Como já dissemos e repetiremos isso até ao fim, estamos diante de um
escrito que ultrapassa a normalidade em questão de produção de conteúdo intelectual,
notadamente espiritual. Não é à toa que esta epístola recebe o apelido de
QUINTO EVANGELHO. Se ninguém falou como este homem, referindo-se a Jesus;
ninguém escreveu como este homem, digo eu de Paulo.
Paulo escreve aos Romanos para apresentar a mensagem do evangelho aos
crentes em Roma e explicar como esse evangelho corrige as divisões entre os
crentes judeus e os crentes gentios. (BEG).
São tratadas nesta epístola as questões dos judeus e gentios e seus papéis
interconectados na história relacionadas ao pecado, à justiça e ao juízo de
Deus; ao recebimento da justificação somente mediante a fé, à parte das obras;
à santificação, que conduz à glorificação, a qual ocorre mediante a dependência
do Espírito Santo; e, como cristãos judeus e gentios devem aprender a aplicar o
evangelho à vida prática. Estamos no capitulo 4/16, na parte II.
Breve
síntese do capítulo 4.
Meu Deus, olha que sabedoria de Paulo, pelo Espírito Santo: - se Abraão
foi justificado por obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus!
Meus queridos, mas, ... não são justamente as obras de Abraão ou feitas
por Abraão que justificam a sua fé? Como irá provar ele a sua fé se não pelas
suas obras? Alguém pode mostrar a sua fé? Você pode mostrar a sua fé? Eu posso?
– eis aqui a minha fé!, diria alguém. Outro mais sábio lhe perguntaria, mas
cadê as obras que provam a sua fé?
Parece um dilema sem saída. Como produzir obras sem que elas sejam
produzidas? Se eu produzo obras, tenho do que me orgulhar! Eu entendo assim: a
minha natureza é pecadora e portanto somente sei pecar e peco. Quando eu peco,
eu faço algo que é próprio meu, pecar. Não existe, portanto, eu “não pecar”,
pois sou pecador e peco.
Quando eu faço o bem, não sou eu quem o faço, mas a graça de Deus
operando em mim é que me conduz à santidade. Não há glórias em mim quando não
peco por causa da graça de Deus que está operando em mim.
Não porque sou melhor, nem pior que qualquer um. A graça de Deus é muito
mais abundante em mim à medida que eu me reconheço mais pecador e carente da
graça de Deus. não estou falando assim com relação à salvação, mas com relação
à santidade. Veremos se isso ficará mais claro nos próximos capítulos. Tenhamos
paciência!
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes,
conforme ajuda da BEG:
III. A SALVAÇÃO PARA JUDEUS E GENTIOS (3.21-8.39) – continuação.
Como dissemos, a salvação vem para judeus e
gentios do mesmo modo. Para todos, a justificação é somente mediante a fé, à
parte das obras; e a santificação mediante a confiança no poder do Espírito
Santo. Estamos vendo até o capítulo 8.39, a salvação para judeus e gentios.
Tendo mostrado que tanto judeus como gentios são pecadores carentes de
salvação, Paulo passou a explicar como a salvação alcança a todos.
Assim, seguindo a divisão proposta pela
BEG, teremos duas divisões principais: A. A justificação (3.21-5.21) – estamos vendo: 1. Somente pela fé
(3.21-31) – já vimos; 2. O exemplo de
Abraão (4.1-25) – veremos agora; 3.
Os benefícios da justificação (5.1-11); 4. Cristo: o novo Adão (5.12-21); B. A
santificação (6.1-8.39): 1, A destruição do domínio do pecado (6.1-23); 2. A
luta contra o pecado (7.1-25); 3. Vivendo pelo Espírito (8.1-39).
A. A justificação (3.21-5.21) - continuação.
Nós dissemos que o apóstolo Paulo encerrou
a parte anterior com a afirmação de que ninguém poderia ser declarado justo
(justificado) pela lei (3.20). Aqui ele explicou como a justificação acontece.
2. O exemplo de Abraão (4.1-25).
Paulo apela para os
antepassados e nos faz refletir na vida de Abraão.
Paulo apoiou seu argumento de que a
justificação é pela graça mediante a fé em Cristo Jesus (3.22-26) apelando para
a narrativa do Antigo Testamento sobre a vida de Abraão. Como pai espiritual
dos judeus (vs. 1), Abraão forneceu o precedente (ou a jurisprudência) para a
tese de Paulo.
Contrário ao ponto de vista de que Abraão
era considerado justo e constante na aliança com Deus com base na sua própria
obediência e fidelidade, Paulo demonstrou que a declaração geral no versículo
37 era verdade para Abraão em particular.
De fato, ele não tinha nada 'de que se
gloriar', pois Gn 15.6 “Ele creno Senhor
e isso lhe foi imputado por justiça” prova que foi pela fé, e não por
guardar a lei, que Abraão foi justificado.
Pense bem, o salário de alguém jamais é um
favor, mas dívida. Ele, Paulo, se esforça por focar-se não no salário, mas no
favor – no caso deste vs. 4, considerado como favor, ou, literalmente,
"creditado". O apóstolo Paulo focalizou nessa palavra, argumentando
que ela sugere alguma coisa que é dada gratuitamente, "como favor".
Sabe-se que um salário é ganho pelo trabalho,
e não recebido "como favor" ("segundo a graça", em seu sentido
literal). Porém, Gn 15.6 não faz nenhuma menção a nenhum trabalho por parte de
Abraão; somente menciona a confiança que ele tinha em Deus.
Em outras palavras, Abraão não contribuiu
com nada para a sua própria justiça perante o Senhor. Nesse sentido, embora a
fé envolva uma ação humana, ela não é um "trabalho" humano (isto é,
uma obra meritória).
A própria fé é um dom de Deus (3.27; Ef
2.8; aqui a BEG recomenda a leitura de seu excelente artigo teológico
"Regeneração e novo nascimento", em Jo 3). Portanto, a justiça de
Deus foi creditada (ou imputada) a Abraão (vs. 3,9), e não merecida por ele.
Outro exemplo citado por Paulo foi Davi que
diz a mesma coisa quando afirma o fato da felicidade do homem a quem Deus lhe
credita justiça independentemente das obras.
Paulo fez uma referência ao texto de SI
32.1-2 para mostrar que Davi também concordava com a doutrina da justificação
pela fé somente.
Nos versículos 5-6, o apóstolo enfocou a
mesma palavra grega ("atribui"; literalmente, "credita"),
exatamente como ela aparece no SI 32.2 na Septuaginta (a tradução grega do AT).
O que ele queria dizer era que Deus atribui a justiça à parte das obras.
A bem-aventurança, a comunhão com Deus por
meio da aliança (junto com todas as coisas que a acompanham) e a salvação não
são merecidas, mas são consequências do dom do perdão.
Nós somos justificados unicamente pelo
mérito de Cristo; qualquer tipo de mérito humano está excluído. Não há espaço,
portanto para a jactância.
A partir do vs. 9, o apóstolo Paulo tornou
a se basear na vida de Abraão ao dar uma resposta à objeção que ele havia
antecipado: ainda que a justiça viesse pela graça mediante a fé, no caso de
Abraão, teria Paulo esquecido que ele era o pai dos circuncisos (e, portanto,
não dos incircuncisos)?
O apóstolo respondeu que Gn 15.6 descreve
Abraão "ainda incircunciso" (vs. 10). A justiça simbolizada e selada
por ele pela circuncisão já lhe havia sido atribuída quando ainda era
incircunciso, fazendo de Abraão o pai tanto dos crentes que não são, bem como
dos que são circuncisos.
Assim, não foi por intermédio da lei que a
promessa foi concedida a Abraão e sua descendência, mas por meio da justiça que
vem da fé. E se são herdeiros os que vivem debaixo da lei, nem a fé, nem a
promessa seria verdadeira ou útil.
Paulo então afirma que a lei suscita a ira.
Se a herança dependesse da obediência à lei, a fé não teria lugar no projeto
divino e a promessa seria nula, tendo em vista que a lei não pode levar a
efeito a obediência que ela requer para o seu cumprimento. Somente "onde
não há lei" é que "não há transgressão"; onde há lei, ela
"suscita a ira" (vs. 15).
Dado a verdade estabelecida da
pecaminosidade de todos os homens (Rm 1-3), era impossível que a promessa
pudesse ser recebida com base na guarda da lei. A lei que seria para gerar
vida, no caso, dos homens pecadores, sentenciou-os à morte por que todos somos
pecadores.
O relato de Gênesis sobre a vida de Abraão
não afirma explicitamente que ele herdaria o mundo inteiro. É provável que
Paulo tenha sintetizado dessa maneira a promessa feita a Abraão por várias
razões:
(1)Abraão
e seus descendentes foram escolhidos para cumprir o desígnio original de Adão e
Eva, aos quais foi ordenado estender os seus domínios sobre toda a terra (Gn
1.26-29).
(2)Foi
prometida a Abraão uma descendência inumerável (Gn 15.5; 22.17).
(3)Também
lhe foi prometido ser uma bênção pela extensão da bênção de sua aliança para
todas as famílias da terra (Gn 1818; 22.18).
(4)Ele
recebeu a promessa de ser pai de muitas nações (Gn 17.4-5).
Quando Israel se tornou uma nação governada
por um rei, a visão de possuir o mundo inteiro ficou mais proeminente (p. ex.,
Dt 2.25; SI 22.27; 67.2; 117.1; Is 52.10; Am 9.15-17). Os cristãos também
anseiam pelo dia em que reinarão com Cristo na glória dos novos céus e da nova
terra (Mt 5.5; Ap 22.5).
Essa é a razão por que provém da fé. Por
ser a promessa de uma grande herança recebida pela fé, ela é também
"segundo a graça" e "firme... para a toda a descendência".
Tivesse ela sido com base nas obras, a promessa
teria falhado; tivesse ela sido baseada na circuncisão, apenas os judeus
poderiam tê-la recebido. Porque ela é pela fé, e, por conseguinte, pela graça
(pela ação de Deus, e não do homem), pode ser "firme" para toda a
descendência espiritual genuína de Abraão (ou seja, todos os crentes, quer
sejam judeus ou gentios de nascimento).
Novamente Paulo – vs. 17 - apelou para as
Escrituras (Gn 17.5) para confirmar a sua exposição. Já estava claro em Gênesis
que Abraão não era apenas o pai dos judeus (os circuncidados), mas também o
patriarca espiritual dos crentes de muitas nações.
Não era inacreditável que os gentios também
devessem receber a promessa de Deus, pois aquele em quem Abraão cria
"vivifica os mortos". Vejam as evidências:
üNa
nova vida que surgiu do ventre aparentemente amortecido de Sara (Gn 18.11).
üNa
vida que foi devolvida a Isaque quando ele estava sob a sentença de morte (Gn
22).
üDe
modo definitivo, na vida restaurada na ressurreição de Cristo (Rm 4.24-25).
No vs. 17, está escrito que ele, Abraão, é
nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e
chama à existência coisas que não existem, como se existissem.
Assim, este “chamar à existência coisas que
não existem” pode estar se referindo ao fato de Deus ter criado o mundo do nada
(veja Gn 1; Is 41.4; 48.13 sobre a criação chamada à existência pela palavra de
Deus) ou ao nascimento de Isaque (no qual uma nação emergiu de um ventre
estéril). Talvez tenha sido também uma alusão às palavras de Os 1.10; 2.23 (Rm
9.25-26).
Veja que Abraão creu contra
a esperança. Humanamente falando, crer que Sara daria à luz um filho (o
primeiro pré-requisito para o cumprimento da promessa) era algo vão pelas
razões dadas no versículo 19.
Ele não se enfraqueceu
na fé, como era de se esperar, mas creu em Deus, em sua palavra e ficou mesmo
esperando confiando no poder de Deus (vs. 17). Abraão adquiriu segurança de que
a promessa se cumpriria. Paulo mostrou e demonstrou que a fé genuína está
voltada para Deus e não para o homem, para a palavra divina e não para a
situação humana.
Ele tinha tudo para
desistir e se desanimar não crendo em Deus, mas ao contrário se fortaleceu na
sua fé dando glória a Deus. Dar glória a Deus é um sinal de fé, tendo em vista
que fé é depender do poder de Deus e confiar na palavra da promessa dele (vs.
21).
Abraão obedeceu fielmente
ao padrão dos atributos revelados de Deus (cf. 1.20) e, por isso, a glória
divina se manifestou na sua vida. Foi por meio do exercício desse tipo de fé
que Abraão foi justificado (vs. 22).
A prova da justificação
pela fé por meio do exemplo de Abraão levou Paulo de volta ao fundamento dessa
justificação na obra de Cristo (3.24-26).
A morte e a ressurreição
de Jesus são dois aspectos do mesmo acontecimento salvador. Ao morrer, ele
suportou o castigo exigido pela lei pela nossa culpa. Ao ressuscitar dos
mortos, Cristo foi justificado e a sua ressurreição ocasionou a justificação e
uma nova vida para aqueles que se uniram a ele pela fé.
A ressurreição de Cristo
também é crucial porque a nossa posição de justificado é mantida pela sua obra
de intercessão permanente no céu (outra proposta da BEG, neste ponto é a
reflexão em seu outro excelente artigo teológico "A ascensão de
Jesus", em Hb 8).
Rm 4:1 Que, pois, diremos ter alcançado Abraão,
nosso pai segundo a
carne?
Rm 4:2 Porque, se Abraão foi justificado por obras,
tem de que se
gloriar,
porém
não diante de Deus.
Rm 4:3 Pois que diz a Escritura?
Abraão creu em
Deus,
e
isso lhe foi imputado para justiça.
Rm 4:4 Ora, ao que trabalha,
o salário não é
considerado como favor,
e
sim como dívida.
Rm 4:5 Mas, ao que não trabalha,
porém crê naquele
que justifica o ímpio,
a
sua fé lhe é atribuída como justiça.
Rm 4:6 E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem
a quem Deus atribui
justiça,
independentemente
de obras:
Rm 4:7 Bem-aventurados
aqueles cujas
iniqüidades são perdoadas,
e cujos pecados são
cobertos;
Rm 4:8 bem-aventurado o homem
a quem o Senhor
jamais imputará pecado.
Rm 4:9 Vem, pois, esta bem-aventurança
exclusivamente
sobre os circuncisos
ou também sobre os
incircuncisos?
Visto
que dizemos:
a
fé foi imputada a Abraão para justiça.
Rm 4:10 Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele
já circuncidado
ou ainda incircunciso?
Não
no regime da circuncisão,
e
sim quando incircunciso.
Rm 4:11 E recebeu o sinal da circuncisão
como selo da
justiça da fé que teve quando ainda incircunciso;
para
vir a ser o pai de todos os que crêem,
embora
não circuncidados,
a fim de que lhes
fosse imputada a justiça,
Rm
4:12 e pai da circuncisão, isto é,
daqueles que não são apenas
circuncisos,
mas
também andam nas pisadas da fé
que teve Abraão, nosso pai,
antes
de ser circuncidado.
Rm 4:13 Não foi por intermédio da lei
que a Abraão ou a
sua descendência coube
a promessa de ser herdeiro
do mundo,
e
sim mediante a justiça da fé.
Rm 4:14 Pois, se os da lei é que são os herdeiros,
anula-se a fé
e cancela-se a
promessa,
Rm
4:15 porque a lei suscita a ira;
mas
onde não há lei,
também
não há transgressão.
Rm 4:16 Essa é a razão por que provém da fé,
para que seja
segundo a graça,
a
fim de que seja firme a promessa para toda a descendência,
não
somente ao que está no regime da lei,
mas também ao que
é da fé que teve Abraão
(porque Abraão é pai de todos nós,
Rm 4:17 como está
escrito:
Por
pai de muitas nações te constituí.),
perante
aquele no qual creu,
o
Deus que vivifica os mortos
e
chama à existência as coisas
que não existem.
Rm 4:18 Abraão,
esperando contra a
esperança,
creu,
para vir a ser
pai
de muitas nações,
segundo
lhe fora dito:
Assim
será a tua descendência.
Rm 4:19 E, sem enfraquecer na fé,
embora levasse em
conta o seu próprio corpo amortecido,
sendo
já de cem anos,
e a
idade avançada de Sara,
Rm
4:20 não duvidou,
por
incredulidade,
da
promessa de Deus;
mas,
pela fé,
se
fortaleceu,
dando
glória a Deus,
Rm 4:21 estando plenamente convicto
de que ele era
poderoso para cumprir o que prometera.
Rm 4:22 Pelo que isso lhe foi também
imputado para
justiça.
Rm 4:23 E não somente por causa dele está escrito
que lhe foi levado
em conta,
Rm
4:24 mas também por nossa causa,
posto
que a nós igualmente
nos
será imputado,
a
saber, a nós que cremos
naquele
que ressuscitou dentre os mortos
a
Jesus, nosso Senhor,
Rm
4:25 o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões e
ressuscitou por causa da
nossa justificação.
Quando eu peco, sou eu quem peco, porque sou pecador; mas quando eu não
peco, não sou eu quem não peco, mas a graça de Deus em mim. Se fosse eu quem
não pecasse, teria do que me gloriar, mas não diante de Deus! Parece difícil de
entender? Vamos estudar mais a Bíblia!
Justificação e mérito: Por que
Deus me considera justo?[1]
A "justificação somente pela fé", um dos lemas característicos
da Reforma, mostra que Deus considera os cristãos justos (isto é, ele os
justifica) por causa de sua fé, e não de suas obras. Esse conceito deve ser
distinguido claramente da ideia equivocada de que Deus considera os cristãos
justos com base em sua fé (isto é, pelo fato de possuírem fé). Os cristãos não
se tornam merecedores da justiça de Deus por fazer boas obras ou por ter fé;
são tidos como justos com base na justiça de Cristo que lhes é imputada por
meio do veículo da fé.
O Novo Testamento afirma repetidamente que os cristãos são salvos com
base na obra de Cristo em seu favor, e não com base no seu próprio mérito (Rm
3.22-24; 5.10-1 1,1 5-21; 8.1-4; 1Co 1.30; Cl 220-21; 3.2 7-2 9; 1Pe 3.18).
Paulo diz, "considero tudo como perda... para ganhar a Cristo e ser achado
nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a
fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp 3.8-9).
Paulo também explica de modo claro que a justificação é realizada inteiramente
pela graça e recebida pela fé (Rm 3.25-30; 4.1-5.2; Cl 2.16; 3.8-1 4,24),
fazendo referência ao exemplo de Abraão, a quem Deus imputou justiça por causa
da sua fé (Gn 15.6; Rm 4.1-25; GI 3.8-14). Paulo também se vale das palavras de
Davi em SI 32.1-2 (Rm 4.6-8) como prova veterotestamentária adicional de que
Deus sempre considerou o seu povo justo por causa de sua fé, e não de suas
obras.
Há quem levante objeções à ideia de que as obras não são necessárias
para obter a justificação. A Igreja Católica, por exemplo, ensina que, pelo
menos em parte, Deus considera os cristãos justos com base nas boas obras que
estes realizam depois de abraçarem a fé. Algumas formas de arminianismo também
declaram que todos os que foram perdoados com base na morte expiatória de
Cristo podem ir para o inferno caso não perseverem na fé e nas boas obras, em
cooperação com a graça de Deus.
Essa questão se torna confusa para muitos cristãos, pois tradições como
o catolicismo e o arminianismo se valem de passagens bíblicas que parecem
contradizer o ensino de Paulo. Enquanto Paulo escreve que "o homem é
justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Rm 3.28), Tiago
afirma "Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé
somente" (Tg 2.24) e também se vale do exemplo de Abraão.
No entanto, essa aparente discrepância é facilmente harmonizada ao se
observar que "justificar" (do grego dikaioo) pode significar
"atribuir justiça" (veja Rm 4.5) ou "mostrar-se justo"
(veja Lc 7.35). Paulo se refere com frequência à fé de Abraão conforme esta foi
exercida em Gn 15.1-6, uma passagem que fala da primeira ocasião em que Deus
prometeu um filho a Abraão, bem antes do nascimento de Isaque. No relato de Gn
15, "justificar" significa "atribuir justiça": "Ele
(Abraão) creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça" (Gn 15.6).
No entanto, Tiago relembra um episódio (registrado em Gn 2 2) que ocorreu
depois do nascimento de Isaque, mais precisamente, no início de sua vida adulta
(Tg 2.21). No relato de Gn 22, "justificar" significa "mostrar-se
justo", como indica o fato de Deus estar testando Abraão (Gn 22.1) e da
justificação de Abraão consistir em ele ser aprovado nesse teste: "agora
sei que temes a Deus" (Gn 2 2.1 2). Tiago concorda com Paulo que
inicialmente Abraão foi considerado justo ao crer na promessa de Deus (Tg
2.22-23), mas acrescenta que a obediência posterior de Abraão demonstrou a
seriedade e o zelo de sua fé inicial.
[1]Artigo teológico
da Bíblia de Estudo de Genebra relativo ao capítulo 4 de Romanos.
...
Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.
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Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
-
É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
-
A doutrina Calvinista é a mais bela expressão do ensino bíblico
transmitida a nós pelo seu maior representante - João Calvino. É claro, a
de se ori...
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