Miqueias é apresentado como um profeta que
falava com autoridade dada pelo Senhor. A Palavra do SENHOR veio a ele nos dias
de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, no qual ele viu (uma revelação
sobrenatural para a visão ou audição interior do profeta) que era sobre Samaria
e Jerusalém.
IV. O JULGAMENTO DA NAÇÃO E A RESTAURAÇÃO FUTURA (6.1-7.20).
Veremos nesta parte, a última do livro, o
julgamento da nação e a restauração futura.
Deus anunciou castigar Judá e Jerusalém com
derrota e exílio, pois a nação havia violado a aliança de maneira clamorosa,
mas um dia ambas seriam restauradas. Nesse terceiro ciclo de julgamentos e
bênçãos, Miquéias focou na nação como um todo e na maravilha da salvação final
do povo de Deus.
Esses capítulos se dividem em cinco seções:
julgamentos por quebra da aliança (6.1-8), maldições sobre Jerusalém (6.9-16),
a desintegração da nação (7.1-6), uma expressão de confiança na salvação de
Deus (7.7) e um hino de louvor como encerramento (7.8-20) que formarão a
seguinte estruturação, conforme a BEG: A. O julgamento pela quebra da aliança
(6.1-8) – vermos agora; B. O
julgamento de maldições sobre Israel (6.9-16) – veremos agora; C. O julgamento da desintegração social (7.1-6); D.
A confiança de Miqueias em Deus (7.7); e, E. Hino de louvor pela vitória de
Deus (7.8-20).
A. O julgamento pela quebra da aliança (6.1-8).
Nos próximos 8 versículos, veremos o julgamento
por quebra da aliança. Esse oráculo segue o padrão de uma ação judicial da
aliança, na qual Deus acusa e julga o seu povo por violações flagrantes da
aliança.
Após uma introdução no vs. la, dirigida ao
público do livro, esse oráculo é dividido em três partes:
(1)Ele
começa com uma cena de julgamento que inclui:
üO
Senhor como o queixoso.
üMiquéias
como o seu enviado.
üOs
montes como testemunhas.
üIsrael
como o acusado (vs. lb-2).
(2)O
Senhor então acusa os israelitas de ingratidão (vs. 3) e os chama a
lembrarem-se (vs. 5) de seus atos graciosos e salvadores durante o período de
formação de Israel - do êxodo do Egito até a entrada na Terra Prometida (vs.
4-5).
(3)O
Senhor então exige justiça como pré-requisito para reconciliação consigo e
acesso à sua presença salvadora (vs. 6-8).
Esse processo, o qual é dirigido ao
"Povo meu" (vs. 3,5), busca restaurar, não condenar.
Miquéias chama a atenção ao que está a
dizer o Senhor que pede que se abra processo (NVI) ou defenda a tua causa (ARA)
perante os montes e colinas, pois que ele estará entrando em juízo contra
Israel.
Jacó e Labão empilharam pedras como
testemunhas da aliança entre eles, então o Senhor usou os montes duradouros
como testemunhas da aliança que Moisés mediou (Dt 4.26; 30.19, 31.28; 32.1).
Deus está chamando a atenção deles para suas
memórias das coisas que aconteceram e de como o Senhor os guiou desde o Egito
até Gilgal.
Estes dois extremos - o êxodo do Egito e a
entrada na Terra Prometida - representam todos os atos salvadores de Deus
durante o período de formação de Israel, incluindo a Páscoa, o anjo do Senhor,
a passagem pelo mar Vermelho, a provisão de maná, a água da pedra e a vitória
sobre os inimigos.
Ele continua a apelar para a lembrança
deles – vs. 5 - para os fatos que aconteceram em sua jornada sugerindo não
apenas a recordação de acontecimentos passados, mas os trazendo para ter
ligação com a existência presente, tornando-os efetivos no presente por meio da
imaginação e da fé.
Uma vez desperta a consciência pelas recordações
do povo, como iriam eles se apresentar diante do Senhor, curvando-se em
reconhecimento de seu governo e providência na vida deles? Seria com multidões
de sacrifícios? Agradaria o Senhor com isso?
Embora ele parecesse bastante religioso ao
intensificar o valor do seu sacrifício, o adorador representativo condenou a si
mesmo. Com sua atitude de descaso, desprezo e rejeição a Deus, esse adorador manifestou
com isso:
·Uma
profunda descrença na graça de Deus, pois a salvação de Israel (vs. 4-5) era
gratuita.
·Um
profundo mal entendimento de suas obrigações da aliança, as quais ordenavam
justiça social e misericórdia, não mera liturgia (vs. 7-8).
·Uma
profunda recusa em arrepender-se, pois em vez de pedir que Deus o mudasse, ele
quis subornar Deus juntamente com os magistrados, profetas e sacerdotes de
Israel (3.11).
Sua tentativa de comprar Deus levou-o a
oferecer (de maneira absurda) "ribeiros de azeite" e (de maneira
pagã) o seu "primogênito" – vs. 7. O povo não queria Deus por ele ser
Deus, mas queria deuses, conforme os seus ventres, que mediante sacrifícios fizessem
a vontade de seu adorador. Era esse o deus-escravo, mendigo, que careceria da
adoração e de sacrifícios de seus adoradores.
O Deus verdadeiro é autossuficiente e se
basta a si mesmo, não depende do amor, nem da adoração, muito menos dos
sacrifícios de seus adoradores. O fato de ele nos permitir a vida, mesmo em
contraditório a ele – uma burrice nossa! – é dom de Deus e graça soberana na
vida dos pecadores.
No verso 8, o profeta fala em nome do Deus
verdadeiro, mostrando o que ele quer de cada um de nós, ou seja, que pratiquemos
a justiça, amemos a fidelidade e andemos humildemente perante ele. O termo
também pode ser traduzido como "prudentemente". Na verdade, o Senhor
exigia pouco do seu povo (cf. Dt 30.11-14), mas mesmo assim eles violaram a
aliança e permaneceram condenados.
B. O julgamento de maldições sobre Israel (6.9-16).
Dos versos 9 ao 16, veremos o julgamento de
maldições sobre Israel. Esse oráculo consiste:
·De
um discurso a Jerusalém (vs. 9).
O
sensato aqui seria dar ouvidos à voz do Senhor e temer o seu nome, pois ele
está clamando à cidade!
·Uma
acusação do uso de medidas falsas (vs. 10-11) e discurso falso (vs. 12).
Que
pureza poderia haver com balanças enganosas?
Todos
aqui parecem de mãos dadas à corrupção e ao engano, pois os ricos estavam
entregues à violência, obviamente para aumentarem e manterem os seus ganhos, o
povo mentindo e com isso treinando para se aperfeiçoarem no engano e as línguas,
em consequência, falando enganosamente.
·Uma
sentença judicial que consistia em doença e ruína em geral (vs. 13) e, mais
especificamente, aflições do corpo (vs. 14) e a pilhagem das colheitas (vs.
15).
O
Senhor não iria deixar isso dessa forma e assim os faria sofrer e se arruinarem
por causa de seus pecados – vs. 14 e 15:
üComerão,
mas não ficarão satisfeitos - continuarão de estômago vazio.
üAjuntarão,
mas nada preservarão, porquanto o que guardarem, à espada os entregará. Conforme
a BEG, muitas versões antigas sugerem a leitura "Entrarás em trabalhos de
parto, mas não darás à luz. E mesmo que você dê à luz uma criança, eu a
entregarei à espada" em lugar de “entregarei à espada”.
üPlantarão,
mas não colherão.
üEspremerão
azeitonas, mas não se ungirão com o azeite.
üEspremerão
uvas, mas não beberão o vinho.
»MIQUÉIAS [6]
Mq 6:1 Ouvi
agora o que diz o Senhor:
Levanta-te, contende perante os montes,
e ouçam os outeiros a tua voz.
Mq 6:2 Ouvi, montes, a demanda do Senhor,
e vós, fundamentos duradouros da terra;
porque o Senhor tem uma demanda com o seu povo
e com Israel entrará em juízo.
Mq 6:3 Ó povo meu, que é que te tenho feito?
e em que te enfadei?
testifica contra mim.
Mq 6:4 Pois te fiz subir da terra do Egito,
e da casa da servidão te remi;
e enviei adiante de ti a Moisés, Arão e Miriã.
Mq 6:5 Povo meu, lembra-te agora da consulta de
Balaque,
rei de Meabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de
Beor,
e do que sucedeu desde Sitini até Gilgal,
para que conheças as justiças do Senhor.
Mq 6:6 Com que me apresentarei diante do Senhor,
e me prostrarei perante o Deus excelso?
Apresentar-me-ei diante dele com holocausto,
com bezerros de um ano?
Mq 6:7 Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros,
ou de miríades de ribeiros de azeite?
Darei o meu primogênito pela minha transgressão,
o fruto das minhas entranhas
pelo pecado da minha alma?
Mq 6:8 Ele te declarou, ó homem,
o que é bom; e que é o que o Senhor requer de ti,
senão que pratiques a justiça,
e ames a benevolência,
e andes humildemente com o teu Deus?
Mq 6:9 A voz do Senhor clama à cidade,
e o que é sábio temerá o teu nome.
Escutai a vara, e quem a ordenou.
Mq 6:10 Porventura ainda há na casa do ímpio
tesouros de impiedade?
e a efa desfalcada, que é detestável?
Mq 6:11 Justificarei ao que tem balanças falsas,
e uma bolsa de pesos enganosos?
Mq 6:12 Pois os ricos da cidade estão cheios de
violência,
e os seus habitantes falam mentiras,
e a língua deles é enganosa na sua boca.
Mq 6:13 Assim eu também te enfraquecerei,
ferindo-te e assolando-te,
por causa dos teus pecados.
Mq 6:14 Tu comerás, mas não te fartarás;
e a tua fome estará sempre contigo;
removerás os teus bens, mas nada livrarás;
e aquilo que livrares,
eu o entregarei à espada.
Mq 6:15 Tu semearás, mas não segarás;
pisarás a azeitona,
mas não te ungirás de azeite;
e pisarás a vindima,
mas não beberás o vinho.
Mq 6:16 Porque se observam os estatutos de Onri,
e todas as obras da casa de Acabe,
e vós andais nos conselhos deles;
para que eu faça de ti uma desolação,
e dos seus habitantes um assobio.
Assim trareis sobre vós o opróbrio do meu povo.
O vs. 16 recapitula a mensagem:
·Acusação
(vs. 16a):
üObedecido
aos decretos de Onri.
üObedecido
a todas as práticas da família de Acabe.
üSeguido
as tradições deles.
·Sentença
(vs. 16b).
Seriam
entregues à ruína e o seu povo ao desprezo de forma que sofrerão a zombaria das
nações. A sentença cumpriu as maldições da aliança (cf. Lv 26; Dt 28).
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1 comentários:
Esclarecedor o estudo.
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