Até o capítulo 29, como já falamos, estaremos
nos lembrando de que a função de mostrar o reino unido era dar aos exilados um
ideal da unidade, principalmente em Davi, onde o cronista irá procurar
valorizar muito mais os sucessos do que os fracassos do rei; enfatizará
particularmente o apoio geral recebido por Davi e o seu interesse em construir
o templo.
Destarte, a divisão dessa primeira parte se
deu também em quatro: 1. Davi se torna rei – 9:35 a 10:14 – já vimos; 2. O
amplo apoio a Davi – 11:1 a 12:40 – já vimos; 3. Preparativos para o templo –
13:1 a 29:25 – começaremos a ver agora; e, 4. O fim do reinado de Davi – 29:26
a 30.
3. Preparativos para o templo – 13:1 a 29:25.
O cronista relatará o segundo elemento
essencial do reino considerado exemplar de Davi, ou seja, os seus preparativos repletos
de entusiasmo para a construção do templo.
Dividiremos esse relato em duas principais
partes: a. Davi leva a arca para Jerusalém – 13:1 a 16:43; b. Davi faz
preparativos para o templo – 17:1 a 29:25.
a. Davi leva a arca para Jerusalém – 13:1 a 16:43.
Nesta seção, o cronista relatará como Davi
conseguiu centralizar o culto em Jerusalém.
Uma comparação com II Sm 5 e 6 indicará que
o material em Samuel e Crônicas é organizado topicamente e não estritamente de
forma cronológica.
Também aqui dividiremos para melhor
compreensão a presente seção em três partes: (1) Davi fracassa na primeira
tentativa de transportar a arca – 13:1-14; (2) As bênçãos que distinguem Davi;
e, (3) Davi transporta a arca com sucesso – 15:1 a 16:43.
(1) Davi fracassa na primeira tentativa de transportar a arca – 13:1-14.
Por não ter sido manuseada de forma
correta, Davi fracassa em sua primeira tentativa de transferir a arca e seu
coração fica muito pesaroso.
O texto paralelo desta passagem se encontra
em II Sm 6:1-11, pelo que me valerei nas minhas reflexões do mesmo texto por
mim já visto ao qual reproduzo aqui e para maiores detalhes ver nota de rodapé[1] a
seguir:
Davi já estava se consolidando no governo de Israel e
as coisas passadas estavam ficando para trás. Ele tem procurado se preservar e
tem perseverado em seguir ao Senhor com todas as suas forças.
Ajuntou, de todos os escolhidos de Israel, trinta mil
homens para irem a Baalim de Judá com a intenção de levar dali a arca de Deus
pela qual se invoca o nome de Deus.
Ele a estava levando para a cidade onde seria a sede
de seu governo e também o lugar do templo, onde ele pretendia construir. No
entanto, a construção do templo somente foi executada por seu filho Salomão.
O escritor de II Samuel faz questão ao falar do Senhor
de chamá-lo de Deus cujo nome é invocado sendo o Senhor dos Exércitos que se
assenta entre os querubins.
Sempre que me lembro do verbo “invocar”, eu me lembro
dos outros verbos presentes em Romanos 10 e Deuteronômio 30, os quais são:
salvar, enviar, pregar, ouvir, crer.
Eles juntos formam o acróstico EPOCIS e Paulo fala
sobre a invocação de que serão salvos todos os que invocarem. No entanto, como
invocarão se não crerem e como crerão se não ouvirem e como ouvirão se não há
quem pregue e como pregarão se não forem enviados?
Assim, a salvação é um processo circular, sem fim, os
salvos são enviados, os enviados pregam, os que ouvem creem, os que creem,
invocam e os que invocam são finalmente salvos. Eu chamo isso de o processo da
salvação dos homens!
Até aqui tudo ia muito bem e Davi estava feliz porque
achava estar fazendo a coisa certa que deveria ter sido feita há muito tempo.
Davi estava certo no seu propósito, mas não estava
correto em sua atitude. Sua intenção era boa, mas a forma de levar a arca
estava errada e o preço disso sairá caro para todos.
A sensação que temos ao ler a palavra de Deus é de que
Deus é real! Parece brincadeira eu dizer isso, mas preciso chamar a sua atenção para o Senhor! Ele existe e tem
suas características próprias que fazem dele o ser que ele, Deus, é.
Em primeiro lugar, somente Deus é, mais ninguém. Por
isso que seu nome é EU SOU. Deus é soberano. Deus é sábio. Deus é bom. Deus é
amor. Deus é justiça. Nós somente temos, em parte, de Deus, por sua
comunicabilidade, mediante a sua graça, a sabedoria, a bondade, o amor, a
justiça.
Em todos nós, podem reparar, há o senso inato por
exemplo da justiça.
Quando examinamos uma situação e vemos desigualdade de
tratamento e condições, logo dizemos, isso não é justo. Essa sensação de
justiça é muito forte em nós. As maiores desculpas que damos para fugir de Deus
é o apelo de nossa consciência à justiça. Só que estamos falando de justiça com
a própria justiça, pois somente Deus é justo.
Como eu sei que por melhor que eu me esforce eu nunca
serei justo? Ora, não é por eu me comparar com a própria justiça? Como sei que
não sou justo, porque há um justo!
É isso, eu sei que não sou justo porque ao me comparar
com quem é justo, vejo que sou falho, pecador e que não consigo atingir o
padrão de justiça perfeita. E quem é o padrão? Deus é! Somente Deus é.
Poderíamos seguir o raciocínio e aplicá-lo às demais
coisas: bondade, amor, sabedoria, fidelidade, etc... Deus é. Ele é o padrão.
Ele, Deus, é.
Em segundo lugar, o Deus que é, o único que é, nos
deixou, ao nos criar, regras,
mandamentos, leis. Ao seguirmos suas instruções seremos sempre bem sucedidos,
mas ao querermos inventar coisas em desobediência a ele, nos daremos muito mal.
Aqui nessa história em que Davi queria trazer a Arca
do Senhor para Jerusalém havia uma regra e instruções a serem seguidas. Davi
estava no início de seu reinado e seu objetivo era restaurar o culto e
desenvolver a vida religiosa do povo, conforme Ex 25:10-16.
Não se podia mover a Arca de qualquer modo. Na
imaginação de Davi, homem segundo o coração de Deus, e do povo que tinha
consigo, cerca de 30 mil, o objetivo era retirar a Arca de Balaá de Judá (ela
estava na casa de Abinadabe há quase cem anos) e a levar para cima, para
Jerusalém.
A Arca de Deus era a representação, vs 2, sobre a qual
se invoca o nome, o nome do SENHOR dos Exércitos, que se assenta entre os
querubins. Ela representava ou tipificava a Jesus e a sua mediação. Davi então
usa carros novos. A intenção era boa, mas era a imitação do mundo. Foram os
Filisteus que colocaram a Arca em carros novos quando a quiseram devolver ao
povo de Israel.
A igreja não deve imitar os métodos do mundo nem
usá-los como ferramentas que poderão, ou não, dar certo.
Eu não creio que Deus se interessa por métodos, mas
quer homens obedientes que estejam dispostos a respeitá-lo, a crer que existe,
que ele é o único que é e que está disposto a trabalhar por aqueles que nele
esperam. “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu,
nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele
espera.” (Is 64:4).
Eu também não sou contra os métodos, técnicas,
táticas, planejamento, organização, direção e controles. Acho que Deus capacita
os homens e lhes dá dons para servi-lo mais e mais eficaz e eficientemente.
No entanto, o método tem de estar abaixo da
obediência. Primeiro, Deus, depois os métodos. Estando debaixo da obediência,
os métodos e técnicas serão abençoados. Exemplo de método empregado
corretamente: o conselho de Jetro a Moisés na administração do povo de Israel.
Todos os irmãos que estudam, trabalham, fazem
treinamentos e se aperfeiçoam em técnicas e métodos estão servindo o Reino de
Deus e a sua Justiça. Que isso fique bem claro.
O resultado daquele transporte feito imitando os
Filisteus trouxe uma tragédia. Havia uma pedra de tropeço e nela os bois
tropeçaram e, instintivamente, Uzá segurou a Arca, colocando a sua mão nela
para a proteger, mas Deus o feriu por irreverência.
Davi muito se entristeceu. Aquilo foi demais para ele.
Ele mesmo exclamou: como virá a mim a Arca do Senhor? No entanto, como era
homem segundo o coração de Deus, não ficou ali prostrado. Levantou-se,
ergueu-se, buscou ao Senhor.
A Arca então ficou provisoriamente na casa de
Obede-Edom (levita, da família de Corá, da Clã de Coate, autorizado, sim, para
cuidar da Arca da Aliança) e por causa da Arca foi ele muito abençoado.
Não vemos no texto de Crônicas a informação
do uso de 30 mil homens, mas que Davi tinha reunido todo Israel desde Sior do
Egito até à entrada de Hamate para trazer a arca de Deus, de Quiriate-Jearim.
I Cr 13:1 E Davi tomou conselho com os
capitães dos milhares,
e
das centenas, e com todos os líderes.
I
Cr 13:2 E disse Davi a toda a congregação de Israel:
Se
bem vos parece, e se isto vem do SENHOR nosso Deus,
enviemos
depressa mensageiros a todos os nossos
outros
irmãos em todas as terras de Israel,
e
aos sacerdotes, e aos levitas nas suas cidades e nos
seus
arrabaldes, para que se reúnam conosco;
I
Cr 13:3 E tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus;
porque
não a buscamos nos dias de Saul.
I
Cr 13:4 Então disse toda a congregação que se fizesse assim;
porque
este negócio pareceu reto aos olhos de todo o povo.
I
Cr 13:5 Convocou, pois, Davi a todo o Israel desde Sior do Egito
até
chegar a Hamate; para trazer
a
arca de Deus de Quiriate-Jearim.
I
Cr 13:6 E então Davi com todo o Israel subiu a Baalá
de
Quiriate-Jearim, que está em Judá, para fazer subir dali
a
arca de Deus, o SENHOR que habita entre os
querubins,
sobre a qual é invocado o seu nome.
I
Cr 13:7 E levaram a arca de Deus, da casa de Abinadabe,
sobre
um carro novo; e Uzá e Aió guiavam o carro.
I
Cr 13:8 E Davi e todo o Israel, alegraram-se perante Deus
com
todas as suas forças; com cânticos, e com harpas,
e
com saltérios, e com tamborins, e com címbalos,
e
com trombetas.
I
Cr 13:9 E, chegando à eira de Quidom,
estendeu
Uzá a sua mão, para segurar a arca,
porque
os bois tropeçavam.
I
Cr 13:10 Então se acendeu a ira do SENHOR contra Uzá,
e
o feriu, por ter estendido a sua mão à arca;
e
morreu ali perante Deus.
I
Cr 13:11 E Davi se encheu de tristeza porque o SENHOR
havia
aberto brecha em Uzá; pelo que chamou aquele lugar
Perez-Uzá,
até ao dia de hoje.
I
Cr 13:12 E aquele dia temeu Davi a Deus, dizendo:
Como
trarei a mim a arca de Deus?
I
Cr 13:13 Por isso Davi não trouxe a arca a si, à cidade de Davi;
porém
a fez levar à casa de Obede-Edom, o giteu.
I
Cr 13:14 Assim ficou a arca de Deus com a família de Obede-Edom,
três
meses em sua casa;
e
o SENHOR abençoou a casa de Obede-Edom,
e
tudo quanto tinha.
Era mesmo um grande momento para Davi por
isso que havia alegria, euforia, grande júbilo deste que tinha sido aprovado
como rei de Israel.
A centralidade do culto em Jerusalém não
lhe saia da cabeça e isso podia ele ver como era importante para a nação. Seus esforços
e desejo de transportar a arca estavam todos corretos, mas faltava alguns
detalhes e por isso que fracassou na sua primeira tentativa.
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