Como usar o poder de Deus para tomar, e manter, a iniciativa na guerra contra o mal
Wilbur N.
Pickering, ThM PhD
Isaías 47.10: “Confiaste na tua iniquidade
e disseste, ‘Ninguém me vê’.” Esta é uma palavra dirigida à Babilônia, que
no contexto vivia usando bruxaria. A tradução feita por judeus para o inglês
diz, ‘estavas seguro’. Acho que no nosso país e no mundo de hoje muitos servos
de Satanás, porque nunca viram um cristão que soubesse como manusear o poder de
Deus (ver Ef. 3.20 a seguir), chegaram à conclusão de que o poder de Satanás é
maior do que o poder de Deus, pelo menos para efeito prático neste mundo. Se
sentem tranquilos e seguros.
Efésios 3.20-21: “Agora, Àquele que é
capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou imaginamos, de
acordo com o poder que está operando em nós,[1]
a Ele seja a glória na Igreja em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo
o sempre. Amém.”[2]
Efésios 1.19 fala da “incomparável
grandeza do poder dEle dentro de nós que estamos crendo” – notar que o
verbo está no tempo presente; ter crido ontem não resolve, temos de estar
crendo hoje. Este incomparável poder que Deus disponibiliza dentro de nós, “que
está operando em nós”, também presente (ao passo que cremos), excede a
nossa capacidade de imaginar. Ora vejam, o meu horizonte particular é limitado
e definido por minha capacidade de imaginar. Qualquer coisa que não consigo
imaginar fica do lado de fora do meu horizonte, e obviamente não posso pedi-la.
Com tristeza confesso que ainda não alcancei um nível espiritual que me permita
manusear esse poder – ainda não consegui fazer a verdade descrita neste verso
funcionar na minha vida. Pior, muito pior, durante os 90 anos de minha vida,
nunca vi alguém que manuseava esse poder.[3] Não é de admirar que os servos de Satanás se
sentem seguros—eis aí uma calamidade pública do tamanho do mundo!![4]
Efésios 1.19-21: “e qual a
incomparável grandeza do poder dEle dentro de nós que estamos crendo, segundo a
demonstração do alcance de Sua força, a qual Ele exerceu no Cristo quando O
ressuscitou dentre os mortos e O fez sentar à Sua direita nas regiões celestiais,
muito acima de todo governo, autoridade, poder e domínio – mesmo todo nome que
se pode nomear, não só nesta era, mas também na vindoura.”
Geralmente se entende que a referência é
à hierarquia angelical. Os dois terços (do total) que permaneceram fiéis a Deus
nunca foram problema, de sorte que podemos entender que o ‘ponto’ é que Cristo
derrotou Satanás, com o terço que acompanhou ele (Apocalipse 12.3-4), e que
agora (sendo o Deus/homem, o segundo Adão) Ele está assentado ‘muito acima’
daquele inimigo. Agora vejamos Efésios 2.5-6.
Efésios 2.5-6: “mesmo estando nós
mortos nas transgressões – nos vivificou juntamente com Cristo (vocês
têm sido salvos por graça); sim, nos ressuscitou juntamente com Ele e nos fez
assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus.”
Isto é tremendo! Aqui temos a nossa
autoridade. Agora Cristo está assentado à direita do Pai, “muito acima”
(1.21) do inimigo e seu exército. Este verso afirma que nós estamos lá também!
Então, em Cristo nós também estamos muito acima do inimigo e seu exército.
Deveríamos estar agindo conscientemente nessa base, mas como são poucas as
igrejas que ensinam isso, a maioria dos cristãos vivem em derrota espiritual.
Como não conhecem outra coisa, acham que isso é a vida cristã normal. Que
triste!
Mas tem um ‘senão’! Agora vejamos João
5.19-20: “Então Jesus reagiu e disse-lhes: ‘Com toda certeza eu vos digo: o
Filho não pode fazer por si mesmo coisa alguma, a não ser o que vê o Pai
fazendo; porque quaisquer coisas que Ele
faz, precisamente elas o Filho também faz.[5]
Pois o Pai ama[6]
o Filho e mostra a Ele todas as coisas que Ele próprio está fazendo.’”
O Filho “não
pôde” fazer o que o Pai não estava fazendo. Ora, ora, se Jesus não podia,
quanto menos nós! O que esse dizer do Soberano me ensina é que manusear o poder
de Deus de maneira agressiva, na ofensiva, tem de ser de acordo com a vontade
do Pai, coisa que Ele ‘está fazendo’. Segue-se que antes de agir, eu preciso
gastar tempo na presença do Pai para ouvir dEle o que Ele está fazendo. Jesus
estava sempre em contato com o Pai, mas eu não, pelo menos não no mesmo sentido.
Considero merecer menção que Deus está
preparado para usar apenas uma pessoa que esteja disponível para Ele. Deus usou
Moisés, Josué, Elias, Eliseu e Paulo: Atos 13.9 diz que Paulo estava “cheio do
Espírito Santo”, então cegar Elimas era algo que Deus queria fazer. Ezequiel
22.30 diz que Deus procurou ao menos um homem para ficar na brecha, mas não
havia nenhum. Malaquias 1.10 também diz que Deus procurou “ao menos um”.
Eu gostaria de ser uma pessoa assim.
Entendo existir uma diferença
fundamental entre defesa e ofensiva. Vejamos Lucas 10.19: “Atenção, eu estou
dando1 a vocês a autoridade para pisotear serpentes e escorpiões,[7]
bem como sobre todo o poder do inimigo,[8]
e nada poderá lhes fazer mal algum.” Em Mateus 28.18
Soberano Jesus declara que Ele detém “toda a autoridade no céu e na terra”,
de sorte que Ele é claramente competente para delegar uma parcela dessa
autoridade a nós. “Nada poderá lhes fazer mal algum” claramente diz
respeito a defesa própria. Então, entendo que já temos a autorização de Deus
para u lizar o poder dEle em defesa própria. Porém, exatamente como será que
funciona na prática a “autoridade sobre todo o poder do inimigo”?
Devemos u lizar a nossa autoridade para proibir o uso do poder de Satanás, isto
é, o uso desse poder em situações específicas – na minha experiência temos de
ser específicos.
Voltando aos procedimentos de ofensiva,
confesso que na minha exposição de textos como Salmo 149.5-9, 2 Coríntios
10.3-6 e 1 João 3.8, pelo menos até aqui, tenho deixado de lado a necessidade
de consultar o Pai primeiro, para saber o que Ele está fazendo. Omissão que
tenciono corrigir, doravante.
Em tempo: o que estou propondo é ‘briga
de cachorro grande’; certamente haverá contra-ataque. Então, quem for participar
precisa se proteger de antemão: proteger a própria pessoa, a família e os seus
interesses. Mulher só deve participar debaixo da proteção espiritual do marido
(1 Coríntios 11.10), e filha solteira do pai (Números 30.3-8).
1 Em vez de “estou dando”, talvez 2,5%
dos manuscritos gregos, de qualidade objetivamente inferior, trazem ‘dei’,
(seguidos por NVI, LH, Atual, Cont, etc.) – um erro sério. Jesus disse isso
faltando talvez quatro meses para Sua morte e ressurreição, se dirigindo aos
setenta (não só os doze). O Senhor estava falando do futuro, não o passado; um
futuro que nos inclui a nós!
[1] O propósito dessa verdade
(verso 21) é que Deus seja glorificado [não para eu ficar curtindo, se bem que,
se um dia eu chegar lá, certamente vou curtir!], e na medida em que nós não
utilizamos o poder dEle, estaremos privando-o da glória que Ele poderia e
deveria receber.
[2] A glória que Deus recebe a
partir da Igreja seguirá para sempre.
[3] Mas entendo que a verdade
aqui afirmada é literal, e espero que outros alcancem antes de mim (para eu
poder aprender com eles), caso eu continuar demorando.
[4] E tem mais: não conheço
ninguém neste Brasil que tem o dom de discernir espíritos (ou pelo menos que
faz uso do dom). Como existem humanoides (cria de demônio com mulher) e
‘aparelhos’ (pessoa que se entrega ao controle total de um demônio), atuando
por todo lado, precisamos desesperadamente desse dom! Será que o Espírito Santo
não está dando a ninguém? Ou seria que nenhuma igreja está dando espaço para o
exercício desse dom? (Nesse caso, pessoa com o dom fica calada, inerte.) E para
que denunciar um espírito maligno se ninguém na igreja sabe o que fazer a
respeito?
[5] Durante muito tempo, eu olhei
só para o ‘via’, não o ‘podia’, o que não deixa de ser verdade. Jesus só fazia
o que via o Pai fazendo; e nós? Eu diria que meu problema ‘ministerial’ maior é
que geralmente eu não sei o que o Pai está fazendo, e com isso perco muito
tempo e esforço.
[6] Para surpresa minha, o verbo
aqui é filew, não agapaw – o Pai tem vínculo afetivo com o
Filho. Bem, se nós temos emoções, é porque Deus as tem; Ele criou o homem na
Sua imagem. E Deus afirma que Ele próprio tem alma (Isaías 42.1, Mateus 12.18,
Hebreus 10.38).
[7] O Senhor nos outorga a
autoridade “para pisotear serpentes e escorpiões”. Ora, para esmagar o inseto
literal, um escorpião, você não precisa de poder do Alto, basta um chinelo.
Matar cobras literais também podemos fazer sem auxílio sobrenatural. Torna-se
evidente que Jesus estava se referindo a algo diferente do que répteis e
insetos. Entendo que Marcos 16.18 se refere à mesma coisa. Para uma explicação
mais detalhada, favor de ver meu artigo, “Havemos de manusear serpentes?”.
[8] Na armadura em Efésios 6 encontramos “espada
do Espírito” (verso 17). Uma espada é arma para ofensiva, mas é usada também
para defesa. O Texto nos diz que essa espada é “a rhma de Deus” – rhma, não logoV. É a Palavra de Deus falada, ou aplicada. Claro, que adianta uma
espada que é deixada na bainha? Por mais maravilhosa que a nossa Espada possa
ser (Hebreus 4.12), para produzir efeito tem que sair da bainha. A Palavra
precisa ser falada, ou escrita – aplicada de forma específica.
Na Bíblia temos
muitos exemplos onde pessoas fizeram o poder de Deus entrar em ação por falar.
O nosso mundo começou com uma palavra criativa de Deus – falada (Gênesis 1.3,
6, 9, 11, 14, 20, 24, 26; ver também Hebreus 11.3). Moisés falou bastante.
Elias falou (1 Reis 17.1; 18.36; 2 Reis 1.10). Eliseu falou (2 Reis 2.14, 21,
24; 4.16, 43; 6.19). Jesus falou muito! Ananias falou (Atos 9.17). Pedro falou
(Atos
9.34, 40). Paulo falou (Atos 13.11; 14.3, 10; 16.18; 20.10).
Enfim, temos de falar! Mas convém ouvir o Pai primeiro.