Como já dissemos, Atos foi escrito para
orientar a igreja em sua missão permanente por meio do relato de como o
Espírito Santo capacitou os apóstolos para propagar o testemunho de Cristo ao
mundo gentio. Estamos no capítulo 23, da parte IV.
Breve síntese do capítulo 23
Paulo muito esperto atiçou os ânimos da plateia
acusadora que queriam o seu fim e jogou-os uns com os outros ao levantar a
questão sobre a ressurreição que os fariseus criam, mas que os saduceus não
criam.
A confusão sobre o assunto foi tanta que
não conseguiram unanimidade e Paulo pode ser poupado pelo livramento provido
por parte do comandante da guarda que temia que algo viesse a acontecer com
Paulo, cidadão romano.
Nesta noite, estando Paulo retido, o
próprio Senhor se manifesta a ele e se põe ao seu lado o animando com palavras
e lhe revelando que ele iria dar o seu testemunho também em Roma. Na verdade
Paulo estava tão seguro da soberania de Deus no assunto que não temia as
circunstâncias contrárias.
Já os judeus, mais de 40 deles, tinham
jurado entre si com juramento de morte e estavam em jejum absoluto até matarem
Paulo. No entanto, o socorro vem para Paulo e este é enviado para o governador
Félix.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
IV. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO AOS CONFINS DA TERRA (13.1-28.31) – continuação.
Como já dissemos, Paulo, como testemunha
apostólica de Cristo, sofreu a mesma perseguição que os apóstolos haviam
sofrido antes dele. Em suas três viagens missionárias e em suas prisões, Paulo
levou o evangelho aos confins da terra e foi capacitado poderosamente pelo Espírito
Santo para dar testemunho da verdade e chamar muitos judeus e gentios à fé.
Essa parte foi dividida em 7 seções: A. A
primeira viagem missionária de Paulo (13.1-14.28) – já vimos; B. O concílio de Jerusalém (15.1-35) – já vimos; C. A segunda viagem
missionária de Paulo (15.36-18.22) – já
vimos; D. A terceira viagem missionária de Paulo (18.23-21.14) – já vimos; E. A detenção, o julgamento e
a prisão de Paulo em Jerusalém (21.15-26.32) – estamos vendo; F A viagem de Paulo a Roma (27.1-28.16); e, G. Os
dois anos do ministério de Paulo na sua prisão domiciliar em Roma (28.17-31).
E. A detenção, o julgamento e a prisão de Paulo em Jerusalém
(21.15-26.32) - continuação.
Como dissemos, veremos até o capítulo 26, a
detenção, o julgamento e a prisão de Paulo na Palestina. Lucas registra como os
judeus incrédulos fizeram falsas acusações contra Paulo quando este retornou a
Jerusalém para celebrar a festa de Pentecostes. Essa série de acontecimentos
mostra que Paulo não foi responsável pela discórdia que ocorreu entre ele e os
judeus incrédulos.
No último capítulo, o comandante Cláudio
Lisias (vs. 26) tinha ordenado que se reunissem todo o sinédrio e os principais
sacerdotes para Paulo se apresentar a eles e ele conhecer os verdadeiros
motivos de ele estar sendo acusado pelos judeus.
Estava ali o sumo sacerdote, Ananias, filho
de Nebedeu, esse Ananias era um homem cruel e violento que exerceu o ofício de
sumo sacerdote entre 48-59 d.C., e não deve ser confundido como Anás de Jo
18.13. Ananias foi assassinado pouco antes do início da guerra contra Roma em
66-70 d.C.
Paulo, corajosamente, fixou seus olhos no
sinédrio e começou seu discurso se defendendo, principalmente defendendo a sua
consciência. O sumo sacerdote porém deu ordens para baterem na sua boca.
Paulo, então, não perde a oportunidade e o
chama de parede branqueada e ainda diz que Deus o julgará! Os túmulos que
continham ossos de mortos geralmente eram pintados de branco para que ficassem
claramente visíveis (Mt 23.27-28). Aqui Paulo está homenageando esse oficial
corrupto de maneira apropriada.
Paulo estava indignado pois Ananias estava
ali para julgar segundo a lei e ele estava sendo acusado contra a lei. De
acordo com a lei judaica, Paulo tinha direito a um julgamento e era necessário
que o tribunal o declarasse culpado antes que a punição pudesse ser executada.
Não haveria como Paulo se dar bem no meio
daquelas feras, mas, sabiamente, incitou uns contra os outros, pois a plateia
deles era composta de fariseus e saduceus.
Esses dois grupos que surgiram no período
intertestamentário tinham posturas políticas e religiosas bastante diferentes.
Paulo aproveitou a oportunidade para enfatizar as diferenças religiosas e
colocar-se ao lado do grupo dos fariseus, uma vez que era filho de fariseu e
aceitava a doutrina da ressurreição dos mortos apresentada no Antigo
Testamento, coisa que os saduceus rejeitavam, juntamente com a existência de anjos
e espíritos (Mt 22.23-32).
Pronto, a confusão estava armada entre os
fariseus - mestres da lei (do grego gram-Mateus)
eram especialistas na interpretação da lei judaica - e os saduceus e vendo que
a celeuma crescia demasiadamente, o comandante temeu que Paulo fosse ali
despedaçado por eles e mandou que ele fosse retirado dali e guardado na
fortaleza.
Enquanto isso, na noite seguinte Paulo
recebe uma visita divina. O Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: "Coragem! Assim como você testemunhou a meu
respeito em Jerusalém, deverá testemunhar também em Roma" – vs. 11.
Já os judeus, inflamados pelo ódio, pela
raiva e pelo inferno, se reuniram sob anátema, uns 40 deles, jurando que iriam
dar fim a vida de Paulo e até que isso se cumprisse, não comeriam, nem beberiam
nada. Não haveria escapatória para Paulo depois disso, mas Deus proveu a ele
uma saída.
A estratégia deles era simples, avisar ao
comandante que eles iriam ver com Paulo uma certa questão e depois o
devolveriam e nisso iriam matá-lo.
No entanto, alguém mais ouviu esse plano
maluco deles, era o filho da irmã de Paulo. Evidentemente, alguns membros da
família de Paulo viviam ou estavam hospedados em Jerusalém.
Paulo foi avisado em uma visita de seus
parentes. Os prisioneiros recebiam suprimentos por meio de parentes e amigos
que os visitavam regularmente. Paulo então diz aos guardas que levassem aquele
rapaz até ao comandante que ele teria algo importante a dizer.
Aquele rapaz falou do plano dos 40 judeus
para o comandante que logo preparou uma estratégia para defender Paulo deles.
O comandante imediatamente destacou dois
centuriões e ordenou a eles que escoltassem Paulo até Cesareia. Um destacamento
militar fortemente armado (um destacamento de duzentos soldados, setenta
cavaleiros e duzentos lanceiros) foi incumbido de entregar Paulo ao governador
Félix, procurador da província imperial da Judeia, cujo centro de operações
ficava na Cesareia. Eles iriam sair dali às 9h da noite e irem direto para o
Governador Félix.
Félix era um ex-escravo liberto que
ascendeu à posições de influência no governo romano. Em 52 d.C., o imperador
Cláudio o enviou para governar a Cesareia, ocasião em que Félix foi chamado de
"excelentíssimo" (24.3) durante o seu oitavo ano de administração. O
historiador romano Tácito (c. 56-120 d.C.) o caracterizou como um homem cruel e
ávido por lucros, que praticava 'toda sorte de crueldade e luxúria, exercendo o
poder de um rei com os instintos de um escravo' (História 5.9).
O comandante escreveu uma carta para
explicar o caso de Paulo. O teor da carta se encontra resumido nos vs. 27 ao 30.
Basicamente ela contém as seguintes informações básicas:
·Foi
preso pelos judeus.
·Estava
para ser morto por eles.
·Foi
resgatado por Cláudio Lisias, comandante, da mão deles, principalmente por ser
ele cidadão romano.
·Foi
levado ao Sinédrio.
·As
acusações contra ele eram de cunho religioso, portanto nada havia nele digno de
morte ou mesmo prisão.
·Prepararam
cilada contra a vida dele.
Os soldados em cumprimento do seu dever,
chegaram a Antipátride. Uma cidade construída por Herodes, o Grande, em honra a
seu pai, Antipater. Situava-se cerca de 50 km a noroeste de Jerusalém. No dia
seguinte, deixaram a cavalaria (setenta cavaleiros) prosseguir com ele e eles
voltaram para a fortaleza.
A cavalaria chegou e deu a carta para o
governador, juntamente com Paulo. Ele leu a carta e se informou de que Paulo
era da Cicília, mas somente anunciou que o ouviria depois de que chegassem os
acusadores dele.
Enquanto isso, Paulo foi mantido sob
custódia no pretório de Herodes. A residência oficial, construída por Herodes,
o Grande, que mais tarde se tornou também um pretório romano, que incluía celas
para prisioneiros (Jo 18.28; Fp 1.13).
At 23:1 Fitando Paulo os olhos no
Sinédrio, disse:
Varões,
irmãos, tenho andado diante de Deus
com
toda a boa consciência até ao dia de hoje.
At 23:2 Mas o sumo sacerdote, Ananias,
mandou
aos que estavam perto dele que lhe batessem na boca.
At 23:3 Então, lhe disse Paulo:
Deus
há de ferir-te, parede branqueada!
Tu
estás aí sentado para julgar-me segundo a lei
e,
contra a lei, mandas agredir-me?
At 23:4 Os que estavam a seu lado
disseram:
Estás
injuriando o sumo sacerdote de Deus?
At 23:5 Respondeu Paulo:
Não
sabia, irmãos, que ele é sumo sacerdote;
porque
está escrito:
Não
falarás mal de uma autoridade do teu povo.
At 23:6 Sabendo Paulo
que
uma parte do Sinédrio se compunha de saduceus
e
outra, de fariseus, exclamou:
Varões,
irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus!
No
tocante à esperança
e
à ressurreição dos mortos sou julgado!
At 23:7 Ditas estas palavras,
levantou-se
grande dissensão entre fariseus e saduceus,
e
a multidão se dividiu.
At 23:8 Pois os saduceus declaram
não
haver ressurreição,
nem
anjo,
nem
espírito;
ao passo que os fariseus
admitem
todas essas coisas.
At 23:9 Houve, pois, grande vozearia.
E, levantando-se alguns escribas da
parte dos fariseus, contendiam, dizendo:
Não
achamos neste homem mal algum;
e
será que algum espírito ou anjo lhe tenha falado?
At 23:10 Tomando vulto a celeuma,
temendo
o comandante que fosse Paulo espedaçado por eles,
mandou
descer a guarda para que o retirassem dali
e
o levassem para a fortaleza.
t 23:11 Na noite seguinte,
o
Senhor,
pondo-se
ao lado dele, disse:
Coragem!
Pois do modo por que deste
testemunho
a
meu respeito em Jerusalém,
assim importa que também o faças
em Roma.
At 23:12 Quando amanheceu,
os
judeus se reuniram
e,
sob anátema, juraram
que
não haviam de comer, nem beber,
enquanto
não matassem Paulo.
At 23:13 Eram mais de quarenta os que
entraram nesta conspirata.
At 23:14 Estes, indo ter com os
principais sacerdotes e os anciãos, disseram:
Juramos,
sob pena de anátema,
não
comer coisa alguma, enquanto não matarmos Paulo.
At 23:15 Agora, pois,
notificai
ao comandante, juntamente com o Sinédrio,
que
vo-lo apresente como se estivésseis para investigar
mais
acuradamente a sua causa;
e
nós, antes que ele chegue,
estaremos
prontos para assassiná-lo.
At 23:16 Mas o filho da irmã de Paulo,
tendo
ouvido a trama,
foi,
entrou na fortaleza
e
de tudo avisou a Paulo.
At 23:17 Então, este, chamando um dos
centuriões, disse:
Leva
este rapaz ao comandante,
porque
tem alguma coisa a comunicar-lhe.
At 23:18 Tomando-o, pois,
levou-o
ao comandante, dizendo:
O
preso Paulo, chamando-me, pediu-me que trouxesse
à
tua presença este rapaz,
pois
tem algo que dizer-te.
At
23:19 Tomou-o pela mão o comandante
e,
pondo-se à parte, perguntou-lhe:
Que
tens a comunicar-me?
At
23:20 Respondeu ele:
Os
judeus decidiram rogar-te que, amanhã,
apresentes
Paulo ao Sinédrio,
como
se houvesse de inquirir mais acuradamente
a
seu respeito.
At
23:21 Tu, pois, não te deixes persuadir,
porque
mais de quarenta entre eles estão pactuados entre si,
sob
anátema, de não comer, nem beber,
enquanto
não o matarem;
e,
agora, estão prontos, esperando a tua promessa.
At 23:22 Então, o comandante despediu o
rapaz,
recomendando-lhe
que a ninguém dissesse
ter-lhe
trazido estas informações.
At 23:23 Chamando dois centuriões,
ordenou:
Tende
de prontidão, desde a hora terceira da noite,
duzentos
soldados,
setenta
de cavalaria
e
duzentos lanceiros para irem até Cesareia;
At
23:24 preparai também animais para fazer Paulo montar
e
ir com segurança ao governador Félix.
At
23:25 E o comandante escreveu uma carta nestes termos:
At 23:26 Cláudio Lísias ao
excelentíssimo governador Félix, saúde.
At 23:27 Este homem foi preso pelos
judeus
e estava prestes a ser morto por eles,
quando
eu, sobrevindo com a guarda,
o
livrei, por saber que ele era romano.
At 23:28 Querendo certificar-me do
motivo por que o acusavam,
fi-lo
descer ao Sinédrio deles;
At 23:29 verifiquei ser ele acusado de
coisas referentes à lei que os rege,
nada,
porém, que justificasse morte ou mesmo prisão.
At 23:30 Sendo eu informado de que ia
haver uma cilada contra o homem,
tratei
de enviá-lo a ti, sem demora,
intimando
também os acusadores
a
irem dizer, na tua presença, o que há contra ele. [Saúde.]
At 23:31 Os soldados, pois, conforme
lhes foi ordenado,
tomaram
Paulo
e,
durante a noite,
o
conduziram até Antipátride;
At 23:32 no dia seguinte,
voltaram
para a fortaleza,
tendo
deixado aos de cavalaria o irem com ele;
At
23:33 os quais, chegando a Cesareia,
entregaram
a carta ao governador
e
também lhe apresentaram Paulo.
At 23:34 Lida a carta,
perguntou
o governador de que província ele era;
e,
quando soube que era da Cilícia,
At 23:35 disse:
Ouvir-te-ei
quando chegarem os teus acusadores.
E mandou que ele fosse detido
no
pretório de Herodes.
O que houve com estes mais de 40 judeus?
Morreram como juraram? Duvido! A Bíblia não fala, mas eu aposto que eram
covardes e covardes não cumprem os seus votos treslocados.
Continuo a me admirar de que a verdade
estava ali com Paulo, mas as pessoas do mundo não viam a salvação da vida deles
que estava ali com Paulo e, pior, resolvem persegui-lo e até matá-lo.
...
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