Estamos em nossa quinta parte, de nossa
divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada
pela BEG. Estamos no capítulo 9.
V. O TEMPLO (7.1-10.25).
Estamos vendo agora como Jeremias rejeitou
a suposição geral de que o templo protegeria Jerusalém da destruição.
E para melhorar nossa compreensão,
dividimos essa série de discursos de Jeremias em três seções: A. O templo de
Salomão e Siló – 7:1 – 8:3 – já vimos;
B. Os pecados e julgamentos de Judá – 8:4 – 9:26 - concluiremos agora; e, C. A idolatria ou o Senhor – 10:1-25.
B. Os pecados e julgamentos de Judá – 8:4 – 9:26 - continuação.
Estamos vendo, como já dissemos, os pecados
e o julgamento de Judá. Depois de mostrar que o templo não garantia proteção
contra a ira de Deus, essa parte do texto trata dos pecados de Jerusalém que
trariam sobre a cidade santa a decisão divina de destruição e exílio.
Jeremias começa este capítulo se mostrando
semelhante a Jesus em sua compaixão pelo povo (Lc 19.41).
Ele sente o drama de o povo ter se lançado
tão profundamente no pecado a ponto de se esquecer completamente do Senhor. Ele
chega a desejar uma oportunidade de se livrar do povo, de se apartar dele por
causa das suas escolhas e preferências, mas, negando-se a si mesmo, resiste a
isso e o tolera numa esperança bem remota de salvar quem sabe os remanescentes
dele.
O versículo usa uma imagem militar ao
comparar o arco com a língua, pois ambos, neste caso, parecem mortais. Seu arco
é a falsidade que eles empunham como se estivessem em combate. É o Senhor quem está
falando – vs. 3 -, o Senhor dos Exércitos, de modo que a passagem de 8.21-9.3
adquire um novo significado. Deus também ansiava pelo deserto, para que pudesse
lançar o seu povo fora e não ter mais comunhão com ele (2.2-3). Essa passagem
retrata claramente os sentimentos do Senhor, expressos por intermédio do seu
profeta.
O povo andava mesmo desviado completamente
do Senhor a ponto de enganarem-se mutuamente, sem que fosse possível confiar um
no outro, nesta nossa caminhada da vida. Engano e calúnia é a escolha do povo.
Nos versos 5 e 6, a descrição das escolhas
erradas do povo continua. O povo tem andado no engano e com o engano,
desprezando a verdade e optando pela mentira e até se cansavam de tanto
praticarem a iniquidade. Era por causa do engano que eles se recusavam a
conhecerem ao Senhor.
Não que isso não fosse possível ou extremamente
difícil, mas por pura rebeldia mesmo. Dizem que nossas escolhas determinam o
que somos; sendo assim, as escolhas deles diziam que eles eram o joio no meio
do trigo e as gravinhas nas videiras.
Já dizia o Senhor no evangelho de João que
todo ramo que nele estando não der fruto, será cortado e lançado fora, depois o
apanharão e o queimarão no fogo – Jo 15.
Já no verso 7, o Senhor, sem mais qualquer
outra alternativa, promete fundi-los e prová-los uma vez que sua palavra não
cumpriu o efeito desejado que era a de conversão. Eles endureceram seus
corações enganosos.
A paz – vs. 8 - seria a verdadeira base da
sociedade e o resultado da fidelidade à aliança; o seu oposto é a falsidade - a
base da sociedade de Judá nessa época.
A resposta óbvia a pergunta do verso 9 é
sim. Sim, o Senhor haverá de castigar o povo por causa disso e se vingar de uma
nação semelhante a essa.
Como Jeremias chorou, o Senhor também choraria
(vs. 1), especialmente pela desolação da terra que ele havia dado ao seu povo.
Era seu desejo que a terra fosse rica e populosa; ao invés disso, ficaria
desolada (Mq 1.8; Mt 23.27-28).
Jerusalém, em função da ira de Deus, se
tornaria em montões de pedras e morada de chacais, totalmente desolada, sem
habitantes. A maldição da terra é marcada pela sua falta de habitantes, um tema
comum nas Escrituras (SI 44.19; Is 13.21-22).
Os sábios entenderão e compreenderão o que
se passa com a terra e a razão de sua desolação terrível. Isso nos remete para a
terminologia sapiencial referente ao conhecimento que Deus concede (Pv 1.2-5). Israel,
que deveria ser louvado pela sua sabedoria - Dt 4:6 -, é envergonhado pela sua
insensatez.
Jeremias estava especificamente preocupado
com as práticas idólatras (v. 14). O povo tinha rejeitado a lei do Senhor e
escolhido, obstinadamente, os seus próprios caminhos e pensamentos,
principalmente aqueles que os remetiam aos baalins, conforme lhes ensinaram os
seus próprios pais.
Em função dessas coisas, o Senhor os
espalharia entre as nações desconhecidas, de pessoas estranhas e falas
completamente diferentes. A espada também não os deixaria em paz tamanhos seria
a perseguição contra eles. Essa era a maldição prevista em Dt 28.64 e executada
no reino do norte, em 722 a.C. e sobre Judá em 586 a.C. A declaração é enfatizada
pelo retrato de destruição total.
O tema do pranto é retomado (vs. 1,10).
Essa é a referência mais clara do Antigo Testamento a mulheres que se dedicavam
profissionalmente a dirigir os lamentos pelos mortos, as conhecidas carpideiras
– vs. 17. (cf. Am 5.16).
A ruína era muito grande e o lamento enorme
gerando nos olhos lágrimas de desespero. A voz do pranto se ouvia em Sião e
diziam e exclamavam como estariam arruinados, envergonhados por terem deixado a
terra e por terem perdido as suas moradas.
No verso 21, a morte é personificada como o
deus cananeu Mot (que significa "morte") que entra pelos palácios, ou
"fortalezas" (nesse momento estes se encontravam vazios e frágeis.
6.11; Lm 5.13-15), para exterminar das ruas e das praças as crianças e os jovens.
Até os cadáveres dos homens seriam como o
adubo ou o esterco da terra para preparar o solo para torná-lo fértil. É de
fato uma situação calamitosa a ponto da cidade não ter condições de enterrar os
seus próprios mortos.
Quem é que poderia se orgulhar ou se
gloriar? Em suas sabedorias, forças, riquezas, poderiam os sábios, forte e
ricos se gloriarem? Até que poderiam, mas não seria sensato. A palavra de Deus
orienta que aquele que quer se gloriar, que se glorie nele, no Senhor, em conhecê-lo
e saber que ele é Deus sobre a terra toda.
O verso 24 proclama em alto e bom som que o
que se gloriar, glorie-se nisto:
·Em
entender que Deus é Senhor - entendimento.
·Em
conhecer, que Deus é Senhor – conhecimento.
·Que
como Senhor faz
üBenevolência.
üJuízo.
üJustiça
na terra - praticidade.
·Que
como Senhor se agrada justamente dessas coisas acima - satisfação.
Ressalte-se que a sabedoria, a força e a
riqueza não se tratam de coisas negativas quando são presentes de Deus.
Observar que Salomão preferiu a sabedoria às riquezas e que Deus lhe deu ambas
(1 Rs 3; cf. também Dt 8.17; SI 20.7; Pv 8.8-21).
Não devemos ter medo de administrar, se
necessário, milhões ou bilhões que nos chegarem às mãos com sabedoria, com
força e inteligência. As riquezas até podem entrar em nossos bolsos, mas jamais
em nossos corações.
Jr 9:1 Oxalá a minha cabeça se tornasse
em águas,
e os meus
olhos numa fonte de lágrimas,
para
que eu chorasse de dia e de noite
os mortos da
filha do meu povo!
Jr 9:2 Oxalá
que eu tivesse no deserto uma estalagem de viandantes,
para
poder deixar o meu povo, e me apartar dele!
porque
todos eles são adúlteros,
um
bando de aleivosos.
Jr 9:3 E encurvam a língua, como se fosse o
seu arco, para a mentira;
fortalecem-se
na terra, mas não para a verdade;
porque
avançam de malícia em malícia,
e
a mim me não conhecem, diz o Senhor.
Jr 9:4
Guardai-vos cada um do seu próximo,
e
de irmão nenhum vos fieis;
porque
todo irmão não faz mais do que enganar,
e
todo próximo anda caluniando.
Jr 9:5 E engana
cada um a seu próximo, e nunca fala a verdade;
ensinaram
a sua língua a falar a mentira;
andam-se
cansando em praticar a iniqüidade.
Jr 9:6 A tua
habitação está no meio do engano;
pelo
engano recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor.
Jr 9:7 Portanto
assim diz o Senhor dos exércitos:
Eis
que eu os fundirei e os provarei;
pois,
de que outra maneira poderia proceder
com
a filha do meu povo?
Jr 9:8 uma
flecha mortífera é a língua deles;
fala
engano; com a sua boca fala cada um de paz
com
o seu próximo,
mas no
coração arma-lhe ciladas.
Jr 9:9 Não
hei de castigá-los por estas coisas? diz o Senhor;
ou
não me vingarei de uma nação tal como esta?
10 Pelos
montes levantai choro e pranto,
e
pelas pastagens do deserto lamentação;
porque
já estão queimadas,
de
modo que ninguém passa por elas;
nem
se ouve mugido de gado;
desde
as aves dos céus até os animais, fugiram e se foram.
Jr 9:11 E
farei de Jerusalém montões de pedras, morada de chacais,
e
das cidades de Judá farei uma desolação,
de
sorte que fiquem sem habitantes.
Jr 9:12 Quem
é o homem sábio, que entenda isto?
e
a quem falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar?
Por
que razão pereceu a terra, e se queimou
como
um deserto, de sorte que ninguém
passa
por ela?
Jr 9:13 E diz
o Senhor:
porque
deixaram a minha lei, que lhes pus diante,
e não deram
ouvidos à minha voz, nem andaram nela,
Jr
9:14 antes andaram obstinadamente
segundo
o seu próprio coração,
e após
baalins, como lhes ensinaram os seus pais.
Jr 9:15
Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel:
Eis
que darei de comer losna a este povo,
e
lhe darei a beber água de fel.
Jr 9:16
Também os espalharei por entre nações que nem eles
nem
seus pais conheceram; e mandarei a espada após eles,
até
que venha a consumi-los.
Jr 9:17 Assim
diz o Senhor dos exércitos:
Considerai,
e chamai as carpideiras, para que venham;
e mandai
procurar mulheres hábeis,
para
que venham também;
Jr
9:18 e se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós,
para
que se desfaçam em lágrimas os nossos olhos,
e
as nossas pálpebras destilem águas.
Jr 9:19
Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião:
Como
estamos arruinados! Estamos mui envergonhados,
por
termos deixado a terra,
e
por terem eles transtornado as nossas moradas.
Jr 9:20 Contudo
ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor,
e
recebam os vossos ouvidos a palavra da sua boca;
e
ensinai a vossas filhas o pranto,
e
cada uma à sua vizinha a lamentação.
Jr 9:21 Pois
a morte subiu pelas nossas janelas,
e
entrou em nossos palácios, para exterminar das ruas
as
crianças, e das praças os mancebos.
Jr 9:22 Fala:
Assim
diz o Senhor:
Até
os cadáveres dos homens cairão como esterco
sobre
a face do campo, e como gavela atrás
do segador, e
não há quem a recolha.
Jr 9:23 Assim
diz o Senhor:
Não
se glorie o sábio na sua sabedoria,
nem
se glorie o forte na sua força;
não
se glorie o rico nas suas riquezas;
Jr
9:24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto:
em
entender, e em me conhecer,
que
eu sou o Senhor, que faço
benevolência,
juízo e justiça na terra;
porque
destas coisas me agrado,
diz
o Senhor.
Jr 9:25 Eis
que vêm dias, diz o Senhor,
em
que castigarei a todo circuncidado
pela
sua incircuncisão:
Jr
9:26 ao Egito, a Judá e a Edom,
aos
filhos de Amom e a Moabe,
e a todos os
que cortam os cantos da sua cabeleira
e
habitam no deserto;
pois
todas as nações são incircuncisas,
e
toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.
Que curioso o fato de castigar o circunciso
pela sua incircuncisão – vs. 25. Ele está ou não circuncidado? Se está
circuncidado, por que é penalizado por ser como se não tivesse? Quem explica
bem isso é o apóstolo Paulo.
“Qual
é, logo, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em
toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas”
(Rm 3.1-2); e também “... a adoção de
filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas” (Rm
9.4). A circuncisão, como aliança, foi dada por Deus a Abraão em um determinado
tempo e espaço com a intenção de gerar para si um povo santo: “Porque eu sou o Senhor, que vos faço subir
da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos;
porque eu sou santo” (Lv 11.45). Portanto, “a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se
tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão” (Rm
2.25)[1].
O castigo prometido – vs. 25 – seria sobre
todo circuncidado pela sua incircuncisão: o Egito, Judá, Edom, Amon, Moabe,
etc. Todas as nações são incircuncisas e toda a casa de Israel o é também de
coração.
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