Em nossa leitura, meditação e reflexão, capítulo
por capítulo, nós nos encontramos aqui no capítulo 55 e nas seguintes partes:
Parte IV – ISAÍAS E O JULGAMENTO
BABILÔNICO – 40:1 – 66:24.
D. O caminho de arrependimento e restauração que Israel precisava
percorrer para poder desfrutar da restauração (56:1 – 66:24).
Esta é a última seção da parte IV, o que
significa que nos aproximamos do final deste livro maravilhoso, parecendo mesmo
ser uma minibíblia dentro da Bíblia, com seus 66 capítulos, como representando
os 66 livros da Bíblia toda.
Veremos nesses 9 capítulos restantes, tendo
por base a estruturação da BEG: o pecado, o arrependimento e a restauração de
Israel. Todos na verdade somos pecadores, mas a diferença crucial entre
pecadores e pecadores está no fato de que alguns irão ter reconhecimento de
seus erros e buscar o perdão, enquanto outros, nem irão querer saber o que é
pecado.
O profeta encerrará o seu livro com
mensagens que ele proferiu em diferentes períodos de seu ministério, todas se
concentrando na necessidade de arrependimento de Israel como a única maneira de
experimentar a gloriosa restauração após o exílio.
Esses capítulos resumem, portanto, a
mensagem do profeta aos exilados. Os exilados precisavam reconhecer a
importância da justiça e da retidão, e sua esperança de uma gloriosa restauração
mundial dependia de seu humilde arrependimento.
Dividiremos, conforme já propusemos, esta
seção “D” em duas partes principais: 1. A importância do sábado da justiça (56:1-58:14)
e 2. O arrependimento que leva à restauração (59:1-66:24).
1. A importância do sábado da justiça (56:1-58:14).
De 56:1 a 58:14, desta parte “1”, veremos a
ênfase na importância do sábado da justiça, não pelo sábado em si, mas por
causa da palavra de Deus e do senso da justiça. Nesses capítulos Isaías se
concentra na guarda do sábado como uma provisão de justiça e retidão de Israel.
Esse material divide-se em três partes
principais: a. Os judeus e os gentios e o sábado e a justiça (56:1-8); b. A
divisão entre justos e ímpios em Israel (56:9-57:21); e, c. A necessidade de
guardar o sábado como um dia de justiça (58:1-14).
a. Os judeus e os gentios e o sábado e a justiça (56.1-8).
A decisiva importância da guarda do sábado
e da sua mão de cometer o mal – vs. 2.
Para enfatizar a importância do
arrependimento para os exilados, Isaías indica que a justiça e a retidão
deveriam estar presentes entre o povo de Deus.
Essa exigência é tão fundamental que até
mesmo os gentios e os eunucos que guardavam o sábado, por estar ele ligado à
justiça, seriam incluídos nas bênçãos da restauração após o exílio.
O que é guardar o sábado ou observar o sabá?
Certamente, não consiste em regras humanas de fazer ou deixar de se fazer algo,
mas em viver esse dia na consciência clara de que o dia pertence ao Senhor,
para a glória de seu nome e que assim estabeleceu Deus para ser observado por
todos os homens.
Não necessariamente o sabá deve coincidir
com o sábado, mas foi no sétimo dia que Deus entrou em seu descanso e dos sete
dias de sua criação, um foi dedicado ao descanso e portanto ao sabá.
Shabat
(do hebraico שבת, shabāt; shabos ou shabes na pronúncia asquenazita,
"descanso/inatividade"), também grafado como sabá (português
brasileiro) ou sabat (português europeu), é o nome dado ao dia de descanso
semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias de
Criação. Segundo hillel 2º; Antes o Shabat era originalmente dependente do
ciclo lunar (Holiday universal jewish enciclopedia. p.410) Apesar de ser
comumente dito ser o sábado de cada semana, é observado a partir do pôr-do-sol
da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado. O exato momento de início e final do
shabat varia de semana para semana e de lugar para lugar, de acordo com o
horário do pôr-do-sol. O shabat é observado tanto por judeus quanto por
cristãos, como por exemplo adventistas do sétimo dia e batistas do sétimo dia.
O
shabat é observado tanto por mandamentos positivos, como as três refeições
festivas (jantar de sexta-feira, almoço de sábado e refeição de final de tarde
no sábado), e restrições. As atividades proibidas no Shabat derivam de trinta e
nove ações básicas (melachot, livremente traduzido como "trabalhos")
que são descritas pelo Talmud a partir de fontes bíblicas.
(...)
Segundo
o Talmude (Mishná Shabat 7,2), são 39 as atividades que são proibidas de se
fazer durante todo o Shabat. Excepcionalmente, contudo, em caso de risco de
morte, quaisquer das proibições podem ser deixadas de lado, eis que o valor
mais caro ao judaísmo é a vida. Dizem os sábios que tais tarefas foram aquelas
realizadas durante a construção do Tabernáculo..[1]
Devemos guardar e observar o sabá? Sim,
devemos e bem o fazemos se ensinarmos que se deve guardar e observar, mas não
como fazem os homens, nem segundo as tradições humanas, mas como Cristo nos
ensinou e Paulo nos demonstrou em sua palavra sobre o assunto.
Cada um deve estar bem seguro quanto a
isso, pois alguns fazem distinção entre dias e dias e outros, não. Quem faz,
para o Senhor faz, mas quem não faz, para o Senhor não faz. (Rm 14:6). Eu ouso
a dizer que agora em Cristo, sendo nós nova criatura, todos os dias devem ser
dedicados ao Senhor para honra e glória de seu nome – I Co 10:31.
Fica claro no texto que Deus observará
aqueles que amam e seguem a justiça e que observam o seu sabá. Não é um ou o
outro, mas ambos.
Manter a retidão e fazer a justiça – vs. 1
- é uma ordem para todos os homens, filhos de Adão. O juízo - o tratamento
justo e piedoso dispensado aos outros - era uma preocupação central para
Isaías.
Por meio do seu profeta, Deus condenou Judá
ao exílio por causa da injustiça e enfatizou a justiça como uma característica
do período de restauração (1:21,27; 5:7,16,23; 9:7; 10:2; 11:4; 16:5; 28:6,17,21;
29:21; 30:18; 32:1,16; 33:5; 42:1,3-4; 51:4-5; 56:1; 59:4,8-9,11,14-15; 61:8). Em
todas as Escrituras iremos notar que Deus abomina a injustiça e a impiedade,
sendo que todos os que a buscarem estarão fazendo as obras de Deus.
Ele pediu a justiça e a observação do
sábado por causa da sua justiça que estaria preste a se manifestar. Deus usou o
arrependimento pela injustiça como um critério para determinar quem entraria na
era de bênçãos posterior ao exílio.
A salvação não é por obras, mas pela fé, no
entanto, obviamente ela não alcançará aquele coração que anda insistentemente
de encontro ao que é justo. O candidato à salvação, digamos assim, é aquele que
reconhece que é pecador, que é falho, mas que se sente atraído pela justiça, ao
contrário do ímpio, que também reconhece o pecado, mas que o prefere no lugar
da justiça.
Embora esse termo - minha salvação está
prestes a vir (na perspectiva dos exilados) - seja uma referência à restauração
do exílio que Deus promovera em 539 a.C., o estágio final da salvação de Deus
vem somente em Cristo.
No verso 2, o profeta não propôs a salvação
por meio do cumprimento da lei ,mas apontou aqueles que seriam alcançados pela
palavra da pregação da fé salvadora. Ele simplesmente falou da guarda do sábado
da justiça como uma expressão fundamental da fé salvadora.
Guardar esse sinal da aliança, o sabá, (Ex
31:13-17) significava lealdade ao Senhor e à sua aliança (58:13; Ez 20:20). Uma
vez que o sábado era observado como um benefício aos seres humanos (Dt 5:4-5),
ele estava intimamente associado à justiça, à retidão e à prática da piedade
(58:7-9).
Nem o estrangeiro, nem o eunuco, normalmente
excluído da plena participação na comunidade da aliança no Antigo Testamento
(Dt 23:1), deveriam dizer que o Senhor os estaria excluindo como imprestáveis,
como separados do povo e como uma árvore seca. Pelo contrário, todos os que
tanto observam o sabá quanto os que escolhem o que agrada ao Senhor e que ainda
abraçam o seu pacto, Deus lhes daria na sua casa e dentro dos seus muros um
memorial, com um nome melhor do que o de filhos e filhas, um nome eterno que
nunca será apagado, ou seja, a vida eterna no templo de Deus (vs. 7; 2:2; At 8:27,38-40).
Os estrangeiros que se unirem ao Senhor
para o servirem e o amarem, escolhendo ser servos do Deus vivo, que escolhem o
seu sabá para o observar e não profanar e que abraçam o seu pacto, seriam
aceitos por Deus. Deus queria incluir os gentios fiéis na comunhão consigo mesmo
(2:2-4; Sl 15:1; I Re 8:41-43; Mc 11:17).
O Senhor é aquele que congrega os dispersos,
que depois do exílio reuniria tanto judeus quanto não judeus numa única
comunidade (11:11-12; Jo 10:16).
b. A divisão entre justos e ímpios em Israel (56:9-57:21).
De 56:9 a 57:21 veremos o justo e o ímpio
em Israel. Depois de enfatizar a justiça (e o sábado) ao indicar que os gentios
que mostrassem ter compromisso com esse ideal receberiam salvação, Isaías
adverte que, entre os israelitas no exílio, haveria os justos e os ímpios.
O arrependimento seria a chave para
determinar o destino individual dos israelitas. Também é a chave que distingue
os que são ou não salvos, pois ímpio algum haverá de se arrepender, como foi o
caso de Judas, ímpio, que não se arrependeu, apesar de ter convivido com o
Senhor por três anos e meio.
Um convite é feito a partir do verso 9 aos
animais do campo e do bosque, ou seja, trata-se de uma metáfora para indicar as
nações hostis (18:6; Jr 12:8-9; Ez 34:5,8,25; I Co 15:32) que estariam sendo
convidadas a comerem.
Todos os seus atalaias, ou vigias, que
advertiam a cidade quanto à aproximação de perigo são acusados de cegueira. Embora
estivessem ali para verem e darem o alarme, nada viam, portanto, alarme nenhum
seria soado avisando a cidade do perigo real. No presente contexto, essa seria uma
representação dos profetas (21:6; 57:11; Jr 6:17; Ez 3:.17; 33:2-7) que serviam
na qualidade de líderes (vs. 11). Até mesmo os profetas de Israel
frequentemente se recusavam a ver o que deveriam ter visto.
São também acusados – vs 11 – de serem preguiçosos
e gostarem de dormir. Em hebraico, a palavra que significa "dormir"
tem um som parecido com a palavra "vidente" nessa língua (um termo
antigo para "profeta").
No mundo de Isaías, os cães – vs 11 - eram
animais bravos e carniceiros que representavam a impureza. O cão é usado aqui
como uma ilustração da ganância insaciável.
Is 56:1 Assim diz o Senhor:
Mantende
a retidão, e fazei justiça;
porque
a minha salvação está prestes a vir,
e
a minha justiça a manifestar-se.
Is
56:2 Bem-aventurado o homem que fizer isto,
e
o filho do homem que lançar mão disto:
que
se abstém de profanar o sábado,
e
guarda a sua mão de cometer o mal.
Is
56:3 E não fale o estrangeiro, que se houver unido ao Senhor,
dizendo:
Certamente
o Senhor me separará do seu povo;
nem
tampouco diga o eunuco:
Eis
que eu sou uma árvore seca.
Is
56:4 Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos
que
guardam os meus sábados, e escolhem as coisas
que
me agradam, e abraçam o meu pacto:
Is
56:5 Dar-lhes-ei na minha casa
e
dentro dos meus muros um memorial
e
um nome melhor do que o de filhos e filhas;
um
nome eterno darei a cada um deles,
que
nunca se apagará.
Is
56:6 E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor,
para
o servirem, e para amarem o nome do Senhor,
sendo
deste modo servos seus,
todos
os que guardarem o sábado, não o profanando,
e
os que abraçarem o meu pacto,
Is
56:7 sim, a esses os levarei ao meu santo monte,
e
os alegrarei na minha casa de oração;
os
seus holocaustos e os seus sacrifícios
serão
aceitos no meu altar;
porque
a minha casa será chamada
casa
de oração para todos os povos.
Is
56:8 Assim diz o Senhor Deus,
que
ajunta os dispersos de Israel:
Ainda
outros ajuntarei a ele, além dos que
já
se lhe ajuntaram.
Is
56:9 Vós, todos os animais do campo,
todos
os animais do bosque, vinde comer.
Is
56:10 Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem;
todos
são cães mudos, não podem ladrar; deitados,
sonham
e gostam de dormir.
Is
56:11 E estes cães são gulosos, nunca se podem fartar;
e
eles são pastores que nada compreendem;
todos
eles se tornam para o seu caminho,
cada
um para a sua ganância,
todos
sem exceção.
Is
56:12 Vinde, dizem,
trarei
vinho, e nos encheremos de bebida forte;
e
o dia de amanhã será como hoje,
ou
ainda mais festivo.
Os pastores são aqui uma ilustração dos
governadores (vs. 10; 40:11; Ez 34:1-6) que nada compreendem e que se tornam
para o seu caminho de ganância insaciável.
Estes são os que dizem para trazerem mais
vinho e se encherem de bebida forte, porque o dia de amanhã seria ainda mais
festivo que o dia de hoje.
Eram semelhantes, ou protótipos, dos
israelitas que estariam cercados por Senaqueribe que desesperados pelas suas
vidas diriam: comamos e bebamos, pois que amanhã morreremos. Era mesmo um
tributo à morte e uma ofensa ao Deus da salvação. Ou seja, sua preocupação com
o povo de Deus era nenhuma e somente queriam banquetearem-se em seus próprios
deleites, totalmente aversos ao reino de Deus, à sua justiça e aos seus
sábados.
Fique à vontade para tecer seus comentários. No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 : devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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1 comentários:
muito bom pra quem estuda a biblia
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.