Como já dissemos,
estamos estudando o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes
principais, as suas narrativas, até o capítulo 6 – já vista - e as suas visões, do 7 ao 12.
Continuaremos
vendo agora as suas visões. Ressaltamos que as histórias de Daniel e de seus
amigos ilustram a fidelidade deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as
nações.
Parte II - AS VISÕES
(7.1-12.13) – continuação.
Como também já
dissemos, as visões de Daniel descrevem o futuro do povo de Deus olhando para
além dos anos de exílio. Deus revelou a Daniel que quatro grandes impérios
controlariam Israel e perseguiriam os israelitas. Nesses capítulos,
Daniel muda das narrativas históricas para os relatos das visões.
Essas visões dependem dos dois temas
centrais estabelecidos nos primeiros seis capítulos do livro:
üO
Deus de Israel estava no controle de todas as nações.
üDaniel
era digno de confiança como um intransigente profeta de Deus.
Esses capítulos preparam um Israel exilado
para a longa espera pela restauração e para as dificuldades que viriam sob o
controle de poderes estrangeiros.
Elas encorajam também o povo de Deus a não
desistir da esperança de que o reino de Deus viria ao término dessas aflições.
Daniel mencionou quatro tópicos principais:
üOs
quatro animais (7.1-28) – já vimos.
üUm
carneiro e um bode (8.1-27) – já vimos.
üAs
"setenta semanas" (9.1-27) – já
vimos.
üO
futuro do povo de Deus (10.1-12.13) – veremos
agora..
Esta segunda
parte, ressaltamos, foi dividida, seguindo a estruturação da BEG, em quatro
seções: A. A visão dos quatro animais (7.1-28) – já vista; B. A visão de um carneiro e um bode (8.1-27) – já vimos; C. A visão das setenta
semanas (9.1-27) – já vimos; e, D. A
visão sobre o futuro do povo de Deus (10.1-12.13) – veremos agora.
D. A visão sobre o
futuro do povo de Deus (10.1-12.13).
Veremos do capítulo 10 ao 12, concluindo o
livro de Daniel, a visão do futuro do povo de Deus.
O profeta volta a sua atenção para uma
visão final e longa que focaliza o reinado de Antíoco IV Epífanes e olha também
para além desse reino.
Esse material se divide em quatro seções
principais, conforme já citado acima: 1. A mensagem do
anjo para Daniel (10.1-11.1) – começaremos
agora; 2. De Daniel até Antíoco IV Epífanes (11.2-20); 3. O governo de
Antíoco IV Epífanes (11.21-12.3); e, 4. A mensagem final a Daniel (12.4-13).
1. A mensagem do anjo
para Daniel (10.1-11.1).
Até o primeiro versículo do próximo
capítulo, estaremos vendo a mensagem do anjo para Daniel. Daniel foi preparado
por um ser angélico para receber a visão relativa a "dias ainda
distantes" (10.14).
Foi no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia,
por volta de 537 a.C., que foi revelada a Daniel uma palavra – palavra
verdadeira – relacionada a um grande conflito, o qual Daniel, à época, entendeu
a palavra e a visão, obviamente de forma parcial, uma vez que ele era um
cidadão de uma época bem distante.
Nesse tempo, nos esclarece o nosso guia, a
BEG, que os exilados repatriados estavam de volta na Terra Prometida para
reconstruir o templo (Ed 1.1-4; 3.8), mas logo teriam de abandonar a
reconstrução (Ed 4.24).
Foram naqueles dias que Daniel ficou
pranteando por 21 dias ou 3 semanas (3 x 7) nas quais teve um propósito em
jejum:
·Nenhuma
coisa desejável comeu.
·Nem
carne nem vinho entraram em sua boca.
·Nem
se ungiu com unguento.
Provavelmente o pranto de Daniel foi
causado pelo estado de Jerusalém (Ne 1.4; Is 61.3-4; 68.8-12; 66.10).
Assim foi com ele até que no dia 24 do primeiro
mês estando ele à borda do grande rio Tigre, levantou os seus olhos e viu um
homem vestido de linho com seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz. Esses
vs. 5-6 dão uma visão detalhada de um anjo, talvez Gabriel (9.21) ou aquele que
falou por Gabriel (8.16).
A aparência dele era semelhante à da glória
do Senhor (Ez 1.26-28; Ap 1.12-16). Para outras referências a anjos, podemos
ver em Jz 13.6; Ez 9.2-3; 10.2; Lc 24.4. Reparemos melhor em sua aparência
incrível:
·Vestido
de linho.
·Lombos
cingidos com ouro fino de Ufaz.
·Corpo
era como o berilo.
·Rosto
como um relâmpago.
·Olhos
eram como tochas de fogo.
·Braços
e pés como o brilho de bronze polido.
·Voz
das suas palavras como a voz duma multidão.
Daniel não resistiu e sobre ele sobre todos
os que estavam ali caiu grande temor. - vs. 7; Is 6.5; Lc 5.8. Daniel viu, mas
os que estavam ali com ele nada viram, mas sentiram e se esconderam.
Aquelas palavras de oração de Daniel foram
ouvidas e, por causa delas é que aquele ser fantástico veio até ele, em
obediência a Deus. A visão e a revelação recebidas por Daniel vieram como resposta
direta às suas orações.
Por causa da visão, Daniel perdeu as suas
forças e desfigurou-se o seu rosto, mas ainda assim podia ouvir a voz dele, mas
Daniel caiu em profundo sono, com o rosto em terra, de tão cansado, exausto.
Naquele momento uma mão o tocou e ela fez
com que ele se levantasse, mas tremia e seus joelhos batiam um no outro.
Apoiando em seu joelho e com as palmas das suas mãos, reuniu forças para se
levantar.
E o anjo lhe disse que ele era muito amado
e que era para ele entender e levantar-se sobre os seus pés, pois que ele, o
anjo, lhe era enviado.
Daniel reagiu a sua fala e conseguiu pôr-se
de pé, com dificuldades e ainda tremendo.
O anjo volta a lhe falar e explicar as
coisas. Ele começa dizendo que desde o primeiro dia, dos vinte e um, ele foi
enviado a Daniel. Chama atenção o fato de que Daniel aplicou seu coração a
compreender e a se humilhar perante Deus e foi por isso que foram ouvidas as
suas palavras e por causa das palavras dele é que o anjo tinha vindo.
No entanto, houve problemas no caminho do
anjo, pois o príncipe da Pérsia o resistiu e isso por vinte e um dias! Se
aquele anjo pode ser resistido, imaginem quem se lhe opôs e ainda por vinte e
um dias. Nem dá para imaginar tamanhos confrontos angelicais. Este anjo teve de
receber ajuda de outro anjo, chamado de príncipe, um dos primeiros, que veio
ajudá-lo. Seu nome Miguel.
No contexto fica aparente que esse príncipe
que resistiu ao anjo por vinte e um dias se refere a um ser espiritual
poderoso, mas maligno (cf. Jó 1.6-12; SI 82; Is 24.21; Lc 11.14-26), designado
por Satanás para agir no interesse do governo persa.
Do mesmo modo, o arcanjo Miguel é chamado
"o grande príncipe, o defensor" de Israel (12.1).
Em outras ocasiões no Antigo Testamento os
exércitos do céu são mencionados como lutando por Israel (Jz 5.20; 2Rs 6.15-18;
SI 103.20-21). Miguel é retratado como comandante dos santos anjos em Jd 9 e em
Ap 12.7.
Aqui temos um vislumbre das batalhas
espirituais travadas no céu e que afetam os acontecimentos sobre a terra (Ef
6.12; Ap 12.7-9).
O fato era que aquele anjo vinha fazer entender
o que haveria de suceder ao povo de Israel nos derradeiros dias, pois a visão
era para muitos dias à frente. Ao falar ele com Daniel aquelas palavras, Daniel
abaixou o seu rosto para terra e emudeceu. Fugiram-se as palavras de sua boca!
Nesse interim, surge um ser que tinha a
semelhança dos filhos dos homens e tocou nos lábios de Daniel e ele pode abrir
a sua boca e falar. Pode dizer àquele que estava diante dele que por causa da
visão é que lhe sobreveio muitas dores e ele se encontrava extenuado e não
podia, nem conseguia falar, nem ouvir dele coisa alguma, uma vez que lhe
faltavam forças e mesmo fôlego.
Novamente aquele ser, provavelmente o mesmo
que o tocou no início, o que tinha a semelhança de filho dos homens, tocou
novamente nele, em Daniel e conseguiu consolá-lo. Ele disse para ele algo
incrível:
·Não
temas, homem muito amado.
·Paz
seja contigo.
·Sê
forte e tem bom ânimo.
Na ação desse anjo – dupla ação de toque - para
fortalecer Daniel vemos duas coisas o toque e as palavras. Foi quando ele
falava com ele que as suas forças começaram a retornar a ele de forma que pode
dizer: pode falar-me, meu senhor, pois
que me fortaleceste.
Dn 10:1 No ano terceiro de Ciro, rei da
Pérsia,
foi revelada
uma palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar,
uma
palavra verdadeira concernente a um grande conflito;
e
ele entendeu esta palavra,
e
teve entendimento da visão.
Dn 10:2
Naqueles dias eu, Daniel,
estava
pranteando por três semanas inteiras.
Dn
10:3 Nenhuma coisa desejável comi,
nem
carne nem vinho entraram na minha boca,
nem
me ungi com ungüento,
até que se
cumpriram as três semanas completas.
Dn 10:4 No
dia vinte e quatro do primeiro mês,
estava
eu à borda do grande rio, o Tigre;
Dn
10:5 levantei os meus olhos, e olhei,
e
eis um homem vestido de linho
e
os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
Dn
10:6 o seu corpo era como o berilo,
e o seu rosto
como um relâmpago;
os seus olhos
eram como tochas de fogo,
e os seus
braços e os seus pés
como
o brilho de bronze polido;
e a voz das
suas palavras como a voz duma multidão.
Dn 10:7 Ora,
só eu, Daniel, vi aquela visão;
pois
os homens que estavam comigo não a viram:
não
obstante, caiu sobre eles um grande temor,
e
fugiram para se esconder.
Dn 10:8
Fiquei pois eu só a contemplar a grande visão,
e
não ficou força em mim;
desfigurou-se
a feição do meu rosto,
e
não retive força alguma.
Dn 10:9
Contudo, ouvi a voz das suas palavras;
e,
ouvindo o som das suas palavras,
eu
caí num profundo sono, com o rosto em terra.
Dn 10:10 E
eis que uma mão me tocou,
e
fez com que me levantasse, tremendo,
sobre
os meus joelhos
e
sobre as palmas das minhas mãos.
Dn 10:11 E me
disse:
Daniel,
homem muito amado,
entende
as palavras que te vou dizer,
e
levanta-te sobre os teus pés;
pois
agora te sou enviado.
Ao
falar ele comigo esta palavra,
pus-me
em pé tremendo.
Dn 10:12
Então me disse:
Não
temas, Daniel;
porque
desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração
a
compreender e a humilhar-te perante o teu Deus,
são
ouvidas as tuas palavras,
e
por causa das tuas palavras eu vim.
Dn 10:13 Mas
o príncipe do reino da Pérsia me resistiu
por
vinte e um dias;
e
eis que Miguel, um dos primeiros príncipes,
veio
para ajudar-me,
e eu o deixei
ali com os reis da Pérsia.
Dn 10:14
Agora vim, para fazer-te entender o que há de suceder
ao
teu povo nos derradeiros dias;
pois
a visão se refere a dias ainda distantes.
Dn 10:15 Ao
falar ele comigo estas palavras,
abaixei
o rosto para a terra e emudeci.
Dn 10:16 E
eis que um que tinha a semelhança dos filhos dos homens
me
tocou os lábios;
então
abri a boca e falei,
e
disse àquele que estava em pé diante de mim:
Senhor meu,
por causa da visão sobrevieram-me dores,
e
não retenho força alguma.
Dn 10:17
Como, pois, pode o servo do meu Senhor
falar
com o meu Senhor? pois, quanto a mim,
desde
agora não resta força em mim,
nem
fôlego ficou em mim.
Dn 10:18
Então tornou a tocar-me um que tinha
a
semelhança dum homem, e me consolou.
Dn 10:19 E
disse:
Não
temas, homem muito amado;
paz
seja contigo;
sê
forte, e tem bom ânimo.
E
quando ele falou comigo, fiquei fortalecido, e disse:
Fala,
meu senhor, pois me fortaleceste.
Dn 10:20
Ainda disse ele:
Sabes
por que eu vim a ti?
Agora
tornarei a pelejar
contra
o príncipe dos persas;
e, saindo eu,
eis que virá o príncipe da Grécia.
Dn 10:21
Contudo eu te declararei
o
que está gravado na escritura da verdade;
e
ninguém há que se esforce comigo contra aqueles,
senão
Miguel, vosso príncipe.
O anjo lhe pergunta mais uma vez se ele
sabia por que ele tinha vindo e lhe diz que voltaria a pelejar contra o príncipe
dos persas e, que saindo ele, viria o príncipe da Grécia - um anjo caído ou
poder demoníaco designado por Satanás para participar dos negócios do reino
grego (vs. 13; veja Jo 14.30; Ef 6.12).
Embora tanto a Pérsia quanto a Grécia
tenham conquistado o povo de Deus, Daniel deveria entender que o seu poder
seria limitado pelo poder de Deus, cujos propósitos sempre prevalecem.
O anjo encerra sua ministração a Daniel
afirmando que o que ele declarara a ele era o que estava gravado na escritura
da verdade, provavelmente, como nos diz a BEG, uma metáfora para o conhecimento
e controle de Deus sobre toda a História.
Também desabafou para Daniel que ninguém
havia que se esforçava com ele contra aqueles, senão Miguel a quem ele chamou
de nosso príncipe. O interesse de Miguel em proteger Israel (vs. 13; cf. 12.1)
corresponde ao do mensageiro, que estava diretamente envolvido com os
propósitos de Deus.
Não devemos adorar os anjos nem eles aceitam adoração. Daniel aqui não adora o ser celestial que se lhe manifesta mas fica muito impactado e profundamente abalado em suas forças.
Fique à vontade para tecer seus comentários. No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 : devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
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É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
-
A doutrina Calvinista é a mais bela expressão do ensino bíblico
transmitida a nós pelo seu maior representante - João Calvino. É claro, a
de se ori...
3 comentários:
porque daniel chama o anjo de senhor e ele aceita
Não devemos adorar os anjos nem eles aceitam adoração. Daniel aqui não adora o ser celestial que se lhe manifesta mas fica muito impactado e profundamente abalado em suas forças.
Ótima explicação do texto.. Paz do Senhor.
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.