Como já dissemos, Paulo escreveu aos
efésios com o objetivo de ensinar aos cristãos o quanto é maravilhoso ser a
igreja de Cristo e quais são as implicações práticas disso. Estamos no capítulo
3/6.
Breve
síntese do capítulo 3.
Paulo escreveu esta epístola de uma prisão. Ele tinha sido preso e com
certeza não foi preso porque fez algo errado e mereceu justo castigo, antes por
que pregava o evangelho.
Não se percebe em Paulo raízes de amargura, lamentos, queixas de sua
sorte, desconforto, ódio de seus algozes, antes, preocupação em evangelizar,
mesmo dentro da prisão. Ele tinha certeza de que Deus governava a sua vida e
não podia ser dela administrador, mas confiava que estava sendo administrado
por Deus.
Paulo
sabia o que é um Deus poderoso e soberano. Nisto, ele é igual a Jesus que em si
tinha uma forte noção da soberania de Deus. Quer saber de outro que assim
também agia? Davi! Pare de se lamentar! Aprenda com Paulo que você é
“prisioneiro de Cristo”! Vejamos o presente capítulo com mais detalhes,
conforme ajuda da BEG:
III. COMPREENDENDO AS BÊNÇÃOS DA IGREJA
(2.1-3.21)
Nós estamos vendo que compreender
o que Deus fez para os crentes é essencial para fortalecer a igreja. Paulo
enfatizou que Deus abençoa a igreja ao dar aos crentes a vida eterna, unindo-os
uns aos outros e dando-lhes a capacidade de perseverar na fé.
Seguindo a divisão
proposta da BEG, nós dividimos essa parte III em quatro seções: A. Vivificado
em Cristo (2.1-10) – já vimos; B.
Unidos em Cristo (2.11-22) – já vimos;
C. Paulo e o mistério divino (3.1-13) – veremos
agora; e, D. Força para a igreja (3.14-21) – veremos agora.
C. Paulo e o mistério divino (3.1-13).
Veremos nos próximos 13 versículos, Paulo e
o mistério divino. Paulo já estava pronto para orar para que seus leitores
gentios fossem preenchidos com a presença de Cristo e estivessem habilitados a
compreender as verdades do cap. 2 sobre o amor e o poder do seu Redentor (vs.
14-21).
Porém, antes de continuar, ele fez uma
digressão (vs. 2-13) para explicar a natureza do seu próprio ministério e sua
visão da unidade entre judeus e gentios em Cristo.
Ele começa dizendo de si mesmo que era
prisioneiro de Cristo Jesus e não uma vítima do sistema. Paulo estava em prisão
domiciliar em Roma (At 28.16,30).
Ele entende que isso estava se dando por
amor a eles, gentios. Havia na vida de Paulo a graça de Deus a favor deles, por
isso expunha ele sua responsabilidade imposta por Deus a ele a favor deles.
A responsabilidade na vida de Paulo imposta
pela graça de Deus era o mistério que lhe foi dado conhecer por revelação. Foi
o Espírito Santo quem revelou aos santos apóstolos e profetas de Deus. O
silêncio do Antigo Testamento sobre o mistério de Paulo - igualdade e unidade
radicais entre judeus e gentios na igreja (vs. 6) - era relativo, não absoluto.
Um exemplo notável de sua antecipação é
vista em Is 19.25, onde o profeta aguardava um dia em que Deus declararia,
"Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e
Israel, minha herança".
Se a ideia de unidade e igualdade entre
judeus e gentios estivesse completamente ausente do Antigo Testamento, Paulo
não poderia ter insistido, como ele fez em Rm 4, que a aliança de Abraão
incluía todos aqueles que tivessem a mesma fé de Abraão (incluindo os gentios).
Paulo também não poderia ter-se colocado
diante de Agripa e insistido que a sua proclamação de luz tanto para os judeus
como para os gentios nada mais era do que o que havia sido prometido pelos
profetas e por Moisés (At 26.22-23), aos seus santos apóstolos e profetas.
O mistério não era uma revelação secreta
recebida apenas por Paulo. Lembre-se da experiência de Pedro em At 10-11 e suas
implicações para a questão da circuncisão dos gentios em At 15.7-11.
Esse mistério era que mediante o evangelho
os gentios são coerdeiros com Israel, membros do mesmo corpo e coparticipantes
da promessa em Cristo Jesus – vs. 6.
A despeito de eventuais vislumbres de uma
raça humana unificada, é apenas sob a luz do verdadeiro sacrifício de Cristo
que fica claro que o plano de Deus desde o começo era eliminar, com um golpe
magnífico e decisivo, a inimizada entre ele e a humanidade e erradicar as
divisões que fraturavam a humanidade (2.14-18).
Em Romanos, Paulo refletiu sobre a maneira
não natural pela qual Deus incluiu os gentios entre o povo de Deus: eles eram
um ramo bravo enxertado (contrario à prática normal da agricultura) numa
oliveira cultivada (Rm 11.11-24).
Ao afirmar que em Cristo os gentios
compartilham privilégios idênticos aos dos judeus, Paulo demonstrou a
profundidade desse enxerto.
Compare o progresso da descrição que Paulo
faz de si mesmo em 1Co 15.9 com Ef 3.8; 1Tm 1.15-16. Paulo se tornou ministro
pelo dom da graça de Deus, concedida a ele pela operação de poder divino. Embora
ele se achava o menor dos menores dentre todos os santos, a ele foi concedida a
graça de anunciar aos gentios as insondáveis riquezas de Cristo e esclarecer a
todos a administração deste mistério que, durante as épocas passadas, foi
mantido oculto em Deus, que criou todas as coisas – vs. 7 a 9.
A intenção dessa graça de Deus era que
agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos
poderes e autoridades nas regiões celestiais, de acordo com o seu eterno plano
que ele realizou em Cristo Jesus, nosso Senhor, por intermédio de quem temos
livre acesso a Deus em confiança, pela fé nele – vs. 10-12.
Paulo já havia mencionado "o príncipe
da potestade do ar" (2.2) e retornaria à batalha dos cristãos contra os
seus inimigos celestiais (6.10-17). É útil relembrar a sua controvérsia com os
falsos mestres em Colossos.
Ele havia argumentado em sua epístola
àquela igreja que Jesus é Senhor de todas as coisas, incluindo o mundo
espiritual, e também que é em Jesus, e em Jesus apenas, que céu e terra são reconciliados
(Cl 1.15-20; 2.8-23).
Portanto, Paulo via o estabelecimento da
paz entre judeus e gentios na igreja como um sinal para os poderes cósmicos.
Do ponto de vista de sua cultura, não havia
maior divisão na raça humana do que entre judeus e gentios. O fato de eles
poderem ser unificados radicalmente uns com os outros em Cristo era uma
demonstração da profunda sabedoria de Deus (Is 55.8-9; 1Co 2.6-10), e servia
como prova para os poderes celestiais de que Jesus é realmente Senhor do
universo (1.20-23).
Paulo os exorta a não se desanimarem por
causa das suas cadeias e tribulações, pois elas eram para o bem deles e do povo
de Deus. Nossos olhos não podem mais examinar os fatos históricos apenas
humanamente, mas temos de ter a mente de Cristo e entender a soberania de Deus
nos governos deste mundo.
D. Força para a igreja (3.14-21).
Dos vs. 14 ao 21, Paulo orou para que o
Espírito Santo fortalecesse e iluminasse os crentes efésios para que eles
perseverassem na fé e oferecessem louvor maior a Deus.
Paulo se punha de joelhos, mas normalmente,
os judeus oravam de pé (Mt 6.5; Mc 11.25; Lc 18.11,13). Aparentemente, ajoelhar-se
era uma postura de humildade e urgência maiores que o habitual (Ed 9.5; Mt
26.39; Lc 22.41; At 7.59-60; Fp 2.10).
Esse versículo introduz a oração que Paulo
havia quase começado no vs. 1.
As palavras gregas para "pai" e
"família" são semelhantes. Então, a tradução no vs. 15 poderia ser
"toda paternidade"; se isso for aceito, indica que todos os
relacionamentos de paternidade (ou seja, familiares), terrenos e celestiais,
têm sua origem num Pai celestial. no céu. A literatura intertestamentária e
rabínica dos judeus fazem referência a famílias de anjos.
A oração de Paulo era para que o Senhor os
fortalecesse, por meio do seu Espírito, no homem interior ou no profundo ou
íntimo do seu ser. Essa é uma das maneiras mais precisas entre as usadas por
Paulo para falar a respeito da obra do Espírito no interior dos indivíduos (2Co
5.17).
Grande parte de Efésios trata do sentido de
identidade corporativa dos crentes (1.10-14; 2.14-18,21-22; 3.6,10;
4.3-6,12-16,25; 4.32-5.2; 5.19; 5.21-6.9). Mas Cristo também reside no coração
de cada um.
O Cristianismo não é uma confissão geral
para a exclusão da experiência individual, nem uma crença privada sem visão
corporativa. O Cristianismo, em toda a sua extensão, é tanto uma como outra.
Ele orava para que o Senhor os fortalecesse,
por meio do seu Espírito, no homem interior ou no profundo ou íntimo do seu ser
para que Cristo habitasse em seus corações mediante a fé.
Também orava para que eles fossem arraigados
e alicerçados em amor. Isso provavelmente se refere ao amor dos crentes uns
pelos outros e é o ponto de partida para o que se segue.
Sendo assim, poderiam
eles, juntamente com todos os santos, compreender – vs. 18 - qual é a largura,
e o comprimento, e a altura, e a profundidade.
Paulo provavelmente
pretendia que essas dimensões espaciais (substantivos em vez de adjetivos em
grego) trouxessem a imagem do templo de 2.21 “no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário
santo no Senhor” viesse à mente dos leitores. Como pedras vivas e unidas em
amor, a moradia de Deus cresce e é preenchida pelo próprio Cristo.
E ainda – vs. 19 – para compreender
e conhecer o amor de Cristo que excede todo o conhecimento para que todos fôssemos
cheios de toda a plenitude de Deus.
Deus usa o amor que é
compartilhado "com todos os santos" - judeus e gentios - para
construir um todo que é maior que qualquer uma das partes individuais e, nesse
cenário, dar a cada um deles uma compreensão maior do amor de Cristo do que
eles poderiam obter individualmente.
Alternativamente, Paulo
pode ter pretendido que a sua linguagem espacial fosse considerada de maneira
menos concreta, talvez como uma oração para que, por meio do amor mútuo, os
crentes pudessem compreender ainda mais sobre o amor de Cristo por eles - que
ele é inclusivo, inesgotável, dignificante e altruísta.
A primeira metade da
carta termina – vs. 20 e 21 – com uma exaltação e glorificação de Deus que é
capaz de nos surpreender sempre e fazer infinitamente mais do que tudo o que
possamos pedir e mesmo pensar, conforme o seu poder que já opera em nós - veja também
1.19-23; 2.5-6.
Ele descreve o poder impressionante
de Deus que realiza o seu plano infinitamente gracioso (2.7) e
inquestionavelmente sábio (3.10) para a reconciliação da raça humana.
Enquanto o poder vem de
Deus, a glória vai para ele na igreja e em Cristo Jesus. Perceba a relação
mútua entre:
·O
corpo e a sua cabeça (1.22-23).
·O
reconciliado e o reconciliador (2.14-18; 4.3).
·A
noiva e seu noivo (5.22-33).
Deus é glorificado em
Cristo e na igreja, na História e por toda a eternidade.
Ef 3:1 Por esta causa eu, Paulo,
sou o prisioneiro de Cristo Jesus,
por amor de vós, gentios,
Ef 3:2 se é que tendes ouvido a respeito
da dispensação da graça de
Deus
a mim confiada para vós
outros;
Ef 3:3 pois, segundo uma
revelação,
me foi dado conhecer o
mistério,
conforme escrevi há pouco,
resumidamente;
Ef 3:4 pelo que, quando ledes, podeis compreender
o meu discernimento do mistério de Cristo,
Ef 3:5 o qual, em outras
gerações,
não foi dado a conhecer aos
filhos dos homens,
como, agora, foi revelado
aos seus santos apóstolos
e profetas, no Espírito,
Ef 3:6 a saber, que os gentios são
co-herdeiros,
membros do mesmo corpo
e co-participantes da promessa em Cristo Jesus
por meio do evangelho;
Ef 3:7 do qual fui
constituído
ministro conforme o dom da
graça de Deus
a mim concedida
segundo a força operante do seu poder.
Ef 3:8 A mim, o menor de todos os santos,
me foi dada esta graça de pregar aos gentios
o evangelho
das insondáveis
riquezas de Cristo
Ef 3:9 e manifestar qual seja
a dispensação do mistério,
desde os séculos,
oculto em Deus,
que criou todas as coisas,
Ef 3:10 para que, pela igreja,
a multiforme sabedoria de Deus
se torne conhecida, agora,
dos principados
e potestades nos lugares
celestiais,
Ef 3:11 segundo o eterno propósito que estabeleceu
em Cristo Jesus,
nosso Senhor,
Ef 3:12 pelo qual
temos ousadia
e acesso com confiança,
mediante a fé nele.
Ef 3:13 Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações
por vós,
pois nisso está a vossa glória.
Ef 3:14 Por esta causa,
me ponho de joelhos diante do Pai,
Ef 3:15 de quem toma o nome
toda família,
tanto no céu como sobre a
terra,
Ef 3:16 para que, segundo a
riqueza da sua glória,
vos conceda que sejais
fortalecidos com poder,
mediante o seu Espírito no
homem interior;
Ef 3:17 e, assim,
habite Cristo no vosso coração,
pela fé,
estando vós arraigados
e alicerçados em amor,
Ef 3:18 a fim de poderdes compreender,
com todos os santos,
qual é a largura,
e o comprimento,
e a altura,
e a profundidade
Ef 3:19 e conhecer
o amor de Cristo,
que excede todo
entendimento,
para que sejais tomados de
toda a plenitude de Deus.
Ef 3:20 Ora, àquele que é poderoso
para fazer infinitamente mais do que tudo
quanto pedimos ou pensamos,
conforme o seu poder que
opera em nós,
Ef 3:21 a ele seja
a glória,
na igreja
e em Cristo Jesus,
por todas as gerações,
para todo o sempre.
Amém!
Paulo constantemente lembrava seus ouvintes de que era um pregador do
evangelho, ele que era o menor de todos os santos, lhe foi dada esta graça de
pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo. Ele entendia
esta sua missão não como um fardo, mas como uma graça!
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.