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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Tito 3 1-15 - A FÉ E A PRÁTICA DAS BOAS OBRAS.

Estamos vendo que Paulo escreveu essa epístola, provavelmente, entre 62-64 d.C., para incentivar Tito a completar a organização das igrejas em Creta, confrontar as ações de falsos mestres nessa região e instruir os crentes a terem uma conduta cristã apropriada. Estamos no capítulo 3/3.
Breve síntese do capítulo 3.
Paulo continua a série de conselhos e exortações a fim de que Tito e as suas ovelhas sejam frutíferas no caminho do Senhor e não entrem no caminho das discussões teológicas/espirituais que nada acrescentam a fé.
Na verdade, na verdade, todos sabemos o que temos de fazer e ninguém há que necessite de nos falar. Sabemos o que deve ser feito e quando deve ser feito, mas por causa do pecado, algo roubou nossa vontade e precisamos então sermos lembrados constantemente daquilo que já sabemos.
A pregação assim também tem o papel de nos exortar como se Deus estivesse nos exortando por meio do pregador. Ela não somente faz nascer a fé quando a ouvimos, mas cria em nós também a fé de fazer a obra que precisa ser feita e não fazemos apesar de sabermos que precisamos fazer.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. INSTRUÇÕES A TITO (1.5-3.11) - continuação.
Vimos que Paulo deu a Tito a responsabilidade de cuidar das igrejas em Creta. Tito deveria organizar as igrejas constituindo ministros qualificados e também fazer oposição aos falsos mestres.
Assim, estamos seguindo nossa divisão proposta, conforme a BEG: A. Organização das igrejas em Creta (1.5-9) – já vimos; B. Lidando com falsos mestres (1.10-16) – já vimos; C. Instruções para grupos específicos (2.1-15) – já vimos; D. Instruções para todos os cristãos (3.1-8) – veremos agora; e, E. Lidando com falsos mestres (3.9-11) – veremos agora.
D. Instruções para todos os cristãos (3.1-8).
Tendo dado instruções para cada grupo específico, Paulo deu a Tito um conselho geral (em meio a uma outra meditação sobre a graça de Deus) de encorajar toda a igreja a fazer "toda boa obra" (v. 1).
Tito tinha a responsabilidade de lembrar a igreja de Creta quanto à necessidade de uma conduta cristã tanto com relação aos crentes como aos não crentes.
Paulo o exorta a lembrar a todos que deveriam se sujeitar aos que governam, às autoridades. Para saber mais sobre submissão cristã às autoridades governantes, veja Rm 13.1-7 (veja também 1Pe 2.13-17; cf. 1Tm 2.1-2). Assim, deveriam estar prontos para toda boa obra. O tema dessa seção é fazer o bem (vs. 8; 2.7).
Os cristãos devem mostrar respeito e humildade para todos os tipos de pessoas, não somente aos governantes e àqueles que têm autoridade (vs. 1).
Assim como em 2.11-14, Paulo forneceu uma reflexão teológica como a base para a vida cristã apropriada.
·         Sujeitar-se aos governantes e às autoridades.
·         Ser obedientes.
·         Estar sempre prontos a fazer tudo o que é bom,
·         Não caluniar a ninguém.
·         Ser pacíficos e amáveis.
·         Mostrar sempre verdadeira mansidão para com todos os homens.
Esse versículo 3 apresenta uma descrição vívida da depravação humana à parte de Cristo.
·         Éramos insensatos e desobedientes.
·         Vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres.
·         Vivíamos na maldade e na inveja.
·         Éramos detestáveis.
·         Odiávamos uns aos outros.
Tudo isso, no entanto, mudou quando se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador. De acordo com o vs. 3, a principal preocupação de Paulo aqui era mais com a experiência da graça de Deus pelo pecador do que com a primeira vinda de Cristo (2Tm 1.10).
Ao mesmo tempo, a linguagem de Paulo chama a atenção para o fato de que a experiência do pecador com a graça de Deus envolve participação com a nova vida e nova criação que Cristo inaugurou na sua primeira vinda (veja 2Co 5.17; veja também o excelente artigo teológico da BEG: "O Plano das eras", em Hb 7).
Apesar de vivermos assim, houve um tempo também em que se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, da parte de Deus, nosso Salvador, mas não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia.
A salvação é pela graça e não por obras (vs. 6; Ef 2.8-9; 2Tm 1.9). Ele nos salvou. Veja 2Tm 1.9. Ele nos lavou - limpeza espiritual, da qual o batismo é sinal e selo (1Co 6.11; Ef 5.26). Ele nos regenerou e nos renovou. Ambas as palavras caracterizam "limpeza". "Regeneração" é a nova vida que se inicia quando a pessoa começa a ter fé em Cristo (Jo 3.3,5; 1Pe 1.3,23).
A renovação está intimamente relacionada com a regeneração; ela significa a transformação total da vida de uma pessoa que tem início quando ela é regenerada (Rm 12.2; 2Co 5.17) do Espírito Santo.
O Espírito aplica às pessoas a graça de Deus que é possível em Cristo (Jo 3.5-6). Observe o trinitarianismo dos vs. 4-6.
Assim ele o fez a fim de que, justificados pela sua graça, nos tornemos herdeiros, tendo a esperança da vida eterna.
Justificados quer dizer, declarados justos, ou seja, como tendo alcançado o padrão exigido pela justiça de Deus, mas por graça. Deixados a nós mesmos (vs. 3-4), jamais conseguiríamos nos apresentar justos diante de Deus.
O ponto principal dos vs. 3-7 é que a justiça vem somente por meio da graça de Deus (Rm 3.21-25). E uma vez justificados, nos tornamos herdeiros. O propósito de Deus em dar a sua graça aos pecadores não é somente salvá-los do julgamento eterno, mas também fazer deles parte de sua família mediante a adoção e, desse modo, herdeiros de suas promessas (Rm 8.17; GI 3.29; 4.7).
Paulo insistiu com Tito – vs. 8 - que enfatizasse esses ensinos porque eles beneficiariam a todos. A frase “fiel é esta palavra” aponta de volta para os vs. 4-7. Por isso que ele quer que ele afirme categoricamente tais coisas para assim crerem em Deus e se empenharem na prática de boas obras as quais são proveitosas aos homens. Aqueles que seguirem as instruções dos vs. 1-2 receberão muitos benefícios.
E. Lidando com falsos mestres (3.9-11).
Para contrastar com as instruções que havia acabado de dar, Paulo voltou pela última vez ao problema dos falsos mestres. Uma característica principal nos falsos mestres era a tendência que eles tinham para contendas (1Tm 1.4; 6.4) sobre a lei.
A lei de Moisés (1.10; cf. 1Tm 1.7) era boa, justa e perfeita, mas ficar com discussões tolas de genealogias e contendas a respeito da lei não trariam resultado positivo que fosse ou pudesse ser comparado com fazer o que é bom e, portanto, "útil" (vs. 8).
A disciplina da igreja em caso da criação de facções deveria incluir uma série de advertências (cf. Mt 18.15-17). Essas advertências também são apropriadas em vários outros casos. Os falsos mestres somente haviam causado divisões nas igrejas (1Tm 6.4-5).
Conclusão.
Dos vs. 12 ao 15, Paulo terminou a carta com instruções pessoais a Tito, saudações finais e uma bênção.
Ártemas – vs. 12 - não foi mencionado em nenhum outro lugar do Novo Testamento. Aparentemente, ele era um dos companheiros de trabalho de Paulo.
Tiquico era um companheiro de trabalho de Paulo (At 20.4; Ef 6.21; Cl 4.7; 2Tm 4.12).
Paulo iria enviar tanto Ártemas quando Tíquico e Tito deveria se esforçar para ir ao encontro de Paulo em Nicópolis. O ministério de Tito em Creta estava chegando ao fim.
Nicópolis era uma cidade na costa oeste da província romana de Epiro (oeste da Grécia) e Paulo tinha resolvido a passar o inverno ali. Paulo estava em Nicópolis, ou a caminho dessa cidade.
Era também para Tito providenciar tudo para a viagem de Zenas, o jurista e de Apolo, para que assim nada lhes faltasse. Provavelmente eles eram os portadores dessa carta.
Zenas não é mencionado em nenhum outro lugar no Novo Testamento. Aparentemente, ele era um dos companheiros de trabalho de Paulo.
Apolo, nativo de Alexandria, era famoso pela sua eloquência (At 18.24-26). Ele é mais conhecido pelo seu ministério em Corinto (At 18.27-19.1; 1Co 1.12; 3.4-22; 16.12).
O vs. 14 mostra Paulo cuidadoso em exortar e aconselhar para que todos se esforçassem na prática das boas obras. Presumivelmente, era a intenção de Paulo que essa carta fosse lida para toda a igreja (veja 1Tm 6.21; 2Tm 4.22).
Tt 3:1 Lembra-lhes
que se sujeitem aos que governam, às autoridades;
sejam obedientes,
estejam prontos para toda boa obra,
Tt 3:2 não difamem a ninguém;
nem sejam altercadores,
mas cordatos,
dando provas de toda cortesia,
para com todos os homens.
Tt 3:3 Pois nós também, outrora,
éramos néscios,
desobedientes,
desgarrados,
escravos de toda sorte de paixões e prazeres,
vivendo em malícia e inveja,
odiosos
e odiando-nos uns aos outros.
Tt 3:4 Quando, porém, se manifestou
a benignidade de Deus, nosso Salvador,
e o seu amor para com todos,
Tt 3:5 não por obras de justiça praticadas por nós,
mas segundo sua misericórdia,
 ele nos salvou mediante o lavar
regenerador
e renovador do Espírito Santo,
Tt 3:6 que ele derramou sobre nós ricamente,
por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador,
Tt 3:7 a fim de que,
justificados por graça,
nos tornemos seus herdeiros,
segundo a esperança da vida eterna.
Tt 3:8 Fiel é esta palavra,
e quero que, no tocante a estas coisas,
faças afirmação,
confiadamente,
para que os que têm crido em Deus
sejam solícitos na prática de boas obras.
Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.
Tt 3:9 Evita
discussões insensatas,
genealogias,
contendas
e debates sobre a lei;
porque não têm utilidade
e são fúteis.
Tt 3:10 Evita o homem faccioso,
depois de admoestá-lo primeira e segunda vez,
Tt 3:11 pois sabes que tal pessoa está pervertida,
e vive pecando,
e por si mesma está condenada.
Tt 3:12 Quando te enviar Ártemas ou Tíquico,
apressa-te a vir até Nicópolis ao meu encontro.
Estou resolvido a passar o inverno ali.
Tt 3:13 Encaminha com diligência
Zenas, o intérprete da lei,
e Apolo, a fim de que não lhes falte coisa alguma.
Tt 3:14 Agora, quanto aos nossos,
que aprendam também a distinguir-se
nas boas obras a favor dos necessitados,
para não se tornarem infrutíferos.
Tt 3:15 Todos os que se acham comigo te saúdam;
saúda quantos nos amam na fé.
A graça seja com todos vós.
Embora não sejamos justificados pelas obras - quem tem o Espírito Santo entende claramente isso -, as nossas obras servem para demonstrar a nossa fé. As obras não justificam, mas elas demonstram. Eu não alcanço favor de Deus com obras, mas Deus que alcançou nossos corações nos faz sermos frutíferos e cheios de obras para a sua glória.
É disso que Paulo fala a Tito no verso 8 para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras, pois estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.
Santificação: Quando vou deixar de pecar?
O termo santificação e palavras associadas (santificado, santo, santidade, consagrado, consagração, santos) são usados de maneiras diversas nas Escrituras. Num certo sentido, ser santificado significa ser separado do mundo - não para salvação, mas para os privilégios e responsabilidades especiais de uma relação de aliança com Deus (1Co 7.14; Hb 10.29). Em outro sentido, a santificação é o estado de estar permanentemente separado para Deus visando à salvação. Essa santidade flui da cruz onde, por meio de Cristo, Deus nos comprou e nos tomou para si (At 2 0.2 8; 2 6.1 8; Hb 1 0.1 O). Em outro sentido ainda, a santificação é a consagração dos cristãos pela qual sua vida é transformada ao longo do tempo de modo a se conformar à semelhança de Cristo. Essa santificação progressiva ou moral, como é chamada, flui da obra do Espírito Santo. Deus chama todos os seus filhos a buscarem a santificação e lhes provê o poder do Espírito para que obedeçam a esse chamado (Rm 8.1 3; 12.1-2; 1Co 6.11,19-20; 2Co 3.18; Ef 4.22-24; 1Ts 4.4; 5.23; 2Ts 2.13; Hb 13.20-21). Essa santificação é voltada para o padrão da lei moral de Deus e esclarecida e exemplificada pelo próprio Cristo (veja o artigo teológico "Os três usos da lei", em SI 119).
Os teólogos reformados costumam considerar esse terceiro sentido. Quando usam o termo santificação, estão se referindo à transformação contínua dos cristãos que resulta numa vida justa. A regeneração é o nascimento; a glorificação é o objetivo final; a santificação é o crescimento da regeneração para o objetivo da glorificação. Na regeneração, Deus instila no coração do cristão um desejo por Deus, pela santidade e pela santificação e glorificação do nome de Deus neste mundo. Também instila no seu ser interior um desejo de orar, adorar, amar, servir, honrar e agradar a Deus, de demonstrar amor e fazer o bem a outros (veja o artigo teológico "Regeneração e novo nascimento", em Jo 3). Na santificação, o Espírito Santo "efetua em [nós' tanto o querer como o realizar, segundo a boa vontade ide Deus" (Fp 2.13), e impele todos os cristãos a desenvolverem a sua salvação (Fp 2.12) atendendo a esses novos desejos. Os cristãos são predestinados "para serem conformes à imagem de (Cristo)" (Rm 8.29), e essa conformidade ocorre, até certo ponto, ainda nesta vida terrena. Paulo descreve esse processo como ser "transformados, de glória em glória, na sua própria imagem" (2Co 3.1 8). Portanto, a santificação é o início da glorificação que se completará quando Cristo trouxer os novos céus e nova terra (1 Co 1 5.4 9-5 3; Fp 3.20-21).
Na teologia reformada tradicional, a regeneração é um ato instantâneo de Deus que desperta aqueles que estão espiritualmente mortos. É uma obra realizada exclusivamente por Deus que efetua o novo nascimento. A santificação, por outro lado, é contínua e requer a nossa cooperação. E um processo pelo qual pessoas regeneradas, vivificadas para Deus e livres do domínio do pecado (Rm 6.11,14-18), devem se esforçar em obediência contínua mediante a dependência consciente do Espírito de Cristo. Paulo descreve a santificação tanto como um esforço humano quanto como uma obra divina. Por exemplo, o apóstolo reconhece o seu próprio esforço quando diz "prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus" (Fp 3.12). Perto do fim de sua vida, ele declara, "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé" (2Tm 4.7). No entanto, Paulo também adverte os gálatas: "Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?" (GI 3.3) e rejeita qualquer ideia de que somente o esforço humano é suficiente para a santificação, declarando, "logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (G1 2.20). Cientes de nossa impossibilidade de fazer o que é preciso sem a capacitação de Cristo e sabendo que ele está pronto para nos fortalecer para esse fim (Fp 4.13), devemos depender conscientemente do seu Espírito de modo a recebermos poder para todos os nossos esforços (C1 1.11; 1Tm 1.12; 2Tm 1.7; 2.1).
Apesar da orientação do Espírito, os verdadeiros cristãos experimentam conflitos interiores. O Espírito sustenta os seus desejos regenerados, mas a sua natureza humana decaída ainda não foi destruída e os desvia constantemente da prática da vontade de Deus (GI 5.1 6-1 7; Tg 1.1 4-1 5). Esse conflito continuará enquanto os cristãos estiverem nesta vida. No entanto, ao vigiarmos e orarmos contra a tentação e cultivarmos virtudes que nos auxiliem na nossa batalha, poderemos, com a ajuda do Espírito, experimentar muitos livramentos e vitórias específicas nos nossos confrontos com o pecado.
Essas vitórias sobre o pecado não tornam o cristão merecedor da salvação. Nosso mérito diante de Deus vem de nossa justificação somente pela fé pela imputação da justiça de Cristo (Rm 4.1-4). Apesar de não podermos jamais nos esquecer que o nosso único mérito diante de Deus é a justiça que recebemos de Cristo, devemos atentar para as palavras do autor de Hebreus: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14). Veja CFLV 8; CB 24.[1]
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel Deusdete. 


[1] Extraído da BEG referente ao capítulo 3 de Tito.
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2 comentários:

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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.