Terminaremos agora o livro de Jeremias. Estaremos
vendo a décima oitava parte – a última - de nossa divisão proposta de dezoito
delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 52.
XVIII. EXÍLIO E LIBERTAÇÃO DA PRISÃO (52.1-34)
Embora o povo de Deus tivesse sido exilado,
evidências de bênçãos futuras podiam ser observadas nos acontecimentos que
ocorriam na Babilônia.
O último capítulo de Jeremias descreve a
queda de Jerusalém e relembra como muitas das suas profecias já haviam se
cumprido. Apesar de sua mensagem de julgamento divino pelo pecado, essa
passagem é muito semelhante a II Re 24:18-25:22; 27:30.
É provável que os dois livros tenham usado
a mesma fonte, apesar de Jeremias ser mais completo em certas partes e dar mais
atenção a alguns detalhes.
Como o livro de II Reis, Jeremias termina
em tom de esperança chamando a atenção para a misericórdia demonstrada a Joaquim,
o rei de Judá, enquanto este se encontrava exilado na Babilônia – 52:31-34; II
Re 25:27-30.
A queda de Jerusalém e o cativeiro de Judá.
Dos versos 1 ao 30, veremos a queda de
Jerusalém e o cativeiro de Judá, conforme se encontram também nos textos
paralelos de II Re 24:18 a 25:22; II Cr 36:10 a 21; Jr 39:1 a 10.
Em um mapa intitulado “Exílio de Judá”, p.
524, da BEG, temos um breve resumo do exílio, com alguns detalhes interessantes,
conforme a seguir:
“Exílio de Judá
A
cidade de Jerusalém começou a ser cercada em janeiro de 587 a.C., e o cerco durou
dezoito meses (II Cr 36:13-21; Jr 21: 1-10; 34:1-5; 39:1-10; 52:4-11; Ez 24:2).
A cidade foi conquistada e o templo destruído (o livro de Lamentações expressa
poeticamente a consternação e o desconcerto produzidos por esses dolorosos
acontecimentos – veremos em seguida).
Os
judeus perderam a sua independência e foram levados como prisioneiros para a
Babilônia. Ali ficaram até 538 a.C., quando Ciro, o rei persa, conquistou a
Babilônia e mandou os judeus de volta para a sua terra.
Os
exilados de Judá foram levados à grande cidade de Babilônia que Nabucodonosor
havia construído. A cidade interna era protegida por largo fosso e paredes duplas
revestidas de ladrilhos (de 3,7m e 6,5m de largura), com espaço entre elas para
uma estrada militar no nível do parapeito.
Das
oito grandes portas, a mais conhecida é a Porta de Istar, construída em honra
ao deus babilónico Marduque. O pórtico era decorado com fileiras de touros
(símbolo do deus Bel) alternadas com fileiras de dragões (símbolo do deus
Marduque), feitas de tijolo esmaltado.
A rua
das procissões (pela qual eram transportadas as estátuas dos deuses no festival
do ano novo) levava da porta até o centro da cidade e aos grandes templos. As
paredes eram de ladrilho azul esmaltado, com relevos de leões (símbolo da deusa
Istar) em vermelho, amarelo e branco.
A
Babilônia tinha cerca de cinquenta e três templos, um grande templo-torre (zigurate)
e uma cidadela com o complexo de palácios. Daniel foi levado para ali para que
se unisse à corte do rei.”
A rebelião de Zedequias contra o rei da
Babilônia provocou o ataque dos babilônios. O resultado foi a destruição de
Jerusalém – inclusive do templo – e a deportação de Zedequias e da maioria do
povo de Judá.
O ano era de 586 a.C. e apesar de ser um
vassalo nomeado por Nabucodonosor, Zedequias se juntou ao Egito e outras nações
numa conspiração contra os babilônios – Jr 27:3-8; Ez 17:11-21.
A decisão infeliz do rei de Judá de se
rebelar contra a Babilônia pode ter recebido o incentivo de Faraó Ofra – Apries
– que subiu ao poder em 589 a.C.
Foram quase dois anos exatos do cerco dos
babilônios contra Jerusalém, aproximadamente uns 539 dias contados de 10 do 10
do ano 9 até 9 de 4 do ano 11. A fome apertou e não havia pão para comerem. Foi
nesse momento que a cidade foi arrombada e alguns deles fugiram, inclusive o
rei.
No entanto, foram alcançados, presos e
fizeram subir o rei de Judá ao rei da Babilônia, a Ribla e ali foi pronunciada
a sentença contra Zedequias. Seus filhos foram mortos à espada às suas vistas e
Zedequias teve os seus olhos vazados e seus pés presos em cadeias e assim
levados cativos para a Babilônia.
Se Zedequias tivesse ouvido os profetas
Jeremias e Ezequiel – Jr 38:14-28; Ez 12:13 -, nada disso teria acontecido a
ele. Jeremias tinha tentado convencer o rei a se render, pois o julgamento do
Senhor era inevitável.
Quem sabe uma rendição pacífica teria
poupado tanto a Jerusalém quanto ao templo? A sua rebeldia trouxe consequências
terríveis tanto a ele quanto a sua família e ao povo sofrido de Judá. Ao final
morre na Babilônia – Jr 52:11.
Oito anos após isso, no décimo dia do
quinto mês do ano décimo nono – vs. 12 (em II Re 25:8, o dia era o sétimo e não
o décimo – provavelmente algum erro em nossas traduções), Nebuzaradã, chefe da
guarda e servidor do rei da Babilônia, veio a Jerusalém e queimou a Casa do
Senhor, a casa do rei, todas as casas da cidade, além de todos os edifícios importantes.
Saquearam o templo e levaram consigo tudo o que tinha valor e era de ouro ou de
prata e bronze. Ainda derrubaram os muros em redor de Jerusalém.
Nebuzaradã ainda levou cativos mais gente
do povo que tinha ficado na cidade, principalmente líderes do alto escalão e
militares e somente deixou ali dos mais pobres da terra como vinheiros e
lavradores. Como governador deles, deixou o rei da Babilônia a Gedalias, filho
de Aicão, filho de Safã.
Quando os que foram levados cativos
chegaram a Ribla, o rei da Babilônia foi implacável com eles e os mataram todos
os militares e os que tinham poder e influência nos escalões de liderança de
Judá.
Dos vs. 28 ao 30, temos as duas mais uma deportações
mais importantes de judaítas para a Babilônia que totalizaram 4.600 (3023+832+745)
pessoas sendo levadas em cativeiro:
1.A
primeira em 597 a.C. – “no sétimo ano” – 3023 judeus.
2.A
segunda em 586 a.C. – “no décimo oitavo ano” – contrastar com “no ano décimo
nono”, no vs. 12, que usa um sistema diferente de contagem. Foram levadas 832
pessoas.
3.A
terceira – “no ano vigésimo terceiro” - uma deportação menor também é
mencionada, sendo resultante de uma ofensa da qual não se tem registro. Foram levadas
745 pessoas.
Jr 52:1 Era Zedequias da idade de vinte
e um anos quando começou a reinar,
e reinou onze
anos em Jerusalém.
O
nome de sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.
Jr 52:2 E fez
o que era mau aos olhos do Senhor,
conforme
tudo o que fizera Jeoiaquim.
Jr 52:3 Pois
por causa da ira do Senhor,
chegou-se
a tal ponto em Jerusalém
e
Judá que ele os lançou da sua presença.
E
Zedequias rebelou-se contra o rei de Babilônia.
Jr 52:4 No
ano nono do seu reinado, no mês décimo,
no
décimo dia do mês, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia,
contra
Jerusalém, ele e todo o seu exército,
e
se acamparam contra ela,
e contra ela
levantaram tranqueiras ao redor.
Jr 52:5 Assim
esteve cercada a cidade,
até
o ano undécimo do rei Zedequias.
Jr 52:6 No
quarto mês, aos nove do mês,
a
fome prevalecia na cidade, de tal modo que não havia pão
para
o povo da terra.
Jr 52:7 Então
foi aberta uma brecha na cidade;
e
todos os homens de guerra fugiram,
e
saíram da cidade de noite, pelo caminho da porta
entre
os dois muros,
a qual está
junto ao jardim do rei,
enquanto
os caldeus estavam ao redor
da
cidade; e foram pelo caminho da Arabá.
Jr 52:8 Mas o
exército dos caldeus perseguiu o rei,
e
alcançou a Zedequias nas campinas de Jericó;
e
todo o seu exército se espalhou, abandonando-o.
Jr 52:9 Prenderam
o rei, e o fizeram subir ao rei de Babilônia
a
Ribla na terra de Hamate,
o
qual lhe pronunciou a sentença.
Jr 52:10 E o
rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias
à
sua vista; e também matou a todos os príncipes de Judá
em
Ribla.
Jr 52:11 E cegou
os olhos a Zedequias;
e
o atou com cadeias; e o rei de Babilônia
o
levou para Babilônia,
e o conservou
na prisão até o dia da sua morte.
Jr 52:12 No quinto mês, no décimo dia do
mês,
que era o
décimo nono ano do rei Nabucodonosor, rei de Babilônia,
veio
a Jerusalém Nebuzaradão, capitão da guarda,
que
assistia na presença do rei de Babilônia.
Jr 52:13 E
queimou a casa do Senhor, e a casa do rei;
como
também a todas as casas de Jerusalém, todas as casas
importantes,
ele as incendiou.
Jr 52:14 E
todo o exército dos caldeus,
que
estava com o capitão da guarda,
derribou
todos os muros que rodeavam Jerusalém.
Jr 52:15 E os
mais pobres do povo, e o resto do povo
que
tinha ficado na cidade,
e
os desertores que se haviam passado
para
o rei de Babilônia,
e
o resto dos artífices, Nebuzaradão, capitão da guarda,
levou-os
cativos.
Jr 52:16 Mas
dos mais pobres da terra Nebuzaradão,
capitão
da guarda, deixou ficar alguns,
para
serem vinhateiros e lavradores.
Jr 52:17 Os
caldeus despedaçaram as colunas de bronze
que
estavam na casa do Senhor,
e
as bases, e o mar de bronze,
que
estavam na casa do Senhor,
e
levaram todo o bronze para Babilônia.
Jr 52:18
Também tomaram
as
caldeiras, as pás, as espevitadeiras, as bacias,
as
colheres, e todos os utensílios de bronze,
com
que se ministrava.
Jr 52:19 De
igual modo o capitão da guarda levou os copos,
os
braseiros, as bacias, as caldeiras, os castiçais, as colheres,
e
as tigelas.
O que era de
ouro, levou como ouro,
e o que era
de prata, como prata.
Jr 52:20
Quanto às duas colunas, ao mar,
e
aos doze bois de bronze que estavam debaixo das bases,
que
fizera o rei Salomão para a casa do Senhor,
o
peso do bronze de todos estes vasos
era
incalculável.
Jr 52:21
Dessas colunas, a altura de cada um era de dezoito côvados;
doze
côvados era a medida da sua circunferência;
e
era a sua espessura de quatro dedos; e era oca.
Jr 52:22 E
havia sobre ela um capitel de bronze;
e
a altura dum capitel era de cinco côvados,
com
uma rede e romãs sobre o capitel ao redor,
tudo
de bronze;
e
a segunda coluna tinha as mesmas coisas com as romãs.
Jr 52:23 E
havia noventa e seis romãs aos lados;
as
romãs todas, sobre a rede ao redor eram cem.
Jr 52:24
Levou também o capitão da guarda a Seraías,
o
principal sacerdote, e a Sofonias, o segundo sacerdote,
e
os três guardas da porta;
Jr 52:25 e da
cidade levou um oficial que tinha a seu cargo
os
homens de guerra; e a sete homens dos que assistiam
ao
rei e que se achavam na cidade;
como também o
escrivão-mor do exército,
que
registrava o povo da terra;
e mais
sessenta homens do povo da terra
que
se achavam no meio da cidade.
Jr 52:26
Tomando-os pois Nebuzaradão, capitão da guarda,
levou-os
ao rei de Babilônia, a Ribla.
Jr 52:27 E o
rei de Babilônia os feriu e os matou em Ribla,
na
terra de Hamate.
Assim
Judá foi levado cativo para fora da sua terra.
Jr 52:28 Este
é o povo que Nabucodonosor levou cativo:
no
sétimo ano três mil e vinte e três judeus;
Jr
52:29 no ano décimo oitavo de Nabucodonosor,
ele
levou cativas de Jerusalém
oitocentas
e trinta e duas pessoas;
Jr
52:30 no ano vinte e três de Nabucodonosor,
Nebuzaradão,
capitão da guarda, levou cativas,
dentre
os judeus,
setecentas
e quarenta e cinco pessoas;
todas
as pessoas foram quatro mil e seiscentas.
Jr 52:31 No
ano trigésimo sétimo do cativeiro de Joaquim,
rei
de Judá, no mês duodécimo, aos vinte e cinco do mês,
Evil-Merodaque,
rei de Babilônia, no primeiro ano do seu reinado,
levantou
a cabeça de Joaquim, rei de Judá,
e
o tirou do cárcere;
Jr 52:32 e
falou com ele benignamente, e pôs o trono dele acima
dos
tronos dos reis que estavam com ele em Babilônia;
Jr 52:33 e
lhe fez mudar a roupa da sua prisão;
e
Joaquim comia pão na presença do rei continuamente,
todos
os dias da sua vida.
Jr 52:34 E,
quanto à sua ração,
foi-lhe
dada pelo rei de Babilônia a sua porção quotidiana,
até
o dia da sua morte,
durante
todos os dias da sua vida.
O
escritor de Reis, bem como de Jeremias, termina sua obra num tom esperançoso
chamando a atenção para a misericórdia demonstrada para com Joaquim, rei de
Judá, enquanto este se encontrava exilado na Babilônia.
Evil-Merodaque
era filho e sucessor de Nabucodonosor e foi extremamente generoso para com
Joaquim e seus filhos a ponto de lhes falar benignamente, libertar do cárcere e
lhes dar lugar de mais alta honra do que a de reis que estavam com ele na
Babilônia.
Reparem
que o texto de Dt 4:25-31; 30:1-10 e a oração de dedicação do templo feita por
Salomão em I Re 8:46-53 tratam das condições do exílio.
Esses
textos insistem no arrependimento – Dt 30:2; I Re 8:47. A oração de Salomão
para que os exilados encontrassem compaixão nas mãos de seus captores é
respondida no tratamento bondoso que Joaquim recebe.
O
trecho bíblico de Dt 30:3-5 promete restauração ao povo de Deus, um processo
iniciado em 538 a.C., quando os judeus receberam permissão para voltar para
casa – Ed 1:1-4; Is 44:24-28; 45:1-6.
Não
há como não perceber que o tratamento preferencial desfrutado por Joaquim
oferece um raio de esperança na continuidade das promessas davídicas – II Sm
7:8-16.
A
ênfase do escritor nesses últimos capítulos de tom severo é sobre o julgamento
de Judá – 21:10-15; 23:26-27; 24:3-4, 20; 25:21 – porém, nesses versículos
finais, ele também indica que a destruição de Judá e de Jerusalém não porá um
fim à linhagem davídica. Há motivos para encarar o futuro com a mais absoluta
confiança em Deus.
Fique à vontade para tecer seus comentários. No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 : devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
Colabore: faça sua oferta voluntária! Entre em contato conosco para isso: +55-61-995589682
Nosso Projeto 1189 no YouTube começou em 21/04/2016 e foi concluído em 23/07/2019.
Não esqueça de citar a fonte quando for fazer citações, referências em seus posts, pregações e livros. Acompanhe-nos no YouTube e em nossas redes e mídias sociais. Ajude-nos com suas orações!
As mensagens do JAMAIS DESISTA do caminho do Senhor são diárias, inéditas, baseadas na Bíblia e buscando sua conformação máxima à teologia reformada e representam o pensamento do autor na sua contínua busca das coisas pertencentes ao reino de Deus e a sua justiça.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita - com gráficos, tabelas, imagens e textos - e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
-
É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
-
A doutrina Calvinista é a mais bela expressão do ensino bíblico
transmitida a nós pelo seu maior representante - João Calvino. É claro, a
de se ori...
0 comentários:
Postar um comentário
Fique à vontade para tecer seus comentários.
No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.