Como já dissemos,
estamos estudando o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes
principais, as suas narrativas, até o capítulo 6 e as suas visões, do 7 ao 12. Estamos
vendo agora as suas narrativas. Ressaltamos que as histórias de Daniel e de seus
amigos ilustram a fidelidade deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as
nações.
Esta primeira
parte, ressaltamos, foi dividida, seguindo a estruturação da BEG, em seis
seções: A. a defesa de Daniel e de seus amigos (1.1-21) – já vimos; B. O sonho de Nabucodonosor (2.1-49) – já vimos; C. Livramento da fornalha
(3.1-30) – já vimos; D. O segundo
sonho de Nabucodonosor (4.1-37) – já
vimos; E. O julgamento de Belsazar (5.1-31) - veremos agora; e, F. O livramento de Daniel da cova dos leões
(6.1-28).
E. O julgamento de
Belsazar (5.1-31).
Neste capítulo,
veremos em seus 31 versículos, Deus julgando Belsazar, primogênito de
Nabonido, genro de Nabucodonosor. Nessa narrativa, o rei é condenado pelo
insolente menosprezo que demonstrou pela santidade do Deus de Israel e pelo seu
templo.
Conforme a BEG, Belsazar significa
"Bel, protege o rei". Não deve ser confundido com Beltessazar, o nome
babilônico dado a Daniel (1.7 - "Bel protege a
sua vida" ou "Senhora, protege o rei”.).
De fontes babilônicas sabemos que Nabonido,
genro de Nabucodonosor foi o último rei da Babilônia. Belsazar, o filho mais
velho de Nabonido foi feito corregente com o seu pai e designado como o
encarregado dos negócios da Babilônia enquanto Nabonido passava extensos
períodos de tempo em Tema, na Arábia.
Os acontecimentos desse capítulo tiveram
lugar em 539 a.C., o ano em que a Babilônia caiu diante dos persas e em que foi
publicado o decreto libertando os israelitas do seu cativeiro, quarenta e dois
anos depois da morte de Nabucodonosor em 563 a.C.
O rei Belsazar estava em grande festa com
ais de 1000 convidados e ali, diante deles, bebia seu vinho e festejava. Essa
cena do banquete justapõe o esplendor do acontecimento com o julgamento de Deus
que logo seria realizado (cf. Gn 40.20-22; Mc 6.21-28).
Foi naqueles momentos de bebida quando o
vinho já tomava conta do rei e sob a influência do vinho que Belsazar cometeu
um ato sacrílego. Mesmo de um ponto de vista gentílico, os utensílios sagrados
de outras religiões deveriam ser considerados com reverência.
Os que se enveredam por esse caminho de
beber e se drogar tornam-se instrumentos do mal para práticas terríveis que
poderão ter consequências irreparáveis. Conhecendo os seus efeitos e esses
resultados de tantas e tantas histórias e testemunhos, melhor e mais
inteligente é não ir por esse caminho de morte e destruição.
imoralidade sexual,
impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira,
egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes.
Eu os advirto, como
antes já os adverti:
Aqueles que praticam
essas coisas
não herdarão o Reino
de Deus.
Gálatas
5:19-21
Assim diz o Senhor:
"Quando ainda se
acha suco
num cacho de uvas,
os homens dizem: 'Não
o destruam,
pois ainda há algo
bom';
assim farei em favor
dos meus servos;
não os destruirei
totalmente.
Isaías
65:8
O vinho é zombador
e a bebida fermentada
provoca brigas;
não é sábio deixar-se
dominar por eles.
Provérbios
20:1
Não ande com os que
se encharcam de
vinho,
nem com os que
se empanturram de
carne.
Pois os bêbados e os
glutões
se empobrecerão,
e a sonolência os
vestirá de trapos.
Provérbios 23:20-21
Nabucodonosor é chamado de pai de Belsazar
aqui – vs. 2 - e nos vs. 11, 13,18, e no v. 22, Belsazar é chamado de
"filho" de Nabucodonosor. Pela BEG, vemos que embora saibamos que
Belsazar era realmente filho de Nabonido e não de Nabucodonosor, os termos pai
e filho eram usados com frequência no mundo antigo num sentido mais amplo de
"ancestral" ou "predecessor" e de "descendente" ou
"sucessor", respectivamente. É possível que Belsazar fosse neto de
Nabucodonosor por meio de sua mãe, Nitócris.
Foi o próprio Belsazar que mandara trazer
as taças e objetos sagrados dos hebreus para neles beberem suas bebidas e
zombarem de Deus e assim darem louvores aos seus deuses.
Os vasos do templo foram profanados não
apenas por terem sido utilizados de maneira profana, mas também por terem sido
usados para honrar as divindades falsas da Babilônia.
Na mesma hora daquele ultraje,
repentinamente, apareceram dedos de mão humana que começaram a escrever no
reboco da parede, da parte mais iluminada do palácio real. O rei observou a mão
enquanto ela escrevia e seu rosto ficou pálido, e ele ficou tão assustado que
os seus joelhos batiam e as suas pernas vacilaram.
Aos gritos, o rei mandou chamar os
encantadores, os astrólogos e os adivinhos e disse a esses sábios da Babilônia
para darem a ele o significado e qualquer que lesse esta escritura e declarasse
sua interpretação, o rei o vestiria de púrpura, e traria uma cadeia de ouro ao
pescoço, e no reino seria o terceiro governante, o próximo em poder abaixo de
Nabonido e de seu corregente Belsazar (5.1).
Novamente o rei determinou urna dupla
exigência: declarar o presságio e interpretá-lo (cf. 2.3). Novamente, também,
os caldeus não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei sua interpretação,
pelo que o rei ficou irado em extremo.
Foi naquele momento que entrou no banquete
a rainha-mãe por causa da grande confusão do rei. É improvável que ela fosse a
esposa de Belsazar, uma vez que essas mulheres já estavam presentes no banquete
(vs. 2-3). Pode ser que se tratasse da viúva de Nabucodonosor; entretanto, é
mais provável que fosse Nitócris, esposa de Nabonido, filha de Nabucodonosor e
mãe de Belsazar (BEG).
Ela então tranquiliza o rei e fala,
testemunha, acerca de Daniel que, segundo ela, tinha o espírito dos deuses
santos – vs. 11. Não deveríamos nos surpreender com o fato de que a rainha-mãe
estivesse mais familiarizada com os acontecimentos do tempo de Daniel do que
Belsazar.
É provável que, em 539 a.C., Daniel
estivesse com cerca de oitenta anos. Ele era jovem quando fora levado para a
Babilônia, sessenta e seis anos atrás, em 605 a.C. (1.1).
Em função do que disse a rainha-mãe
mandaram chamar a Daniel cuja capacitação divina pode ser descrita
teologicamente como uma presença do Espírito de Deus numa pessoa possuidora de
um espírito extraordinário.
Daniel foi introduzido à presença do rei –
vs. 13 – e o rei falou com ele perguntando se era ele um dos cativos de Judá
que seu pai havia trazido e que tinha ouvido falar dele como aquele que tinha o
espírito dos deuses e que se achavam nele a luz, o entendimento e excelente
sabedoria.
Depois lhe fala da tentativa dos magos que
o antecederam, de sua frustração e o indaga novamente se seria ele mesmo capaz
de dar ao rei significado ao acontecido. Então lhe promete honrarias, presentes
e uma alta posição no seu reino.
Daniel, de forma até um pouco ríspida e sem
mostrar interesse, lhe responde dizendo que os presentes poderiam ficar com ele
mesmo, isso é, não fazia questão deles, nem se deixaria motivar-se por isso.
Alguns pensam que Daniel rejeitou a oferta
de recompensa de Belsazar não apenas porque ele não procurava tais honras, mas
também em razão da consciência que tinha de que era apenas pela misericórdia de
Deus que ele tinha sido capaz de responder à exigência do rei; ele não queria
usar essa dádiva de Deus como meio para obter lucro pessoal (Gn 14.23).
Entretanto, havia aceitado tais recompensas
antes (2 48) e o fez novamente mais tarde (v. 29). Talvez ele estivesse
evitando qualquer pressão para modificar a mensagem sinistra (Nm 22.18; Mq
3.5,11).
A partir do verso 18, começa então a
interpretar o ocorrido.
Primeiro ele fala do tempo de seu pai,
Nabucodonosor, que Deus tinha dado a ele soberania, grandeza, glória e
majestade e que, em função disso, homens de todas as nações, povos e línguas
tremiam diante dele e o temiam.
O rei era tão poderoso que a quem o rei
queria matar, matava; a quem queria poupar, poupava; a quem queria promover,
promovia; e a quem queria humilhar, humilhava.
No entanto, o seu coração se tornou
arrogante e endurecido por causa do orgulho e ele foi deposto de seu trono real
e despojado da sua glória.
Daniel continuou a explicar em detalhes o
fato já comentado no capítulo anterior que ocasionou a transformação em animal
e depois que reconheceu o Senhor, voltou a ser homem novamente e tudo lhe foi
devolvido o que lhe permitiu, depois, maior crescimento.
Se dirigindo, depois, a Belsazar comenta
que ele sabia disso e que deveria ter se humilhado, mas pelo contrário,
tornou-se pior e se exaltou acima do Senhor dos céus. Por fim, para agravar a
sua situação e entrar em juízo com Deus, ainda mandou trazer as taças do templo
do Senhor para que nelas bebessem ele, os seus nobres, as suas mulheres e as
suas concubinas. Ainda louvaram os deuses de prata, de ouro, de bronze, de
ferro, de madeira e de pedra, que não podem ver nem ouvir nem entender. Para
piorar ainda mais, não glorificaram o Deus que sustentava em suas mãos a vida
dele e todos os seus caminhos.
E disse que a mão e os dedos que escreveram
aquilo foi enviado por Deus, cujo significado era este: Mene: Deus contou os dias do teu reinado e determinou o seu fim. Tequel: Foste pesado na balança e achado
em falta. Peres: Teu reino foi
dividido e entregue aos medos e persas".
Dn 5:1 O rei Belsazar deu um grande
banquete a mil dos seus grandes,
e bebeu vinho
na presença dos mil.
Dn 5:2
Havendo Belsazar provado o vinho,
mandou
trazer os vasos de ouro e de prata
que
Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo
que
estava em Jerusalém,
para
que bebessem por eles o rei, e os seus grandes,
as
suas mulheres e concubinas.
Dn 5:3 Então
trouxeram os vasos de ouro que foram tirados do templo
da
casa de Deus, que estava em Jerusalém,
e
beberam por eles o rei, os seus grandes,
as
suas mulheres e concubinas.
Dn 5:4
Beberam vinho, e deram louvores aos deuses de ouro,
e
de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
Dn 5:5 Na
mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem,
e
escreviam, defronte do castiçal,
na
caiadura da parede do palácio real;
e
o rei via a parte da mão que estava escrevendo.
Dn 5:6
Mudou-se, então, o semblante do rei,
e
os seus pensamentos o perturbaram;
as
juntas dos seus lombos se relaxaram,
e
os seus joelhos batiam um no outro.
Dn 5:7 E
ordenou o rei em alta voz, que se introduzissem
os
encantadores, os caldeus e os adivinhadores;
e
falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia:
Qualquer que
ler esta escritura, e me declarar
a
sua interpretação, será vestido de púrpura,
e
trará uma cadeia de ouro ao pescoço,
e
no reino será o terceiro governante.
Dn 5:8 Então
entraram todos os sábios do rei;
mas
não puderam ler o escrito,
nem
fazer saber ao rei a sua interpretação.
Dn 5:9 Nisto
ficou o rei Belsazar muito perturbado,
e
se lhe mudou o semblante;
e
os seus grandes estavam perplexos.
Dn 5:10 Ora a
rainha, por causa das palavras do rei
e
dos seus grandes, entrou na casa do banquete;
e
a rainha disse:
Ó rei, vive
para sempre;
não
te perturbem os teus pensamentos,
nem
se mude o teu semblante.
Dn 5:11 Há no
teu reino um homem que tem o espírito dos deuses s
antos;
e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência,
e
sabedoria, como a sabedoria dos deuses;
e teu pai, o
rei Nabucodonosor, sim, teu pai,
ó
rei, o constituiu chefe
dos
magos, dos encantadores, dos caldeus,
e
dos adivinhadores;
Dn 5:12 porquanto se achou neste Daniel
um espírito excelente,
e
conhecimento e entendimento para interpretar sonhos,
explicar
enigmas e resolver dúvidas,
ao
qual o rei pôs o nome de Beltessazar.
Chame-se,
pois, agora Daniel, e ele dará a interpretação.
Dn 5:13 Então
Daniel foi introduzido à presença do rei.
Falou
o rei, e disse à Daniel:
És
tu aquele Daniel, um dos cativos de Judá,
que
o rei, meu pai, trouxe de Judá?
‘ Dn
5:14 Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses
está em ti, e
que em ti se acham
a
luz, o entendimento e a excelente sabedoria.
Dn 5:15
Acabam de ser introduzidos à minha presença
os
sábios, os encantadores, para lerem o escrito,
e
me fazerem saber a sua interpretação;
mas não
puderam dar a interpretação destas palavras.
Dn 5:16 Ouvi
dizer, porém, a teu respeito que podes
dar
interpretações e resolver dúvidas.
Agora,
pois, se puderes ler esta escritura
e
fazer-me saber a sua interpretação,
serás vestido
de púrpura,
e
terás cadeia de ouro ao pescoço,
e
no reino serás o terceiro governante.
Dn 5:17 Então respondeu Daniel, e disse
na presença do rei:
Os teus
presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro;
todavia
vou ler ao rei o escrito,
e
lhe farei saber a interpretação.
Dn 5:18 O
Altíssimo Deus, ó rei, deu a Nabucodonosor, teu pai,
o
reino e a grandeza, glória e majestade;
Dn 5:19 e por
causa da grandeza que lhe deu, todos
os
povos, nações, e línguas tremiam e temiam diante dele;
a
quem queria matava, e a quem queria conservava em vida;
a
quem queria exaltava, e a quem queria abatia.
Dn 5:20 Mas
quando o seu coração se elevou,
e
o seu espírito se endureceu para se haver arrogantemente,
foi
derrubado do seu trono real,
e
passou dele a sua glória.
Dn 5:21 E foi
expulso do meio dos filhos dos homens,
e
o seu coração foi feito semelhante aos dos animais,
e
a sua morada foi com os jumentos monteses;
deram-lhe a
comer erva como aos bois,
e
do orvalho do céu foi molhado o seu corpo,
até
que conheceu que o Altíssimo Deus tem domínio
sobre
o reino dos homens,
e
a quem quer constitui sobre ele.
Dn 5:22 E tu,
Belsazar, que és seu filho,
não
humilhaste o teu coração, ainda que soubeste tudo isso;
Dn 5:23 porém
te elevaste contra o Senhor do céu;
pois
foram trazidos a tua presença os vasos da casa dele,
e
tu, os teus grandes, as tua mulheres
e
as tuas concubinas, bebestes vinho neles;
além
disso, deste louvores aos deuses
de
prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira
e
de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem;
mas
a Deus, em cuja mão está a tua vida,
e de quem são
todos os teus caminhos,
a
ele não glorificaste.:
Dn 5:24 Então
dele foi enviada aquela parte da mão
que
traçou o escrito.
Dn 5:25 Esta,
pois, é a escritura que foi traçada:
MENE,
MENE, TEQUEL, UFARSlM.
Dn 5:26 Esta
é a interpretação daquilo:
MENE:
Contou Deus o teu reino, e o acabou.
Dn
5:27 TEQUEL:
Pesado
foste na balança, e foste achado em falta.
Dn 5:28
PERES:
Dividido
está o teu reino,
e
entregue aos medos e persas.
Dn 5:29 Então Belsazar deu ordem,
e vestiram a
Daniel de púrpura, puseram-lhe
uma
cadeia de ouro ao pescoço,
e
proclamaram a respeito dele que seria
o
terceiro em autoridade no reino.
Dn 5:30
Naquela mesma noite Belsazar, o rei dos caldeus,
foi
morto.
Dn 5:31 E
Dario, o medo, recebeu o reino,
tendo
cerca de sessenta e dois anos de idade.
A interpretação foi terrível, difícil e
nada amigável, pelo contrário detonava ao rei Belsazar, no entanto, o rei
percebeu que estava diante da verdade e diante de um homem da verdade e por sua
ordem, vestiram Daniel com um manto vermelho, puseram-lhe uma corrente de ouro
no pescoço, e o proclamaram o terceiro em importância no governo do reino.
Depois disso, naquela mesma noite, tendo já
Daniel recebido os presentes e a sua promoção, o rei foi morto e no seu lugar
passou a reinar Dario, o medo, com a idade de 62 anos.
Como havíamos dito no início, os
acontecimentos deste capítulo tiveram lugar em 539 a.C., o ano em que a
Babilônia caiu diante dos persas. No livro de Esdras veremos que ele resume
cronologicamente várias tentativas de interromper os trabalhos de reconstrução
do templo[2],
durante os reinados de:
·Ciro
em 559-530 a.C. (vs. 1-5).
·Xerxes
em 486-465 a.C. (v. 6).
·Artaxerxes
1 em 465-424 a.C. (vs. 7-23).
·Dario
1 em 522-486 a.C. (v. 24).
Pretendemos, depois, fazer um paralelo com
essas histórias e com os contemporâneos de Daniel. Aguardem.
[2]Do livro
do mesmo autor - GRANDES LÍDERES DO POVO DE DEUS NO PÓS-EXÍLIO - Aprendendo o
segredo da liderança com Esdras, Ester, Neemias e os reis persas Ciro, Dario,
Xerxes e Artaxerxes.
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