Parte II - DIÁLOGOS
ENTRE JÓ E SEUS AMIGOS – 3:1 a 27:23.
D. O terceiro e
último ciclo de discursos – 22:1 – 26:14.
A parte “D” foi dividida, como na BEG, em quatro partes: 1. Elifaz
– 22:1 – 30 – já vista. 2. A resposta de Jó a Elifaz – 23:1 – 24:25 – já vista.
3. Bildade: a glória de Deus e a insignificância da humanidade – 25:1-6 – já
vista. 4. A resposta de Jó a Bildade – 26:1 – 14 – veremos agora.
4. A resposta de Jó a Bildade – 26:1 – 14.
Chegamos ao fim
dessa terceira série de discursos com a resposta de Jó a Bildade. Como tinha
sido nos dois primeiros conjuntos de discursos, teríamos, antes, a fala de
Zofar e a resposta de Jó a ele, mas nessa terceira série ele não discursou.
Também estamos
perto de encerrarmos a parte II e entrarmos no capítulo 28, na parte III, deste
livro.
Nesse discurso de
resposta de Jó a Bildade que ocupa todo o capítulo 26, veremos Jó,
sarcasticamente, rejeitar os argumentos de Bildade – dos versos 1 ao 4 -, e,
depois, ele afirmar a supremacia de Deus, em todas as coisas, vs 5 ao 14.
a. A rejeição sarcástica de Jó – 26:1 – 4.
Em uma série de perguntas
retóricas, Jó, sarcasticamente, rejeita a avaliação de Bildade acerca da
situação difícil da humanidade. O ponto de vista de Bildade a ninguém traz
qualquer ajuda.
Ele, Bildade, mistura
a verdade com o engano de forma que quem o ouve pode cair em seus ardis astutos
e começar a ter uma ideia errada sobre Deus e seu reino eterno.
Jó critica sua
falta de sensibilidade para com ele – versos 1 e 2 - e isso deveria incomodá-lo
afinal a sua dor era notória a todos, mas ao invés do alívio, do abraço e da
compreensão, apenas pesadas e ardilosas críticas contra ele.
Jó pergunta a ele
com quem ele está buscando ajuda – verso 4 -para proferir tais palavras vazias
e absurdas. Jó sabia que não era a ajuda do Espírito de Deus, logo suspeitava
ele de que algo estava estranho naqueles comportamentos de seus amigos
conselheiros.
b. A afirmação da supremacia divina – 26:5 – 14.
Jó celebra a preeminência
de Deus para se opor à objeção de Bildade – cap. 25. As palavras de Jó fazem
lembrar o que ele havia dito em 9:5-10, de modo que não devem ser atribuídas a
um dos conselheiros. As objeções de Jó não significam uma negação da soberania
divina sobre a criação.
Vemos na resposta
de Jó uma crença diferente de outras nações, culturas e povos, pois ele cria em
Deus como governante até do Sheol – Pv 15:11. Ou seja Deus é único e tanto o
bem quanto o mal está debaixo de seu governo justo e soberano.
A diferença com
as outras culturas e povos está em que cada deus deles representava um domínio
que não poderia ser ultrapassado por outros deuses onde o eterno conflito
existiria sempre entre as forças do bem e das forças do mal.
Veja, por
exemplo, o verso 12 quando Jó fala de Deus fendendo o mar e como com o seu
entendimento abatendo o adversário, a BEG, nos diz que se trata do poder
e do controle ilimitado de Deus sobre o domínio de Yam, o deus cananeu dos
mares.
Continua a BEG a dizer que em hebraico,
Raabe é um monstro cananeu das profundezas, corno o monstro marinho (veja 3.8;
leviatã, em algumas versões) e o crocodilo (veja 41.1). Essa figura poética
enriquece o conceito do grande poder de Deus sobre o mar tempestuoso.
Deus demonstrou o seu poder sobre esses
poderes demoníacos e sobre as esferas da suposta influência desses poderes na
criação (Gn 1.1-2), quando libertou Israel do Egito pelo mar (veja SI 89.9-10;
Is 51.9) e quando Jesus acalmou o mar (Mt 8.23-27). Ele também prometeu fazê-lo
novamente quando recriar a terra sem qualquer mar (Ap 21.1).
Voltando para os versos
de 7 e 8 fica uma pergunta interessante: de onde, naquela época, Jó tirou a
ideia da terra suspensa no nada? E também do vazio do norte? Somente há pouco
tempo é que essas verdades vieram à tona cientificamente, pois até na idade
média supunha-se que a terra era o centro do universo e que ela nem seria
redonda.
Quem tentou
provar o contrário, acabou sendo morto como herege ou divulgador de mensagens
oriundas do inferno. No meu ponto de vista a ciência, como a que busca a
verdade para explicar os fenômenos que nos cercam e o mundo ao nosso redor, é
um braço de Deus e não trunfo de quem quer que seja.
A ciência não é
pessoa, pois nem fala, nem se expressa, é apenas um método científico
desenvolvido pelo homem interessado na explicação dos fenômenos que o cercam. Há
cientistas que usam a ciência que são crentes e há cientistas que usam a ciência,
mas não são crentes.
A concepção
cosmológica de Jó naquela época nos causa espécie. Adaulto Lourenço, cientista,
crente, explica-nos de forma muito interessante a questão da expansão vazia do
Norte que somente foi verificada em meados do século passado onde o
Observatório de Washington descobriu que, dentro dos céus do Norte, há uma
grande expansão vazia na qual não há uma só estrela visível.
Duas questões
cosmológicas interessantes e intrigantes em Jó:
1.A terra sendo suspensa
no nada.
2.A expansão vazia do
Norte. Jó 26:7!
Jó 26:1 Jó, porém, respondeu, dizendo:
Jó
26:2 Como ajudaste aquele que não tinha força,
e
sustentaste o braço que não tinha vigor?
Jó
26:3 Como aconselhaste aquele que não tinha sabedoria,
e
plenamente fizeste saber a causa, assim como era?
Jó
26:4 A quem proferiste palavras,
e
de quem é o espírito que saiu de ti?
Jó
26:5 Os mortos tremem debaixo das águas,
com
os seus moradores.
Jó
26:6 O inferno está nu perante ele,
e
não há coberta para a perdição.
Jó
26:7 O norte estende sobre o vazio;
e
suspende a terra sobre o nada.
Jó
26:8 Prende as águas nas suas nuvens,
todavia
a nuvem não se rasga debaixo delas.
Jó
26:9 Encobre a face do seu trono,
e
sobre ele estende a sua nuvem.
Jó
26:10 Marcou um limite sobre a superfície das águas em redor,
até
aos confins da luz e das trevas.
Jó
26:11 As colunas do céu tremem,
e
se espantam da sua ameaça.
Jó
26:12 Com a sua força fende o mar,
e
com o seu entendimento abate a soberba.
Jó
26:13 Pelo seu Espírito ornou os céus;
a
sua mão formou a serpente enroscadiça.
Jó
26:14 Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos;
e
quão pouco é o que temos ouvido dele!
Quem,
pois, entenderia o trovão do seu poder?
Jó fala de Deus e do reino de Deus
colocando argumentos em respostas a seus amigos que nos fazem refletir no
conhecimento que ele tinha da graça e da misericórdia de Deus, apesar dele
mesmo.
Ele entende ao final que tem muito a
aprender e a conhecer desse Deus infinito e que nossa estadia aqui nessa vida é
muito curta para nos deixarmos levar pelo mal.
Como ele mesmo encerra, estamos apenas nas
orlas dos seus caminhos, como pois compreenderíamos a sua fala poderosa – trovão
do seu poder?
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