Estamos fazendo nossa devocional de hoje no
capítulo 13, de Oseias. Estamos na parte III. Como já dissemos, a palavra do
Senhor foi pregada por ele nos tempos dos reis de Judá Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias;
e, nos tempos do rei do norte, Jeroboão II (cerca de 786-746 a.C.), filho de
Joás.
Em nossa leitura e reflexão, nos encontramos
aqui:
Parte III - A MENSAGEM PROFÉTICA
DE OSEIAS (4.1-14.9); A. O processo, a guerra e o lamento (4.1-9.9) – já vista.
1. Duas ações judiciais contra
Israel (4.1-5.7) – já vimos.
2. A iminente derrota na guerra
(5.8-8.14) – já vimos.
3. O lamento pela derrota (9.1-9)
– já vimos.
B. Reflexões históricas e o
futuro de Israel (9.10-13.16) – concluiremos
agora.
Como já dissemos, esses capítulos da seção
“B” contêm uma variedade de profecias em torno de reflexões metafóricas sobre o
passado e o futuro de Israel. As profecias falam do julgamento pelos assírios e
da restauração após o exílio.
Conforme a BEG, cinco metáforas organizam
esse material em quatro grupos: 1. Uvas e figos (9.10-17) – já vimos; 2. Uma vide luxuriante
(10.1-10) – já vimos; 3. Uma bezerra
domada (10.11-15) – já vimos; 4. Uma
criança em desenvolvimento (11.1-13.16) – estamos
concluindo.
4. Uma criança em desenvolvimento (11.1-13.16) - continuação.
Conforme BEG, Oseias associou Israel a uma
criança que, quando em desenvolvimento, era amada e gentilmente cuidada por seu
pai, todavia, a criança cresceu e se rebelou contra o pai.
Nos próximos dezesseis versículos,
estaremos vendo que o Senhor julgará o Israel idólatra, que estava pronto para
a destruição.
O capítulo começa com o anúncio do
julgamento, no qual pecados do passado (vs. 1) e do presente (vs. 2) precedem a
declaração da pena (vs. 3).
Efraim é o segundo filho de José. Significa
“frutífero”, “fértil” ou “aquele que multiplica”. Tem origem no nome hebraico
Ephráyim, que deriva de parah que significa “terra fértil”, do aramaico perá,
que significa “frutificar”. Por extensão ao significado relacionado com
"fertilidade", pode ser traduzido também por "aquele que multiplica".[1]
É irônico que o Reino do Norte carregasse o
nome da tribo de Efraim, cujo passado era notável (Gn 48.10-20; Jz 8.1-3) e de
onde surgiram grandes líderes como Josué (Os 24.30) e Jeroboão I (1 Rs 11.26;
12.20).
Os homens tremiam quando Efraim falava e
ele era exaltado em Israel. Mas tornou-se culpado da adoração de Baal (2.7-8,17;
9.10; 11.2) e começou a morrer. Escravizado pelo pecado (idolatria), Israel
estava sujeito à morte e, de fato, morreu para Deus: O Reino do Norte já estava
morto em seus delitos e pecados (cf. Ef 2.1).
O fim da idolatria é a morte porque ela
rouba a fonte de vida que é Deus e o idólatra se torna semelhante ao que adora:
o nada! Por isso, morre!
Com sua prata se dão ao trabalho de confeccionarem
imagens, ídolos, bezerros - 8.5-6; 11.2. Imagens significam, literalmente,
"imagens fundidas" (cf. Êx 32.4,8; 34.17; Lv 19.4; Dt 9.16). A imagem
geral era de estátuas de bezerros feitas de bronze revestido de prata.
Apesar de ser cananeu e de estar ligado a
Baal, o bezerro, provavelmente, estava associado ao Senhor na mente dos
idólatras (Êx 32.4).
Eles ofereciam sacrifícios humanos e depois
beijavam os ídolos feitos em forma de bezerro. Era mesmo um terrível ato de
devoção, adoração ou conciliação (1Rs 19.18; SI 2.12).
Por essas coisas eles seriam como a nuvem e
como o orvalho - compare com 6.4 – que logo se dissipam e nunca mais são
encontrados novamente.
A punição de dissipamento (vs. 3) era por
conta da terrível situação de idolatria e de pecados do passado (vs. 1) e do
presente (vs. 2).
Nesse momento, Deus relembra do Egito.
Relembrou a metáfora de uma criança em desenvolvimento (11.1-13.16). Eles não tinham conhecido um outro deus além do
Senhor. Em contraste com a idolatria do vs. 2, a declaração, relembrando Israel
da exclusividade da aliança, foi feita na linguagem do primeiro dos Dez Mandamentos
(cf. Êx 20.2-3; Dt 5.6-7; JI 2.27), mas com o acréscimo da noção de saber a
respeito ou, literalmente, de "conhecer" a Deus.
Esse verbo conhecer está muito presente
neste livro de Oseias que parece nos sugerir que o povo de Deus conhecia o seu
Deus, mas que eram teimosos e adoravam outros deuses.
Ainda que outros deuses pudessem ser
adorados, somente o Deus verdadeiro poderia ser "conhecido". Há uma
forte ligação entre 13.1-3 e Êx 20.4-6; Dt 5.8-10.
Não havia nenhum salvador como o Senhor,
nenhum deus como o Deus de Israel, um socorro no tempo da angústia. A fonte de
ajuda de Israel não poderia ser outra a não ser o Deus da História.
Contrastando com ao confiança que deveria
estar em Deus, essa confiança de Israel estava posta:
·Em
reis, em 13.10.
·No
exército, em 14.3.
·Em
ídolos, em 13.2.
Foi no deserto (uma referência positiva ao
período que Israel passou no deserto; compare com 2.14-15.) que o Senhor
conheceu ao seu povo, ou seja, refere-se a Israel como um todo corporativo onde
a aliança havia estabelecido um relacionamento mútuo - e genuíno (vs. 4, onde
Israel "conheceu" a Deus).
Ali no deserto, em terra árida, o Senhor os
alimentava e eles se fartavam. Essa grande façanha (cf. vs. 5), infelizmente
foi um triste passo para Israel no processo de esquecimento de Deus (cf. Dt
32.10-18; Jr 2).
Eles se ensoberbeceram - veja Dt 8.10-18 -
e se esqueceram de seu Deus, seu provedor e sustentador. Este era um lamentável
clímax para o fecho dos vs. 4-6. Esse fato marca um grande contraste com os
antigos dias em que conheciam ao Senhor e desfrutavam de sua intimidade (vs.
4,5). Os pecados dos israelitas, quanto à sua origem, refletiam a profundidade
e a gravidade de sua decadência moral (Os 2.1 Dt 11-20).
Dos versos de 7 a 9, o Senhor, descrito em
outros lugares como um pastor (4.16), atacaria como os animais selvagens que
devoravam os rebanhos. Apesar de equilibrado por passagens como 11.8-11;
14.1-9, o tom desses versículos é grave.
As figuras dos animais selvagens desses
versículos descreveram a brutalidade do ataque. O Senhor seria para eles:
·Como
um leão - compare com 5.14;
·Como
um leopardo - veja Jr 5.6;
·Como
uma ursa, roubada de seus filhos - veja Pv 17.12.
Israel, Israel, destruída porque se houvera
contra o Senhor, seu ajudador, seu auxiliador, sustentador e socorro. O fato de
o socorro se tornar o destruidor foi explicado nos termos da rebelião de Israel
contra o socorro. Para melhor entendimento do papel de Deus, como socorro, veja
11.8-11 e compare com Êx 18.4; Dt 33.26-29; SI 10.14; 54.4; 115.9-11; 121;
146.5.
Deus declarou a essência de sua acusação:
estar contrário a ele significava incorrer em destruição.
E agora? Era a pergunta geral que precisava
de uma resposta. Precisavam de um rei para salvá-los, de líderes que o
conduzissem. Conforme a BEG, de que rei se trata não está especificado; poderia
ser:
·Uma
referência aos assassinatos reais dos dias de Oseias (3.4; 7.7; 8.4; 10.3; cf.
2Rs 15.8-31; 17.1-6).
·Um
rei anterior, de notoriedade semelhante à de Saul (que foi. coroado como uma
resposta direta à exigência do povo).
·Ou
até mesmo a todos os reis do Reino do Norte (todos os vinte que "fizeram o
que era mau perante o Senhor").
Os reis deram a Israel um falso senso de
segurança; somente o Senhor (seu rei verdadeiro) era o socorro deles.
Sobre o pedido de Israel por um monarca, ou
líderes, veja 1Sm 8.5,19. Sobre o pedido feito mais tarde pelo Reino do Norte
por uma monarquia não davídica, veja, principalmente, 1 Rs 12.16-20.
Em minha visão, o problema não era a
monarquia, reis e líderes, mas o fato de que o desejo deles era por reis e
líderes como as outras nações. Eles queriam ser como elas e não modelo para
elas a partir do Senhor.
Assim foi que Deus lhes deu um rei na sua
ira, em sua expressão de indignação. Terrível coisa é ser atendido pela nossa
teimosia em pedir algo não considerando o reino de Deus e a sua justiça.
Apesar de descrever uma ação passada, a
forma do verbo hebraico sugere um processo contínuo de dar e tirar. Deus sempre
planejou que Israel tivesse um rei humano, mas a motivação do coração do povo era
continuamente má. Eles não somente desejavam ser como as outras nações como
fortemente rejeitavam a Deus como Rei (1Sm 8.1-22).
O Senhor deu a eles reis em sua ira e em
sua mesma ira, os tirou – vs. 11. Muitos dos reis do norte caíram por traição.
O vs. 12 fala que a culpa de Efraim - o
Reino do Norte, Israel - foi anotada e que os seus pecados foram mantidos em
registro (1Sm 25.29; Jó 14.17; Is 8.16). Para que não fossem diminuídas ou esquecidas,
as transgressões foram registradas (como num documento legal), atadas e
armazenadas num local seguro (para a futura retribuição); compare com 7.2; 9.9;
Dt 32.34-35.
Diz-nos a BEG que o hebraico é difícil, mas
a analogia e o seu objetivo são claros no vs. 13: Esse verso relaciona-se ao tema
da falha em conhecer a Deus, porque já é tempo, e não sai à luz, ao abrir-se da
madre, ou seja, como uma criança morre se algo sai errado no momento de seu
nascimento (cf. 2Rs 19.3), assim Israel morreria por falhar em responder ao
castigo que tinha como objetivo o arrependimento e a nova vida.
Essa analogia se une à metáfora inicial da
criança em desenvolvimento (11.1-13.16) e sinaliza o final dessa figura.
O verso 14 deve ser lido com os olhos em
Cristo, no Novo Testamento, com as epístolas de Paulo em mãos. Está escrito –
vs. 14 – que ele os redimirá do poder da sepultura; e os resgatarei da morte.
Onde estão, ó morte, as suas pragas ou os seus aguilhões? Onde está, ó
sepultura, a sua destruição?
Para alguns intérpretes, conforme a BEG, o
contexto do julgamento, nos vs. 12,15, sugere que essas duas frases deveriam
ser traduzidas como perguntas para as quais a resposta esperada seria não.
Nesse caso, as duas frases a seguir que começam com "onde"
simplesmente convocam as armas da morte para destruir Israel.
Todavia, é provável que o versículo
antecipe o espírito positivo de 14.4-7 e seja uma das grandes confirmações do
poder de Deus sobre o último inimigo: a morte. Paulo aplicou esse versículo, em
1Co 15.55, às promessas da restauração.
Uma vez que o povo de Deus se recusou a
confiar no poder divino sobre a morte, nos dias de Oseias, Cristo e os crentes
de sua igreja têm experimentado e experimentarão desse poder.
O triunfo final sobre o último inimigo de
Deus está assegurado pela morte de Cristo pelo pecado e pela sua ressurreição
da morte (no hebraico, Sheol). Infelizmente, o incrédulo Efraim/Israel não
seria poupado uma vez que os seus olhos não viam nele oportunidade alguma de
arrependimento.
No verso 15, um trocadilho com a palavra
Efraim, ou "frutífero". Pois ainda que desse muito fruto, um vento
leste viria, da parte do Senhor sobre ele para:
·Secar-se-á
a sua nascente.
·Estancar-se
a sua fonte.
·Saquear
todo o tesouro de todos os seus vasos desejáveis - veja 2Rs 17.20 e
compare com Is 17.14 e Na 2.9.
Essa força destrutiva representava a
Assíria, que invadiu Israel, em 734 a.C., e então conquistou e exilou o seu
povo em 722-721 a.C. do SENHOR. Sobre a Assíria, como um instrumento do Senhor,
veja, também, Is 10.5-19.
Livro de Oseias – capítulo 13:
1 Quando Efraim falava, tremia-se;
foi exaltado
em Israel;
mas
quando ele se fez culpado no tocante a Baal, morreu.
2 E agora
pecam mais e mais,
e
da sua prata fazem imagens fundidas,
ídolos
segundo o seu entendimento,
todos
eles obra de artífices, e dizem:
Oferecei
sacrifícios a estes.
Homens
beijam aos bezerros!
3 Por isso
serão como a nuvem de manhã,
e
como o orvalho que cedo passa;
como
a palha que se lança fora da eira,
e
como a fumaça que sai pela janela.
4 Todavia, eu
sou o Senhor teu Deus desde a terra do Egito;
portanto
não conhecerás outro deus além de mim,
porque
não há salvador senão eu.
5 Eu te
conheci no deserto, em terra muito seca.
6
Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto;
e
estando fartos, ensoberbeceu-se-lhes o coração,
por
isso esqueceram de mim.
7 Portanto
serei para eles como leão;
como
leopardo espreitarei junto ao caminho;
8
Como ursa roubada dos seus cachorros
lhes
sairei ao encontro,
e
lhes romperei as teias do coração;
e ali os
devorarei como leoa;
as
feras do campo os despedaçarão.
9
Destruir-te-ei, ó Israel; quem te pode socorrer?
10
Onde está agora o teu rei, para que te salve
em
todas as tuas cidades?
e os teus
juízes, dos quais disseste:
Dá-me
rei e príncipes?
11 Dei-te um
rei na minha ira,
e
tirei-o no meu furor.
12 A
iniqüidade de Efraim está atada,
o
seu pecado está armazenado.
13 Dores de
mulher de parto lhe sobrevirão;
ele
é filho insensato;
porque
é tempo e não está no lugar
em
que deve vir à luz.
14 Eu os
remirei do poder do Seol,
e
os resgatarei da morte.
Onde
estão, ó morte, as tuas pragas?
Onde
está, ó Seol, a tua destruição?
A
compaixão está escondida de meus olhos.
15 Ainda que
ele dê fruto entre os seus irmãos,
virá
o vento oriental,
vento
do Senhor, subindo do deserto,
e
secar-se-á a sua nascente,
e
se estancará a sua fonte;
ele saqueará
o tesouro de todos os vasos desejáveis.
16 Samária
levará sobre si a sua culpa,
porque
se rebelou contra o seu Deus;
cairá
à espada;
seus
filhinhos serão despedaçados,
e
as suas mulheres grávidas serão fendidas.
O povo de Samaria carregaria sua culpa,
porque se rebelara contra o seu Deus. Eles seriam mortos à espada (“cair”) e os
seus pequeninos seriam pisados e despedaçados (“despedaçar”), suas mulheres
grávidas teriam os seus ventres rasgados (“abrir”).
Samaria era a capital e a força motriz por
trás da rebelião ou obstinação do Reino do Norte. Percebe-se no texto uma linguagem
metafórica forte para a destruição (vs. 3 “cair”, 8 “despedaçar”, 15 “abrir”)
que deu lugar à expressão fria e concreta com relação aos seus filhos e
mulheres.
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