay

Sempre foi procedimento padrão para Satanás e seus servos atacarem argumentos fortes em favor da verdade como se fossem fracos e errados. No mundo de hoje, observe com atenção qualquer ‘princípio’ ou ‘lei’ que Satanás esteja usando, como “tudo é relativo” ou “discurso de ódio”. É o oposto que será verdade. O objetivo deste artigo é abordar a questão do ódio. As atuais leis contra o “discurso de ódio” e os “crimes de ódio” têm a clara implicação de que é errado odiar, odiar qualquer coisa (geralmente são usadas contra os valores bíblicos). Tais leis representam uma rebelião aberta contra o Soberano Criador do universo, porque Ele odeia, e nos ordena a odiar.

Para começar, a natureza do amor verdadeiro é geralmente mal compreendida. Se você ama alguém, você tem que ser contra qualquer coisa que prejudique ou faça mal a essa pessoa. O amor de Deus inclui necessariamente odiar o mal, por causa das consequências do mal que prejudicarão a Sua ‘imagem’, as pessoas que Ele ama. Em Deuteronômio 33.2-3 a “lei ardente” é uma expressão do amor de Deus pelo povo. Precisamente porque Ele está preocupado com o nosso verdadeiro bem-estar, o Criador impõe as consequências terrenas dos nossos pecados.

Hebreus 1.8-9 cita o Salmo 45.6-7, declarando que se refere a Deus, o Filho: entre outras coisas, afirma-se que Ele odeia a 'iniquidade' (Salmo 45.7), enquanto a tradução para o grego tem 'anomia'. ' (Hebreus 1.9). O próprio Cristo glorificado declara que odeia as obras dos nicolaítas (Apocalipse 2.6). Jeová odeia o roubo (Isaías 61.8), o divórcio (Malaquias 2.16) e sete outras transgressões: “olhos altivos; língua mentirosa; mãos que derramam sangue inocente; coração que traça planos perversos; pés que se apressam a correr para o mal; a testemunha falsa que fala mentiras; aquele que provoca discórdia entre irmãos” (Provérbios 6.16-19). “O temor de Jeová é odiar o mal”, e a Sabedoria odeia: “orgulho; arrogância; o mau caminho; a boca perversa” (Provérbios 8.13; e veja 9.10). No Salmo 97.10 temos uma ordem: “Vós que amais a Jeová, odiai o mal!” Romanos 12.9 nos diz para abominar o que é maligno; algo maligno é agressivamente mau. Vamos obedecer?

O Salmo 5.5 nos informa que Jeová odeia todos os que praticam a iniquidade. Temos o hábito de ensinar que Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. Parece que sim, até certo ponto. Mas quando alguém decide se juntar a Satanás, e faz questão de praticar o mal, esse alguém atrai a ira de Deus. O Salmo 34.16 diz assim: “A face de Jeová está contra os que praticam o mal, para apagar da terra a memória deles” (citado em 1 Pedro 3.12). Ora, para apagar a memória de alguém você deve começar apagando a própria pessoa. Quando uma pessoa escolhe se tornar um aliado do mal, ela está desafiando o Criador a matá-la. (Veja Salmos 26.5; 31.6; 101.3; 119.104, 113, 128, 163 — esses textos nos ajudam a entender a atitude de Davi no Salmo 139.21-22; é porque eles agem com malvadas intenções [versículo 20] que ele os odeia.) Devemos aprender a odiar o pecado, o mal em toda e qualquer forma, incluindo Satanás e seus anjos.

Considere Mateus 25.41: Então Ele (o Filho do homem sentado no Seu trono de glória) dirá também aos que estão à Sua esquerda: “Seus malditos! Apartem-se de mim para dentro do fogo eterno que foi preparado para o diabo e seus anjos.” O Lago de fogo e enxofre foi preparado para Lúcifer (agora Satanás) e aqueles anjos que se juntaram à sua rebelião (cerca de um terço dos seres angélicos – Apocalipse 12.4). Os seres humanos que tomam partido com Satanás (existem várias maneiras de fazer isso) também compartilharão seu destino. O significado básico da palavra traduzida como ‘anjo’ é ‘mensageiro’; muitos seres humanos são mensageiros de Satanás. Como eles estão além da recuperação (Mateus 25.41, 2 Pedro 2.4, Apocalipse 20.10), estamos em uma guerra sem piedade, sem quartel, até a morte. Permanecer passivo quando alguém está determinado a te matar é pedir a morte. Mas se você é um soldado, isso é um abandono do dever. De acordo com o Salmo 78.9-10, Deus tem uma visão negativa de tal atitude.

O Texto Sagrado é claro: o caráter de Deus não muda, não pode ser alterado. Em Malaquias 3.6 o próprio Jeová declara que não muda. Tiago 1.17 afirma a mesma coisa em outras palavras. Hebreus 13.8 afirma algo semelhante a respeito de Jesus Cristo. Vamos dar atenção especial a 2 Timóteo 2.13. “Se somos infiéis, Ele permanece fiel; Ele não pode negar-se a si mesmo.” Ele não pode negar-se a si mesmo – não é óbvio? Ele não pode ir contra a Sua própria natureza, a Sua própria essência; é uma coisa que Deus não pode fazer. Ele é a Verdade e, portanto, não pode ser infiel. É precisamente por essa razão que Ele é incapaz de mentir (Tito 1.2). Ter a mente de Cristo é pensar como Ele (1 Coríntios 2.16), e Filipenses 2.5 coloca isso como uma ordem: “Haja em vocês a mesma maneira de pensar que houve também em Cristo Jesus”. Se o Soberano Jesus odeia, nós também havemos de odiar; isto é, odiar o que Ele odeia.

Agora consideremos Deuteronômio 7.9-10: “Saibam, portanto, que Jeová, o seu Deus, é Deus; Ele é o Deus fiel que mantém a aliança e a misericórdia por mil gerações com aqueles que O amam e guardam os Seus mandamentos; e Ele retribui aqueles que O odeiam no rosto, para destruí-los. Ele não demorará a retribuir no rosto aquele que O odeia.” Se Deus retribui ao Seu odiador com destruição, e sem demora, então Ele não oferece salvação a esse odiador.[1]  Óbvio. 2 Pedro 2.17 afirma isto a respeito dos aliados do mal descritos nos versículos 9-17: “para os quais a mais negra escuridão está reservada eternamente”.[2]  Encontramos a mesma expressão em Judas 13. Com uma reserva eterna como essa, quais são as suas chances?

João 3.16 declara que dar o Seu Filho foi uma expressão do amor de Deus pelo mundo. Portanto, Ele oferece salvação àqueles a quem ama, não àqueles a quem odeia. Quem decide odiar a Deus recebe o ódio de volta, e fica sem salvação. Em João 6.44 (e versículo 65) o Senhor Jesus declara: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o trouxer”, e deveria ser óbvio que o Pai não atrairá alguém a quem Ele odeia. João 3.36 também vai direto ao ponto: “O que crê para dentro do Filho tem vida eterna, mas o que desobedece ao Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanecerá sobre ele.” Acaso o Pai iria trazer alguém que permanece sob Sua ira? Como? O Texto declara que tal pessoa não verá a vida – nunca. Caro leitor, se você pertence a Jesus, precisa entender que está em uma guerra, uma guerra contra um inimigo implacável.

Leis como o “discurso de ódio” e o “crime de ódio” são meras expressões do ódio de Satanás por Deus e por todos os que são criados à imagem de Deus. Visto que todos os valores bíblicos são expressões da preocupação de Deus pelo nosso bem-estar, Satanás odeia esses valores e motiva os seus servos a trabalharem contra eles. Em Mateus 10.22 e Marcos 13.13, o Soberano Jesus disse: “Sereis odiados de todos por causa do meu nome”. Já acontece em muitos lugares que qualquer pessoa que tome uma posição pública em defesa dos valores bíblicos é vituperada pelos meios de comunicação – alguns já foram para a prisão em países que outrora foram ‘cristãos’. O mundo já não é ‘pós-moderno’, está tornando-se cada vez mais anticristão. O outro lado nos acusa de ódio para esconder o fato de que são eles os que odeiam, e o seu ódio é virulento, amargamente hostil. Estão preparados para usar a violência na sua oposição aos valores de Deus.

Então, o que nós podemos fazer a respeito disso? Considere Lucas 10.19: “Atenção, eu estou dando[3] a vocês a autoridade para pisotear serpentes e escorpiões, bem como sobre todo o poder do inimigo, e nada poderá lhes fazer mal algum”. A última cláusula é claramente sobre defesa, sobre proteção a nós mesmos. Em Mateus 28.18, o Soberano Jesus afirma que Ele detém “toda a autoridade no céu e sobre a terra”; então Ele é claramente competente para delegar parte dessa autoridade para nós. Pois então, como funciona, na prática, a “autoridade sobre todo o poder do inimigo”? Autoridade controla poder. Devemos usar a nossa autoridade para proibir o uso do poder de Satanás, com referência a situações específicas – na minha experiência, temos de ser específicos. Podemos limitar o que o inimigo faz, mas não o colocar completamente fora de ação, ou pelo menos é o que entendo. Mas como devemos fazer isso?

Na armadura descrita em Efésios 6 encontramos “a espada do Espírito” (versículo 17). Uma espada é uma arma de ataque, embora também seja usada para defesa. O Texto nos diz que essa espada é “a ρημα de Deus” – ρημα, não λογος. É a Palavra de Deus falada ou aplicada. Realmente, para que serve uma espada deixada na bainha? Por mais maravilhosa que seja a nossa espada (Hebreus 4.12), para produzir efeito ela tem que sair da bainha. A Palavra precisa ser falada ou escrita – aplicada de uma maneira específica.[4] 

Agora considere Efésios 3.20: “Agora, Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou imaginamos, de acordo com o poder que está operando em nós”. Efésios 1.19 fala da “incomparável grandeza do poder dEle dentro de nós que estamos crendo” – observe que o verbo está no presente; ter crido ontem não vai funcionar, devemos crer hoje. Este tremendo poder que Deus derrama para dentro de nós, ao passo que cremos, excede a nossa capacidade de imaginação. Pois bem, meu horizonte pessoal é limitado e definido pela minha capacidade de imaginar. Qualquer coisa que eu não consigo imaginar fica fora do meu horizonte, e portanto, obviamente, não vou pedi-la. Confesso com tristeza que ainda não cheguei a um nível espiritual onde possa liberar esse poder – ainda estou por fazer com que a verdade contida neste versículo funcione para mim. Mas entendo que a verdade aqui afirmada é literal, e só espero que outros cheguem lá antes de mim (para que eu possa aprender com eles), se eu continuar demorando. O objetivo principal do exercício (versículo 21) é que Deus receba glória [não que eu me divirta, embora se algum dia eu chegar lá certamente me divertirei muito!], e na medida em que não colocamos Seu poder em nós para trabalhar, estamos privando-O da glória que Ele poderia e deveria ter.

Considere Provérbios 28.1 – “Os ímpios fogem embora ninguém os persiga, mas os justos são corajosos como um leão”. Pode ter sido assim nos dias de Salomão, mas os tempos mudaram. Hoje em dia é o povo de Satanás que é ousado. Não é assim que deveria ser. O Soberano Jesus disse que Seus discípulos são “o sal da terra” e “a luz do mundo” (Mateus 5.13-14). Tanto o sal quanto a luz são agressivos. Se você colocar um pouco de sal em uma panela de arroz, ele tempera todo o conteúdo. A escuridão é apenas a ausência de luz. Se você acender a luz em um quarto escuro, a escuridão desaparecerá. Diante da perseguição, os primeiros cristãos oraram: “Agora, Senhor, considera as ameaças deles, e concede aos Teus servos que anunciem a Tua Palavra com toda a ousadia” (Atos 4.29). E Deus atendeu ao seu pedido! Chegou a hora de fazermos nós a mesma coisa.



[1] Em Joel 3.4 Jeová se expressa assim: “De fato, que tendes vós a ver comigo, ó Tiro e Sidom, e todas as regiões da Filístia? Vocês querem retaliar contra mim? Pois se retaliarem contra mim, ágil e veloz farei tornar a vossa retaliação sobre a vossa própria cabeça.” Deus demonstra a mesma atitude que em Deuteronômio 7.10 – Ele não tolera a perversidade.

[2] Essa escuridão está associada ao reino de Satanás, porque “Deus é luz e Nele não há escuridão alguma” (1

João 1.5). Peter afirma que eles compartilharão o mesmo destino de seu chefe.

[3] Em vez de 'estou dando', talvez 2,5% dos manuscritos gregos, de qualidade obje􀆟vamente inferior, trazem 'dei' (como na NVI, NASB, LB, TEV, etc.) - um sério erro. Jesus disse isso talvez cinco meses antes de Sua morte e ressurreição, dirigindo-se aos setenta (não apenas aos doze). O Senhor está falando sobre o futuro, não sobre o passado; um futuro que nos inclui a nós!

[4] Na Bíblia temos muitos exemplos de pessoas que colocaram o poder de Deus em ação ao falar. Nosso mundo começou com uma palavra criativa de Deus – falada (Gênesis, 1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26; e veja Hebreus 11.3). Moisés falou muito. Elias falou (1 Reis 17.1, 18.36, 2 Reis 1.10). Eliseu falou (2 Reis 2.14, 21, 24; 4.16, 43; 6.19). Jesus falou muito. Ananias falou (Atos 9.17). Pedro falou (Atos 9.34, 40). Paulo falou (Atos 13.11; 14.3, 10; 16.18; 20.10; 28.8). Em suma, temos de falar!