Paulo escreveu essa sua segunda epístola por volta de 64-68 d.C. para
convidar Timóteo a visitá-lo em seus últimos dias e também com o objetivo de
animar Timóteo em seu ministério contra os falsos mestres em Éfeso. Estamos no
capítulo 1/4.
Breve
síntese do capítulo 1.
Paulo novamente escreve a Timóteo e lhe dá
conselhos, exortações, desabafa, explica seu ministério e o instrui. No vs. 6
ele fala da passagem de dons a Timóteo que se deu mediante a imposição de mãos
sobre ele e lhe pede que reavives o dom de Deus recebido.
Paulo continua com o mesmo discurso de sempre e
o mesmo zelo pelo evangelho procurando formar líderes que darão continuidade ao
ministério. A palavra da salvação dos homens anunciada pelos homens não pode
ficar encaixotada, mas deve ser anunciada com ousadia, poder, amor e moderação
e assim solicita que Timóteo não se envergonhe do evangelho.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
I. SAUDAÇÕES (1.1-2).
Paulo identificou-se como o autor e Timóteo
como o destinatário da carta. Paulo começou a carta do seu modo costumeiro,
identificando-se e também o seu destinatário e oferecendo uma bênção.
Paulo se identifica como apóstolo de Cristo
Jesus, alguém enviado como representante oficial e com autoridade de Cristo (1
Tm 1.1; 2Co 1.1) que estava ali pela vontade de Deus. Paulo estabelecia a sua
autoridade com base unicamente na vontade de Deus (1Co 1.1; 2Co 1.1; Cl
1.1,10-16; Ef 1.1; Cl 1.1). E também de conformidade com a promessa da vida que
está em Cristo Jesus. Uma das funções dos apóstolos era proclamar a vida eterna
que está disponível em Cristo (1Tm 1.16).
Ele identifica Timóteo como o seu amado
filho. Ou "querido filho" (1Co 4.17; cf. 1Tm 1.2). Paulo não tinha
descendentes diretos conhecidos, mas aqui ele identifica Timóteo como seu filho
espiritual (cf. Cl 4.19). A ele ministrava a tríplice bênção da graça,
misericórdia e paz.
Paulo normalmente usava "graça"
em lugar do cumprimento mais tradicional "saudações" (cf. Tg 1.1).
Era característico que ele acrescentasse a saudação judaica "paz",
que significa "saúde, plenitude de vida". Aqui e em ITm 1.2 ele
também acrescentou "misericórdia".
II. PRIMEIRAS REFLEXÕES E EXORTAÇÕES (1.3-14).
Paulo tinha grande confiança em Timóteo e o
encorajou a permanecer firme na verdade contra os falsos mestres. Paulo começou
a principal parte de sua epístola com várias reflexões, seguidas de exortações
a Timóteo.
Nessa seção, Paulo descreveu como ele se
lembrava da fé e da história de vida de Timóteo (vs. 3-5). Em seguida, com base
nesses fatos, ele exortou Timóteo (vs. 6-14). Assim, também dividimos, conforme
a BEG: A. A fé de Timóteo e a maneira como ele foi criado (1.3-5) – veremos agora; e, B. Exortações a
Timóteo (1.6-14) – também veremos agora.
A. A fé de Timóteo e a maneira como ele foi criado (1.3-5).
Na maioria de suas cartas (exceto em Gálatas,
1Timóteo e Tito), Paulo começa a relatar as suas preocupações com uma descrição
de sua apreciação pelos seus leitores.
Aqui ele enfatizou a sua confiança na fé de
Timóteo e no modo como ele havia sido criado.
Provavelmente, Paulo estava se lembrando
das lágrimas que Timóteo havia derramado na última vez que havia estado com ele
e por isso estava desejoso ou ansioso por vê-lo. Paulo antecipou o seu pedido
registrado em 4,9,21.
Paulo também reconheceu a importância da
criação de Timóteo, que aconteceu na condição santificada de um lar cristão.
Timóteo era um excelente exemplo de uma criança que foi feita santa, separada
do mundo, por causa da fé de seus pais (veja 1 Co 7.14).
O fato de ter parentes cristãos não
assegurou a salvação de Timóteo, mas eles foram instrumentos usados por Deus
para levá-lo à fé (a BEG recomenda aqui a leitura e a reflexão em seu excelente
artigo teológico "O batismo de crianças ou de convertidos", em Cl 2).
B. Exortações a Timóteo (1.6-14).
Dos vs. 6 ao 14, Paulo dá a ele diversas
exortações. Com base na criação de Timóteo na fé e no seu compromisso pessoal
com Cristo, Paulo encorajou o seu jovem amigo a ser ousado na medida em que
compartilhava com Paulo do sofrimento do ministério de Cristo.
Essa forte expressão “te admoesto que reavives
o dom de Deus” sugere que Timóteo estava sendo menos vigoroso do que ele
deveria ser ao fazer uso do dom espiritual que Deus lhe havia dado.
As palavras de Paulo a Timóteo indicam que
cada crente é responsável por nutrir e desenvolver a obra do Espírito em sua
própria vida.
Assim como é possível apagar o Espírito
(ITs 5.19), é possível reavivar o dom do Espírito até ele se tornar em chamas. O
vs. 6 também nos remete a I Tm 1.18 que fala que quando Paulo se dirige a
Timóteo dando-lhe aquela instrução, segundo as profecias de que antecipadamente
fora objeto, ele estava se referindo a um acontecimento (cf. 4.14; 2Tm 1.6ss.)
em que um grupo de presbíteros, juntamente com Paulo, havia imposto as mãos
sobre Timóteo (talvez quando 'Timóteo foi separado para o ministério).
Deus não nos deu o espírito de covardia –
vs. 7 - ou "timidez". Aparentemente, Timóteo tinha uma reticência
natural com relação à assertividade em seu ensino. A gravidade da situação em
Éfeso exigia força e coragem. Deus nos tinha dado o espírito de poder, de amor
e de equilíbrio, ou seja, mesmo na responsabilidade humana, tudo é de Deus, vem
de Deus é para Deus. A Deus toda a glória, sempre!
Paulo não queria que Timóteo se
envergonhasse dele e da sua situação de encarceramento. Essa era provavelmente
a segunda vez que Paulo atava preso em Roma. Paulo deu a isso – essas
tribulações - o nome de sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus –
vs. 8.
O objetivo da eleição e do chamado de Deus
é a santificação do seu povo (Ef 1.4). Seria interessante e oportuno ler o
excelente artigo teológico “Santificação", em Ti 3.
O seu chamado não se deu pelas obras, mas
pela graça Essa é uma maravilhosa afirmação de que todos os aspectos da
salvação, incluindo a santificação, são alcançados inteiramente pela graça, não
por mérito humano (Ef 2.8-9).
Da eleição incondicional "antes da
fundação do mundo" (Ef 1.4) até a nossa glorificação final em Cristo (Rm
8.30), a salvação é inteiramente pela graça de Deus e conforme a sua própria
determinação.
O decreto de Deus com relação à redenção é
baseado unicamente no seu próprio propósito e na sua boa vontade. Em outros
lugares, o propósito divino é identificado como misericórdia (Tt 3.5) e amor
(Ef 1.4-5). Isso tudo antes mesmo dos tempos eternos, ou seja, essa é uma
afirmação da natureza eterna da decisão divina de nos redimir por meio de
Cristo (Ef 1.4; Tt 1.2; Ap 13.8).
Como mediador da aliança da graça, Cristo é
Salvador (Tt 1.4; 2.13; 3.6), o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz
a vida e a imortalidade. Mediante sua morte e ressurreição, Cristo abriu as
podas para a vida eterna (11b 2.14-15; Ap 1.18).
A morte foi destruída no sentido de que ela
não mais tem poder sobre Cristo (Rm 6.9) ou sobre aquela que estão em Cristo
(Rm 6.11). A destruição final da morte acontecerá no julgamento do mundo quando
Cristo voltar (1Co 15.51-57; Ap 20.11-15).
Paulo foi constituído pregador, e apóstolo,
e doutor dos gentios e por isso estava sofrendo. Paulo estava na prisão (vs. 8;
2.9), mas não se envergonhava. Tendo advertido Timóteo a não se envergonhar de
falar sobre Cristo (vs. 8), Paulo se apresentou como um modelo de ousadia em
face do perigo e do sofrimento (2.8-10; 3.10-11) até aquele dia, ou seja até ao
dia do julgamento (vs.18; 4.8).
Paulo orienta ele a guardar o modelo das
sãs palavras – vs. 13. Esse tema percorre as epístolas pastorais (3.9; 4.6;
6.3; 2Tm 1.13-14; 2.2; 4.3; Tt 1.9,13; 2.1-2). São essas as palavras que dele
tinha Timóteo ouvido na fé e no amor que há em Cristo Jesus.
Paulo fala para Timóteo guardar o bom
depósito que pelo Espírito Santo habita em nós. Ou seja, a sã doutrina do
evangelho (cf. I Tm 1.10-11; 6.20). Na época do Novo Testamento, a presença e o
dom do Espírito Santo eram muito maiores do que na época do Antigo Testamento.
O poder do Espírito capacita os crentes a
serem fiéis aos mandamentos de Deus. Entretanto, o poder que o Espírito Santo
nos dá não vem sempre separadamente de nossa atenção a ele.
Paulo não somente encorajou Timóteo a ser
determinado; ele relembrou a ele que (como o crescimento cristão em geral) é
impossível amadurecer como um líder sem uma dependência consciente do Espírito
Santo (cf. Cl 5.25).
III. SEGUNDAS REFLEXÕES E EXORTAÇÕES
(1.15-2.26).
Paulo encorajou Timóteo
a permanecer fiel em sua oposição aos falsos mestres, ao contrário de alguns
outros que haviam se afastado da verdadeira fé.
Dos vs. 1.15 ao 2.26,
veremos essas segundas reflexões e exortações. Paulo voltou-se para diversas
outras reflexões que o levaram a continuar a exortar Timóteo.
Aqui o apóstolo instruiu
diretamente Timóteo a resistir aos falsos mestres em Éfeso. Esse material é
dividido em duas seções: uma discussão acerca de alguns outros companheiros de
Paulo (1.15-18) e várias exortações a Timóteo (2.1-26). Elas formarão nossa
divisão proposta, conforme segue: A. Colaboradores de Paulo (1.15-18) – veremos agora; e, B. Exortações a
Timóteo (2.1-26).
A. Colaboradores de Paulo (1.15-18).
Paulo relembrou a
Timóteo que muitos de seus companheiros o haviam abandonado no seu momento de
provação e disse a ele a respeito de um outro que havia permanecido leal.
Paulo estava
provavelmente usando uma hipérbole (um exagero intencional para causar efeito)
a fim de comunicar que muitas pessoas na Ásia haviam sido desleais. O
sentimento de Paulo era que quase todos da Ásia - provinda romana cuja
principal cidade era Éfeso, onde Timóteo estava trabalhando como representante
de Paulo nessa época - o haviam abandonado.
Entre os que o
abandonaram estavam Figelo e Hermógenes. Essas pessoas não são mencionadas em
nenhum outro lugar no Novo Testamento. O fato de Paulo tê-los mencionado aqui é
provavelmente uma indicação de que ele havia contado com a ajuda deles.
Aparentemente Timóteo sabia quem eram essas pessoas e o que elas haviam feito.
Já Onesíforo era um
membro da igreja em Éfeso que havia se diferenciado dos outros por causa de sua
lealdade a Paulo (v.18; cf. 4.19) que dele cuidou sem mesmo se envergonhar
disso. É provável que Onesíforo – conforme o vs. 17 - tivesse viajado até Roma
para ajudar Paulo. Paulo estava mesmo grato por ele tanto que ora por ele e
pede ao Senhor misericórdia.
II Tm 1:1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus,
pela vontade de Deus,
de
conformidade com a promessa da vida
que
está em Cristo Jesus,
II Tm 1:2 ao amado filho Timóteo,
graça,
misericórdia
e paz,
da
parte de Deus Pai
e
de Cristo Jesus, nosso Senhor.
II Tm 1:3 Dou graças a Deus,
a quem, desde os meus
antepassados,
sirvo
com consciência pura,
porque,
sem cessar, me lembro de ti
nas
minhas orações, noite e dia.
II Tm 1:4 Lembrado das tuas lágrimas,
estou ansioso por ver-te,
para
que eu transborde de alegria
II Tm 1:5 pela recordação
que guardo de tua fé sem fingimento,
a mesma que,
primeiramente, habitou em tua avó Lóide
e
em tua mãe Eunice,
e
estou certo de que também, em ti.
II Tm 1:6 Por esta razão, pois, te admoesto
que reavives o dom de
Deus que há em ti
pela
imposição das minhas mãos.
II Tm 1:7 Porque Deus
não nos tem dado espírito
de covardia,
mas
de poder,
de
amor
e
de moderação.
II Tm 1:8 Não te envergonhes,
portanto, do testemunho
de nosso Senhor,
nem do seu encarcerado,
que sou eu;
pelo
contrário,
participa
comigo dos sofrimentos,
a
favor do evangelho,
segundo
o poder de Deus,
II
Tm 1:9 que nos salvou
e nos chamou com santa
vocação;
não
segundo as nossas obras,
mas conforme a sua própria determinação
e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,
antes dos tempos eternos,
II Tm 1:10 e manifestada, agora,
pelo aparecimento de
nosso
Salvador
Cristo Jesus,
o
qual não só destruiu a morte,
como
trouxe à luz
a
vida
e
a imortalidade,
mediante
o evangelho,
II
Tm 1:11 para o qual eu fui designado
pregador,
apóstolo
e
mestre
II Tm 1:12 e, por isso, estou sofrendo estas
coisas;
todavia, não me
envergonho,
porque
sei em quem tenho crido
e
estou certo de que ele
é
poderoso para guardar
o
meu depósito até aquele Dia.
II Tm 1:13 Mantém o padrão das sãs palavras
que de mim ouviste com fé
e com o amor que está em
Cristo Jesus.
II Tm 1:14 Guarda o bom depósito,
mediante o Espírito Santo
que
habita em nós.
II Tm 1:15 Estás ciente de que todos os da
Ásia me abandonaram;
dentre eles cito Fígelo e Hermógenes.
II Tm 1:16 Conceda o Senhor misericórdia
à casa de Onesíforo,
porque,
muitas vezes, me deu ânimo
e
nunca se envergonhou das minhas algemas;
II Tm 1:17 antes, tendo
ele chegado a Roma,
me
procurou solicitamente até me encontrar.
II Tm 1:18 O Senhor lhe
conceda, naquele Dia,
achar
misericórdia da parte do Senhor.
E
tu sabes, melhor do que eu,
quantos
serviços me prestou ele
em
Éfeso.
Assim como Paulo, estamos nós aqui no século
XXI como pregadores do evangelho. Não mais como apóstolos mas como servos.
Paulo foi apóstolo do Senhor e pelo evangelho sofreu muito, mas sua fé era
forte e firme para o sustentar em todo tempo.
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel
Deusdete.
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