“E o Índio que Nunca
Ouviu o Evangelho? Este Coitado Vai para o Inferno?” [O TEXTO A SEGUIR FOI EXTRAÍDO DO CAPÍTULO 3 DO LIVRO RAZÃO PARA CRER DE SPROUL - Recomendamos a sua aquisição. Excelente livro para termos em nossas bibliotecas]
Como
professor de teologia, vejo-me sempre à frente de um bombardeio regular de
perguntas por parte de meus alunos. Embora nunca tivesse usado u computador
para contá-las, estou convencido de que uma delas encabeça a lista em termos de
frequência numérica. A pergunta repetida várias vezes é esta: “O que acontece
com o índio inocente que jamais ouviu falar de Cristo?”. Essa indagação uma
preocupação profunda com a pessoa que habita em partes remotas da terra,
distanciadas dos modernos meios de comunicação. Esse indivíduo vive e morre sem
ouvir uma única palavra da mensagem bíblica. Qual a posição do mesmo perante
Deus?
Qual a
razão da frequência dessa pergunta? Por que tantos estudantes se veem
perseguidos por ela? É possível que vários fatores estimulem o pedido de
informação. Em primeiro lugar, os habitantes do mundo ocidental tem suficiente conhecimento
do cristianismo para saber qual motivo central do amor de Deus. Acrescenta-se a
isso a noção comum de que no âmago da fé cristã encontra-se a afirmação da
importância singular da pessoa e obra de Cristo. Se Cristo é o único e
necessário para a salvação, como poderá alguém aproveitar-se dessa redenção se
não tiver conhecimento dela? Se Deus tem tanto amor, por que Ele não ilumina os
céus com uma mensagem celestial transmitida tão claramente que ninguém possa
deixar de vê-la? Por que as “boas novas” da salvação em Cristo ficam limitadas
àquelas culturas que tem acesso às mesmas?
A
pergunta não é incentivada apenas por questões de teologia especulativa,
mas também por um espírito de compaixão humana. Caso a compaixão resida em
nosso íntimo, devemos interessar-nos sempre por aqueles que vivem em
circunstâncias menos privilegiadas que as nossas. Não nos preocupamos aqui com
um sentido paternalista ou imperialista de privilégio cultural, mas com um
sentido final de privilégio redentor. Não existe e nós qualquer senso inato de
retidão que levasse Deus a colocar à nossa disposição os meios de salvar-nos de
um modo privilegiado. Seria até mesmo possível argumentar que nosso
“privilégio” está ligado à nossa maior necessidade de redenção em vista de
nossa maior corrupção. Todavia, desde que o pecado é universal, não se
restringindo à humanidade civilizada ou não-civilizada, ocidental ou
não-ocidental, dificilmente encontraremos aí uma resposta.
O que Acontece à Pessoa Inocente que Nunca Ouviu
Falar de Cristo?
Continuamos
ainda enfrentando a pergunta, quaisquer que sejam as motivações para a mesma. O
que acontece ao inocente que jamais ouviu falar de Cristo?
A maneira como for apresentada a pergunta irá
afetar sua resposta. Quando perguntamos: “O que acontece ao inocente que nunca ouviu?” estamos incluindo
na pergunta suposições significativas. Se ela for, porém, feita desse modo, a
resposta é fácil e evidente. O índio inocente que jamais ouviu falar de
Cristo está em excelente condição e não precisamos preocupar-nos com a sua
salvação. A pessoa inocente não
precisa ouvir sobre Cristo. Não tem necessidade de redenção. Deus jamais
castiga inocentes. O inocente não precisa de um Salvador; ele pode salvar-se
pela sua inocência.
Quando a pergunta é apresentada deste modo,
ele envolve, entretanto, a suposição de que haja pessoas inocentes no mundo. Se
for esse o caso( cuja suposição o cristianismo nega enfaticamente), não será
então necessário que nos ocupemos com as mesmas. A questão mais ampla continua,
porém, diante de nós: “O que acontece, porém, ao culpado que jamais ouviu?”.
A suposição
de inocência geralmente se integra na pergunta sem que se note. O sentido no
geral não é de perfeita inocência, mas de inocência relativa. Observamos que
algumas pessoas são mais perversas que outras. A perversidade parece ainda
maior quando ocorre num contexto de privilégio. Quando o indivíduo vive
perversamente, embora conhecendo os detalhes dos mandamentos de Deus e tendo
sido repetidamente instruído sobre eles, sua maldade parece hedionda quando
comparada à daqueles que vivem em relativa ignorância.
Por outro
lado, se o índio remoto é culpado, onde está sua culpa? Será castigado por não
crer num Cristo sobre quem nunca ouviu falar? Se Deus é justo, não pode ser
esse o caso. Se Deus castigasse alguém por não responder a uma mensagem que não
teve possibilidade de ouvir, essa seria uma grave injustiça, radicalmente
oposta a justiça à justiça revelada de Deus. Podemos ter a certeza de que
ninguém será punido por rejeitar Cristo, caso não tenha ouvido falar dEle.
Antes de
suspirarmos de alívio, vamos lembrar que o índio continua ainda no anzol.
Alguns pararam nesse ponto na sua consideração do assunto e permitiram que seu
alívio os levasse a sentir-se praticamente livres dele. A suposição silenciosa
nesta altura é que a única ofensa condenatória contra Deus é a rejeição a
Cristo. Desde que o índio não é culpado disto, podemos esquecer-nos dele. De
fato, deixá-lo de lado seria a coisa mais útil e redentora que poderíamos fazer
a seu favor. Se o procurarmos e lhe falarmos sobre Cristo, colocamos sua alma
em risco eterno. Pois agora sabe a respeito de Cristo e recusa-se a aceitá-lO,
não pode mais alegar ignorância como desculpa. Portanto, o melhor serviço que
lhe podemos prestar é o silêncio.
Mas, e se a suposição acima estiver incorreta?
Se houver outras ofensas graves contra Deus? Isso mudaria a situação e nos
faria despertar de nossos devaneios dogmáticos. E se a pessoa que jamais ouviu
falar de Cristo tenha aprendido sobre Deus e O rejeitou? A rejeição de Deus pai
é tão séria quanto a de Deus Filho? Parece que deve ser pelo menos tão grave caso não seja mais grave ainda.
O que Dizer da Pessoa que já Sabe a Respeito de
Deus?
Neste ponto
exato é que o Novo Testamento localiza a culpa universal do homem. Ele anuncia
a vinda de Cristo a um mundo que já rejeitara Deus Pai. O próprio Cristo
afirmou: “Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes… pois não vim
chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento”(Mt 9.12,13).
A resposta
bíblica aos que nunca ouviram falar de Cristo acha-se em Romanos 1, a partir do
versículo 18. A seção começa com o pronunciamento terrível sobre a revelação da
ira divina:
“Deus,
entretanto, mostra do céu a sua ira contra todos os homens pecadores, maldosos,
que repelem a verdade”
Note que a ira de Deus não se manifesta contra
a inocência ou ignorância, mas contra a impiedade e perversidade. Que tipo de
perversidade? Tanto a palavra “pecador” como “maldoso” são termos genéricos
descrevendo classes gerais de atividade. Qual o ato específico que provoca a
ira divina? A resposta é clara, a repulsão da verdade.
Devemos perguntar: “Que verdade está sendo repelida?” O restante do texto
fornece a resposta:
“Pois a verdade sobre Deus é revelada entre
eles instintivamente; Deus pôs esse conhecimento em seus corações. Desde os
primeiros tempos os homens viram a terra, o céu e tudo quanto Deus faz, tendo
conhecido sua existência e seu grande e eterno poder. Assim, eles não terão
desculpa alguma (quando estiverem diante de Deus no Dia do Juízo). Sim, eles
bem sabiam de Deus, mas não admitiram, nem O adoraram, nem mesmo agradeceram a
Ele todo o seu cuidado diário. E, depois, começaram a fazer ideias tolas de
como Deus seria e o que Ele queria que eles fizessem. O resultado foi que suas
mentes insensatas ficaram confusas e em trevas”(Rm 1.19-21—A Bíblia Viva).
O apóstolo
nos dá aqui uma descrição do que os teólogos chamam de “revelação geral”. Isso
significa simplesmente que Deus revelou algo de maneira generalizada. O caráter
“geral” da revelação refere-se a duas coisas, conteúdo e audiência. O conteúdo
é geral por não fornecer uma descrição detalhada de Deus. A trindade não faz
parte desta revelação. Deus revela que Ele é, que Ele tem poder e divindade
eternos. A audiência é geral no sentido de que todos os homens recebem esta
revelação. Deus não se revela apenas a um pequeno grupo escolhido de estudiosos
ou sacerdotes, mas a toda humanidade.
O que mais
este texto ensina sobre revelação geral? Primeiro, aprendemos que ela é clara e
inequívoca. Este conhecimento é instintivo(claro) neles; Deus pôs o mesmo
neles; ele foi também visto. Assim sendo, conhecimento não é obscuro.
Segundo,
aprendemos que o conhecimento atingiu o alvo. Deus não fornece simplesmente uma
revelação objetiva de Si mesmo, que pode ou não ser recebida subjetivamente.
Lemos : “eles bem sabiam de Deus”. O problema do homem não é de não conhecer a
Deus, mas de recusar-se a reconhecer o que sabe ser verdade.
Terceiro,
aprendemos que esta revelação tem continuado desde a fundação do mundo. Não se
trata de um evento único, mas que prossegue de maneira constante.
Quarto,
aprendemos que a revelação se faz através da criação. A natureza invisível de
Deus é revelada “mediante as coisas feitas por ele”. Toda a criação é um teatro
glorioso que representa uma peça magnificente da sua criação.
Quinto,
aprendemos que a revelação basta para tornar o homem indesculpável. A passagem
diz: “não terão desculpa alguma”. Que desculpa você acha que o apóstolo tinha
em mente? Qual a desculpa que a revelação geral elimina? Esta é evidentemente a
da ignorância. Caso o apóstolo esteja correto sobre a revelação geral, ninguém
poderá dizer então a Deus: “sinto muito não te-lo adorado e servido. Eu não
sabia de sua existência. Se apenas soubesse teria sido com certeza seu servo
obediente. Eu não era um ateu militante, era agnóstico. Não julgava haver
evidência suficiente para confirmar sua existência”. Se Deus revelou-se de fato
claramente a todos os homens, ninguém poderá alegar ignorância como uma
desculpa para não render-lhe adoração.
A
ignorância pode funcionar como uma justificativa para certas coisas sob certas
circunstancias. A igreja católica romana, ao desenvolver sua teologia moral,
adotou uma distinção entre a ignorância superável e a insuperável. A superável
é aquela que pode e deve ser vencida. Ela não desculpa. A insuperável é a
ignorância que não tem possibilidade de ser vencida. Ela justifica.
Suponhamos
que uma pessoa de São Paulo fosse para o Rio de Janeiro de carro, e, ao entrar
nos limites da cidade, passasse quando o semáforo estivesse fechado para ela,
sendo multada por desobedecer as leis do trânsito. E o motorista então
protestasse, dizendo: “Eu não sabia que era contra a lei entrar com o sinal
vermelho no Rio. Sou de São Paulo”. Este apelo a ignorância desculparia o
homem? Claro que não. Se o paulistano quiser dirigir num outro estado, é sua
responsabilidade informar-se quanto as leis do trânsito. A leis estão a
disposição de todos não sendo guardadas num cofre fechado. A ignorância do
indivíduo em questão era do tipo superável, não constituindo justificativa.
Suponhamos,
num outro exemplo, que a prefeitura do Rio de Janeiro, estivesse em uma
situação financeira crítica. Seus administradores se reúnem então numa sessão
secreta e baixam um decreto municipal que declara ilegal passar na luz verde e
parar na vermelha. Eles decidem que a multa pela violação da lei será de 20
OTNs. O ponto está em que decidem não notificar a imprensa nem fazer qualquer
menção da nova lei secreta, planejando colocar um guarda em cada semáforo para
deter os motoristas que parem no vermelho e passem no verde. Os motoristas
detidos poderiam alegar ignorância como uma desculpa? Poderiam. Sua ignorância
seria do tipo insuperável e os justificaria.
Assim
sendo, a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo pode alegar ignorância nesse
ponto, mas não tem condições de fazer o mesmo com relação a Deus Pai.
Os indivíduos, porém, que vivem em regiões
remotas do mundo não são religiosos? Sua atividade religiosa não os protege da
ira de Deus? Muitos antropólogos não afirmam que o ser humano é homo religiosus, que a religião é universal? Tais
pessoas talvez não sejam cultas nem sofisticadas em sua atividade religiosa.
Elas talvez adorem totens, vacas ou arvores, mas pelo menos estão tentando e
fazendo o melhor possível. Certamente não sabem fazer mais que isso. Se
nasceram e cresceram numa cultura que adora vacas, como pode se esperar que
façam outra coisa?
Neste ponto
exato a ideia da revelação geral mostra-se devastadora. Se Paulo está certo, a
prática da religião não desculpa o pagão, mas de fato aumenta a sua culpa. Como
isso acontece? Paulo continua seu tratamento da revelação geral, dizendo:
“Dizendo-se
sábios sem Deus, tornaram-se em vez disso completamente tolos. E então, em vez
de adorarem ao Deus glorioso, vivente, tomaram madeira e pedra e fizeram ídolos
para si, esculpindo-os para que parecessem simples aves, animais, serpentes e
homens mortais. E assim Deus deixou que continuassem…Em vez de crerem naquilo
que eles próprios sabiam ser a verdade sobre Deus, escolheram de vontade
própria crer em mentiras. E assim fizeram suas orações as coisas que Deus fez,
mas não obedecendo ao Deus bendito que criou essas mesmas coisas.”(Rm 1.22-25)
O apóstolo
examina aqui a religião pagã. É feita uma “troca” entre a verdade de Deus e a
mentira. A glória divina é substituída pela “glória” da criatura. A adoração
por parte da criatura é religião, mas não passa de idolatria. Dedicar-se à
adoração de ídolos é devotar-se ao insulto da glória e dignidade de Deus. Se
Deus revela claramente a Sua glória e esta for substituída pela adoração de
criaturas, a religião resultante não agrada mas descontenta Deus.
O fato de
as pessoas serem religiosas não significa em si mesmo que Deus se agrade delas.
A idolatria representa o insulto máximo a Deus. Reduzir Deus ao nível da criatura
é despojá-lo de sua Divindade. Isto lhe é particularmente odioso em face do
fato de todos os homens terem recebido suficiente revelação sobre Ele para
saber que não é uma criatura. A religião pagã não é vista então como procedente
de uma tentativa sincera de buscar a Deus, mas, de uma rejeição fundamental da
auto-revelação divina.
Como os pagãos serão julgados?
O Novo
Testamento torna claro que as pessoas serão julgadas segundo os conhecimentos
que possuem. Nem todos os elementos da Lei do Velho Testamento são conhecidos
por aqueles que habitam em partes remotas do mundo, mas lemos que “as leis de
Deus estão escritas dentro deles”(Rm 2.15). Eles são julgados pela lei que não
conhecem e encontrados em falta. Ninguém observa a ética que possui, mesmo que
seja de sua própria invenção.
Aconselhei
certa vez um aluno que estava em meu escritório “por obrigação”. Ele me
procurava por insistência da mãe, cristã zelosa que desejava convencer de todo
modo o filho a tornar-se cristão. Este porém achava-se profundamente desviado e
resistia a persuasão dela. A rebelião dele era radical, optando por um estilo
de vida conflitante com os valores familiares. Ao conversar comigo argumentou
que todos tinham o direito de escolher sua própria ética. Ele acreditava em “fazer
o que queria”, queixando-se de que a mãe não tinha o direito de “empurrar” a
religião pela sua garganta abaixo.
Perguntei-lhe
porque rejeitava a estratégia da mãe, pois se esta seguisse as mesmas regras
dele, podia muito bem obrigá-lo a engolir sua religião. O que a mãe “queria”
era forçar seus conceitos religiosos garganta abaixo das pessoas. Expliquei-lhe
que a mãe não estava sendo consistente com a ética cristã por mostrar-se
insensível ao filho, embora fosse consistente com a ética do mesmo. A medida que
conversamos, ele veio a compreender que na verdade acreditava que as pessoas
podiam agir como quisessem contanto que não interviessem no que “ele” queria. O
que desejava era uma ética para si, mas outra bem diferente para os demais.
Quando nos queixamos do comportamento alheio revelamos claramente quais são os
nossos conceitos reais de moral.
O pagão
africano tem a sua ética, mas até mesmo esta ética é violada e ele fica
portanto exposto ao juízo de Deus. O homem primitivo é frequentemente
idealizado como isento da corrupção da civilização. Tais descrições idealistas
não se ajustam porém aos fatos.
Se alguém
que habite numa região montanhosa jamais ouviu falar de Cristo, ele não será
então castigado por isso. Será entretanto castigado por rejeitar o Pai a quem
conhece e pela desobediência à lei escrita em seu coração. Devemos lembrar de
novo que as pessoas não são rejeitadas por aquilo que não conhecem, mas pelo
que ouviram falar.
Se todos os
homens ouviram falar do Pai, mas naturalmente o rejeitam, segue-se então que
todos precisam conhecer a redenção oferecida em Cristo.
Não ter
conhecimento de Cristo é correr um risco, devido a rejeição anterior da
revelação do Pai. Mas, ouvir de Cristo e rejeitá-lo será correr o risco duplo,
pois agora não só o Pai foi rejeitado, mas também o Filho. Assim sendo, toda
vez que o evangelho é proclamado ele contem uma espada de dois gumes. Para os
que creem, é o sabor da glória. Para os que o rejeitam, a morte.
Como o Índio Isolado Pode Ouvir?
Se a pessoa
que jamais ouviu falar de Cristo se encontra em sério risco, como esta
dificuldade pode ser aliviada ou resolvida? A resposta se encontra numa simples
declaração feita pelo apóstolo Paulo:
“ Como,
porém, eles pediram a Ele que os salve, sem crerem nele? E como podem crer
nele, se nunca ouviram falar dele? E como podem ouvir acerca dele, sem que
alguém lhes fale? E como é que alguém irá para lhes falar, sem que outrem o
envie? É sobre isso que as Escrituras falam, quando afirmam: como são bonitos
os pés daqueles que pregam o evangelho da paz com Deus e trazem noticias
alegres de coisas boas”(Rm 10. 14,15 Bíblia Viva)
O apóstolo
afirma aqui a necessidade da missão da igreja. A missão (do latim enviar)
começa com o amor de Deus. Foi por ter amado tanto o mundo que Ele “enviou” seu
Filho ao mundo. A missão de Cristo foi a favor de todos os que haviam rejeitado
o Pai. O Pai rejeitado enviou o Filho e o Filho enviou a Sua igreja. Essa é a
base para a missão mundial da igreja. Cristo ordena que todos os que não
ouviram venham a ouvir. Eles podem ouvir sem um pregador e não pode haver
pregador sem que alguém o “envie”. A ordem de Cristo é que o evangelho seja
pregado em toda terra e nação, a cada tribo e língua, a cada ente vivo. Se este
mandado fosse levado a efeito pela igreja, a questão do que acontece com os que
jamais ouviram seria discutível.
O cristão
deve fazer uma outra pergunta depois de tratar da questão dos que nunca
ouviram. Ele deve perguntar: “O que acontecerá comigo se eu nunca fizer nada para
promover a missão mundial da igreja?”. Se levar a sério essa pergunta, sua
resposta deve ser igualmente séria. Seu interesse pelo índio o nativo remoto
deve começar com compaixão, devendo culminar também numa resposta compassiva.
A questão
do destino do individuo que jamais ouve falar de Cristo deve ser respondida não
só com palavras, mas também com ação. Esta atividade missionária não deve ser
promovida, por um sentimento de paternalismo ou imperialismo, mas através da
obediência da ordem de “enviar” dada por Cristo. Todos os homens precisam de
Cristo e o dever da igreja é satisfazer essa necessidade.
Pontos Chaves a Serem Lembrados
O que
acontecerá aos pagãos que não tiverem a oportunidade de ouvir?
1.Todos os homens conhecem Deus
Pai (Rm 1.8 e seguintes). O problema do pagão que jamais ouviu o
evangelho é um problema de nossa condição universal como decaídos da
graça.Devemos enfatizar que Deus revelou-se a todos os homens. Todos sabem que
existe um Deus. Assim sendo, ninguém pode alegar ignorância como justificativa
para negar a Deus.
2. Todos deturpam e rejeitam o
verdadeiro conhecimento de Deus. Desde que todos os homens conhecem
a Deus e todos deturpam ou rejeitam esse conhecimento, ninguém é portanto
inocente.
3. Não existem inocentes no mundo.
Os que morrerem sem terem ouvido o evangelho serão julgados segundo o
conhecimento que possuem. Serão julgados por rejeitarem Deus Pai, Deus jamais
condena inocentes.
4. Deus julga segundo o
conhecimento de cada um. A idolatria como “religião” não agrada a
Deus, mas acrescenta insulto a injúria feita a glória de Deus.(Veja Is 42.8). A
idolatria não representa a busca de Deus pelo homem, mas sim a sua fuga de
Deus.
5. O evangelho é o dom divino da
redenção para os perdidos. Deus enviou Cristo para dar as
pessoas uma oportunidade de serem salvas da culpa que já possuem. Caso os
homens rejeitem Cristo, eles irão enfrentar duplo juízo de rejeitarem tanto o
Pai como o Filho(veja Cl 1. 13-17).
6. O pagão precisa de Cristo para
reconciliá-lo com Deus Pai. O próprio Cristo considerou o pagão como
estando “perdido”.
7. Cristo ordena a igreja para
certificar-se de que todos ouçam o evangelho (Veja Mc 16.15).
8. A rejeição de Cristo resulta em
duplo julgamento (veja 2Tm 4.1)
9. A simples “religião” não salva
as pessoas, mas pode aumentar sua culpa.
Fonte:
Razão Para Crer, de R.C. Sproul publicado pela editora Mundo Cristão.
R. C. Sproul: Teólogo e filósofo calvinista, autor prolífico, radialista e fundador do Ligonier Ministries. Possui Doutorado em Filosofia pela Free University Amsterdan e Doutorado em Teologia pelo Whitefield Theological Seminary.
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Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
-
É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
-
A doutrina Calvinista é a mais bela expressão do ensino bíblico
transmitida a nós pelo seu maior representante - João Calvino. É claro, a
de se ori...
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