Assim, testemunhar de Jesus é o tema central desse Evangelho, tanto por parte de um homem especial como João Batista, do Pai, do Espírito Santo e de seus discípulos e fieis em toda parte do mundo. Estamos vendo o capítulo 9, da parte II.
Ao curá-lo, o que o Espírito Santo quis nos transmitir? Em primeiro lugar, que ele tem domínio sobre a vida e a situação que estamos vivendo não passa a ele despercebida. A nossa vida está nas mãos do Senhor, bem assim a nossa saúde e todo o nosso ser.
Os discípulos e os fariseus queriam entender porque ele nascera cego e associavam sua cegueira à sua condição de pecador, mas Jesus lhes disse que ele assim nascera para que nele se manifestassem as obras de Deus. Do que falava o Senhor? Daquele cego de nascença específico ou de todos os cegos de nascença em geral?
Estamos seguindo, conforme já falamos a proposta de divisão da BEG: A. O começo do ministério de Jesus (1.19-51) – já vimos; B. Os eventos que ocorreram durante a viagem entre Caná (na Galileia) e a Judeia (2.1-4.54) – já vimos; C. Uma breve visita a Jerusalém (5.1-47) – já vimos; D. O seu ministério na Galileia (6.1-71) – já vimos; e, E. Vários acontecimentos próximos e dentro de Jerusalém durante várias festas (7.1-12.50) – estamos vendo.
E. Vários acontecimentos próximos e dentro de Jerusalém durante várias festas (7.1-12.50) - continuação.
E1. Em Jerusalém, perto da festa dos tabernáculos (7.1-10.21) - continuação.
Já dissemos que Jesus realizou milagres e ensinou em Jerusalém, perto da Festa dos Tabernáculos. Muitos ainda o rejeitaram. Em Jerusalém, perto da Festa dos Tabernáculos. João passa a registrar uma série de acontecimentos do ministério de Jesus dentro e ao redor de Jerusalém que ocorreram próximo à Festa dos Tabernáculos.
João dividiu essas atividades de Jesus em três partes principais: 1. Partindo para Jerusalém (7.1-13) – já vimos; 2. Ensinando os judeus (7.14-8.59) – já vimos; e, 3. Curando e ensinando (9.1-10.21) – começaremos agora.
3. Curando e ensinando (9.1-10.21).
Foi Jesus quem viu o cego, um cego de nascença. Logo seus discípulos, dispararam uma pergunta curiosa. Teria ele nascido assim por causa de algum pecado? Quem pecou, ele ou os seus pais? Alguém pecou?
Do mesmo modo que os amigos de Jó, os judeus pensavam erroneamente que toda “desgraça” (prefiro chamar de “não conformidade”, obviamente que com os padrões naturais) representava urna visitação punitiva de Deus por causa de algum pecado específico.
Acreditavam que defeitos congênitos eram resultado de pecados cometidos pela criança ainda no ventre da mãe, ou pelos pais, cujo comportamento vitimou a criança.
Jesus rejeitou essas teorias como explicações inadequadas (vs. 3), porém isso não implica que determinadas provações em nossa vida não sejam julgamento preordenados por Deus por causa de pecados específicos (observe a vida de Davi após ter cometido adultério e assassinato (2Sm 12-21), e a punição dos ímpios e dos insensatos retratada em Provérbios).
Jesus também não está rejeitando a doutrina bíblica do pecado original (Rm 5.12-21), que ensina que todo sofrimento humano está ligado ao pecado coletivo e à desobediência de Adão.
No caso do sofrimento dos outros, não é prudente nem apropriado o considerarmos corno urna punição (Mt 7.1). A questão proposta a Jesus era um falso dilema, pois somente foram apresentadas duas razões para as aflições desse cego: seus próprios pecados, ou os pecados de seus pais.
Jesus indicou uma terceira opção (vs. 3): para que nele se manifestem as obras de Deus. Tais como os de Jó, alguns dos nossos sofrimentos têm o propósito de demonstrar a glória de Deus, quer pela nossa paciência em suportá-los (1Pe 4.12-19), quer por uma cura milagrosa, como é ocaso aqui.
Deus, em sua providência, faz uso do sofrimento para alcançar propósitos salvadores. Contudo, esses propósitos nem sempre são revelados para nós, mas temos a garantia de Deus de que o seu objetivo com as nossas aflições é sempre bom.
Por isso que não existe o “coitadinho”, ou o carinhosamente chamado “tadinho”, pois todos temos recebido de Deus de sua graça abundante.
O toque físico de Jesus, além de suas palavras, estimulou os outros sentidos do cego e lhe deram uma vívida sensação do envolvimento de Jesus em sua cura.
Nesse caso, o método de Jesus também deu oportunidade ao homem para demonstrar a sua fé ao obedecer à ordem de Cristo (vs. 7). Obviamente, Jesus empregou vários métodos para curar, de acordo com a necessidade de cada pessoa.
Ao vê-lo curado e vendo normalmente muitos não creram nisso e acharam que nem era ele a pessoa curada, mas alguém parecido com ele. A transformação foi tão impressionante que as pessoas não podiam acreditar que se tratava do mesmo homem.
O cego sabia que alguém tinha curado ele e pode explicar como foi que aconteceu, mas não sabia quem era. À medida que a história se desenrola, o homem curado se move em direção à fé.
Aqui, ele não sabia onde Jesus estava; mais adiante, afirma que Jesus era um profeta (vs. 17); posteriormente, questiona a acusação de que Jesus era um pecador (vs. 25); e finalmente, após um novo encontro com Jesus, o reconhece como o Messias (o Filho do Homem) e o adora (vs. 35-38). Esses passos de fé são características que o autor desse Evangelho quer desenvolver nos seus leitores (20.31).
Agora era a vez dos fariseus de interrogarem o cego que responde do mesmo jeito. Os fariseus, em vez de reconhecerem nessa cura um ato da graça de Deus, passaram a questionar a observância do sábado por Jesus.
A preocupação deles não era especificamente com o quarto mandamento (Ex 20.8-11; Dt 5.12-15), mas com a interpretação tradicional que faziam sobre as exigências desse mandamento.
Nenhuma das ações de Jesus (cuspir, fazer lama, andar até Siloé, lavar o rosto, curar um cego) podia ser considerada como proibidas pelo quarto mandamento ou por qualquer outra estipulação da lei mosaica.
Em vez de dizerem "nossa tradição sobre o sábado deve ser modificada, urna vez que Deus obviamente abençoa o ministério de alguém que não segue a nossa interpretação", eles rejeitaram Jesus e seu ministério (vs. 16).
A cegueira era tão grande e terrível que nada parecia ser capaz de removê-la. Como não aceitaram a explicação do cego, novamente o interrogam e agora queriam saber da opinião daquele que fora cego e agora via. Eles perguntavam a ele o que ele dizia dele?
Uma pergunta bastante estranha, pois afirmavam terem o monopólio do ensino da lei e, ao mesmo tempo, não estavam preparados para aceitar a resposta desse homem.
Dos vs.18-23 eles se aprofundam nesse interrogatório. Um interrogatório mais acurado dos pais do cego teria provado a veracidade da sua condição anterior e sua cura atual, mas, por serem covardes, não conduziram essa investigação até o fim.
Uma segunda investigação sobre a cura não revelou fatos novos, porém demonstrou um endurecimento ainda maior da posição dos fariseus, que acusaram Jesus de "pecador" (vs. 24) e de procedência desconhecida (vs. 29), e então excomungaram o homem, que os desafiou com questões sarcásticas (vs. 27,30).
A contundência das perguntas é demonstrada por meio dos fatos: um homem cego de nascença passou a enxergar (vs. 30), e "Deus não atende a pecadores" (vs. 31).
Nesse segundo encontro com Cristo, a fé do homem curado progride de uma confiança geral na missão piedosa de Jesus para uma aceitação jubilosa de Cristo como o Messias e a adoração dele como Deus.
Nesse encerramento, Jesus revelou o impacto de sua vinda: aqueles que pensavam ter um discernimento maior sobre as coisas de Deus eram na verdade cegos e inimigos de Deus. Por outro lado, aqueles que estavam espiritualmente cegos, como toda a humanidade, foram tirados de sua cegueira quando o Espírito de Deus abriu seus olhos e os conduziu à fé.
Diante dos fatos, Jesus explica que viera a este mundo para juízo. A primeira vinda de Cristo não iniciou imediatamente o juízo final (3.17; 12.47), mas confrontou, inevitavelmente, os seres humanos com a obrigação de se posicionarem contra ou a favor de Jesus (Mt 12.30; Lc 11.23). Até a segunda vinda de Cristo, ainda vivemos na era da redenção durante a qual os cegos podem ver e os mortos na transgressão são regenerados para viver em novidade de vida (Ef 2.4-5).
p/ pr. Daniel Deusdete.
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.