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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Lucas 1 1-80 - MARIA, BEM-AVENTURADA.

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
Antes de entramos no livro de Lucas, faremos um breve resumo sobre o seu evangelho, seguindo, preferencialmente, a Bíblia de Estudo de Genebra – BEG. Quem quiser se aprofundar, deverá ler a introdução na própria Bíblia de Genebra ou em outro livro recomendado.
Autor:
         Lucas; provavelmente entre 60-63 d.C.
         Lucas escreveu também Atos, pois o estilo e o vocabulário são semelhantes e ambos os livros são dirigidos a Teófilo.
         Não há identificação do autor pelo seu nome, porém algumas passagens estão na primeira pessoa do plural (At 16.10-17; 20.5-16; 21.1-18; 27.1-28.16), indicando que o autor foi companheiro de Paulo em algumas de suas viagens.
         Somente algumas pessoas são mencionadas nas cartas que Paulo escreveu em Roma (onde termina a seção construída na primeira pessoa do plural; veja At 28.16), porém esses não são mencionados em Atos.
         Dentre essas pessoas, Lucas é o autor mais provável dos dois livros.
         Essa opinião é apoiada pela tradição, que atribui com unanimidade a autoria do livro a Lucas.
         O prefácio deixa claro que o escritor não foi uma testemunha ocular dos fatos relatados. Tanto o Evangelho de Lucas como o livro de Atos relevam que o seu autor foi um homem erudito que pesquisou as informações de que necessitava para escrever; porém, não foi um dos seguidores iniciais de Jesus.
         Nada se sabe sobre Lucas a não ser o que se pode apurar nos seus dois livros e pelas escassas referências a ele nas cartas de Paulo (Cl 4.14; 2Tm 4.11; Fm 24).
         Diz a tradição que Lucas veio de Antioquia, e Cl 4.14 indica que ele era médico.
         Algumas vezes, a autoria de Lucas é defendida por causa da ocorrência de termos médicos nos livros de Lucas e Atos; porém, tem sido demonstrado que os médicos da época do Novo Testamento se comunicavam usando a linguagem do povo e não possuíam um vocabulário técnico próprio.
         Todavia, isso não é inconsistente com a tradição, e o autor certamente demonstra interesse pelos doentes.
Propósito:
         Apresentar um relato fiel e organizado visando estabelecer os fatos a respeito do ministério de Jesus e sua importância para a história da salvação, além de fornecer parâmetros para a igreja em sua pregação de arrependimento e perdão em nome de Jesus para todas as nações.
Verdades Fundamentais:
         Jesus era o Messias de Israel.
         Jesus trouxe o reino de Deus.
         Jesus controlou conscientemente os aconteci-mentos de sua vida com o objetivo de cumprir o seu ministério e entregar a si mesmo como oferta peio pecado, por meio da crucificação.
         Os fatos do evangelho são verificáveis historica-mente. Jesus Cristo nasceu, foi crucificado e sepul-tado, ressuscitou da morte e ascendeu aos céus.
         A salvação está disponível a todas as pessoas, in-clusive aos menos privilegiados socialmente. Por-tanto, os cristãos devem receber e honrar todos aqueles que se entregam a Cristo.
         A oração é uma parte muito importante na vida de todos os cristãos.
Características gerais:
         O Evangelho de Lucas parece ter sido escrito por volta do ano 63 d.C.
         Lucas foi escrito antes de Atos (veja At 1.1; cf. Lc 1.1-4), e Atos termina com Paulo sendo preso em Roma.
         Essa prisão de Paulo terminou em 63 d.C., e é razoável supor que, se Lucas soubesse da libertação de Paulo, ou de sua morte, ele a teria mencionado.
         Isso indica que o livro de Atos foi redigido em 63 d.C., e que o Evangelho de Lucas é um pouco mais recente.
         Além disso, 'uma vez que Lucas registrou em At 11.28 o cumprimento da profecia de Ágabo, então provavelmente teria feito o mesmo com a profecia de Jesus sobre a destruição de Jerusalém (Lc 21.20) caso tivesse escrito o livro depois do ano 70 d.C. .
Público original
         Lucas dirigiu o seu Evangelho diretamente ao excelentíssimo Teófilo (1.3), cujo nome, Theophilus, significa "amado de Deus" ou "amigo de Deus" o que apoia a noção de que Teófilo era uma pessoa real.
         Embora dirigido especialmente a Teófilo, o conteúdo é também do interesse de todos os cristãos.
Propósito e características
Lucas preocupado com um relato fiel, preciso e completo.
         O prefácio ao Evangelho de Lucas esclarece que ele escreveu principalmente com o objetivo de fornecer "uma exposição em ordem" (1.3) para que Teófilo pudesse ter "plena certeza" (1.4) daquilo que ouviu; em outras palavras, Lucas quis relatar a verdade sobre o que Jesus realizou.
No entanto, a sua preocupação principal não era simplesmente registrar fatos históricos: ele estava interessado em explicar a história da salvação.
Lucas apresentou o seu relato com o objetivo de mostrar o que Deus havia feito, por meio de Jesus, para implementar o estágio final da salvação.
Nesse sentido, apresentou Jesus como o Messias que trouxe o reino de Deus (12.35-48; 17.22-37; 21.25-26).
Lucas não negligenciou a natureza humana de Cristo
Ao mesmo tempo, Lucas não negligenciou a natureza humana da vida de Jesus e se preocupou com pessoas que teriam passado despercebidas pela maioria dos escritores do seu tempo: as crianças, as mulheres e os pobres.
Embora muitos considerem essas pessoas insignificantes, Lucas registrou o interesse especial que Jesus tinha por elas. Lucas certamente foi uma pessoa muito culta e capaz de escrever em diferentes estilos.
Lucas tem estilo literário aprimorado
Seu parágrafo de abertura se assemelha ao grego clássico antigo, porém em outras passagens sua linguagem relembra o estilo simples da Septuaginta (a tradução grega do AT).
Claramente, Lucas viu nesse arranjo um estilo adequado para a composição religiosa na qual estava empenhado.
A descrição que Lucas faz da viagem que Jesus empreendeu em direção à Jerusalém e ao sacrifício na cruz (9.51-19.44) se sobressai na estrutura literária do Evangelho.
Lucas e a soberania divina:
         A soberania de Deus no ministério e morte de Jesus é salientada à medida Jesus caminha em direção à cidade onde morreria pelos pecadores (9.22; 17.25; 18.31-33; cf. At 4.28).
Lucas também enfatizou a importância da oração:
         Durante o seu ministério, Jesus orou antes de momentos cruciais. Nove orações de Jesus estão incluídas no Evangelho (sete das quais estão registradas somente em Lucas), além de parábolas sobre a oração registradas apenas em Lucas.
Lucas também mostrou interesse pelas reações emocionais de Jesus:
         Por exemplo, somente o seu Evangelho relata as canções grandiosas de alegria que acompanharam o nascimento do Messias (1.46-55,68-79; 2.14,29-32).

Lucas 1: 1-80 segmentado.

I. PREFÁCIO (1.1-4).
Lucas identificou o seu destinatário e o seu desejo de escrever um relato histórico confiável sobre Jesus.
Estamos começando Lucas. Graças a esta iniciativa do companheiro de Paulo, Lucas, temos um evangelho de Paulo, quero dizer, de Lucas. Com certeza, Lucas não escreveu sem ter consultado e pesquisado com esmero para escrever a Teófilo e uma de suas consultas, a melhor e mais precisa, foi Paulo que também ajudou Lucas para escrever Atos dos Apóstolos.
Lucas escreveu o parágrafo de abertura em estilo grego clássico. É o modo de introdução que se esperaria numa obra literária dirigida a um grande público. Lucas dirigiu-se a Teófilo como se este fosse o seu patrono, e explicou as razões por que havia escrito.
Embora muitos escritos da igreja primitiva se perderam, o propósito de Deus foi realizado nas coisas sobre as quais eles escreveram.
Havia evidências confiáveis sobre os fatos que foram escritos os quais foram consultados por Lucas. Eles eram fontes confiáveis e também pessoas que pregaram a mensagem de Deus. Lucas considerava a pregação da palavra (At 8.4) como pregar Jesus (veja At 9.20), onde “pregava” no original em grego significa “pregava Jesus”.
Lucas não foi uma testemunha ocular, mas fez um inquérito completo e declarou que suas informações eram confiáveis, pois a buscou diligentemente de fontes confiáveis, como ele relata. Lucas começou a sua pesquisa desde o inicio do movimento cristão. Toda sua pesquisa estava agora sendo direcionada ao excelentíssimo - uma maneira apropriada de se dirigir a uma pessoa de alta posição social numa cultura helenista (At 23.26; 24.3) – Teófilo e, consequentemente mente a todos nós.
Nas palavras de Paulo a Teófilo, a fé cristã era bem fundamentada.
II. PREPARAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS (1.5-4.13)
Veremos até o capítulo 4, verso 13, que Lucas registrou acontecimentos importantes antes do início do ministério público de Jesus; salientou que os papéis de João e de Jesus estavam interligados, e que Deus estava intervindo para trazer salvação a seu povo.
Esta segunda parte, conforme a BEG, será dividida em três: A. Duas mães, duas crianças (1.5-2.52) – começaremos a ver agora; B. O ministério de João como o precursor (3.1-20); e, C. A iniciação de Jesus (3.21-4.13).
A. Duas mães, duas crianças (1.5-2.52).
Duas mães, duas crianças. A história cristã sobre as origens de Jesus está relacionada com o nascimento milagroso de João Batista, precursor de Jesus.
A preparação para o ministério público de Jesus.
Lucas começou o seu relato registrando vários acontecimentos que precederam o inicio sobrenatural da vida terrena de Jesus. Cristo e, sem dúvida, um ser extraordinário.
Lucas inicia com o anúncio do nascimento de João Batista. Ele começa se referindo a Herodes, o Grande que reinou de 4 a.C. a 37 d.C. O que Lucas relata ocorreu ao final do reinado de Herodes.
Seu foco está direcionado para um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias. Havia apenas um templo e os sacerdotes seguiam uma escala de serviço para exercer as suas funções. Ele era da ordem de Abias, o oitavo de um total de vinte e quatro turnos (1 Cr 24.10); cada turno ministrava por uma semana, duas vezes por ano. Isabel era a sua esposa. Para um sacerdote, era uma bênção especial ter uma esposa de linhagem sacerdotal.
De modo consistente, LUCAS observa atentamente o papel que as mulheres desempenham na história que ele está contando (p. ex., 1.42; 2.36-38; 7.37-50; 8.1-3,43-56; 10.38-42; 11.27-28; 13.11-21; 21.23; 23.27-29,49-56; 24.1-24).
Lucas faz questão de enfatizar que ambos eram justos e andavam irrepreensivelmente - essa expressão forte não significa que nunca pecaram, mas sim que eram pessoas piedosas e honestas – diante do Senhor.
Eles não tinham filhos, apesar da idade avançada de ambos. Ter filhos era considerado uma recompensa por um serviço fiel prestado a Deus (SI 127.3-5); logo, esse casal ciente deve ter sofrido por causa da infertilidade de Isabel.
Estando a serviço (observe que Deus nunca chama desocupados para o seu serviço, mas sempre quem está trabalhando), coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer incenso. Uma das funções sacerdotais era manter aceso o altar diante do Santo dos Santos.
O incenso era renovado todos os dias, antes do sacrifício matinal e após o sacrifício vespertino. O numeroso contingente de sacerdotes a serviço de um único templo significava que apenas uns poucos tinham oportunidade de participar desse ritual.
Além disso, nenhum sacerdote podia oferecer o incenso mais do que uma vez em toda a sua vida (alguns sacerdotes nunca tiveram esse privilégio). Isso foi um grande momento na carreira de Zacarias. Ele entraria no Lugar Santo com outros sacerdotes, mas eles se retirariam e ele sozinho ofereceria o incenso.
À hora do incenso, toda a multidão ficava do lado de fora orando. Nesse momento, Zacarias vê um anjo, posto em pé, à direita do altar. O anjo apareceu provavelmente no lado sul, entre o altar de incenso e o candelabro de ouro.
Zacarias ao vê-lo, turbou-se e sobre ele caiu temor. No entanto, o anjo lhe dirige a palavra. Ele anuncia ao sacerdote que sua oração tinha sido ouvida - pode ter sido uma oração pedindo um filho, ou talvez (o que é mais provável em tais momentos) uma petição pela redenção de Israel. Seja qual tenha sido a resposta à oração, seria manifestada pelo nascimento de um filho, João - esse nome significa "o Senhor é gracioso".
O anjo ainda diz que sobre ele viria prazer e alegria, de forma que todos se alegrariam com ele, no nascimento de seu filho. É natural que um filho traga prazer e alegria a seus pais; porém, essa criança seria especial e muitos se alegrariam por causa dela.
Ele anuncia que essa criança seria especial e grande diante do Senhor. Pelo fato de que ele teria de se abster de bebidas alcoólicas, muitos estudiosos supõem que João deveria fazer o voto de nazireu (Nm 6.1-4), porém Lucas não confirma isso.
É mais provável que João tivesse uma posição exclusiva, não sendo sacerdote nem nazireu. O seu filho ainda seria cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.
Em todo o Novo Testamento, somente João é descrito dessa maneira, e assim fica demonstrada a sua participação especial na história da salvação.
Quando João exaltou Jesus acima de si mesmo, deu a Cristo a maior honra possível. A teologia reformada também vê nesse versículo uma indicação de que Deus pode regenerar crianças de uma maneira extraordinária, à parte ao chamado externo do Evangelho.
João com sua pregação haveria de levar muitos à fé em Deus. Ele iria no espírito e no poder de Elias e com sua pregação converteria o coração dos pais aos filhos. Pode significar a reparação da desunião familiar ou, se os pais forem entendidos como se referindo aos antepassados importantes do povo, uma maneira de induzir o povo a viver de maneira a receber a aprovação de seus ancestrais famosos. Também converteria o coração dos rebeldes à obediência dos justos, tudo isto para preparar ao Senhor um povo bem disposto. João prepararia o caminho para o Senhor, e é pelo cumprimento dessa profecia que ele é especialmente lembrado.
Zacarias diante daquilo indaga ao anjo que lhe aparecera. O nome do anjo era Gabriel, literalmente, "homem de Deus". Gabriel é um, dos dois únicos anjos que são chamados pelo nome nas Escrituras (o outro é Miguel). O fato de ele servir diante de Deus indica a sua importância, e como tal ele deve merecer confiança.
Gabriel lhe explica que fora enviado para trazer a ele essas boas novas - o verbo usado aqui iria, posteriormente, referir-se caracteristicamente à pregação do evangelho. No entanto, ele não estava crendo e o anjo foi severo com ele e o deixou mudo.
A suspensão temporária da habilidade de Zacarias para falar não foi apenas um ato disciplinar, mas também um sinal de garantia de que as palavras do anjo eram verdadeiras (cf. vs. 18).
As pessoas aguardavam Zacarias do lado de fora, esperando que ele saísse e pronunciasse a bênção. A oferta de incenso não era demorada e por isso ninguém estava entendendo o atraso.
Quando o sacerdote saiu e não conseguia se comunicar a não ser por meio de gestos, elas compreenderam que ele havia tido uma visão (vs. 22).
Como o anjo havia prometido, Isabel ficou grávida e reconheceu nisso a mão de Deus. A infertilidade era considerada uma punição divina, porém Isabel não mais teria de suportar essa vergonha (cf. Gn 30.23).
Assim, no sexto mês, isto é, no sexto mês da gravidez de Isabel, Gabriel fora novamente enviado a Maria, na cidade de Galiléia, chamada Nazaré.
Maria havia sido desposada por José, da casa de Davi. Tratava-se de tipo de comprometimento muito mais forte do que o noivado atual, e era considerado virtualmente como um estágio do casamento. Apesar de ainda não viverem juntos, era necessário o divórcio para romper o relacionamento.
Lucas passa a relatar o anúncio do nascimento de Jesus. Maria era uma moça humilde e não entendeu por que o anjo se dirigiu a ela como "muito favorecida" (outra tradução correta dessa palavra também pode ser "cheia de graça"). O termo indica que ela foi beneficiária de uma graça, e não que ela era uma fonte de graça para os outros.
Gabriel entrou onde ela estava e a saldou e ministrou a Maria do mesmo jeito que ministrara a Zacarias e lhe falou que ela tinha achado graça diante de Deus. Ele anuncia a ela que ela ficaria grávida e daria luz a um filho e o seu nome seria Jesus - significa "Javé é salvação".
O anjo continua a lhe falar de seu filho que ele seria grande. Há um significado maior para "grande" nesse versículo do que no vs. 15, onde o termo foi aplicado a João. Jesus é "Filho do Altíssimo" e receberia o trono de Davi, seu pai.
Davi profetizou que o Messias seria seu descendente (2Sm 7.12-16; SI 89.29) e que o reino dele seria sem fim. Ele era o reino de Deus (veja Is 9.7), o estabelecimento do governo de Deus sobre toda a Terra.
Maria ficou admirada, mas surgiu-lhe uma dúvida. Como isso se daria? Uma mulher casada poderia esperar uma gravidez. Porém, uma vez que Maria ainda não havia casado, seu questionamento era correto.
Evidentemente, ela entendeu que o anjo estava se referindo a um acontecimento milagroso: gravidez sem a inseminação por um pai humano.
O anjo então lhe explica como isso aconteceria, de forma sobrenatural, de sorte que o seu filho seria chamado de Filho de Deus. Ele também fala de Isabel, sua parenta. Isso é considerado por alguns como indicando que Jesus não era um descendente natural de Davi (da tribo de Judá), pois Isabel era descendente de Arão (da tribo de Levi; vs. 5).
Todavia, não é obrigatório chegar a essa conclusão, pois é possível que um dos pais dela fosse da linhagem de Arão, e o outro da linhagem de Davi.
O anjo completa sua fala dizendo dos detalhes da gravidez de Isabel que era considerada estéril e ao falar ministra uma palavra a ela, aplicada também a todos os cristãos de que para Deus nada é impossível!
Maria, se curva e fala ao anjo que ela estava ali como serva do Senhor pronta para que nela se cumprisse a palavra de Deus. Foi ai que o anjo foi embora.
Ato contínuo, Maria apressadamente foi visitar Isabel. Maria deve ter saído imediatamente. Isabel estava no sexto mês de gravidez (vs. 36) e Maria permaneceu cerca de três meses com Isabel (vs. 56), aparentemente retornando para casa antes do nascimento de João (vs. 57).
Ela entrou então na casa de Isabel e ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criança em seu ventre agitou-se e Isabel foi possuída do Espírito Santo. O Espírito Santo capacitou Isabel para interpretar o movimento da criança em seu ventre como um pulo de alegria pela visita da mãe do Senhor (1.15).
Observe a homenagem à fé de Maria, pois esta manifestou confiança na promessa de Deus, do mesmo modo que havia feito o seu ancestral Abraão (Gn 15.6).
Maria, então dos versos 46 ao 55, cheia do Espírito Santo, abre a sua boca para louvar e adorar a Deus. Essa canção de louvor, chamada posteriormente de Magnificat (por causa da primeira palavra da canção em latim), manifesta a preocupação de Deus com os humildes e fracos, bem como a rejeição aos orgulhosos.
Observe que Maria utiliza palavras semelhantes às de Ana em 1 Sm 2.1-10. Incluir essa canção logo no início do seu relato foi uma das maneiras que Lucas usou para compor o seu Evangelho seguindo o mesmo padrão de 1 e 2Samuel.
Maria, humilde, se designava sua serva – vs. 48. A palavra significa "escrava" e expressa servidão humilde. Maria enfatizou o poder, a santidade e a misericórdia de Deus para com o pobre.  Agora todos a considerariam bem-aventurada. A História tem confirmado a profecia de Maria, de que as gerações futuras a honrariam.
Dos versos de 51 a 53 veremos que muitas traduções desses verbos empregam o tempo presente, mas a forma verbal empregada por Lucas pode se referir às coisas grandiosas que Deus fez no passado, ou mais provavelmente às que ele faria nos dias por vir. As expectativas de privilégio para os ricos são rejeitadas nessa canção, pois Maria canta o que Deus fará pelos pobres.
Maria lembrou-se de que o nascimento de seu filho seria o cumprimento da aliança que Deus firmou com Abraão. Paulo tinha a mesma opinião (GI 3.16).
Chegou, finalmente o tempo de Isabel dar a luz e a criança nasceu vigorosa e cheia de vida. No oitavo dia - os meninos judeus são circuncidados no oitavo dia de vida (Gn 17.12), porém essa é a primeira evidência da tradição de dar nome ao filho homem nesse dia. Eles queriam colocar o nome da criança de Zacarias, mas a mãe dissera a eles que não, que ele se chamaria João.
Foram tirar dúvidas com Zacarias e ele ainda esta mudo e provavelmente também surdo. Ele então foi escrever o nome da criança numa tabuinha. Uma tábua rasa coberta com cera. Ele escreveu o nome de João e todos se maravilharam.
Foi aqui, nesse instante, que sua língua destravou. A obediência a Deus resultou na bênção da fala. As primeiras palavras de Zacarias foram de louvor a Deus, a única atitude apropriada diante de uma grandiosa intervenção divina.
E sobre todos veio grande temor! Zacarias também se encheu do Espírito do Senhor e profetizou. Bendito seja. Uma maneira comum de iniciar uma declaração de ação de graças (SI 72.18; 124.6) por causa de uma visitação especial de Deus ao seu povo que os remiria da escravidão.
Uma poderosa salvação estava sendo providenciada. Literalmente, "chifre”. Essa metáfora se refere ao chifre erguido de um animal como símbolo de força, e aqui indica que a salvação é um ato poderoso de Deus.
Essa frase “Davi, seu servo” demonstra que Zacarias louvou a Deus pelo seu filho, pois esse filho seria o precursor do filho de Davi, o Messias. João serviu a Jesus quase da mesma maneira que Samuel serviu a Davi (1Sm 1-12).
Há várias alianças mencionadas no Antigo Testamento, porém Israel sempre considerou a aliança feita com Abraão a mais importante, pois foi a primeira aliança que os separou dos outros povos (Gn 15; 17).
Dos versos de 76 a 79, essa linguagem é semelhante à de Is 40.1 e MI 3.1, e pressupõe que Jesus, a quem João iria preparar o caminho, é o próprio Deus.
Essa expressão do verso 78 se referindo ao oriente do alto que nos visitou (NVI) refere-se ao Messias (MI 4.2), porém o termo grego anatole significa apenas "levantar", o que leva alguns a cogitar que a metáfora se refere ao rebento de Jessé (Is 11.1).
Todavia, a referência ao nascer do sol é mais provável, pois no antigo Oriente Próximo era comum se referir à entronização de um novo rei como o nascer do sol.
E aquele menino especial crescia e se fortalecia em espírito – vs. 80. Ele viveu nos desertos. João cresceu no deserto, onde pode ter tido contato com inúmeras comunidades religiosas tais como a de Qumran, um grupo de pessoas que deixou Jerusalém por causa da corrupção das autoridades religiosas da cidade; hoje em dia são mais conhecidos por terem preservado os Manuscritos do Mar Morto.
Lc 1:1 Visto
que muitos houve
que empreenderam uma narração coordenada dos fatos
que entre nós se realizaram,
Lc 1:2 conforme nos transmitiram
os que desde o princípio foram deles
testemunhas oculares
e ministros da palavra,
Lc 1:3 igualmente a mim me pareceu bem,
depois de acurada investigação de tudo desde sua origem,
dar-te por escrito,
excelentíssimo Teófilo,
uma exposição em ordem,
Lc 1:4 para que tenhas plena certeza das verdades
em que foste instruído.
Lc 1:5 Nos dias de Herodes, rei da Judéia,
houve um sacerdote chamado Zacarias, do turno de Abias.
Sua mulher era das filhas de Arão
e se chamava Isabel.
Lc 1:6 Ambos eram justos diante de Deus,
vivendo irrepreensivelmente
em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.
Lc 1:7 E não tinham filhos,
porque Isabel era estéril,
sendo eles avançados em dias.
Lc 1:8 Ora, aconteceu que,
exercendo ele diante de Deus
o sacerdócio na ordem do seu turno,
coube-lhe por sorte, Lc 1:9 segundo o costume sacerdotal,
entrar no santuário do Senhor      
para queimar o incenso;
Lc 1:10 e, durante esse tempo,
toda a multidão do povo permanecia da parte de fora,
orando.
Lc 1:11 E eis que lhe apareceu um anjo do Senhor,
em pé,
à direita do altar do incenso.
Lc 1:12 Vendo-o,
Zacarias turbou-se,
e apoderou-se dele o temor.
Lc 1:13 Disse-lhe, porém, o anjo:
Zacarias,
não temas, porque a tua oração foi ouvida;
e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho,
a quem darás o nome de João.
Lc 1:14 Em ti haverá prazer e alegria,
e muitos se regozijarão com o seu nascimento.
Lc 1:15 Pois ele será grande diante do Senhor,
não beberá vinho
nem bebida forte
e será cheio do Espírito Santo,
já do ventre materno.
Lc 1:16 E converterá
muitos dos filhos de Israel
ao Senhor, seu Deus.
Lc 1:17 E irá adiante do Senhor
no espírito
e poder de Elias,
para converter o coração dos pais aos filhos,
converter os desobedientes à prudência dos justos
e habilitar para o Senhor um povo preparado.
Lc 1:18 Então, perguntou Zacarias ao anjo:
Como saberei isto?
Pois eu sou velho,
e minha mulher, avançada em dias.
Lc 1:19 Respondeu-lhe o anjo:
Eu sou Gabriel,
que assisto diante de Deus,
e fui enviado
para falar-te
e trazer-te estas boas-novas.
Lc 1:20 Todavia,
ficarás mudo e não poderás falar
até ao dia em que estas coisas
venham a realizar-se;
porquanto não acreditaste
nas minhas palavras,
as quais, a seu tempo, se cumprirão.
Lc 1:21 O povo estava esperando a Zacarias
e admirava-se de que tanto se demorasse no santuário.
Lc 1:22 Mas, saindo ele,
não lhes podia falar;
então,
entenderam que tivera uma visão no santuário.
E expressava-se por acenos e permanecia mudo.
Lc 1:23 Sucedeu que,
terminados os dias de seu ministério,
voltou para casa.
Lc 1:24 Passados esses dias,
Isabel, sua mulher,
concebeu
e ocultou-se por cinco meses, dizendo:
Lc 1:25 Assim me fez o Senhor,
contemplando-me, para anular
o meu opróbrio perante os homens.
Lc 1:26 No sexto mês,
foi o anjo Gabriel enviado,
da parte de Deus,
para uma cidade da Galiléia,
chamada Nazaré,
Lc 1:27 a uma virgem desposada
com certo homem da casa de Davi,
cujo nome era José;
a virgem
chamava-se Maria.
Lc 1:28 E, entrando o anjo aonde ela estava, disse:
Alegra-te, muito favorecida!
O Senhor é contigo.
Lc 1:29 Ela, porém, ao ouvir esta palavra,
perturbou-se muito
e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação.
Lc 1:30 Mas o anjo lhe disse:
Maria, não temas;
porque achaste graça diante de Deus.
Lc 1:31 Eis que conceberás
e darás à luz um filho,
a quem chamarás pelo nome de Jesus.
Lc 1:32 Este
será grande
e será chamado Filho do Altíssimo;
Deus, o Senhor,
lhe dará o trono de Davi, seu pai;
Lc 1:33 ele reinará para sempre
sobre a casa de Jacó,
e o seu reinado
não terá fim.
Lc 1:34 Então, disse Maria ao anjo:
Como será isto,
pois não tenho relação com homem algum?
Lc 1:35 Respondeu-lhe o anjo:
Descerá sobre ti o Espírito Santo,
e o poder do Altíssimo
te envolverá com a sua sombra;
por isso, também o ente santo
que há de nascer
será chamado Filho de Deus.
Lc 1:36 E Isabel,tua parenta,
igualmente concebeu um filho na sua velhice,
sendo este já o sexto mês para aquela
que diziam ser estéril.
Lc 1:37 Porque para Deus
não haverá impossíveis
em todas as suas promessas.
Lc 1:38 Então, disse Maria:
Aqui está a serva do Senhor;
que se cumpra em mim
conforme a tua palavra.
E o anjo se ausentou dela.
Lc 1:39 Naqueles dias,
dispondo-se Maria,
foi apressadamente à região montanhosa,
a uma cidade de Judá,
Lc 1:40 entrou na casa de Zacarias
e saudou Isabel.
Lc 1:41 Ouvindo esta a saudação de Maria,
a criança lhe estremeceu no ventre;
então,
Isabel ficou possuída do Espírito Santo.
Lc 1:42 E exclamou em alta voz:
Bendita és tu entre as mulheres,
e bendito o fruto do teu ventre!
Lc 1:43 E de onde me provém
que me venha visitar a mãe do meu Senhor?
Lc 1:44 Pois, logo que me chegou aos ouvidos
 a voz da tua saudação,
a criança estremeceu de alegria dentro de mim.
Lc 1:45 Bem-aventurada a que creu,
porque serão cumpridas as palavras
que lhe foram ditas
da parte do Senhor.
Lc 1:46 Então, disse Maria:
A minha alma engrandece ao Senhor,
Lc 1:47 e o meu espírito se alegrou em Deus,
meu Salvador,
Lc 1:48 porque contemplou na humildade da sua serva.
Pois, desde agora,
todas as gerações me considerarão bem-aventurada,
Lc 1:49 porque o Poderoso me fez grandes coisas.
Santo é o seu nome.
Lc 1:50 A sua misericórdia
vai de geração em geração sobre os que o temem.
Lc 1:51 Agiu com o seu braço valorosamente;
dispersou os que, no coração,
alimentavam pensamentos soberbos.
Lc 1:52 Derribou do seu trono os poderosos
e exaltou os humildes.
Lc 1:53 Encheu de bens os famintos
e despediu vazios os ricos.
Lc 1:54 Amparou a Israel, seu servo,
a fim de lembrar-se da sua misericórdia
Lc 1:55 a favor de Abraão
e de sua descendência, para sempre,
como prometera aos nossos pais.
Lc 1:56 Maria
permaneceu cerca de três meses com Isabel
e voltou para casa.
Lc 1:57 A Isabel
cumpriu-se o tempo de dar à luz,
e teve um filho.
Lc 1:58 Ouviram os seus vizinhos e parentes
que o Senhor usara de grande misericórdia para com ela
e participaram do seu regozijo.
Lc 1:59 Sucedeu que, no oitavo dia,
foram circuncidar o menino
e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
Lc 1:60 De modo nenhum!
Respondeu sua mãe.
Pelo contrário,
ele deve ser chamado João.
Lc 1:61 Disseram-lhe:
Ninguém há na tua parentela que tenha este nome.
Lc 1:62 E perguntaram, por acenos, ao pai do menino
que nome queria que lhe dessem.
Lc 1:63 Então,
pedindo ele uma tabuinha, escreveu:
João é o seu nome.
E todos se admiraram.
Lc 1:64 Imediatamente,
a boca se lhe abriu,
e, desimpedida a língua,
falava louvando a Deus.
Lc 1:65 Sucedeu que todos os seus vizinhos
ficaram possuídos de temor,
e por toda a região montanhosa da Judéia
foram divulgadas estas coisas.
Lc 1:66 Todos os que as ouviram
guardavam-nas no coração, dizendo:
Que virá a ser, pois, este menino?
E a mão do Senhor estava com ele.
Lc 1:67 Zacarias, seu pai,
cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo:
Lc 1:68 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
porque visitou
e redimiu o seu povo,
Lc 1:69 e nos suscitou plena e poderosa salvação
na casa de Davi, seu servo,
Lc 1:70 como prometera, desde a antiguidade,
por boca dos seus santos profetas,
Lc 1:71 para nos libertar dos nossos inimigos
e das mãos de todos os que nos odeiam;
Lc 1:72 para usar de misericórdia com os nossos pais
e lembrar-se da sua santa aliança
Lc 1:73 e do juramento que fez a Abraão,
o nosso pai,
Lc 1:74 de conceder-nos que,
livres das mãos de inimigos,
o adorássemos sem temor,
Lc 1:75 em santidade e justiça
perante ele, todos os nossos dias.
Lc 1:76 Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
porque precederás o Senhor,
preparando-lhe os caminhos,
Lc 1:77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação,
no redimi-lo dos seus pecados,
Lc 1:78 graças à entranhável misericórdia de nosso Deus,
pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,
Lc 1:79 para alumiar
os que jazem nas trevas
e na sombra da morte,
e dirigir os nossos pés
pelo caminho da paz.
Lc 1:80 O menino
crescia
e se fortalecia em espírito.
E viveu nos desertos
até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel.
João Batista é assim o último representante do Antigo Testamento e a conclusão de sua missão é apontar para o Cristo, o Messias, como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Após isso, ele seria recolhido para a glória para Jesus iniciar seu ministério até a sua volta. E nós aqui estamos, nos últimos dias, com a missão de anunciar o evangelho.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.