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segunda-feira, 30 de março de 2015

Lamentações 5:1-22 - A GRANDE MISERICÓRDIA DE DEUS.

Chegamos ao fim de nossas reflexões no livro de Jeremias e de Lamentações de Jeremias. Como já dissemos, estamos, ainda, refletindo no livro de Lamentações que se propõe a expressar e orientar outros em seus lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônicos.
Agora veremos o quinto e último capítulo.
V. O APELO DE JUDÁ PELO AUXÍLIO DE DEUS – 5:1-22.
Neste último capítulo, veremos a condição de Judá a qual era terrível, mas o futuro traria dias melhores para a nação.
O apelo de Judá pelo auxílio de Deus começa com a oração, provavelmente de Jeremias, pedindo ao Senhor lembrança e consideração.
Lamentações termina com este poema que tem o seu clímax no desesperado apelo dos judeus exilados, para que sejam aliviados em suas dificuldades. Este é o único poema do livro que não é escrito como um acróstico, embora siga o padrão dos 22 versos.
Uma abertura comum – vs. 1, pedindo lembrança e considerações - para um lamento comunitário. Sião não está mais lutando com os sofrimentos imediatos do cerco e da pilhagem (como no cap. 4). O tempo já havia passado e eles estavam repletos de experiências sombrias e humilhantes.
Agora eles se lembram de sua herança e que ela estava nas mãos de estranhos. A Terra Prometida, herança conferida por Deus a Israel (cf. Dt 4.21; 12.9), especificamente o território de Judá (Js 15.20-63), estava totalmente nas mãos de estranhos, de estrangeiros.
Era, sem dúvidas, uma situação ultrajante, considerando que Deus havia dado a terra especificamente aos israelitas e exigido que eles expulsassem os estrangeiros para possuí-la.
Agora estavam órfãos – sem pai – e as mães eram como viúvas. Essa situação de orfandade e viuvez era daqueles cuja posição social os tornava dependentes dos outros para proteção e provisão. Deus havia ordenado a Israel que cuidasse dessas pessoas, partilhando com elas os bens da terra (Dt 14.28-29). Os israelitas haviam falhado no cumprimento desse dever e assim Deus negava a eles, pelo exílio, as boas dádivas da terra.
O verso 4 é uma espécie de inversão da linguagem de Dt 6.10-11 (ver 8.7-10; Js 9.21-23). Ali eles tinham os poços, plantações e criações que não tinham cavado, plantado ou criado e agora eram obrigados a se susterem com trabalho estrangeiro, de aluguel, por causa da tomada da posse da terra.
Estavam também, e por isso, sem qualquer descanso. Outra inversão (cf. v. 4) da linguagem comumente usada para ofertar bênção (Dt 12.9). O descanso é uma parte indispensável do gozo da bênção de Deus (1.3).
No verso 6, eles confessam as suas alianças com os egípcios e assírios. Um reconhecimento dos tratados que Judá havia feito com essas nações contra a vontade de Deus (4.17; veja 2Rs 18.14).
Já no verso 7, uma falha grave já resolvida em outras passagens das escrituras que era a ideia dos filhos amargarem ou carregarem as consequências dos atos dos pais. Uma descrição semelhante de solidariedade é encontrada em Êx 20.5. O mal-entendido de que os filhos são punidos pelos pecados dos pais é evitado por passagens como Dt 2.16; Jr 31.29-30; Ez 18. Aqueles que compartilham do julgamento de seus pais o fazem porque também compartilharam dos seus pecados (veja o v. 16; Rm 5.12,18-19).
Ao se referirem ao termo escravos àqueles que dominavam sobre eles, entendemos que estava fazendo uma referência irônica aos próprios babilônios, insinuando que as circunstâncias do momento desvirtuavam os verdadeiros relacionamentos entre Deus, Israel e as nações. Israel era, na realidade uma nação livre da escravidão (Dt 15.12-18).
Até o pão era obtido com dores no deserto ao terem de enfrentar, possivelmente a espada dos saqueadores que tiravam vantagem das comunidades enfraquecidas – vs. 9. A fome era tanta que confrontavam qualquer coisa para dela se verem livres, mesmo esses perigos de salteadores e de aproveitadores.
Ele continua a descrever em detalhes a situação terrível pela qual passavam e agora, em nome do povo, se voltam às suas mulheres e suas virgens que eram molestadas, sem piedade. Como em 2Sm 13.14; 13.32, a palavra hebraica traduzida como "forçaram" indica estupro (cf. Jz 20.5). A perda da virgindade fora do casamento trazia vergonha sobre a mulher e a sua família e podia ter sérias consequências (Dt 22.13-21).
O enforcamento de seus príncipes – vs. 12 - era uma degradação, adicionando à tortura da humilhação, o horror da execução (Dt 22.22-23; 1 Sm 31.10). Os seus jovens eram os que levavam a mó, um trabalho humilhante para um jovem (veja Jz 16.21); esse tipo de trabalho era tradicionalmente reservado para as mulheres. O propósito disso era mesmo abaixar a moral de todos de forma que somente servissem e não reagissem.
No verso 14, nem os velhos se assentavam mais nas portas, nem os jovens cantavam. Uma alusão, conforme a BEG, aos aspectos da vida normal de Judá que havia cessado. A porta onde ocorriam tratativas legais e sociais, estava deserta. A severidade da vida como povo conquistado obliterava a despreocupação anterior dos jovens.
Já não havia mais gozo ou alegria nos corações de forma que se converteu em lamentos a própria dança de celebração e de alegria.
Caiu-lhes a coroa de suas cabeças, ou seja, alguns tomam essa expressão como se referindo a Jerusalém em particular (cf. 1.1; 2.15; 5.18), mas ela simbolizava mais provavelmente a glória de Judá entre as nações (cf. Ex 19.6), que agora estava toda abatida e derrotada. Dela se ouvia apenas “ai de nós, porque pecamos!”.
De coração desmaiado – vs. 17 -, os olhos se escureceram e as visões foram tampadas e anuladas toda esperança. O poeta fechou o círculo, voltando a 1.1, retomando o tema do escândalo da cidade escolhida por Deus agora destruída e abandonada.
Somente o Senhor permanece para sempre, reina e seu trono não tem fim. Embora o trono de Judá estivesse vazio, o reinado do Senhor não estava ameaçado. Essa compilação de poemas assume essa última afirmação do princípio ao fim.
Esqueceria deles, o Senhor, para sempre? A nota de lamento soa novamente (1.22). Não há qualquer panaceia fácil para a dor manifestada; a afirmação do reinado do Senhor brotou do centro dessa dor. É o reconhecimento de que Deus é Deus apesar de nós.
Se estamos de pé, é por causa da misericórdia de Deus; se não estamos, é por causa da nossa arrogância e constante rejeição daquele que nos pode dar a vida. A justa tribulação vem indistintamente sobre todos nós para nos aperfeiçoar no amor.
Lm 5:1 Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido;
considera, e olha para o nosso opróbrio.
Lm 5:2 A nossa herdade passou a estranhos,
e as nossas casas a forasteiros.
Lm 5:3 órfãos somos sem pai, nossas mães são como viuvas.
Lm 5:4 A nossa água por dinheiro a bebemos,
por preço vem a nossa lenha.
Lm 5:5 Os nossos perseguidores estão sobre os nossos pescoços;
estamos cansados, e não temos descanso.
Lm 5:6 Aos egípcios e aos assírios estendemos as mãos,
para nos fartarmos de pão.
Lm 5:7 Nossos pais pecaram, e já não existem;
e nós levamos as suas iniqüidades.
Lm 5:8 Escravos dominam sobre nós;
ninguém há que nos arranque da sua mão.
Lm 5:9 Com perigo de nossas vidas obtemos o nosso pão,
por causa da espada do deserto.
Lm 5:10 Nossa pele está abraseada como um forno,
por causa do ardor da fome.
Lm 5:11 Forçaram as mulheres em Sião,
as virgens nas cidades de Judá.
Lm 5:12 Príncipes foram enforcados pelas mãos deles;
as faces dos anciãos não foram respeitadas.
Lm 5:13 Mancebos levaram a mó;
meninos tropeçaram sob fardos de lenha.
Lm 5:14 Os velhos já não se assentam nas portas,
os mancebos já não cantam.
Lm 5:15 Cessou o gozo de nosso coração;
converteu-se em lamentação a nossa dança.
Lm 5:16 Caiu a coroa da nossa cabeça;
ai de nós. porque pecamos.
Lm 5:17 Portanto desmaiou o nosso coração;
por isso se escureceram os nossos olhos.
Lm 5:18 Pelo monte de Sião, que está assolado, andam os chacais.
Lm 5:19 Tu, Senhor, permaneces eternamente;
e o teu trono subsiste de geração em geração.
Lm 5:20 Por que te esquecerias de nós para sempre,
por que nos desampararias por tanto tempo?
Lm 5:21 Converte-nos a ti, Senhor,
e seremos convertidos;
renova os nossos dias como dantes;
Lm 5:22 se é que não nos tens de todo rejeitado,
se é que não estás sobremaneira irado contra nos.
A oração que se segue – vs. 21 - é do padrão de Jeremias que pede ao Senhor a conversão e a renovação, certos de que o Senhor é quem converte e quem renova. Os profetas nunca consideraram uma restauração da Terra Prometida à parte de um arrependimento para com Deus. Para um paralelo desse pensamento, veja Jr 31.18.
A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. Sempre seremos responsáveis por nossos atos e sempre será Deus soberano sobre todas as coisas.
O poeta se recusa a terminar o lamento com uma nota positiva. Como nos outros lamentos, as expressões de esperança são encontradas na porção mediana. A conclusão exprimia não desespero, mas petição.
Esse é o caráter essencial de todos os poemas em Lamentações: eles haviam sido instigados por intensa aflição por causa do julgamento de Deus e expressavam o anseio de que a compaixão de Deus os levariam a libertar o seu povo.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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domingo, 29 de março de 2015

Lamentações 4:1-22 - OS SOFRIMENTOS DO CERCO.

Como já dissemos, estamos refletindo no livro de Lamentações que se propõe a expressar e orientar outros em seus lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônicos. Agora veremos o quarto capítulo.
IV. O PRESENTE E O FUTURO DE SIÃO.
Neste penúltimo capítulo, veremos o poeta expressando a Deus o apelo desesperado de Judá por livramento. Esse poema apresenta o mais vívido retrato do livro de Lamentações sobre as agonias de Judá, mas também assegura que a devastação terá um fim.
O capítulo começa falando do ouro de que era puríssimo e que agora estava se escurecendo. Uma referência aos metais, às pedras preciosas e ao rico mobiliário do templo de Salomão, agora destruídos por Nabucodonosor (2Rs 25.9).
Eram os filhos de Sião que eram comparáveis ao ouro puríssimo. O símbolo do ouro é rapidamente transferido para o povo, que era infinitamente mais valioso do que as riquezas do templo. Como "propriedade peculiar" (Ex 19.5), eles eram extremamente preciosos, mas foram tratados como comuns e insignificantes.
Até certos animais, como os chacais e avestruzes, proverbialmente conhecidos pelo descuido para com os filhotes (Jó 39.16) estavam cuidando melhor de seus filhotes do que a filha do seu povo. O tratamento áspero dos filhos por parte dos pais é um tema do capítulo (cf. v. 10), como eco de 2.20, onde as mulheres comem seus próprios filhos por causa da grande fome e desespero.
Os profetas haviam previsto que os ricos e criados de maneira refinada, cairiam repentinamente numa desesperada situação de privação e perigo (Jr. 6.2; Am 4.1-3; 6.1).
Depois de comparados com aqueles animais descuidados com seus filhotes que no entanto cuidavam melhor deles do que a filha de Sião de seus filhos, ele agora estende essa comparação, ou amplia ela, para falar que maior era a sua maldade - a palavra hebraica pode ser traduzida como "punição" ou "maldade", de acordo com o contexto, porque as duas ideias apresentam uma ligação de causalidade – do que a maldade que se praticava à época em Sodoma e Gomorra.
Nesse capítulo, a conexão é forte, uma vez que o extremo sofrimento de Judá é ligado ao seu pecado de modo inquebrantável. A comparação de Jerusalém com Sodoma é notável em razão de seus comparáveis pecado e sentenças decorrentes do julgamento (veja Is 1 .10; cf. a comparação da cidade israelita de Gibeá com Sodoma e Gomorra em Jz 19.22-30.
A impressão que temos nos versos 7 e 8 são de que as descrições físicas desses nobres eram excepcionais, no entanto, agora, devido ao cerco e a fome reinante, a sua aparência perdeu a sua formosura e a sua pele, antes alva e brilhosa, agora se apegava aos ossos de forma que os mortos à espada pareciam mais felizes do que os que estavam sendo atingidos pela fome.
A morte por inanição não era um modo de julgamento instantâneo e sumário, mas de dor prolongada e uma violação da dignidade humana. Era antinatural a maldição de Deus no seu aspecto mais inflexível e duro.
Que tamanha fome era aquela e que tanto despudor se encontrava ali de forma que as mãos das mulheres compassivas era que cozia os seus filhos, imaginem as mãos da mulher não compassiva, da violenta, da ignorante ou de qualquer outra?
O foco volta para a ira de Deus – vs. 11; a explicação, até mesmo para estes males, encontra-se no pecado de Judá.
O verso 12 era possivelmente uma referência à invencibilidade assumida de Sião, reforçada pelo dramático fracasso dos assírios em conquistar a cidade, depois da vitória de Senaqueribe sobre o resto de Judá em 701 a.C. (2Rs 18.13-19.37). Parecia ser algo incabível e impensável que alguém pudesse derrotar Jerusalém por causa de ser ela a capital onde estava o templo do Senhor e nele habitava o Criador.
A explicação do que se sucedia e a causa de sua derrota está clara no verso 13. Por causa do pecado dos seus profetas e das iniquidades dos seus sacerdotes, que derramaram no meio dela o sangue dos justos. O povo, como já explicamos, tinha os profetas que desejavam e não os que precisava por simplesmente rejeitarem ao Senhor.
Os sacerdotes eram os que vagueavam como cegos pelas ruas - vs.14 Eram como cegos nas ruas - Dt 28.28-29 - contaminados com o sangue inocente. Isso é uma referência ao assassinato e ao tornar a cidade impura. Em outros lugares, a frase se refere ao sangue da vítima nas mãos do assassino - Is 59.3. Ironicamente, nesse versículo, o sangue que contamina os cegos é o sangue dos compatriotas mortos.
Eles saiam gritando para se desviarem e que eram imundos e que não podiam ser tocados – vs. 15; Lv 13.45. No entanto, quando fugiram, se cumpriu a maldição de Dt 28.65-66. Foi de fato a ira do Senhor que os espalhou – vs. 16.
Israel e Judá caracteristicamente procuraram auxílio em alianças políticas ao invés de procurá-lo no Senhor – vs. 17; Is 7; 30.1-5; Jr 24.
Eles estavam sendo observados de maneira que não podiam nem andarem pelas ruas. Era o sinal claro de que o fim deles se aproximava veloz. Os seus perseguidores – vs. 19 - eram mais ligeiros que as aves do céu - Jr 4.13. Eram perseguidos sobre os montes e no deserto, lhes esperavam ciladas.
Havia neles uma esperança posta no rei o qual era considerado o seu fôlego, o ungido do Senhor. Uma referência ao último rei davídico, Zedequias, que havia sido deportado de Judá por Nabucodonosor (2Rs 25.7), de sorte que nenhum rei dessa linhagem estava reinando na ocasião em que esse poema foi escrito.
Entretanto, as reformas anteriores de Josias (2Rs 22-23) conquanto religiosas, haviam assegurado a independência de Judá e pareciam confirmar as antigas promessas de Deus a Davi (2Sm 7), deixando a esperança de que um dia Deus restauraria a dinastia davídica, especificamente por meio do justo Renovo de Davi (Jr 23.5-8).
Lm 4:1 Como se escureceu o ouro!
como se mudou o ouro puríssimo!
como estão espalhadas as pedras do santuário
pelas esquinas de todas as ruas!
Lm 4:2 Os preciosos filhos de Sião, comparáveis a ouro puro,
como são agora reputados por vasos de barro,
obra das mãos de oleiro!
Lm 4:3 Até os chacais abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos;
mas a filha do meu povo tornou-se cruel
como os avestruzes no deserto.
Lm 4:4 A língua do que mama fica pegada pela sede ao seu paladar;
os meninos pedem pão, e ninguém lho reparte.
Lm 4:5 Os que comiam iguarias delicadas desfalecem nas ruas;
os que se criavam em escarlata abraçam monturos.
Lm 4:6 Pois maior é a iniqüidade da filha do meu povo
do que o pecado de Sodoma, a qual foi subvertida
como num momento, sem que mão alguma lhe tocasse.
Lm 4:7 Os seus nobres eram mais alvos do que a neve,
mais brancos do que o leite,
eram mais ruivos de corpo do que o coral,
e a sua formosura era como a de safira.
Lm 4:8 Mas agora escureceu-se o seu parecer
mais do que o negrume; eles não são reconhecidos nas ruas;
a sua pele se lhes pegou aos ossos;
secou-se, tornou-se como um pau.
Lm 4:9 Os mortos à espada eram mais ditosos do que os mortos à fome,
pois estes se esgotavam, como traspassados,
por falta dos frutos dos campos.
Lm 4:10 As mãos das mulheres compassivas cozeram os próprios filhos;
estes lhes serviram de alimento na destruição
da filha do meu povo.
Lm 4:11 Deu o Senhor cumprimento ao seu furor,
derramou o ardor da sua ira; e acendeu um fogo em Sião,
que consumiu os seus fundamentos.
Lm 4:12 Não creram os reis da terra,
bem como nenhum dos moradores do mundo,
que adversário ou inimigo pudesse entrar
pelas portas de Jerusalém.
Lm 4:13 Isso foi por causa dos pecados dos seus profetas
e das iniqüidades dos seus sacerdotes,
que derramaram no meio dela o sangue dos justos.
Lm 4:14 Vagueiam como cegos pelas ruas;
andam contaminados de sangue, de tal sorte
que não se lhes pode tocar nas roupas.
Lm 4:15 Desviai-vos! imundo! gritavam-lhes;
desviai-vos, desviai-vos, não toqueis!
Quando fugiram, e andaram, vagueando,
dizia-se entre as nações:
Nunca mais morarão aqui.
Lm 4:16 A ira do Senhor os espalhou;
ele nunca mais tornará a olhar para eles;
não respeitaram a pessoa dos sacerdotes,
nem se compadeceram dos velhos.
Lm 4:17 Os nossos olhos desfaleciam,
esperando o nosso vão socorro.
em vigiando olhávamos para uma nação,
que não podia, livrai.
Lm 4:18 Espiaram os nossos passos,
de maneira que não podíamos andar pelas nossas ruas;
o nosso fim estava perto;
estavam contados os nossos dias,
porque era chegado o nosso fim.
Lm 4:19 Os nossos perseguidores foram mais ligeiros
do que as águias do céu;
sobre os montes nos perseguiram,
no deserto nos armaram ciladas.
Lm 4:20 O fôlego da nossa vida, o ungido do Senhor,
foi preso nas covas deles, o mesmo de quem dizíamos:
Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações.
Lm 4:21 Regozija-te, e alegra-te, ó filha de Edom,
que habitas na terra de Uz;
o cálice te passará a ti também;
embebedar-te-ás, e te descobrirás.
Lm 4:22 Já se cumpriu o castigo da tua iniqüidade, ó filha de Sião;
ele nunca mais te levará para o cativeiro;
ele visitará a tua iniqüidade, ó filha de Edom;
descobrirá os teus pecados.
A inimizade histórica entre Edom e Judá era escandalosa por causa de uma antiga afinidade de sangue, como já tivemos a oportunidade de ver (Edom era outro nome para Esaú, irmão de Jacó; Gn 25.30). Edom regozijou-se com a queda de Jerusalém, mas cairia também – vs. 21; Jr 49.7-22; Am 9.20.
O castigo da sua maldade já estava consumado – vs. 22. Em 3.22, a mesma palavra para "consumar" é traduzida como "consumidos". Por causa de sua misericórdia e compaixão, Deus poria um fim à punição do seu povo e o livraria. Esse, entretanto, não seria o caso com respeito a Edom (Is 40.2; Jr 49.7-22).
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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sábado, 28 de março de 2015

Lamentações 3:1-66 - BOM É O SENHOR PARA OS QUE ESPERAM POR ELE.

Como já enfatizamos, estamos refletindo no livro de Lamentações o qual é composto de cinco poemas distintos que representam os lamentos (tanto da comunidade, quanto do indivíduo) que possuem as seguintes características:
·         Queixas sobre a adversidade.
·         Confissão de confiança.
·         Súplica por livramento.
·         Confiança na resposta de Deus — com frequência incluindo a certeza de que os inimigos e perseguidores iriam, por sua vez, defrontar-se com a sua ira (veja, p. ex., SI 74).
Este livro de Lamentações se propõe a expressar e orientar outros em seus lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônicos. Agora veremos o terceiro capítulo.
III. LAMENTO E CONSOLAÇÃO (3.1-66).
Nesse capítulo, veremos uma pessoa expressando lamento em favor do povo e encontrando alguma consolação. Ele é o terceiro lamento sobre a situação de Jerusalém.
Esse poema recorda as palavras de uma pessoa expressando lamento por toda a comunidade judaica e em benefício dela, e especialmente dos cidadãos de Jerusalém (vs. 22,40-47).
Esse poema de tríades em acróstico é escrito, em sua maior parte, na primeira pessoa do singular.
É possível que tenha sido escrito por Jeremias que tinha do Senhor aquela noção de soberania no qual entendia que nada acontece sem que ele o consinta. Agora entender as circunstâncias estaria além de suas capacidades.
O autor, mesmo sendo Jeremias, acaba sentindo a aflição do juízo de Deus - compare com Jó 19.21, SI 88.7; Jr 15.17-18 – principalmente ao ser afligido pela vara de Deus, ou seja, provavelmente a Babilónia, a nação que estava sendo usada por Deus para executar a sua sentença contra Judá e Jerusalém.
Fora o Senhor que o tinha guiado, mas não na luz, mas em trevas. Compare com Is 9.2 que fala do nascimento e do reino do Príncipe da Paz, onde o povo que andava nas trevas viu grande luz. As trevas aqui são certamente uma metáfora para a angústia que resultou do julgamento de Deus, enquanto luz significava o oposto — salvação e bênção. Compare também com Am 5.18.
Percebe-se, nos versos seguintes, como o autor enfatiza, o seu sofrimento que o afetou de diversas formas, atingindo sua estrutura física, sua pele e os seus ossos. Vemos a descrição do sofrimento físico, talvez em razão de uma idade avançada ou de uma doença (veja Jó 13.28; Is 38.13).
Os sofrimentos e males da vida são tão extremos para o orador que ele retrata a sua experiência como sendo parecida com a própria morte.
Não podemos esquecer que o lamento é específico para a situação específica que estavam todos vivendo em juízo por haverem rejeitado a Deus que tanto os avisou e deu oportunidades para não entrarem nessa situação.
Para maiores dados sobre o conceito da morte como uma existência de sombras, a BEG nos recomenda ver Jó 3.11-19; Is 14.18 e seguintes. Conceitos semelhantes de morte são expressos em SI 6.5; 115.17. Outras passagens do Antigo Testamento oferecem esperança que transcende a morte física (SI 49.15; 73.24).
A narrativa de sua dor tem continuidade. De forma muito intensa e progressiva até o verso 17. Podemos ter um paralelo dessa aflição no Sl 88 que fala do lamento de um atribulado, um salmo dos filhos de Corá. Era um salmo didático de Hemã, ezraíta. É também considerado a mais sombria de todas as lamentações do saltério.
Podemos perceber também que as aflições que se sucediam ao autor e que eram narradas em detalhas, fora aquilo que já fora anunciado outrora que haveria de acontecer se o povo não se arrependesse. Os maus tratos sofridos pelo poeta nas mãos do povo tornam-se, ironicamente, parte do quadro de angústia mediante o qual ele retrata o sofrimento do povo (3.1-66).
O resultado de tanto sofrimento era o afastamento da paz – vs. 17. A paz e prosperidade resumiam as bênçãos da aliança; ambos estão ausentes da cena nesse momento.
Por conta disso, ele diz ter perecido a sua glória, ou seja, a sua esperança no SENHOR. Era de fato uma expressão absoluta de desesperança.
Então ele apela para a oração e ora a Deus para que se lembre da sua situação cuja alma estava cada vez mais angustiada. A experiência pessoal do poeta é uma lembrança da memória corporativa das antigas misericórdias pactuais de Deus. Ele sabia e conhecia o seu Deus, mas a sua situação presente era de muita dor.
Memórias que haviam desanimado o escritor (v. 19) agora o encorajam (veja SI 77.3-9,10-15). Do ponto de vista da desesperança, a recordação da devoção anterior de Deus a seu povo trazia nova esperança.
O que ele quer trazer à memória que lhe daria esperança é a palavra de Deus a qual eles haviam rejeitado e seguido os seus próprios caminhos de trevas, de dores e de angústias, como se via ali.
A verdadeira esperança nasce da palavra de Deus por que ele a falou!
A forma de lamento geralmente inclui momentos decisivos nos quais a rejeição de Deus dá lugar à confiança. O poeta expressa a sua confiança de que o amor de Deus pelo seu povo confortaria aqueles que experimentaram a queda de Jerusalém. Por mais difícil que a situação tivesse se tornado, Deus não deixaria de mostra amor ao seu povo arrependido.
Dos versos 22 em diante a situação agora é outra. O lamento fica para trás como necessário e importante, mas o que os motiva agora são as misericórdias do Senhor.
Frequentemente traduzido como "amor imutável", a característica central de Deus, expressada aqui em seu relacionamento de aliança com Israel. O termo descreve o seu zelo pelo seu povo.
O zelo pactual de Deus é aliado à sua compaixão, um termo para o profundo sentimento de Deus que se expressa em misericórdia e bênção. A ira de Deus contra o seu povo terminaria porque a sua compaixão pelo seu remanescente não poderia ter fim (cf. 4.22; Os 11.8).
O amor de Deus se manifestaria na nova aurora da salvação (SI 90.14; MI 4.2; Lc 1.72), por isso que seria grande a sua fidelidade, um termo para a incondicional confiabilidade de Deus — o que o torna digno da nossa confiança (veja Hc 2.4).
Agora o Senhor seria a sua porção e nele esperaria. Essa expressão relembra a distribuição dos territórios às tribos israelitas (Nm 26.53ss.). Os sacerdotes e levitas que não possuíam terra, tinham o Senhor como a sua porção (Nm 18.20 ss.). Embora Deus tenha distribuído porções da Terra Prometida para o seu povo, eles não deveriam nunca permitir que essa herança substituísse o zelo e o amor pessoal ao próprio Deus.
O movimento amoroso de Deus em direção ao seu povo exige o movimento correspondente deste para com ele (veja 1Cr 28.9). A tríplice bondade (vs. 25, 26 e 27) apresentada aqui tem a sua correspondente contrapartida humana. A experiência da bondade não pode ser separada de buscar, aguardar em silêncio (v. 26) e suportar provações e sofrimento enquanto jovem (v. 27).
1.      Bom é o Senhor – Devemos esperar por ele, o Senhor.
2.      Bom é ter esperança – Devemos aguardar em silêncio a salvação de Deus.
3.      Bom é suportar o jugo – Devemos suportar provações e sofrimentos.
Dos versos 28 ao 30, vemos uma exortação para suportar o sofrimento, especialmente à luz da afirmação contida no. vs. 31-33. A humilhação de Israel prefigurava a de Cristo, o qual voluntariamente tomou sobre si o justo julgamento de Deus contra o seu povo (Is 50.60; Mt 26.27). Jesus aludiu a essa passagem em seus ensinos (Nm 5.39; Lc 6.29).
Uma vez que Deus é compassivo, a experiência de sua ira por parte do seu povo deve ser de curta duração (SI 30.5; Is 54.7; Os 6.1). A compaixão de Deus não pode ser separada do seu amor inabalável (3.22).
A implicação era de que Deus não aprovaria que tais calamidades se abatessem sobre o seu povo (veja Jó 8.3). Entretanto, Deus havia aprovado exatamente essas tragédias por causa do desvio às suas leis, como narrados nos vs. 34-36. Não veria o Senhor tais absurdos?
Tudo o que acontece é pela Palavra de Deus — tanto a calamidade como a bênção (Is 45.7; Am 3.6), no entanto, jamais Deus vilipendia o homem ou o manipula, antes este faz as suas péssimas escolhas que resultam, obviamente, em péssimas consequências.
Por isso – vs. 39 – que os homens devem se queixar de seus próprios pecados. Embora tenha sido terrível, o julgamento de Deus foi indiscutivelmente merecido como resultado do pecado (2.20-22).
Por trás de toda queixa humana há um pecado. Não somos “tadinhos”, mas vermezinhos, monstrinhos terríveis, enganosos e cheios de astúcias – Ec 7:29.
O orador usa a terceira pessoa do plural ao longo de toda essa seção que compreende os versos de 40 a 47. Uma vez que o capítulo todo é um discurso unificado, ou outras pessoas juntam-se a ele nos vs. 1-39, ou ele convida outros para juntarem-se a ele e fala sozinho em favor deles.
Ele começa essa seção com um chamado ao arrependimento e reconhecimento do pecado.
Há o reconhecimento de suas transgressões, de suas rebeldias e da firmeza de Deus em não perdoá-los – vs. 42. Essa afirmação inesperada poderia ser uma aquiescência à justiça de Deus recusando-se a perdoar. Os versículos seguintes sugerem a possibilidade de que todo o discurso seja um queixume induzido pelo pensamento de que Judá merecia o seu sofrimento (v. 39).
Eles foram perseguidos, mortos, suas orações impedidas para, como escória e refugo, serem colocados bem no meio dos povos – vs. 43-45. Isso era um contraste com as ações de Deus no êxodo, quando se achava irado a favor de Israel e matou os egípcios. Essa foi uma ocasião em que a nuvem foi um sinal do seu favor, quando Israel era precioso aos seus olhos dentre as nações. Compare com 2.1 onde as nuvens os escondem e não os protegem. E assim, os seus inimigos abriram as suas bocas contra eles e o temor, a cova e o laço vieram sobre eles trazendo assolação e grande destruição.
O escritor se volta para a primeira pessoa do singular – vs. 48 - para falar da estreita relação entre a sua própria dor e a angústia do seu povo, onde não cessa o choro e a dor - linguagem familiar de lamento (veja SI 6.6; 42.3; Jr 9.11) – até que o Senhor atenda e veja lá do céu – vs. 50.
Apesar de tudo, o profeta aguarda no Senhor e a ele dirige as suas orações e lamentos certos de que encontrará o coração do Senhor que pleiteará a sua causa e o livrará. (SI 35.9; Jo 15.25; SI 28.1; 88.6; Jr 38.6; SI 30.1; Jn 2.2-7).
Nesse ponto crucial do lamento – vs. 56 -, o poeta expressou a certeza de que o Senhor tinha ouvido a sua oração (SI 6.8-10). Dele tinha se aproximado e lhe dito para não temer – Is 40-55; Mc 6:50. Ele confirma sua esperança de que o Senhor pleiteou a sua causa e remiu a sua alma. Jeremias estava inocente e de diversas formas fora injustiçado.
Lm 3:1 Eu sou o homem que viu a aflição causada pela vara do seu furor.
Lm 3:2 Ele me guiou e me fez andar em trevas e não na luz.
Lm 3:3 Deveras fez virar e revirar a sua mão contra mim o dia todo.
Lm 3:4 Fez envelhecer a minha carne e a minha pele; quebrou-me os ossos.
Lm 3:5 Levantou trincheiras contra mim, e me cercou de fel e trabalho.
Lm 3:6 Fez-me habitar em lugares tenebrosos,
como os que estavam mortos há muito.
Lm 3:7 Cercou-me de uma sebe de modo que não posso sair;
agravou os meus grilhões.
Lm 3:8 Ainda quando grito e clamo por socorro, ele exclui a minha oração.
Lm 3:9 Fechou os meus caminhos com pedras lavradas,
fez tortuosas as minhas veredas.
Lm 3:10 Fez-se-me como urso de emboscada, um leão em esconderijos.
Lm 3:11 Desviou os meus caminhos, e fez-me em pedaços; deixou-me desolado.
Lm 3:12 Armou o seu arco, e me pôs como alvo à flecha.
Lm 3:13 Fez entrar nos meus rins as flechas da sua aljava.
Lm 3:14 Fui feito um objeto de escárnio para todo o meu povo,
e a sua canção o dia todo.
Lm 3:15 Encheu-me de amarguras, fartou-me de absinto.
Lm 3:16 Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes, cobriu-me de cinza.
Lm 3:17 Alongaste da paz a minha alma; esqueci-me do que seja a felicidade.
Lm 3:18 Digo, pois: Já pereceu a minha força,
como também a minha esperança no Senhor.
Lm 3:19 Lembra-te da minha aflição e amargura, do absinto e do fel.
Lm 3:20 Minha alma ainda os conserva na memória, e se abate dentro de mim.
Lm 3:21 Torno a trazer isso à mente, portanto tenho esperança.
Lm 3:22 A benignidade do Senhor jamais acaba,
as suas misericórdias não têm fim;
Lm 3:23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
Lm 3:24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
Lm 3:25 Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
Lm 3:26 Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.
Lm 3:27 Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
Lm 3:28 Que se assente ele, sozinho, e fique calado,
porquanto Deus o pôs sobre ele.
Lm 3:29 Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.
Lm 3:30 Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.
Lm 3:31 Pois o Senhor não rejeitará para sempre.
Lm 3:32 Embora entristeça a alguém, contudo terá compaixão
segundo a grandeza da sua misericórdia.
Lm 3:33 Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens.
Lm 3:34 Pisar debaixo dos pés a todos os presos da terra,
Lm 3:35 perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo,
Lm 3:36 subverter o homem no seu pleito, não são do agrado do senhor.
Lm 3:37 Quem é aquele que manda, e assim acontece,
sem que o Senhor o tenha ordenado?
Lm 3:38 Não sai da boca do Altíssimo tanto o mal como o bem?
Lm 3:39 Por que se queixaria o homem vivente,
o varão por causa do castigo dos seus pecados?
Lm 3:40 Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los,
e voltemos para o Senhor.
Lm 3:41 Levantemos os nossos corações com as mãos para Deus no céu dizendo;
Lm 3:42 Nós transgredimos, e fomos rebeldes, e não perdoaste,
Lm 3:43 Cobriste-te de ira, e nos perseguiste; mataste, não te apiedaste.
Lm 3:44 Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração.
Lm 3:45 Como escória e refugo nos puseste no meio dos povos.
Lm 3:46 Todos os nossos inimigos abriram contra nós a sua boca.
Lm 3:47 Temor e cova vieram sobre nós, assolação e destruição.
Lm 3:48 Torrentes de águas correm dos meus olhos,
por causa da destruição da filha do meu povo.
Lm 3:49 Os meus olhos derramam lágrimas,
e não cessam, sem haver intermissão,
Lm 3:50 até que o Senhor atente e veja desde o céu.
Lm 3:51 Os meus olhos me afligem, por causa de todas as filhas da minha cidade.
Lm 3:52 Como ave me caçaram os que, sem causa, são meus inimigos.
Lm 3:53 Atiraram-me vivo na masmorra, e lançaram pedras sobre mim.
Lm 3:54 Águas correram sobre a minha cabeça; eu disse: Estou cortado.
Lm 3:55 Invoquei o teu nome, Senhor, desde a profundeza da masmorra.
Lm 3:56 Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro,
ao meu clamor.
Lm 3:57 Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.
Lm 3:58 Pleiteaste, Senhor, a minha causa; remiste a minha vida.
Lm 3:59 Viste, Senhor, a injustiça que sofri; julga tu a minha causa.
Lm 3:60 Viste toda a sua vingança, todos os seus desígnios contra mim.
Lm 3:61 Ouviste as suas afrontas, Senhor, todos os seus desígnios contra mim,
Lm 3:62 os lábios e os pensamentos dos que se levantam contra mim o dia todo.
Lm 3:63 Observa-os ao assentarem-se e ao levantarem-se; eu sou a sua canção.
Lm 3:64 Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos.
Lm 3:65 Tu lhes darás dureza de coração, maldição tua sobre eles.
Lm 3:66 Na tua ira os perseguirás, e os destruirás
de debaixo dos teus céus, ó Senhor.
Os vs. 58-66 discutem o tema bíblico da defesa do inocente, uma questão cabalmente cumprida em Cristo. Veja Jr 50.34 onde o Senhor, Redentor de Judá, pleiteou a causa do seu povo.
Finalmente, o profeta, também poeta, clama por vingança contra os seus inimigos. Na verdade o clamor vai mais além, atingindo também todos os ímpios que no seu devido tempo serão todos exterminados.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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sexta-feira, 27 de março de 2015

UM PONTO NEGRO NO MEIO DA FOLHA.

Certo professor entrou na sala de aula. 

Disse aos alunos para se prepararem para uma prova relâmpago. Todos ficaram assustados. O professor, como de costume, entregou a prova virada para baixo.  

Quando puderam ver, para surpresa de todos, não havia uma só pergunta. Havia apenas um ponto negro no meio da folha. 

O professor, analisando a expressão surpresa de todos, disse: Agora vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo. Os alunos confusos começaram a difícil tarefa. Terminado o tempo, o professor recolheu as folhas... 

Colocou-se em frente à turma e começou a ler as redações em voz alta. Todas, sem exceção, definiram o ponto negro...Tentando dar explicações por sua presença no centro da folha. Após ler todas, a sala em silêncio, ele disse: 

Esse teste não será para nota, apenas serve de lição. Ninguém falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções no ponto negro.Assim acontece em nossas vidas. Temos uma folha em branco inteira para observar, aproveitar... Mas, sempre nos centralizamos nos pontos negros. 

A vida é um presente de DEUS... Dado a cada um de nós com extremo carinho e cuidado. Temos motivos pra comemorar sempre. A natureza que se renova.

Os amigos que se fazem presentes...O emprego que nos dá sustento...Os milagres que diariamente presenciamos.No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro.O problema de saúde que nos preocupa...A falta de dinheiro...O relacionamento difícil com um familiar...A decepção com as pessoas.

Os pontos negros são mínimos... Comparando com tudo aquilo que recebemos diariamente.Mas, são eles que povoam nossa mente. 

Pense nisso: Tire os olhos dos pontos negros da sua vida! Aproveite cada bênção, cada momento que Deus lhe dá. tranquilize-se e seja feliz...
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Lamentações 2:1-22 - A IRA DO SENHOR CONTRA JUDÁ.

Estamos refletindo no livro de Lamentações o qual é composto de cinco poemas distintos que representam os lamentos (tanto da comunidade, quanto do indivíduo) que possuem as seguintes características:
·         Queixas sobre a adversidade.
·         Confissão de confiança.
·         Súplica por livramento.
·         Confiança na resposta de Deus — com frequência incluindo a certeza de que os inimigos e perseguidores iriam, por sua vez, defrontar-se com a sua ira (veja, p. ex., SI 74).
Este livro se propõe a expressar e orientar outros em seus lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônicos. Agora veremos o segundo capítulo.
II. A ira do Senhor contra Judá (2.1-22)
Nesse capítulo, veremos a ira de Deus contra Judá. Ele é o segundo lamento sobre a situação de Jerusalém. Enfoca o julgamento e a ira de Deus contra a nação.
Ele começa dizendo que cobriu de nuvens a sua ira, ou seja, faz uma referência à nuvem de glória que pairava sobre Jerusalém, dessa vez em ira, em vez de proteção (Is 4.5; Ez 1).
Com a sua ira, não veio a lembrança do que estaria sob o escabelo de seus pés, isto é, não agiu em benefício da cidade. Surpreendente para Judá, a promessa de Deus a Davi parecia estar invalidada (Sl 89, especialmente os vs. 38-51). O que estaria sob o escabelo de seus pés, ou sob o estrado de seus pés? Seria uma imagem que descreve a arca da aliança (1 Cr 28.2; SI 132.7) e Sião (SI 99.5,9; veja também Is 66.1, onde a imagem se refere também a Jerusalém).
Isaías havia garantido a proteção de Deus a Sião (p. ex., 37.35), e Judá havia se comportado como se essa promessa fosse incondicional, esquecendo-se de sua obrigação de guardar a aliança com Deus.
O Senhor devorou, sem piedade, todas as moradas de Jacó e suas fortalezas, ou seja, a destruição das cidades de Judá representou a maldição de Deus sobre a sua infidelidade (Lv 26.31,33). Ele as abateu até ao pó e tratou como profanos, o reino e seus príncipes.
Judá perdeu sua força e prosperidade (contraste com o v. 17; Sm 2.1) e não pode ser páreo ao arco entesado do Senhor que sobre ela derramou o seu furor. O seu alvo eram os profetas, Judá (e Israel) (cf. Os 5.10; veja Jr 6.11; 7.20). Esse verso 4 é uma metáfora da guerra santa, mais frequentemente usada com referência ao julgamento de Deus sobre as nações (SI 69.24).
Deus usou os inimigos de Judá como seus instrumentos para proferir julgamento contra o seu desobediente povo da aliança (cf. 1.15). Ele multiplicou na filha de Judá - sinónimo de "Filha de Sião" – o pranto e a lamentação.
Nada escapou da destruição. Nem o seu tabernáculo, nem o lugar de sua congregação, nem o templo, nem o altar ou mesmo o seu santuário. O julgamento de Deus destruiu não apenas o lugar da sua morada, mas o meio pelo qual Israel se aproximava dele em adoração. Os gritos dos inimigos triunfantes substituíram os gritos das assembleias em adoração.
Eles até achavam que por causa das coisas sagradas que eles tinham em especial e diferentemente de todas as outras nações e povos, eles estariam protegidos como se fosse tudo aquilo um amuleto forte contra todo mal, no entanto, se esqueceram do principal, da aliança com seu Deus. De nada valia tudo aquilo sem qualquer compromisso com Deus.
Como se fazendo um levantamento da cidade para destruição (cf. Is 34.11; Am 7.7ss.), o Senhor estendeu o seu cordel – vs. 8 – sobre o muro da filha de Sião abalando todas as suas estruturas e rompendo todas as suas defesas.
Como o rei e o povo haviam sido exilados e viviam em servidão, eles não tinham mais possibilidade de observar muitos mandamentos da lei. A lei em si não havia sido anulada (cf. Mt 5.17-19), mas essa situação contingencial fazia com que não somente a lei, mas também as visões e os profetas, estivessem todos destruídos. Não apenas o templo foi destruído, mas a visão profética também havia cessado (veja 1Sm 3.1; Jr 8.8-10; 18.18).
Em profundo lamento – vs. 10 – estavam os anciãos da filha de Sião calados e com pós sobre as suas cabeças, cingidos de cilicio. Era essa uma descrição de lamento típica do Antigo Testamento (1.4; Jó 2.12ss.).
O profeta também se expressa com lágrimas consumindo os seus olhos, numa expressão clara da empatia do profeta pela agonia do povo de Deus (cf. Jr 4.19; 9; Mq 1.8), onde até desfalecem os meninos e crianças de peito. Essas imagens de devastação focalizam as crianças em sofrimento e morrendo (cf. v. 20).
Diante de tanta desgraça ao se desfalecerem e ao verem seus corpos mortos e atirados no chão como sementes, eles perguntam onde está o trigo e o vinho, ou o sustento e a alegria?
À vista de todas essas coisas o que poderia ser dito? Ou, que poderei dizer em seu benefício? Ou, o que poderei dizer sobre as calamidades suportadas por Judá?  
Eles tinham crido nas visões falsas dos falsos profetas. Falsas profecias haviam sido e continuavam a ser uma questão decisiva na história de Israel (p. ex., Dt 18.21ss.; Jr 5.12ss.; 23.9-40; 28). O que fazer então, se há falsos profetas? O fato é que esses profetas falsos foram enviados por causa da grande procura deles por haverem rejeitado ao Senhor que lhes falava de dia e de noite, mas não era ouvido.
Agora – vs. 15 – a desgraça deles era a alegria de toda a terra. A beleza do lugar escolhido de Deus é descrita de modo extravagante (veja SI 48.2; 50.2) por aqueles que zombavam da ruína e da agonia de Jerusalém.
Deus (vs. 2,5) usou os inimigos de Judá para exercer julgamento contra o seu povo desobediente. As nações erroneamente atribuíram a vitória à sua própria força.
Os propósitos de julgamento de Deus já haviam sido declarados há muito tempo nas maldições da aliança (veja Lv 26.23-39; Dt 28.15-68); Deus havia cumprido a sua palavra (vs. 3).
Agora o coração de Jerusalém clama ao Senhor reconhecendo Deus como a verdadeira muralha que deveria ser invocada nessas horas – vs.17. A muralha é personificada; o símbolo da força da cidade é convocado para chorar pelo sofrimento do seu povo. O impacto dessa imagem é intensificado pela ironia de que a muralha construída para proteger a cidade era inútil e não podia fazer nada, a não ser chorar. Já o Senhor, sim, esse seria uma muralha a qual tinham desprezado.
Embora já sofrendo grande mal, deveriam orar e buscar ao Senhor e clamarem de dia e de noite - Dt 28.67. Clamarem desesperadamente pelos seus filhinhos – vs. 19.
Hão de as mulheres comer o fruto de si mesmas – vs. 20? O tema do sofrimento alcança aqui o seu clímax no repugnante canibalismo praticado dentro das famílias judaicas (Jr 19.9). O poeta está chocado não apenas pela depravação das mulheres judaicas comendo os próprios filhos, mas, também, pela disposição de Deus em mandar maldição tão extrema sobre Judá. O poder desse apelo a Deus é enfatizado quando o próprio relacionamento paternal de Deus com o seu povo escolhido é considerado.
Tanto o moço e o velho eram alvos da destruição, da tragédia da morte na juventude ou no apogeu da vida em oposição à bênção de atingir uma idade avançada (Jó 42.17). Foram todos mortos no dia da ira; foram trucidados sem misericórdia.
Calamidades, em vez de celebrações, afluem à cidade. As metáforas do terror banqueteando-se sobre Jerusalém retomam as imagens de canibalismo (v. 19) e do povo de Deus sendo devorado (vs. 2,5,16).
Era esse o dia da ira de Deus. O poema termina onde começou, sem alívio do quadro sombrio.
Lm 2:1 Como cobriu o Senhor de nuvens na sua ira a filha de Sião!
derrubou do céu à terra a glória de Israel,
e no dia da sua ira não se lembrou do escabelo de seus pés.
Lm 2:2 Devorou o Senhor sem piedade todas as moradas de Jacó;
derrubou no seu furor as fortalezas da filha de Judá;
abateu-as até a terra.
Tratou como profanos o reino e os seus príncipes.
Lm 2:3 No furor da sua ira cortou toda a força de Israel;
retirou para trás a sua destra de diante do inimigo;
e ardeu contra Jacó, como labareda de fogo
que tudo consome em redor.
Lm 2:4 Armou o seu arco como inimigo,
firmou a sua destra como adversário,
e matou todo o que era formoso aos olhos;
derramou a sua indignação como fogo
na tenda da filha de Sião.
Lm 2:5 Tornou-se o Senhor como inimigo;
devorou a Israel, devorou todos os seus palácios,
destruiu as suas fortalezas,
e multiplicou na filha de Judá o pranto
e a lamentação.
Lm 2:6 E arrancou a sua cabana com violência,
como se fosse a de uma horta;
destruiu o seu lugar de assembléia;
o Senhor entregou ao esquecimento em Sião
a assembléia solene e o sábado;
e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo
o rei e o sacerdote.
Lm 2:7 Desprezou o Senhor o seu altar,
detestou o seu santuário;
entregou na mão do inimigo os muros dos seus palácios;
deram-se gritos na casa do Senhor,
como em dia de reunião solene.
Lm 2:8 Resolveu o Senhor destruir o muro da filha de Sião;
estendeu o cordel, não reteve a sua mão de fazer estragos;
fez gemer o antemuro e o muro;
eles juntamente se enfraquecem.
Lm 2:9 Sepultadas na terra estão as suas portas;
ele destruiu e despedaçou os ferrolhos dela;
o seu rei e os seus príncipes estão entre as nações;
não há lei;
também os seus profetas não recebem visão alguma
da parte do Senhor.
Lm 2:10 Estão sentados no chão os anciãos da filha de Sião,
e ficam calados; lançaram pó sobre as suas cabeças;
cingiram sacos; as virgens de Jerusalém abaixaram
as suas cabeças até o chão.
Lm 2:11 Já se consumiram os meus olhos com lágrimas,
turbada está a minha alma,
o meu coração se derrama de tristeza
por causa do quebrantamento da filha do meu povo;
porquanto desfalecem os meninos
e as crianças de peito pelas ruas da cidade.
Lm 2:12 Ao desfalecerem, como feridos, pelas ruas da cidade,
ao exalarem as suas almas no regaço de suas mães,
perguntam a elas:
Onde está o trigo e o vinho?
Lm 2:13 Que testemunho te darei, a que te compararei,
ó filha de Jerusalém?
A quem te assemelharei, para te consolar,
ó virgem filha de Sião?
pois grande como o mar é a tua ferida;
quem te poderá curar?
Lm 2:14 Os teus profetas viram para ti visões falsas e insensatas;
e não manifestaram a tua iniqüidade,
para te desviarem do cativeiro;
mas viram para ti profecias vãs
e coisas que te levaram ao exílio.
Lm 2:15 Todos os que passam pelo caminho batem palmas contra ti;
eles assobiam e meneiam a cabeça sobre a filha de Jerusalém,
dizendo:
E esta a cidade que denominavam a perfeição da formosura,
o gozo da terra toda?
Lm 2:16 Todos os teus inimigos abrem as suas bocas contra ti,
assobiam, e rangem os dentes; dizem:
Devoramo-la;
certamente este e o dia que esperávamos;
achamo-lo, vimo-lo.
Lm 2:17 Fez o Senhor o que intentou;
cumpriu a sua palavra, que ordenou
desde os dias da antigüidade;
derrubou, e não se apiedou;
fez que o inimigo se alegrasse por tua causa,
exaltou o poder dos teus adversários.
Lm 2:18 Clama ao Senhor, ó filha de Sião;
corram as tuas lágrimas, como um ribeiro, de dia e de noite;
não te dês repouso, nem descansem os teus olhos.
Lm 2:19 Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias;
derrama o teu coração como águas diante do Senhor!
Levanta a ele as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos,
que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas.
Lm 2:20 Vê, ó Senhor, e considera a quem assim tens tratado!
Acaso comerão as mulheres o fruto de si mesmas,
as crianças que trazem nos braços?
ou matar-se-á no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta?
Lm 2:21 Jazem por terra nas ruas o moço e o velho;
as minhas virgens e os meus jovens vieram a cair à espada;
tu os mataste no dia da tua ira;
trucidaste-os sem misericórdia.
Lm 2:22 Convocaste de toda a parte os meus terrores,
como no dia de assembléia solene;
não houve no dia da ira do Senhor
quem escapasse ou ficasse;
aqueles que eu trouxe nas mãos e criei,
o meu inimigo os consumiu.
Podemos ver quão terrível foi a situação de Judá, de Jerusalém, de Israel e de todo o povo de Deus no dia da ira de Deus. Por haverem rejeitado a Deus, conseguiram para si profetas que lhes atendeu o seu ventre com mensagens vindas do inferno para infernizarem as suas próprias vidas.
Se há no mundo atual, século XXI, alguma ordem e decência e progresso, isso é por causa da grande graça e misericórdia de um Deus paciente. A história também registra que não devemos abusar disso.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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