Como já dissemos, Paulo escreveu essa epístola para orientar Timóteo em
sua oposição aos falsos mestres em Éfeso. Estamos no capítulo 6/6.
Breve
síntese do capítulo 6.
Devemos ser como aqueles que ao fazerem
qualquer coisa lembram-se dos ensinamentos de Paulo: Cl 3:17 + Cl 3:23 + I Co
10:31 + Fp 2:14:
üDevemos tudo fazermos de coração como se ao Senhor
estivéssemos fazendo (Cl 3:23)
üEm nome do Senhor Jesus Cristo, dando por
ele graças a Deus Pai (Cl 3:17)
üSem murmurações, nem contendas (Fp 2:14)
üPara a glória de Deus (I Co 10:31).
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
V. INSTRUÇÕES COM RESPEITO A GRUPOS ESPECÍFICOS (5.3-6.2) - continuação.
Como já dissemos, Paulo explicou como
Timóteo deveria ministrar aos diferentes grupos da igreja que haviam se tornado
vítimas de falsos mestres. O foco de Paulo na responsabilidade de Timóteo para
se contrapor à apostasia em Éfeso o levou a acrescentar detalhes sobre algumas
responsabilidades específicas.
Paulo disse, a Timóteo como ele deveria
ministrar para três grupos específicos em Éfeso, conforme a BEG: A. Ministrando
às viúvas (5.3-16) – já vimos; B.
Ministrando aos presbíteros (5.17-25) – já
vimos; e, C. Ministrando aos escravos (6.1-2) – concluiremos agora.
C. Ministrando aos escravos (6.1-2).
Finalmente, Paulo abordou o problema dos
escravos que não estavam demonstrando o respeito adequado aos seus senhores
cristãos.
Paulo forneceu mais orientações aos
escravos em suas outras cartas (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25; Tt 2.9-10). Percebe-se o
seu zelo tanto pelo nome do Senhor como pela doutrina. Essa menção foi feita
presumivelmente em contraste com a falsa doutrina que pode ter incentivado a
insubordinação entre alguns dos escravos cristãos.
VI. A FALSA DOUTRINA E O LUCRO FINANCEIRO (6.3-19).
Paulo desafiou os motivos financeiros dos
falsos mestres advertindo-os dos perigos da avareza e do amor ao dinheiro.
Assim, dos vs. 3 ao 19, Paulo fala dessa falsa
doutrina e do lucro financeiro. Paulo retornou uma última vez ao problema dos
falsos mestres, salientando especialmente a divisão que promoviam e a cobiça
deles.
Sua abordagem dessa questão se divide em
uma descrição da falsa doutrina (6.3-10) e da responsabilidade de Timóteo (vs.
1 1-19). Elas gerarão a seguinte divisão proposta, conforme a BEG: A. A falsa
doutrina (6.3-10) – veremos agora; e,
B. A responsabilidade de Timóteo (6.11-19) – também veremos agora.
A. A falsa doutrina (6.3-10).
A falsa doutrina de que fala Paulo a
Timóteo em sua primeira epístola a ele, inclui, entre outras coisas, a ideia
que a piedade leva ao lucro financeiro.
O verdadeiro interesse de tais homens eram
pelas discussões que envolviam questões e contendas de palavras. Essas
discussões eram uma das características predominantes dos falsos mestres (1.4;
2Tm 2.14,23; Tt 3.9).
Aparentemente, alguns dos falsos mestres (e
talvez seus seguidores) tivessem encontrado modos de obter lucro financeiro por
meio de sua doutrina (vs. 10; 2Co 11.7; Tt 1.11). Também é possível que eles
tenham ensinado que a adesão à lei de Deus resultaria necessariamente na
prosperidade financeira (cf. 1.7-9).
Embora as Escrituras promovam o princípio
geral da prosperidade para aqueles que obedecem à lei (p. ex., SI 1.2-3), elas
não traçam um paralelo exato entre as duas coisas, nem ensinam que Deus é
obrigado a abençoar financeiramente todo aquele que guardar a lei.
Os cristãos podem ficar contentes, pois as
suas necessidades serão atendidas por Cristo (2Co 12.9-10; Fp 4.11-13) dentro
daquilo que podemos entender dos planos de Deus. Se nada trouxemos a este mundo
quando para ele viemos, nada poderemos levar dele, por isso que ele fala que
bastariam o sustento (comer e beber) e o vestuário, para não ficarmos nus. O
restante seria lucro.
Isso me fez lembrar de dois dos
sobreviventes do voo Força Aérea Uruguaias 571 que caiu na Cordilheira dos
Andes em 13 de outubro de 1972.
Viajavam 45 pessoas e na queda morreram
mais de um quarto de passageiros. Os sobreviventes estavam sobrevivendo em um
ambiente hostil comendo carne humana dos acidentados.
Depois de esperarem resgate e que algo
acontece que mudasse a sorte deles, dois deles resolveram trilhar a pé as
cordilheiras dos Andes percorrendo mais de 60 km de trechos acidentados em
busca de socorro.
Quando chegaram em um lugar onde haviam
grama, rios, terras, um deles exclamou: estou num hotel cinco estrelas! De
fato, tendo o que comer e o que vestir, todo restante é lucro.
A falsa doutrina evidentemente prometia um meio para o lucro
financeiro, o que levou algumas pessoas a se desviarem da sã doutrina.
Os que querem ficar ricos – e como há desses que querem isso - caem em
tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam
os homens a mergulharem na ruína e na destruição. Tornam-se cegos devido a
ganância que os cega e ela tem um grande problema, nunca parece satisfeita.
Paulo então conclui que o amor ao dinheiro
é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro,
desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos. O
dinheiro mesmo que representa também as riquezas não é nem mau nem bom, mas,
sem o Espírito Santo, eles tem o poder de nos cegar e despertar em nós todas as
espécies de cobiças, por conta de nossa velha natureza adâmica morta.
B. A responsabilidade de Timóteo (6.11-19).
Paulo continuou com seus comentários sobre
os falsos mestres com exortações pessoais a Timóteo, concluindo com uma maravilhosa
doxologia.
Ele pede para Timóteo então, como homem de
Deus:
üFugir
de tudo isso.
üBuscar
– vs. 11:
A
justiça.
A
piedade.
A
fé.
O
amor.
A
perseverança.
A
mansidão.
üCombater
o bom combate da fé.
Uma
metáfora para a vida cristã, vista de uma ótica de fidelidade a Cristo (2Tm
4.7). Ou seja, jamais desistir, estar sempre lutando e crendo na vitória. Ter
uma atitude mental favorável ao reino de Deus e à sua justiça.
üTomar
posse da vida eterna.
Ou
seja, não se tornar acomodado. Conquanto a fé em Cristo deu início a uma nova
vida (4.8; 2Co 5.17), o objetivo máximo da vida cristã é sempre o futuro (1.16;
6.19; Fp 3.12; 2Tm 4.8).
Em
primeiro lugar, a vida eterna não é uma coisa que escolhemos, mas algo a que
somos chamados por Deus (Rm 8.30).
Em
segundo lugar, o chamado de Timóteo não estava ligado temporalmente ao
incidente descrito na próxima oração.
Essa
frase “fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas” pode referir-se ao
batismo de Timóteo ou a alguma outra cerimônia pública em que ele havia
professado a sua fé.
A
"boa confissão" de que alguém entrou na fé em Cristo leva
naturalmente ao "bom combate" e ao “tomar posse” de buscar uma vida
de fidelidade a ele.
Paulo dá um mandato para Timóteo. Ele lhe
manda diante de Deus, que todas as coisas vivifica e de Cristo Jesus “que,
diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão” - provavelmente referindo-se ao
julgamento de Jesus perante Pilatos (Mt 27.11; Mc 15.2; Lc 23.3; Jo 18.33-37;
19.8-11), embora, alguns, entretanto, traduzem-na como "que ao testemunhar
na época de Pôncio Pilatos" e a tomam como referência à vida de Jesus,
especialmente a sua morte – que ele deveria guardar este mandamento sem mácula
e repreensão, até a aparição do Senhor Jesus Cristo - a segunda vinda de Cristo
(2Tm 4.1,8; Tt 3) - a qual a seu tempo mostrará:
·O
bem-aventurado, e único poderoso Senhor.
·O
Rei dos reis e Senhor dos senhores. Essa expressão é aplicada a Cristo em Ap
19.16 (cf. 17.14).
·O
que tem, ele só, a imortalidade.
·O
que habita na luz inacessível.
·Aquele
que nenhum dos homens viu nem pode ver.
·Aquele
a quem é destinado a honra e poder sempiterno.
Para esclarecer que não se opunha às
riquezas, Paulo fez uma exortação aos que se achavam ricos neste mundo (presumivelmente
não pela cobiça) – vs. 17-19. Paulo orientava Timóteo que mandasse aos ricos
deste mundo:
·Que
não fossem altivos.
·Que
não colocassem a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que
abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos.
Uma
das maiores honras de sermos pessoas redimidas é que Deus criou o mundo não
apenas para a sua glória, mas também para o nosso proveito – vs. 17.
·Que
fizessem o bem.
·Que
se enriquecessem de boas obras.
·Que
repartissem de boa mente.
·Que
fossem comunicáveis.
·Que
entesourassem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam
se apoderar da vida eterna – Mt 6.20.
VII. EXORTAÇÕES FINAIS (6.20-21).
Paulo concluiu a sua carta com várias
exortações finais a Timóteo. Paulo levou essa carta à sua conclusão com uma
última incumbência para Timóteo, mais uma vez colocada dentro do contexto do
tratamento reservado aos falsos mestres.
Ele pede para Timóteo guardar o que lhe
fora confiado, ou seja, a sã doutrina do evangelho (1.10-11; cf. 2Tm 1.14) e
evitar as contradições do saber, ou seja, as conversas inúteis e profanas,
mesmo contraditórias que os falsos mestres chamavam de conhecimento.
Essa conclusão abrupta “a graça seja
convosco”, sem as saudações pessoais habituais de Paulo, sugere que Paulo via a
situação de Éfeso como bastante grave. A palavra grega traduzida
"convosco" está no plural. Paulo tinha o propósito de que a carta
fosse lida diante de toda a igreja (2Tm 4.22; Tt 3.15).
I Tm 6:1 Todos os servos que estão debaixo de
jugo
considerem dignos de toda
honra o próprio senhor,
para
que o nome de Deus
e
a doutrina não sejam blasfemados.
I Tm 6:2 Também os que têm senhor fiel
não o tratem com
desrespeito,
porque
é irmão;
pelo
contrário,
trabalhem
ainda mais,
pois
ele, que partilha do seu bom serviço, é crente e amado.
Ensina e recomenda estas coisas.
I Tm 6:3 Se alguém ensina
outra doutrina
e não concorda com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo
e com o ensino segundo a
piedade,
I
Tm 6:4 é enfatuado,
nada
entende,
mas
tem mania por questões
e
contendas de palavras,
de
que nascem inveja,
provocação,
difamações,
suspeitas
malignas,
I
Tm 6:5 altercações sem fim,
por
homens cuja mente
é
pervertida
e
privados da verdade,
supondo
que a piedade é fonte de lucro.
I Tm 6:6 De fato, grande fonte de lucro
é a piedade
com
o contentamento.
I
Tm 6:7 Porque nada temos trazido para o mundo,
nem coisa alguma podemos
levar dele.
I
Tm 6:8 Tendo sustento
e
com que nos vestir,
estejamos
contentes.
I Tm 6:9 Ora, os que querem ficar ricos
caem em tentação,
e cilada,
e em muitas
concupiscências
insensatas
e
perniciosas,
as
quais afogam os homens
na
ruína
e
perdição.
I Tm 6:10 Porque
o amor do dinheiro
é
raiz de todos os males;
e alguns, nessa cobiça,
se
desviaram da fé
e
a si mesmos se atormentaram com muitas dores.
I Tm 6:11 Tu, porém, ó homem de Deus,
foge destas coisas;
antes,
segue
a justiça,
a
piedade,
a
fé,
o
amor,
a
constância,
a
mansidão.
I Tm 6:12 Combate o bom combate da fé.
Toma posse da vida eterna,
para a qual também foste
chamado
e de que fizeste a boa
confissão perante muitas testemunhas.
I Tm 6:13 Exorto-te, perante Deus,
que preserva a vida de
todas as coisas,
e perante Cristo Jesus,
que, diante de Pôncio
Pilatos, fez a boa confissão,
I
Tm 6:14 que guardes o mandato imaculado, irrepreensível,
até
à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo;
I
Tm 6:15 a qual, em suas épocas determinadas,
há
de ser revelada pelo
bendito
e único Soberano,
o
Rei dos reis
e
Senhor dos senhores;
I
Tm 6:16 o único que possui imortalidade,
que habita em luz
inacessível,
a quem homem algum jamais
viu,
nem
é capaz de ver.
A
ele honra e poder eterno. Amém!
I Tm 6:17 Exorta aos ricos do presente século
que não sejam orgulhosos,
nem depositem a sua
esperança na instabilidade da riqueza,
mas
em Deus,
que
tudo nos proporciona ricamente
para
nosso aprazimento;
I Tm 6:18 que pratiquem o
bem,
sejam ricos de boas
obras,
generosos em dar
e prontos a repartir;
I Tm 6:19 que acumulem
para si mesmos tesouros,
sólido
fundamento para o futuro,
a
fim de se apoderarem da verdadeira vida.
I Tm 6:20 E tu, ó Timóteo,
guarda o que te foi
confiado,
evitando
os
falatórios inúteis
e
profanos
e
as contradições do saber,
como
falsamente lhe chamam,
I
Tm 6:21 pois alguns,
professando-o,
se
desviaram da fé.
A
graça seja convosco.
Paulo neste capítulo ensina Timóteo acerca dos
servos, dos senhores e principalmente dos que são ricos ou querem ficar ricos.
Eu gostei muito quando ele ressalta que Deus é muito maior do que a riqueza
porque Deus tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento.
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Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
-
É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
-
A doutrina Calvinista é a mais bela expressão do ensino bíblico
transmitida a nós pelo seu maior representante - João Calvino. É claro, a
de se ori...
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