Começaremos agora a oitava parte, de nossa
divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada
pela BEG. Estamos no capítulo 16.
VIII. SÍMBOLOS DO JULGAMENTO VINDOURO (16.1-17.18).
De 16:1 a 17:18, veremos a vida solitária
do profeta, figura do povo; o pecado e a sua força enganadora que destrói;
Jeremias clamando a Deus que o socorra contra os seus inimigos e a santificação
do sábado.
Dividiremos esta parte VIII em duas: A.
Atos simbólicos – 16:1-18 (estaremos vendo os símbolos do julgamento vindouro,
onde Jeremias será proibido de participar de algumas atividades normais a fim
de simbolizar o julgamento vindouro); e, B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18
(sua oração e a resposta de Deus fazem um contraste nítido entre o destino
daqueles que confiam em seres humanos e daqueles que confiam em Deus.
A. Atos simbólicos – 16:1-18.
Deus ordena nesses 18 versículos que
Jeremias não se case nem compareça a funerais e banquetes a fim de simbolizar a
iminência e a severidade do julgamento vindouro.
O capítulo começa, como de praxe, dizendo
que a palavra do Senhor veio a ele Jeremias e que portanto exige uma resposta
de quem ouve e uma grande responsabilidade de quem a pronuncia em nome do
Senhor.
A palavra de Deus para Jeremias é forte e
contundente: não terás nem mulher, nem filhos nesse lugar. A proibição é
relacionada exclusivamente ao papel de Jeremias como prenunciador do destino de
Judá. Seu celibato implica que não terá filhos (veja 1Co 7.26) naquele lugar. A
falta de filhos do profeta serve de sinal, especialmente para Judá e Jerusalém.
A falta de filhos indica que a geração
seguinte não tem futuro. No entanto a palavra é muito dura, pois do que
adiantaria gerá-los se o destino deles já estaria selado e seria tão cruel e
terrível?
O que esperar de quem quebrasse a ordem de
não casar, nem ter filhos? A morte por meio de enfermidades dolorosas, o não
pranteamento nem o sepultamento e ainda o uso do corpo como esterco e alimento
das aves dos céus e dos animais da terra.
Era costume prolongar o velório pelo
oferecimento de refeições àqueles que compareciam à cerimônia de sepultamento,
mas Jeremias fora proibido de participar, de entrar na casa que estivesse em
luto uma vez que o Senhor não estaria ali e deles teria tirado a sua paz,
benignidade e misericórdia.
O que somos nós sem a paz, a benignidade e
a misericórdia de nosso Deus? Deus nos dá gratuitamente de sua graça, mas se
formos rebeldes à sua palavra, estaremos em sérios apuros, como esses que estariam
ousando desobedecer a palavra de Deus pronunciada no verso 2.
O fato é que a palavra seria cumprida e
eles morreriam. As proibições ainda continuam nos versos 7 e 8, ambas bem
categóricas para não deixar qualquer margem de dúvidas. Não se dará pão aos que
estiverem de luto, nem se lhes daria a beber do copo de consolação, uma
declaração relacionada a um costume de luto, talvez referente especificamente à
morte de um dos pais. Também não seria permitido entrar na casa do banquete
para com eles se assentar e comer. A terceira proibição simboliza o fato de
Judá não se encontrar num período de sua historia em que tinha motivos para
celebrar.
No verso 9, Deus – aqui enfatizado como o
Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel - faria cessar a voz de gozo e o canto
do noivo e o da noiva, os quais são sons típicos de um período de paz e
esperança (veja Mt 24.38-39; cf. Jr 33.10-11; veja também 7.34).
A palavra a ser pregada era duríssima e
intragável, mas Jeremias era homem de Deus e profeta que temia mais a Deus do
que aos homens. Seria natural que quando pregasse houvesse indagações da grande
dureza da palavra e o questionamento de qual seria o pecado ou a iniquidade
deles.
No verso 11, Deus orienta o profeta sobre o
que responder. A resposta estava relacionada ao comportamento maligno de seus
pais que se desviaram do Senhor ondo após outros deuses e imitando as nações ao
seu redor com práticas abomináveis e contrárias às leis de Deus.
Mas o pecado não estava apenas nos pais,
mas nos filhos, pois estes se tornaram rebeldes e duros de coração a ponto de
não darem ouvidos à voz do Senhor e assim o rejeitarem, não semelhantemente aos seus pais, mas priores
do que eles.
Embora a geração presente compartilhasse da
culpa de seus antepassados (14.20), também era responsável pelos seus próprios
pecados (31.29-30; Ez 18.2-4).
Em consequência disso, o Senhor promete que
os lançaria para fora desta terra. Ou seja, mandando o povo para o exílio (veja
Dt 28.36,64) onde iriam servir a outros deuses de dia e de noite, porque não
usará Deus de misericórdia para com eles. Apesar de se tratar de um castigo
apropriado para os seus crimes, o povo finalmente descobriria a futilidade da
idolatria.
O profeta contrasta o louvor a Deus pela
sua misericórdia no passado ao tirar Israel do cativeiro do Egito com o louvor
ainda maior que o Senhor receberia depois que libertasse o seu povo do exílio.
Esse regresso à Terra Prometida seria maior
do que a primeira volta nos dias de Moisés, apesar de Jeremias não apresentar
ainda os detalhes dessa afirmação. Mais adiante ele especifica que na restauração
ideal, o povo nunca mais voltaria a cair em pecado (31.31-34).
O Senhor anuncia o terrível castigo, mas
faz uma promessa quanto ao futuro mais distante de que viria dias em que não
mais se diria que vive o Senhor que nos tirou do Egito, mas vive o Senhor que
nos tirou da Babilônia. É uma referência a um futuro relativamente distante,
quando a restauração ocorreria. A perspectiva imediata, porém, era de exílio.
No verso 16, uma linguagem que retrata Judá
como uma presa do Senhor. Eles seriam pescados, seriam caçados, seria mesmo impossível
fugir (23.24; Is 2 19) uma vez que os olhos daquele que tudo vê estavam postos
sobre eles e bem assim todos os seus caminhos e, pior, todas as suas
iniquidades.
Desta forma, cada um seria retribuído conforme
o dobro da sua iniquidade. (17.18; Is 40.2.). O exílio, então, seria um castigo
apropriado para os pecados do povo.
B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18.
Deste verso 19 até 17.18, estaremos vendo
as orações e as respostas. Essa passagem começa e termina com orações de
Jeremias (16.19-20; 17.12-18) que emolduram a resposta de Deus (16.21-17.11).
Jr 16:1 E veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo:
Jr
16:2 Não tomarás a ti mulher,
nem
terás filhos nem filhas neste lugar.
Jr
16:3 Pois assim diz o Senhor acerca dos filhos e das filhas
que
nascerem neste lugar,
acerca
de suas mães, que os tiverem,
e
de seus pais que os gerarem nesta terra:
Jr
16:4 Morrerão de enfermidades dolorosas,
e
não serão pranteados nem sepultados;
serão
como esterco sobre a face da terra;
pela
espada e pela fome serão consumidos,
e
os seus cadáveres servirão de pasto para
as
aves do céu e para os animais da terra.
Jr
16:5 Pois assim diz o Senhor:
Não
entres na casa que está de luto,
nem
vás a lamentá-los,
nem
te compadeças deles;
porque
deste povo, diz o Senhor,
retirei
a minha paz, benignidade e misericórdia.
Jr
16:6 E morrerão nesta terra tanto grandes como pequenos;
não
serão sepultados, e não os prantearão,
nem
se farão por eles incisões,
nem
por eles se raparão os cabelos;
Jr
16:7 nem pão se dará aos que estiverem de luto,
para
os consolar sobre os mortos;
nem
se lhes dará a beber o copo da consolação
pelo
pai ou pela mãe.
Jr
16:8 Não entres na casa do banquete,
para
te assentares com eles a comer e a beber.
Jr
16:9 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Eis
que perante os vossos olhos, e em vossos dias,
farei
cessar deste lugar a voz de gozo e a voz de alegria,
a
voz do noivo e a voz da noiva.
Jr
16:10 E quando anunciares a este povo todas estas palavras,
e
eles te disserem:
Por
que pronuncia o Senhor sobre nós
todo
este grande mal?
Qual
é a nossa iniquidade?
Qual
é o pecado que cometemos
contra
o Senhor nosso Deus?
11
Então lhes dirás:
Porquanto
vossos pais me deixaram, diz o Senhor,
e se foram após outros deuses,
e
os serviram e adoraram,
e
a mim me deixaram,
e não guardaram a minha lei;
Jr
16:12 e vós fizestes pior do que vossos pais;
pois
eis que andais, cada um de vós,
após
o pensamento obstinado do seu mau coração,
recusando
ouvir-me a mim;
Jr
16:13 portanto eu vos lançarei fora desta terra,
para
uma terra que não conhecestes,
nem
vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses
estranhos
de dia e de noite;
pois
não vos concederei favor algum.
Jr
16:14 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor,
em
que não se dirá mais:
Vive
o Senhor: que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
Jr
16:15 mas sim:
Vive
o Senhor, que fez subir os filhos de Israel
da
terra do norte, e de todas as terras
para
onde os tinha lançado;
porque
eu os farei voltar à sua terra, que dei a seus pais.
Jr
16:16 Eis que mandarei vir muitos pescadores, diz o Senhor,
os
quais os pescarão; e depois mandarei vir
muitos
caçadores, os quais os caçarão
de
todo monte, e de todo outeiro,
e
até das fendas das rochas.
Jr
16:17 Pois os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos;
não
se acham eles escondidos da minha face,
nem
está a sua iniquidade encoberta aos meus olhos.
Jr
16:18 E eu retribuirei em dobro a sua iniquidade
e
o seu pecado, porque contaminaram a minha terra
com
os vultos inertes dos seus ídolos detestáveis,
e
das suas abominações encheram a minha herança.
Jr
16:19 Ó Senhor, força minha e fortaleza minha,
e
refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as nações
desde
as extremidades da terra, e dirão:
Nossos
pais herdaram só mentiras, e vaidade,
em
que não havia proveito.
Jr
16:20 Pode um homem fazer para si deuses?
Esses
tais não são deuses!
Jr
16:21 Portanto, eis que lhes farei conhecer,
sim
desta vez lhes farei conhecer
o
meu poder e a minha força;
e
saberão que o meu nome é Jeová.
A primeira oração.
Ela vai até o verso 20 onde o profeta
reconhece a sua própria fidelidade a Deus e a conversão futura das nações
gentias. Primeiro, ele exalta Deus como a sua força, a sua fortaleza e o seu
refúgio.
O profeta fala de si mesmo em contraste com
o restante do povo. Depois, ele proclama a sua crença de que a ele se dirigirão
todas as nações. Jeremias declara a esperança de que depois do exílio um grande
número de gentios se voltaria para o Senhor (15.12).
O que herdaram nossos pais é somente
mentiras e vaidades em que não há proveito algum. Poderia um homem fazer um Deus
para si? A pergunta retórica insinua que isso seria ridículo. Sua conclusão
óbvia: eles não são deuses! – vs. 20.
A resposta de Deus à declaração piedosa de Jeremias.
Dos versos 21 ao 17.11, veremos a primeira
resposta de Deus onde o Senhor responderá à declaração piedosa feita pelo
profeta na seção anterior.
Deus afirma que os fará conhecer e ai sim,
eles saberão. Em hebraico, essas expressões são formas diferentes da mesma
palavra. Judá não poderia saber a menos que o Senhor ensinasse (31.18; Lc 24:45).
Já a declaração “saberão que o meu nome é
SENHOR” sugere conhecimento não apenas factual, mas também experimental, aquilo
que os judaízas teriam depois de testemunharem a operação de Deus no exílio e
na restauração.
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