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terça-feira, 31 de março de 2015

Ezequiel 1:1-28 - A VISÃO DA NAVE DE DEUS.

Sobre o livro de Ezequiel
Em nosso pequeno e humilde trabalho, estaremos agora entrando, no quarto livro (Ezequiel), dos últimos 17 livros da Bíblia que, justamente são os livros proféticos.
A fonte principal de nossas pesquisas, pela qual seguiremos sua divisão proposta, com ligeiras alterações, é a Bíblia de Estudo de Genebra – BEG.
Autoria – características do autor:
·         Provavelmente de Ezequiel – “Deus torna forte, endurece”.
·         Não se tem nenhuma informação a respeito de Ezequiel além das contidas nesse livro que leva o seu nome.
·         Foi levado ao cativeiro quando tinha aproximadamente 26 anos, em 597 a.C., depois de Nabucodonosor ter tomado Jerusalém e levado cativos Joaquim, a família real, os cidadãos mais proeminentes e os artesãos qualificados (2Rs 24.14).  Ele viveu entre os exilados a mais de mil quilômetros de distância de Jerusalém, e durante o período de sua pregação, o templo estava em ruínas
·         Começou a profetizar com trinta anos de idade (1.1). Data correspondente ao quinto ano do exílio do rei Joaquim (1.2-3).
·         O seu ministério durou pelo menos vinte e três anos, ocasião em que ele deveria ter cerca de cinquenta anos. Seu papel profético foi reconhecido pelos líderes entre os exilados (8.1; 20.1).
·         Ezequiel era um sacerdote (1.3). Os sacerdotes geralmente começavam seus serviços no templo com a idade de trinta anos. No ano em que deveria ter começado o seu serviço no templo, Deus o chamou para tornar-se profeta.
·         Ezequiel viveu junto ao rio Quebar (1.1). Era casado, mas a sua esposa faleceu durante o cativeiro, pouco antes de a cidade de Jerusalém ser destruída em 586 a.C. (24.18).
·         Nesse livro, Deus comumente se dirige ao profeta usando a expressão "filho do homem", basicamente com o significado de "pessoa, ser humano".
O termo enfatizava a fragilidade e a insignificância humanas quando comparadas com a transcendência de Deus. Num período posterior da história judaica, essa mesma expressão adquiriu um significado de muito maior relevância (2.1 e Dn 7.13).
Também foi uma expressão muito usada por Jesus Cristo, principalmente registrada nos evangelhos - Mt 8:6; 9:20; Mc 2:10,28; Jo 6:62; At 7:56; Fp 2:5-8.
Propósito:
Incentivar os exilados a permanecerem fiéis ao Senhor, para que ele cumprisse a sua promessa de reconduzi-los à Terra Prometida e de conduzir o templo e Jerusalém a novas alturas de glória.
Data: 593-570 a.C.
Verdades fundamentais – conforme BEG:
         Judá e Jerusalém merecerem a sentença dada por Deus de destruição total e exílio.
         O julgamento vem sobre aqueles que violam flagrantemente a lei de Deus.
         Deus julgará as nações que se voltaram contra o seu povo.
         Depois do exílio, Deus mandaria grandes bênçãos ao seu povo.
         Jerusalém e o seu templo seriam o centro do povo restaurado de Deus.
Contextualização
         Ezequiel testemunhou grande parte do declínio e queda daquele que havia sido o poderoso Império Assírio.
         Os exércitos da Babilônia, sob Nabucodonosor, surgiram como um poder dominante no antigo Oriente Próximo.
         As forças babilônicas e os exércitos do Faraó Neco do Egito periodicamente lutavam pelo território antes sujeito aos assírios; os reis de Judá, em Jerusalém acabavam sendo envolvidos por essas lutas.
         Jeoaquim foi colocado no trono de Jerusalém por Neco (2Rs 23.34) em 690 a.C.
         Após a derrota dos egípcios em Carquemis, em 605 a.C., Jeoaquim trocou sua aliança e tornou-se vassalo de Nabucodonosor.
         Permaneceu sujeito a Nabucodonosor durante três anos, quando novamente trocou sua aliança de volta para o Egito (2Rs 24.1).
         No mesmo mês que Nabucodonosor determinou punir Judá pela sua infidelidade, Jeoaquim morreu, e seu filho Joaquim reinou em seu lugar.
         Joaquim ficou para enfrentar a ira de Nabucodonosor.
         Após um breve cerco em 597 a.C. Nabucodonosor levou Joaquim cativo juntamente com uma grande parte da população de Jerusalém, inclusive Ezequiel (2Rs 24.8-12).
         Nabucodonosor empossou Zedequias, tio de Joaquim, como governador em seu lugar; Zedequias governou até a destruição de Jerusalém em 586 a.C.
         Embora alguns considerem Zedequias como o último rei de Judá, Joaquim foi o último governante legítimo. As datas no livro de Ezequiel são todas atribuídas em termos dos anos do exílio de Joaquim.
         O reinado de Zedequias foi caracterizado por uma oscilação semelhante à de Jeoaquim entre as alianças com o Egito e com a Babilônia (17.15-19).
         Tanto os cativos como muitas das pessoas que haviam permanecido em Jerusalém esperavam que o exílio fosse curto, e que os que haviam sido deportados logo voltassem para a cidade e Jerusalém fosse poupada de maiores desventuras.
         Os falsos profetas incentivavam essa crença. Uma vez que o Senhor havia escolhido Jerusalém como a sua morada e havia defendido a cidade no passado, era popularmente crido que a cidade era inviolável.
         Muito da pregação de Ezequiel foi devotada a advertir os exilados de que um destino pior estava ainda reservado para Jerusalém — a cidade seria destruída.
         Nenhum outro livro profético apresenta tantas notas cronológicas. Ezequiel estava consciente da relevância da sua mensagem para a situação histórica imediata.
         As datas ajudam a orientar o leitor para a cena contemporânea. Veja a tabela a seguir. Quanto à exatidão das datas na tabela, a cronologia para a última metade do primeiro milênio a.C. (incluindo o tempo de Ezequiel) é segura e confiável devido à disponibilidade e concordância dos registros cronológicos tanto da Bíblia quanto de documentos extra bíblicos existentes numa variedade de línguas antigas do Oriente Próximo.
         Observações astronômicas registradas por escribas antigos permitem uma correlação entre calendários antigos e modernos com alto grau de confiabilidade. Embora seja concebível que algumas dessas datas venham a ser ajustadas à luz de descobertas posteriores, mudanças de vulto são improváveis.
         A última data mencionada em Ezequiel é 571 a.C. (29.17). O livro não poderia ter alcançado sua composição final até essa data.
         Outras porções podem ter sido escritas antes e compiladas perto do final da vida de Ezequiel. Não há nenhuma evidência significativa para se atribuir a qualquer porção substancial do livro uma data posterior ao curso de sua vida.
CRONOLOGIA EM EZEQUIEL - BEG
Ref.
Dia/Mês/Ano
Calendário Juliano
Acontecimento
1.1
5/4/30
31/07/593
A narrativa do chamado
1.2
5/4(?)/5
31/07/593
A narrativa do chamado
8.1
5/6/6
17/09/592
A visão dos acontecimentos em Jerusalém
20.1
10/5/7
14/08/591
Os anciãos vêm para consultar
24.1
10/10/9
15/01/588
O início do cerco de Jerusalém
26.1
1/-/11
Entre 04/587 e 04/586
A profecia contra Tiro
29.1
12/10/10
7/01/587
A profecia contra o Egito
29.17
1/1/27
26/04/571
O Egito em vez de Tiro
30.20
7/1/11
29/04/587
Profecia contra o Faraó
31.1
1/3/11
21/06/587
Profecia contra o Faraó
32.1
1/12/12
3/3/585
Profecia contra o Faraó
32.17
15/712
Entre 04/586 e 04/585
A profecia contra o Egito
33.21
5/10/12
8/01/585
Chega um que escapou de Jerusalém
40.1
10/1/25
28/4/573
A visão da Jerusalém restaurada. 
Propósito e características
         O livro de Ezequiel é inigualável no sentido de que, com algumas exceções ocasionais, ele é inteiramente autobiográfico, isto é, escrito na primeira pessoa do singular, do ponto de vista do próprio Ezequiel.
         Ezequiel registra um maior número de ações simbólicas do que qualquer outro livro profético (3.22-26; 4.1-3; 4.4-8; 4.9-11, 4.12-14; 5.1-3; 12.10-16; 12.17-20; 21.6-7; 21.18-24; 24.15-24; 37.15-28).
         Ezequiel se identificava intimamente com a sua própria mensagem, tendo suportado sofrimentos e provações extremas com o intuito de proporcionar sinais que poderiam incitar a nação ao arrependimento (p. ex., deitar-se sobre o seu lado durante mais de um ano - 4.4-7).
         Ezequiel usava também parábolas (caps. 15; 16; 17; 19; 23) e provérbios (12.21-22; 16.44; 18.2-3)
Cristo em Ezequiel – conforme BEG.
O ministério profético de Cristo foi antecipado quando Ezequiel anunciou que Deus destruiria Jerusalém e enviaria a sua população para o exílio em razão de sua continuada descrença.
O julgamento contra os apóstatas dentre o povo da aliança estendeu-se também ao ministério de Jesus.
Jesus apelou para o arrependimento entre os judeus e um remanescente respondeu em fé.
Entretanto, como Ezequiel, Jesus anunciou que a destruição do templo e de Jerusalém ocorreriam novamente após a sua partida (Mt 24; Jo 2.19).
Ezequiel também anunciou julgamento contra as nações que atormentavam o povo de Deus (29.19; 30.25; 38.21-23).
Num certo grau, esses julgamentos ocorreram na inauguração do reino de Cristo (Mt 24.34; Lc 11.32,51), mas serão plenamente realizados no julgamento que acontecerá quando Cristo retornar (Ap 11.18; 14.7; 15.1).
A obra de Cristo foi antecipada quando Ezequiel anunciou:
ü  Que Deus um dia poria um fim ao exílio (caps. 33-48).
ü  Que se estabeleceria uma aliança de paz (34.5; 37.6).
ü  Que restauraria Jerusalém a uma glória maior do que nunca antes (cap. 48).
De acordo com essas esperanças, a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus ocorreram perto da cidade (Mt 16.20). A descida do Espírito ocorreu ali, no dia de Pentecostes, quando milhares de exilados creram no Messias (At 2).
Além disso, entre a sua primeira e a sua segunda vinda, a Jerusalém celestial, onde Cristo está, tornou-se um aspecto importante da fé cristã (Jo 3.31; Cl 1.5).
O Novo Testamento também fez de Jerusalém a peça central dos novos céus e da nova terra a serem estabelecidos quando Cristo retornar (Ap 21.2).
O próprio Cristo foi antecipado quando Ezequiel mencionou "o príncipe" em 34.24; 37.25; 44.3, 45.7,16-17,22; 46.2,4,8,10,12,16-18. Esse príncipe seria o filho de Davi que reinaria sobre o povo de Deus após o exílio.
Da época do exílio até Jesus, nenhuma figura real da casa de Davi reinou sobre Israel (Lc 1.32-33). Assim, Jesus cumpre as esperanças que Ezequiel tinha para a restauração da casa de Davi após o exílio - 37.24.
Ezequiel depositava muitas de suas esperanças para o futuro de Israel na restauração do templo e do seu sacerdócio (caps. 40-48).
Como filho encarnado de Deus, Jesus é o cumprimento final tanto do templo de Deus (Jo 2.19-22; Ap 21.22) como do sacerdócio (Hb 7.1-8.6).
Sua morte foi um sacrifício expiatório (Rm 3.25; Hb 2.17).
Ele agora ministra diante do trono de Deus no céu, intercedendo pelos santos.
Quando retornar em glória, Cristo santificará os novos céus e a nova terra para ser uma morada santa para Deus (Ap 21.22-23), substituindo o templo como lugar de sua presença especial
Divisão proposta do livro de Ezequiel
Seguiremos a mesma estruturação proposta pela BEG para a divisão do livro de Ezequiel ao qual iniciaremos hoje.
O livro se divide em três partes. Tanto a parte que anuncia julgamento sobre Jerusalém como a parte que profetiza restauração, inicia com oráculos a respeito do papel de Ezequiel como atalaia (3.16-21; 33.1-20).
         Nas duas primeiras, Ezequiel anunciou o julgamento sobre Jerusalém (caps. 1-24) e sobre outras nações estrangeiras (caps. 25-32).
         A partir do momento em que um mensageiro chegou relatando a destruição de Jerusalém (33.21-22), a pregação do profeta passa a ser dominada pelas promessas de restauração e misericórdia para o futuro (caps. 33-48).
I. JULGAMENTO SOBRE JUDÁ E JERUSALÉM (1.1-24.27).
II. PROFECIAS CONTRA AS NAÇÕES (25.1-32.32).
III. FUTURAS BÊNÇÃOS PARA JUDÁ E JERUSALÉM (31.1-48.35).
Ezequiel 1:1-28 Segmentação e Reflexões
Começaremos agora o livro de Ezequiel composto de 48 capítulos. Estamos no primeiro capítulo que nos mostrará a espetacular visão de Ezequiel junto ao rio Quebar.
I. JULGAMENTO SOBRE JUDÁ E JERUSALÉM (1.1-24.27).
Ezequiel proclamou que Judá e Jerusalém seriam destruídas pelos babilônios em razão dos pecados continuados e constantes daqueles que permaneceram em Jerusalém.
Essa primeira grande divisão do livro – o capítulo primeiro - tem como foco o julgamento contra Judá e a destruição final de Jerusalém pelos babilónios.
Esses acontecimentos e oráculos têm lugar entre 593 a.C. (1.2) e 588 a.C. (24.1).
Dividiremos esse capítulo primeiro em dois conjuntos de visões ligados entre si pela vocação de Ezequiel, seus atos simbólicos e oráculos: A. A primeira série de visões, a vocação, os atos simbólicos e os discursos relacionados de Ezequiel (1.1-7.27); B. A segunda série de visões, a vocação, os atos simbólicos e os discursos relacionados de Ezequiel (8.1-24.27).
A. A primeira série de visões, a vocação, os atos simbólicos e os discursos relacionados de Ezequiel (1.1-7.27).
Doravante, até 7.27, estaremos vendo a primeira série de visões, a vocação, os atos simbólicos e os discursos relacionados de Ezequiel.
Essa primeira seção do foco profético sobre o julgamento de Judá e de Jerusalém dividiremos também em três partes: 1. Visão e vocação (1.1-3.27); 2. Os atos simbólicos (4.1-5.4); e, 3. Discursos relacionados (5.5-7.27).
1. Visão e vocação (1.1-3.27).
Até 3.27, estaremos vendo a visão impressionante de Ezequiel e sua vocação. O livro inicia com o registro de Ezequiel a respeito de sua visão da impressionante carruagem de Deus (1.1-28) e a vocação recebida de Deus (2.1-3.27). Também aqui dividiremos em duas partes: a. A visão da carruagem de Deus (1.1-28); b. A vocação de Ezequiel (2.1-3.27)
a. A visão da carruagem de Deus (1.1-28).
Estaremos neste capítulo vendo a visão espetacular de Ezequiel, a visão da carruagem de Deus. Em sua visão inaugural Ezequiel testemunhou uma teofania (aparecimento visível de Deus): Deus como um guerreiro divino aproximando-se em seu carro de batalha.
O livro apresenta um duplo cabeçalho, uma na primeira pessoa (vs. 1) e outro na terceira pessoa (vs. 2-3). As datas em Ezequiel são comumente apresentadas em relação ao ano correspondente do reinado de Joaquim. Entretanto, esse não é o caso para a primeira data apresentada no livro.
Os vs. 2-3 datam a visão inaugural de Ezequiel no quinto ano de Joaquim, ao passo que o vs. 1 especifica um trigésimo ano não identificado.
Muito provavelmente essa data se referia à idade de Ezequiel na ocasião do seu chamado como profeta, de modo que o trigésimo ano de Ezequiel era, também, o quinto ano de Joaquim.
Normalmente os sacerdotes assumiam plena responsabilidade aos trinta anos (Nm 4.3), mas Ezequiel estava no exílio, longe do templo em Jerusalém, incapaz de cumprir o seu chamado como sacerdote.
Os céus irão se abrir no tempo de Deus e as visões de Deus irão ser abundantes. Eu aprendo aqui que Deus fala. Ele sempre falou, está falando e continuará a falar. Temos, portanto, de estarmos atentos ao que fala conosco de diversas formas, ali com Ezequiel, era em uma manifestação teofânica.
Foi ali, longe de casa, junto a um rio - rio Quebar – pois os judeus que viviam fora da Terra Prometida comumente estabeleciam o seu lugar de culto ao longo de correntes de água (SI 137.1; At 16.13).
Dois textos cuneiformes de Nipur mencionam um "Grande Rio", provavelmente o rio Quebar; este era o nome de um largo canal de irrigação que coletava água do Eufrates, perto de Babilônia.
Tudo o que aconteceu foi registrado no tempo e no espaço para situar a visão que teve. Foi no quinto ano onde Joaquim foi levado para o exílio em 597 a.C.; Nabucodonosor designou Zedequias para governar Jerusalém no lugar de Joaquim (2Rs 24.15-17; 2Cr 36.10). No entanto, Joaquim ainda era o rei legítimo de Judá (2Rs 25.27-30) até mesmo no exílio, e as datas em Ezequiel (1.2-3; 3.16; 8.1; 20.1; 24.1; 26.1; 29.1,17; 30.20; 31.1; 32.1,17; 33.21; 40.1) são apresentadas segundo os anos do seu reinado. Pressupondo que a data em 1.2 seja também no quarto mês (1.1), do quinto ano de Joaquim, essa visão aconteceu, provavelmente, em julho de 593 a.C.
Ezequiel olhou – vs. 4.
Compare a visão inicial de Ezequiel com outras narrativas de chamado:
·         Moisés (Ex 3).
·         Gideão (Jz 6).
·         Isaías (Is 6).
·         Jeremias (Jr 1).
Como Moisés, o profeta modelo (Dt 18.15,18), aqueles que o sucederam comumente iniciaram a carreira profética com a investidura na presença de Deus. Cada um deles foi admitido na corte celestial de Deus, onde ouviram em primeira mão as palavras divinas.
Os profetas que registraram suas experiências de chamado não o fizeram para fornecer informação autobiográfica, mas para autenticar a sua autoridade profética; pelo menos em alguns casos essa experiência distinguia os verdadeiros profetas dos falsos (1Rs 22.19-28; Jr 23.16-18).
Ezequiel era um sacerdote! Filho de Buzi, de quem nada se sabe. A palavra do Senhor não virá a qualquer um, mas àquele que ele chamar e que irá falar a palavra dele. O desafio dele era grande, mas Deus era maior e lhe deu vitórias porque a mão do Senhor – o Espirito de Deus - era sobre ele. Quanto mais não dará vitórias aos seus filhos, em Cristo Jesus? Vejamos o que ele viu.
Ezequiel viu – vs. 4.
Um vento tempestuoso vindo do norte - para outras referências a tempestades como teofanias, veja 2Rs 2.1,11; Jó 38.1; 40.6; SI 77.18; 83.15; 148.8; Is 29.6; 66.15; Jr 4.13; 23.19; 30.23; Na 1.3; Zc 9.14 – e também viu uma grande nuvem, com fogo a revolver-se e resplendor ao redor dela e no meio disso uma coisa como metal brilhante que saía do meio do fogo.
Nos tempos modernos, essa descrição se encaixaria perfeitamente a uma máquina voadora, um tipo de aeronave.
Ezequiel continua a sua narrativa de suas visões. Ele agora fala dos quatro seres viventes que viu – vs. 5 ao 14.
Eram eles os querubins (10.1,15,17,20). Compare com os serafins, que ministravam diante de Deus no chamado de Isaías (Is 6.2) e com a visão de João do trono divino (Ap 4.6).
Era do meio daquela nuvem, “daquela nave”, ou de sua “carruagem”, que saia algo semelhante a quatro seres viventes, com semelhanças de homens, com cada um deles com quatro rostos e quatro asas também. Em seguida, fala de suas pernas direitas e de seus pés semelhantes ao de bezerro, luzindo um brilho de bronze polido. Parece estar descrevendo um tipo de traje nos pés ou calçado reluzente. Era debaixo das quatro asas que surgiam mãos de homem aos quatro lados. Do homem tinham os rostos, as mãos, as pernas.
O fato de que suas asas "se uniam uma à outra" (v. 9) relembra o querubim que ficava acima da arca no lugar mais sagrado do templo (1 Rs 6.27; 2Cr 3.11-12); o Cronista também descreve a arca como a carruagem divina (1Cr 28.18).
Os quatro rostos, conforme a BEG, representavam a mais alta forma de vida nos vários reinos da natureza. Cada face humana, sendo suprema, olhava para frente. O touro representava os animais domésticos, o leão os animais selvagens e a águia os pássaros.
O fogo era a principal forma de teofania (aparecimento de Deus) no Antigo Testamento (Gn 15.17; Êx 3.2; 13.21-22; 14.24, 19.18; 24.17; Nm 11.1; Dt 1.33; 4.11-12, 24,33,36; 5.22-26; 9.3; SI 18.8; 78.14,21; 89.46).
Depois de descrever os seres viventes que ziguezagueavam como relâmpagos, ele passa a descrever uma roda na terra ao lado de cada um deles. A roda era brilhante, tinham a mesma aparência, aspecto e estrutura – como se fosse uma dentro da outra -, movimentava-se nas quatro direções, sendo que ao se movimentar não se viravam.
Conforme se movimentavam os seres viventes, as rodas ao lado deles também se movimentavam e as suas cambotas – estruturas arqueadas que poderiam servir de molde e de suporte – metiam medo. O curioso era que as quatro rodas estavam cheias de olhos ao redor.
Qualquer movimento que fazia os seres viventes, as rodas igualmente faziam. Se andavam, elas andavam; se se elevassem, elas também se elevavam; se parava, elas também paravam.
Era para onde o espírito quisesse ir que elas iam, pois o espírito as impelia e as rodas se elevavam juntamente com eles. A explicação disso era que nelas havia o espírito dos seres viventes. O espírito dos seres viventes estava nas rodas! – vs. 21.
Depois de descrever os seres viventes e as rodas, ele passa a descrever o que estava acima das cabeças deles, dos seres viventes.
Havia algo parecido com o firmamento como cristal brilhante que metia medo o qual era estendido sobre a sua cabeça. Debaixo do firmamento era que estavam estendidas as suas asas a de um em direção à outra. Havia ainda em cada um outras duas asas com que cobriam o corpo de um lado e do outro. E andavam eles e o tatalar das asas era como o rugido de muitas águas, como a própria voz do Onipotente. Foi neste momento que ele ouviu um estrondo tumultuoso, como se fosse um tropel de um grande exército.
Um componente auditivo era um elemento comum nas teofanias (aparecimentos de Deus) que envolviam o exército divino (2Sm 5.24; 2Rs 7.6; 1Cr 14.15; 13.4; 66.6; JI 2.5. cf. Gn 3.8; Ex 19.19; Is 6.4). Veja particularmente Ez 3.12-13; 10.5.
Assim que paravam, eles abaixavam as suas asas. Neste momento veio uma voz – vs. 25. Uma voz de cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça.
Por cima do firmamento uma espécie de trono. Um trono como uma safira e nela assentado uma figura semelhante a um homem. Ezequiel virou-se cautelosamente para descrever o ocupante da carruagem.
A luz que se irradiava da presença divina era esmagadora (cf. Dn 7.9-10), pois Deus habita em luz inacessível (1Tm 6.16).  
O resplendor que ele via era de aspecto semelhante ao do arco-íris. O arco-íris não apenas reflete o resplendor que envolve Deus, mas também serve de lembrete ao povo de que ele, Deus, domina sobre o mar, assim como da sua promessa de nunca mais destruir todo o mundo com um dilúvio (Gn 9.16-17).
O aparecimento de Deus era aterrorizante, mas o arco-íris, que lembra a aliança de Deus, proporcionava alguma segurança de sua compaixão e boa vontade. No entanto, ele também traz à memória a decisão a respeito do dilúvio que resultou do julgamento devastador que Deus proferiu contra a incredulidade e a desobediência.
Ezequiel conclui o capítulo dizendo que aquela era a aparência da glória do SENHOR e que vendo isto, caiu com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava.
É muito complicado querer analisar algo que de nada sabemos. Quando foi que eu vi a glória do Senhor teofanicamente? Quem sou eu para arriscar algum palpite?
No entanto, temos fatos e podemos analisá-los.
Ez 1:1 Aconteceu
no trigésimo ano,
no quinto dia do quarto mês,
que, estando eu no meio dos exilados,
junto ao rio Quebar,
se abriram os céus,
e eu tive visões de Deus.
Ez 1:2 No quinto dia do referido mês,
no quinto ano de cativeiro do rei Joaquim,
Ez 1:3 veio expressamente a palavra do SENHOR
a  Ezequiel, filho de Buzi,
o sacerdote, na terra dos caldeus,
junto ao rio Quebar,
e ali esteve sobre ele
a mão do SENHOR.
Ez 1:4 Olhei,
e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte,
e uma grande nuvem,
com fogo a revolver-se,
e resplendor ao redor dela,
e no meio disto,
uma coisa como metal brilhante,
que saía do meio do fogo.
Ez 1:5 Do meio dessa nuvem
saía a semelhança de quatro seres viventes,
cuja aparência era esta:
tinham a semelhança de homem.
Ez 1:6 Cada um tinha
quatro rostos,
como também
quatro asas.
Ez 1:7 As suas pernas eram direitas,
a planta de cujos pés era
como a de um bezerro
e luzia como o brilho de bronze polido.
Ez 1:8 Debaixo das asas
tinham mãos de homem,
aos quatro lados;
assim todos os quatro tinham
rostos e asas.
Ez 1:9 Estas se uniam uma à outra;
não se viravam quando iam;
cada qual andava para a sua frente.
Ez 1:10 A forma de seus rostos
era como o de homem;
à direita,
os quatro tinham rosto de leão;
à esquerda,
rosto de boi;
e também rosto de águia,
todos os quatro.
Ez 1:11 Assim eram os seus rostos.
Suas asas se abriam em cima;
cada ser tinha duas asas,
unidas cada uma à do outro;
outras duas
cobriam o corpo deles.
Ez 1:12 Cada qual andava para a sua frente;
para onde o espírito havia de ir,
iam;
não se viravam quando iam.
Ez 1:13 O aspecto dos seres viventes
era como carvão em brasa,
à semelhança de tochas;
o fogo corria
resplendente por entre os seres,
e dele
saíam relâmpagos,
Ez 1:14 os seres viventes
ziguezagueavam
à semelhança de relâmpagos.
Ez 1:15 Vi os seres viventes;
e eis que havia uma roda na terra,
ao lado de cada um deles.
Ez 1:16 O aspecto das rodas
e a sua estrutura
eram brilhantes como o berilo;
tinham as quatro
a mesma aparência,
cujo aspecto e estrutura
eram como se estivera uma roda
dentro da outra.
Ez 1:17 Andando elas,
podiam ir em quatro direções;
e não se viravam quando iam.
Ez 1:18 As suas cambotas eram altas,
e metiam medo;
e, nas quatro rodas,
as mesmas eram cheias de olhos ao redor.
Ez 1:19 Andando os seres viventes,
andavam as rodas ao lado deles;
elevando-se eles,
também elas se elevavam.
Ez 1:20 Para onde o espírito queria ir,
iam,
pois o espírito os impelia;
e as rodas
se elevavam juntamente com eles,
porque nelas havia o espírito dos seres viventes.
Ez 1:21 Andando eles,
andavam elas
e, parando eles,
paravam elas,
e, elevando-se eles da terra,
elevavam-se também as rodas juntamente com eles;
porque o espírito dos seres viventes
estava nas rodas.
Ez 1:22 Sobre a cabeça dos seres viventes
havia algo semelhante ao firmamento,
como cristal brilhante que metia medo,
estendido por sobre a sua cabeça.
Ez 1:23 Por debaixo do firmamento,
estavam estendidas as suas asas,
a de um em direção à de outro;
cada um
tinha outras duas asas
com que cobria o corpo
de um e de outro lado.
Ez 1:24 Andando eles,
ouvi o tatalar das suas asas,
como o rugido de muitas águas,
como a voz do Onipotente;
ouvi o estrondo tumultuoso,
como o tropel de um exército.
Parando eles,
abaixavam as asas.
Ez 1:25 Veio uma voz de cima do firmamento
que estava sobre a sua cabeça.
Parando eles,
abaixavam as asas.
Ez 1:26 Por cima do firmamento
que estava sobre a sua cabeça,
havia algo semelhante
a um trono,
como uma safira;
sobre esta espécie de trono,
estava sentada uma figura
semelhante a um homem.
Ez 1:27 Vi-a
como metal brilhante,
como fogo ao redor dela,
desde os seus lombos
e daí para cima;
e desde os seus lombos
e daí para baixo,
vi-a
como fogo
e um resplendor ao redor dela.
Ez 1:28 Como o aspecto do arco
que aparece na nuvem em dia de chuva,
assim era o resplendor em redor.
Esta era a aparência
da glória do SENHOR;
vendo isto,
caí com o rosto em terra
e ouvi a voz de quem falava.
O que vimos nesse capítulo extenso e complicado de visões espetaculares? Que veio a ele, Ezequiel, a palavra do Senhor e de forma expressa, isto é, clara, definida, precisa, ligeira;  e que ainda sobre ele veio a mão do Senhor.
Ele então descreve a sua visão – o que viu: a “nave”, os quatro seres viventes, as rodas e seus espíritos, os seus movimentos, o firmamento e acima do firmamento o trono e a voz do Todo-Poderoso – e exclama ao final do capítulo que essa era a aparência da glória do Senhor e que em função disso caiu com o seu rosto em terra.
O que disse a voz, veremos no capítulo seguinte.
Como estamos falando da glória de Deus, que fez Ezequiel cair com o seu rosto em terra, achei pertinente e oportuna a exposição de um texto da BEG sob essa glória, a seguir:
A glória de Deus: Quem é glorificado?[1]
A glória de Deus é a honra e o esplendor que ele possui desde a eternidade, independentemente de qualquer coisa que ele receba de volta da sua criação. Nas Escrituras, a glória de Deus é retratada principalmente pelo resplendor magnífico da manifestação de Deus. Assim, a própria shekiná, a nuvem resplandecente que podia assumir o aspecto de fogo (Êx 24.17) era chamada de glória de Deus. Deus apareceu nessa nuvem de glória em momentos importantes da História (Êx 33.22; 34.5; cf. 16.7,10; 24.15-17; 40.34-35; Lv 9.23-24; 1 Rs 8.10-11; Ez 1.28; 8.4; 9.3; 10.4; 11.22-23; Mt 17.5; Lc 2.9; cf. At 1.9; 1Ts 4.17; Ap 1.7). O resplendor de Deus é a demonstração visível da maravilha de sua transcendência sobre toda a criação. Enquanto a "glória" dos seres humanos diz respeito às suas riquezas e qualidades admiráveis, a glória de Deus é a sua grandeza, o esplendor e a honra incomparável como Criador de todas as coisas. Davi meditou sobre essa ideia em ICr 29.10-11. "Bendito és tu, Senhor, Deus de Israel, nosso pai, de eternidade em eternidade. Teu, Senhor, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, Senhor, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos".
A glória de Deus também é o propósito para o qual todas as coisas foram criadas. Nas palavras do apóstolo Paulo, "... dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente" (Rm 11.36). Todas as coisas têm corno fim supremo que Deus seja glorificado por meio de sua criação. A natureza proclama a glória de Deus (SI 8.3-9), a derrota do mal lhe confere honra (1Jo 2.13-14) e a redenção do seu povo lhe dá grande glória (Ef 1.13-14). Nesse sentido, a glória de Deus é a finalidade inevitável de todas as coisas.
Glorificar a Deus é a responsabilidade moral de todos os seres humanos. Nesse sentido, ao honrarmos a Deus em tudo o que fazemos, o reverenciamos e reconhecemos seu poder, bondade e dignidade. Com efeito, os seres humanos devem viver em sujeição aos mandamentos de Deus a fim de reconhecer a sua grandeza incomparável diante de todas as outras criaturas. Paulo apresenta esse objetivo como a motivação para nossas escolhas na vida, "... quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10.31). Nas palavras do Breve Catecismo de Westminster, "O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre" (BC 1).
A glória que Deus recebe dos seres humanos é o tipo de honra mais elevado que a criação pode dar ao seu Criador. No início, Deus abençoou os seres humanos com "glória e... honra" (SI 8.5) colocando-nos no mundo como portadores honoráveis da sua imagem (veja o artigo teológico "Criados à imagem de Deus", em Gn 1). Nossa queda no pecado maculou a glória da humanidade, mas a nossa redenção em Cristo culminará com a nossa glorificação em Cristo quando ele voltar (Rm 8.17-23). Como criaturas glorificadas criadas à imagem de Deus, seremos capazes de honrar ainda mais a Cristo e ao Pai ao qual toda a glória é devida (1 Co 1 5.4 2-44; Ap 5.12). Nas palavras dos reformadores, "Somente a Deus seja a glória" (soli Deo gloria).
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 



[1] Extraído da BEG – pág. 1037 – referente ao cap 1 de Ezequiel.
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