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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

R. C. SPROUL - RAZÃO PARA CRER - E O ÍNDIO E AQUELE QUE NUNCA OUVIU A MENSAGEM DO EVANGELHO?

“E o Índio que Nunca Ouviu o Evangelho? Este Coitado Vai para o Inferno?”
[O TEXTO A SEGUIR FOI EXTRAÍDO DO CAPÍTULO 3 DO LIVRO RAZÃO PARA CRER DE SPROUL - Recomendamos a sua aquisição. Excelente livro para termos em nossas bibliotecas]
Como professor de teologia, vejo-me sempre à frente de um bombardeio regular de perguntas por parte de meus alunos. Embora nunca tivesse usado u computador para contá-las, estou convencido de que uma delas encabeça a lista em termos de frequência numérica. A pergunta repetida várias vezes é esta: “O que acontece com o índio inocente que jamais ouviu falar de Cristo?”. Essa indagação uma preocupação profunda com a pessoa que habita em partes remotas da terra, distanciadas dos modernos meios de comunicação. Esse indivíduo vive e morre sem ouvir uma única palavra da mensagem bíblica. Qual a posição do mesmo perante Deus?
Qual a razão da frequência dessa pergunta? Por que tantos estudantes se veem perseguidos por ela? É possível que vários fatores estimulem o pedido de informação. Em primeiro lugar, os habitantes do mundo ocidental tem suficiente conhecimento do cristianismo para saber qual motivo central do amor de Deus. Acrescenta-se a isso a noção comum de que no âmago da fé cristã encontra-se a afirmação da importância singular da pessoa e obra de Cristo. Se Cristo é o único e necessário para a salvação, como poderá alguém aproveitar-se dessa redenção se não tiver conhecimento dela? Se Deus tem tanto amor, por que Ele não ilumina os céus com uma mensagem celestial transmitida tão claramente que ninguém possa deixar de vê-la? Por que as “boas novas” da salvação em Cristo ficam limitadas àquelas culturas que tem acesso às mesmas?
A pergunta  não é incentivada apenas por questões de teologia especulativa, mas também por um espírito de compaixão humana. Caso a compaixão resida em nosso íntimo, devemos interessar-nos sempre por aqueles que vivem em circunstâncias menos privilegiadas que as nossas. Não nos preocupamos aqui com um sentido paternalista ou imperialista de privilégio cultural, mas com um sentido final de privilégio redentor. Não existe e nós qualquer senso inato de retidão que levasse Deus a colocar à nossa disposição os meios de salvar-nos de um modo privilegiado. Seria até mesmo possível argumentar que nosso “privilégio” está ligado à nossa maior necessidade de redenção em vista de nossa maior corrupção. Todavia, desde que o pecado é universal, não se restringindo à humanidade civilizada ou não-civilizada, ocidental ou não-ocidental, dificilmente encontraremos aí uma resposta.
O que Acontece à Pessoa Inocente que Nunca Ouviu Falar de Cristo?
Continuamos ainda enfrentando a pergunta, quaisquer que sejam as motivações para a mesma. O que acontece ao inocente que jamais ouviu falar de Cristo?
A maneira como for apresentada a pergunta irá afetar sua resposta. Quando perguntamos: “O que acontece ao inocente que nunca ouviu?” estamos incluindo na pergunta suposições significativas. Se ela for, porém, feita desse modo, a resposta é fácil e evidente. O índio inocente que jamais ouviu falar de  Cristo está em excelente condição e não precisamos preocupar-nos com a sua salvação. A pessoa inocente não precisa ouvir sobre Cristo. Não tem necessidade de redenção. Deus jamais castiga inocentes. O inocente não precisa de um Salvador; ele pode salvar-se pela sua inocência.
Quando a pergunta é apresentada deste modo, ele envolve, entretanto, a suposição de que haja pessoas inocentes no mundo. Se for esse o caso( cuja suposição o cristianismo nega enfaticamente), não será então necessário que nos ocupemos com as mesmas. A questão mais ampla continua, porém, diante de nós: “O que acontece, porém, ao culpado que jamais ouviu?”.
A suposição de inocência geralmente se integra na pergunta sem que se note. O sentido no geral não é de perfeita inocência, mas de inocência relativa. Observamos que algumas pessoas são mais perversas que outras. A perversidade parece ainda maior quando ocorre num contexto de privilégio. Quando o indivíduo vive perversamente, embora conhecendo os detalhes dos mandamentos de Deus e tendo sido repetidamente instruído sobre eles, sua maldade parece hedionda quando comparada à daqueles que vivem em relativa ignorância.
Por outro lado, se o índio remoto é culpado, onde está sua culpa? Será castigado por não crer num Cristo sobre quem nunca ouviu falar? Se Deus é justo, não pode ser esse o caso. Se Deus castigasse alguém por não responder a uma mensagem que não teve possibilidade de ouvir, essa seria uma grave injustiça, radicalmente oposta a justiça à justiça revelada de Deus. Podemos ter a certeza de que ninguém será punido por rejeitar Cristo, caso não tenha ouvido falar dEle.
Antes de suspirarmos de alívio, vamos lembrar que o índio continua ainda no anzol. Alguns pararam nesse ponto na sua consideração do assunto e permitiram que seu alívio os levasse a sentir-se praticamente livres dele. A suposição silenciosa nesta altura é que a única ofensa condenatória contra Deus é a rejeição a Cristo. Desde que o índio não é culpado disto, podemos esquecer-nos dele. De fato, deixá-lo de lado seria a coisa mais útil e redentora que poderíamos fazer a seu favor. Se o procurarmos e lhe falarmos sobre Cristo, colocamos sua alma em risco eterno. Pois agora sabe a respeito de Cristo e recusa-se a aceitá-lO, não pode mais alegar ignorância como desculpa. Portanto, o melhor serviço que lhe podemos prestar é o silêncio.
Mas, e se a suposição acima estiver incorreta? Se houver outras ofensas graves contra Deus? Isso mudaria a situação e nos faria despertar de nossos devaneios dogmáticos. E se a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo tenha aprendido sobre Deus e O rejeitou? A rejeição de Deus pai é tão séria quanto a de Deus Filho? Parece que deve ser pelo menos tão grave caso não seja mais grave ainda.
O que Dizer da Pessoa que já Sabe a Respeito de Deus?
Neste ponto exato é que o Novo Testamento localiza a culpa universal do homem. Ele anuncia a vinda de Cristo a um mundo que já rejeitara Deus Pai. O próprio Cristo afirmou: “Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes… pois não vim chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento”(Mt 9.12,13).
A resposta bíblica aos que nunca ouviram falar de Cristo acha-se em Romanos 1, a partir do versículo 18. A seção começa com o pronunciamento terrível sobre a revelação da ira divina:
“Deus, entretanto, mostra do céu a sua ira contra todos os homens pecadores, maldosos, que repelem a verdade”
Note que a ira de Deus não se manifesta contra a inocência ou ignorância, mas contra a impiedade e perversidade. Que tipo de perversidade? Tanto a palavra “pecador” como “maldoso” são termos genéricos descrevendo classes gerais de atividade. Qual o ato específico que provoca a ira divina? A resposta é clara, a repulsão da verdade. Devemos perguntar: “Que verdade está sendo repelida?” O restante do texto fornece a resposta:
“Pois a verdade sobre Deus é revelada entre eles instintivamente; Deus pôs esse conhecimento em seus corações. Desde os primeiros tempos os homens viram a terra, o céu e tudo quanto Deus faz, tendo conhecido sua existência e seu grande e eterno poder. Assim, eles não terão desculpa alguma (quando estiverem diante de Deus no Dia do Juízo). Sim, eles bem sabiam de Deus, mas não admitiram, nem O adoraram, nem mesmo agradeceram a Ele todo o seu cuidado diário. E, depois, começaram a fazer ideias tolas de como Deus seria e o que Ele queria que eles fizessem. O resultado foi que suas mentes insensatas ficaram confusas e em trevas”(Rm 1.19-21—A Bíblia Viva).
O apóstolo nos dá aqui uma descrição do que os teólogos chamam de “revelação geral”. Isso significa simplesmente que Deus revelou algo de maneira generalizada. O caráter “geral” da revelação refere-se a duas coisas, conteúdo e audiência. O conteúdo é geral por não fornecer uma descrição detalhada de Deus. A trindade não faz parte desta revelação. Deus revela que Ele é, que Ele tem poder e divindade eternos. A audiência é geral no sentido de que todos os homens recebem esta revelação. Deus não se revela apenas a um pequeno grupo escolhido de estudiosos ou sacerdotes, mas a toda humanidade.
O que mais este texto ensina sobre revelação geral? Primeiro, aprendemos que ela é clara e inequívoca. Este conhecimento é instintivo(claro) neles; Deus pôs o mesmo neles; ele foi também visto. Assim sendo,  conhecimento não é obscuro.
Segundo, aprendemos que o conhecimento atingiu o alvo. Deus não fornece simplesmente uma revelação objetiva de Si mesmo, que pode ou não ser recebida subjetivamente. Lemos : “eles bem sabiam de Deus”. O problema do homem não é de não conhecer a Deus, mas de recusar-se a reconhecer o que sabe ser verdade.
Terceiro, aprendemos que esta revelação tem continuado desde a fundação do mundo. Não se trata de um evento único, mas que prossegue de maneira constante.
Quarto, aprendemos que a revelação se faz através da criação. A natureza invisível de Deus é revelada “mediante as coisas feitas por ele”. Toda a criação é um teatro glorioso que representa uma peça magnificente da sua criação.
Quinto, aprendemos que a revelação basta para tornar o homem indesculpável. A passagem diz: “não terão desculpa alguma”. Que desculpa você acha que o apóstolo tinha em mente? Qual a desculpa que a revelação geral elimina? Esta é evidentemente a da ignorância. Caso o apóstolo esteja correto sobre a revelação geral, ninguém poderá dizer então a Deus: “sinto muito não te-lo adorado e servido. Eu não sabia de sua existência. Se apenas soubesse teria sido com certeza seu servo obediente. Eu não era um ateu militante, era agnóstico. Não julgava haver evidência suficiente para confirmar sua existência”. Se Deus revelou-se de fato claramente a todos os homens, ninguém poderá alegar ignorância como uma desculpa para não render-lhe adoração.
A ignorância pode funcionar como uma justificativa para certas coisas sob certas circunstancias. A igreja católica romana, ao desenvolver sua teologia moral, adotou uma distinção entre a ignorância superável e a insuperável. A superável é aquela que pode e deve ser vencida. Ela não desculpa. A insuperável é a ignorância que não tem possibilidade de ser vencida. Ela justifica.
Suponhamos que uma pessoa de São Paulo fosse para o Rio de Janeiro de carro, e, ao entrar nos limites da cidade, passasse quando o semáforo estivesse fechado para ela, sendo multada por desobedecer as leis do trânsito. E o motorista então protestasse, dizendo: “Eu não sabia que era contra a lei entrar com o sinal vermelho no Rio. Sou de São Paulo”. Este apelo a ignorância desculparia o homem? Claro que não. Se o paulistano quiser dirigir num outro estado, é sua responsabilidade informar-se quanto as leis do trânsito. A leis estão a disposição de todos não sendo guardadas num cofre fechado. A ignorância do indivíduo em questão era do tipo superável, não constituindo justificativa.
Suponhamos, num outro exemplo, que a prefeitura do Rio de Janeiro, estivesse em uma situação financeira crítica. Seus administradores se reúnem então numa sessão secreta e baixam um decreto municipal que declara ilegal passar na luz verde e parar na vermelha. Eles decidem que a multa pela violação da lei será de 20 OTNs. O ponto está em que decidem não notificar a imprensa nem fazer qualquer menção da nova lei secreta, planejando colocar um guarda em cada semáforo para deter os motoristas que parem no vermelho e passem no verde. Os motoristas detidos poderiam alegar ignorância como uma desculpa? Poderiam. Sua ignorância seria do tipo insuperável e os justificaria.
Assim sendo, a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo pode alegar ignorância nesse ponto, mas não tem condições de fazer o mesmo com relação a Deus Pai.
Os indivíduos, porém, que vivem em regiões remotas do mundo não são religiosos? Sua atividade religiosa não os protege da ira de Deus? Muitos antropólogos não afirmam que o ser humano é homo religiosus, que  a religião é universal? Tais pessoas talvez não sejam cultas nem sofisticadas em sua atividade religiosa. Elas talvez adorem totens, vacas ou arvores, mas pelo menos estão tentando e fazendo o melhor possível. Certamente não sabem fazer mais que isso. Se nasceram e cresceram numa cultura que adora vacas, como pode se esperar que façam outra coisa?
Neste ponto exato a ideia da revelação geral mostra-se devastadora. Se Paulo está certo, a prática da religião não desculpa o pagão, mas de fato aumenta a sua culpa. Como isso acontece? Paulo continua seu tratamento da revelação geral, dizendo:
“Dizendo-se sábios sem Deus, tornaram-se em vez disso completamente tolos. E então, em vez de adorarem ao Deus glorioso, vivente, tomaram madeira e pedra e fizeram ídolos para si, esculpindo-os para que parecessem simples aves, animais, serpentes e homens mortais. E assim Deus deixou que continuassem…Em vez de crerem naquilo que eles próprios sabiam ser a verdade sobre Deus, escolheram de vontade própria crer em mentiras. E assim fizeram suas orações as coisas que Deus fez, mas não obedecendo ao Deus bendito que criou essas mesmas coisas.”(Rm 1.22-25)
O apóstolo examina aqui a religião pagã. É feita uma “troca” entre a verdade de Deus e a mentira. A glória divina é substituída pela “glória” da criatura. A adoração por parte da criatura é religião, mas não passa de idolatria. Dedicar-se à adoração de ídolos é devotar-se ao insulto da glória e dignidade de Deus. Se Deus revela claramente a Sua glória e esta for substituída pela adoração de criaturas, a religião resultante não agrada mas descontenta Deus.
O fato de as pessoas serem religiosas não significa em si mesmo que Deus se agrade delas. A idolatria representa o insulto máximo a Deus. Reduzir Deus ao nível da criatura é despojá-lo de sua Divindade. Isto lhe é particularmente odioso em face do fato de todos os homens terem recebido suficiente revelação sobre Ele para saber que não é uma criatura. A religião pagã não é vista então como procedente de uma tentativa sincera de buscar a Deus, mas, de uma rejeição fundamental da auto-revelação divina.
Como os pagãos serão julgados?
O Novo Testamento torna claro que as pessoas serão julgadas segundo os conhecimentos que possuem. Nem todos os elementos da Lei do Velho Testamento são conhecidos por aqueles que habitam em partes remotas do mundo, mas lemos que “as leis de Deus estão escritas dentro deles”(Rm 2.15). Eles são julgados pela lei que não conhecem e encontrados em falta. Ninguém observa a ética que possui, mesmo que seja de sua própria invenção.
Aconselhei certa vez um aluno que estava em meu escritório “por obrigação”. Ele me procurava por insistência da mãe, cristã zelosa que desejava convencer de todo modo o filho a tornar-se cristão. Este porém achava-se profundamente desviado e resistia a persuasão dela. A rebelião dele era radical, optando por um estilo de vida conflitante com os valores familiares. Ao conversar comigo argumentou que todos tinham o direito de escolher sua própria ética. Ele acreditava em  “fazer o que queria”, queixando-se de que a mãe não tinha o direito de “empurrar” a religião pela sua garganta abaixo.
Perguntei-lhe porque rejeitava a estratégia da mãe, pois se esta seguisse as mesmas regras dele, podia muito bem obrigá-lo a engolir sua religião. O que a mãe “queria” era forçar seus conceitos religiosos garganta abaixo das pessoas. Expliquei-lhe que a mãe não estava sendo consistente com a ética cristã por mostrar-se insensível ao filho, embora fosse consistente com a ética do mesmo. A medida que conversamos, ele veio a compreender que na verdade acreditava que as pessoas podiam agir como quisessem contanto que não interviessem no que “ele” queria. O que desejava era uma ética para si, mas outra bem diferente para os demais. Quando nos queixamos do comportamento alheio revelamos claramente quais são os nossos conceitos reais de moral.
O pagão africano tem a sua ética, mas até mesmo esta ética é violada e ele fica portanto exposto ao juízo de Deus. O homem primitivo é frequentemente idealizado como isento da corrupção da civilização. Tais descrições idealistas não se ajustam porém aos fatos.
Se alguém que habite numa região montanhosa jamais ouviu falar de Cristo, ele não será então castigado por isso. Será entretanto castigado por rejeitar o Pai a quem conhece e pela desobediência à lei escrita em seu coração. Devemos lembrar de novo que as pessoas não são rejeitadas por aquilo que não conhecem, mas pelo que ouviram falar.
Se todos os homens ouviram falar do Pai, mas naturalmente o rejeitam, segue-se então que todos precisam conhecer a redenção oferecida em Cristo.
Não ter conhecimento de  Cristo é correr um risco, devido a rejeição anterior da revelação do Pai. Mas, ouvir de Cristo e rejeitá-lo será correr o risco duplo, pois agora não só o Pai foi rejeitado, mas também o Filho. Assim sendo, toda vez que o evangelho é proclamado ele contem uma espada de dois gumes. Para os que creem, é o sabor da glória. Para os que o rejeitam, a morte.
Como o Índio Isolado Pode Ouvir?
Se a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo se encontra em sério risco, como esta dificuldade pode ser aliviada ou resolvida? A resposta se encontra numa simples declaração feita pelo apóstolo Paulo:
“ Como, porém, eles pediram a Ele que os salve, sem crerem nele? E como podem crer nele, se nunca ouviram falar dele? E como podem ouvir acerca dele, sem que alguém lhes fale? E como é que alguém irá para lhes falar, sem que outrem o envie? É sobre isso que as Escrituras falam, quando afirmam: como são bonitos os pés daqueles que pregam o evangelho da paz com Deus e trazem noticias alegres de coisas boas”(Rm 10. 14,15 Bíblia Viva)
O apóstolo afirma aqui a necessidade da missão da igreja. A missão (do latim enviar) começa com o amor de Deus. Foi por ter amado tanto o mundo que Ele “enviou” seu Filho ao mundo. A missão de Cristo foi a favor de todos os que haviam rejeitado o Pai. O Pai rejeitado enviou o Filho e o Filho enviou a Sua igreja. Essa é a base para a missão mundial da igreja. Cristo ordena que todos os que não ouviram venham a ouvir. Eles podem ouvir sem um pregador e não pode haver pregador sem que alguém o “envie”. A ordem de Cristo é que o evangelho seja pregado em toda terra e nação, a cada tribo e língua, a cada ente vivo. Se este mandado fosse levado a efeito pela igreja, a questão do que acontece com os que jamais ouviram seria discutível.
O cristão deve fazer uma outra pergunta depois de tratar da questão dos que nunca ouviram. Ele deve perguntar: “O que acontecerá comigo se eu nunca fizer nada para promover a missão mundial da igreja?”. Se levar a sério essa pergunta, sua resposta deve ser igualmente séria. Seu interesse pelo índio o nativo remoto deve começar com compaixão, devendo culminar também numa resposta compassiva.
A questão do destino do individuo que jamais ouve falar de Cristo deve ser respondida não só com palavras, mas também com ação. Esta atividade missionária não deve ser promovida, por um sentimento de paternalismo ou imperialismo, mas através da obediência da ordem de “enviar” dada por Cristo. Todos os homens precisam de Cristo e o dever da igreja é satisfazer essa necessidade.
Pontos Chaves a Serem Lembrados
O que acontecerá aos pagãos que não tiverem a oportunidade de ouvir?
1.Todos os homens conhecem Deus Pai (Rm 1.8 e seguintes). O problema do pagão que jamais ouviu o evangelho é um problema de nossa condição universal como decaídos da graça.Devemos enfatizar que Deus revelou-se a todos os homens. Todos sabem que existe um Deus. Assim sendo, ninguém pode alegar ignorância como justificativa para negar a Deus.
2. Todos deturpam e rejeitam o verdadeiro conhecimento de Deus. Desde que todos os homens conhecem a Deus e todos deturpam ou rejeitam esse conhecimento, ninguém é portanto inocente.
3. Não existem inocentes no mundo. Os que morrerem sem terem ouvido o evangelho serão julgados segundo o conhecimento que possuem. Serão julgados por rejeitarem Deus Pai, Deus jamais condena inocentes.
4. Deus julga segundo o conhecimento de cada um. A idolatria como “religião” não agrada a Deus, mas acrescenta insulto a injúria feita a glória de Deus.(Veja Is 42.8). A idolatria não representa a busca de Deus pelo homem, mas sim a sua fuga de Deus.
5. O evangelho é o dom divino da redenção para os perdidos. Deus enviou Cristo para dar as pessoas uma oportunidade de serem salvas da culpa que já possuem. Caso os homens rejeitem Cristo, eles irão enfrentar duplo juízo de rejeitarem tanto o Pai como o Filho(veja Cl 1. 13-17).
6. O pagão precisa de Cristo para reconciliá-lo com Deus Pai. O próprio Cristo considerou o pagão como estando “perdido”.
7. Cristo ordena a igreja para certificar-se de que todos ouçam o evangelho (Veja Mc 16.15).
8. A rejeição de Cristo resulta em duplo julgamento (veja 2Tm 4.1)
9. A simples “religião” não salva as pessoas, mas pode aumentar sua culpa.
Fonte: Razão Para Crer, de R.C. Sproul publicado pela editora Mundo Cristão.
R. C. Sproul: Teólogo e filósofo calvinista, autor prolífico, radialista e fundador do Ligonier Ministries. Possui Doutorado em Filosofia pela Free University Amsterdan e Doutorado em Teologia pelo Whitefield Theological Seminary.
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.