Aron Correia - (Pergunta)
Lá em marcos 3.31-35 há o relato sobre a
família de Jesus em que no relato é citado sobre Jesus ter irmãos. Como a
teologia católica mantem o fato de que não eram irmãos de Jesus de fato? Não
temos elementos, apesar da obviedade, que de fato Jesus tinha irmãos?
Alexandre Dias - (Resposta)
Chegaram, então,
seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar.
E a multidão
estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos
te procuram, e estão lá fora.
E ele lhes
respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos?
E, olhando em
redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e
meus irmãos.
Porquanto,
qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha
mãe.
(Marcos 3:31-35)
Then came his
brothers and his mother; and when they were gone, they sent for him.
And the multitude
sat around him, and said unto him, Behold, thy mother and thy brethren seek
thee, and are without.
And he answered
them, saying, Who is my mother and my brethren?
And looking round
about them that sat by him, he said, Behold my mother and my brethren.
For whoever does
the will of God is my brother, and my sister, and my mother. (Mark 3: 31-35).
Καὶ ἔρχονται
ἡ μήτηρ αὐτοῦ καὶ οἱ ἀδελφοὶ αὐτοῦ, καὶ ἔξω στήκοντες ἀπέστειλαν πρὸς αὐτὸν
καλοῦντες αὐτόν.
καὶ ἐκάθητο
περὶ αὐτὸν ὄχλος, καὶ λέγουσιν αὐτῷ Ἰδοὺ ἡ μήτηρ σου καὶ οἱ ἀδελφοί σου ἔξω
ζητοῦσίν σε.
καὶ ἀποκριθεὶς
αὐτοῖς λέγει Τίς ἐστιν ἡ μήτηρ μου καὶ οἱ ἀδελφοί;
καὶ
περιβλεψάμενος τοὺς περὶ αὐτὸν κύκλῳ καθημένους λέγει Ἴδε ἡ μήτηρ μου καὶ οἱ ἀδελφοί
μου.
ὃς ἂν
ποιήσῃ τὸ θέλημα τοῦ Θεοῦ, οὗτος ἀδελφός μου καὶ ἀδελφὴ καὶ μήτηρ ἐστίν.
A Bíblia de Jerusalém não comenta a este
respeito nos livros de Marcos, Lucas e João, porém na sua nota de rodapé assim
ela afirma, na página 1726, ao comentar Mateus 12.46 a respeito desta parte do
texto “Sua mãe e seus irmãos”:
“Há diversas menções de “irmãos” (e
“irmãs”) de Jesus (13,55; Jo 7,3: At 1,14; 1 Cor 9,5; Gl1,19). Embora tendo o
sentido primeiro de “irmão de sangue”, a palavra grega usada (adelphos), assim
como a palavra correspondente em hebraico e aramaico, pode designar relações de
parentesco mais amplas (cf. Gn 13.8; 29,15; Lv 10,4) e principalmente um primo
irmão (1 Cr 23,22). O grego possui outro termo para “primo” (anèpsios), ver Cl
4,10, único emprego deste termo no NT. Mas o livro de Tobias atesta que ambas
as palavras podem ser indiferentemente usadas para falar da mesma pessoa c.f
7,2 “nosso irmão Tobit” (adelphos ou anèpsios conforme os manuscritos). Desde
os Padres da Igreja, a interpretação predominante viu nesses “irmãos” de Jesus
“primos”, de acordo com a crença na virgindade perpétua de Maria. Além disso,
isto concorda com Jo 19, 26-27 o qual deixa supor que, na morte de Jesus, Maria
estava sozinha.
Ao meu ver este comentário de rodapé deixa
claro o seguinte:
1° O primeiro sentido do termo é irmão de
sangue.
2° O termo para primo só aparece em Cl
4,10 em todo Novo Testamento.
3° O livro Tobias para os protestantes é
considerado um livro apócrifo.
4° A interpretação dos Padres da Igreja é
predominante por causa da crença na virgindade perpétua de Maria. (Um dogma)
5° O fator de Maria estar no momento da
crucificação sozinha não significa que ela não tinha filhos.
O interessante é o que estes textos dizem:
Em Mateus 13.55-56: Não é este o filho do
carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e
Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio,
pois, tudo isto?
οὐχ οὗτός ἐστιν ὁ τοῦ τέκτονος υἱός; οὐχ ἡ
μήτηρ αὐτοῦ λέγεται Μαριὰμ καὶ οἱ ἀδελφοὶ αὐτοῦ Ἰάκωβος καὶ Ἰωσὴφ καὶ Σίμων καὶ
Ἰούδας; καὶ αἱ ἀδελφαὶ αὐτοῦ οὐχὶ πᾶσαι πρὸς ἡμᾶς εἰσιν; πόθεν οὖν τούτῳ ταῦτα
πάντα;
Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai
daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras
que fazes.
εἶπον οὖν πρὸς αὐτὸν οἱ ἀδελφοὶ αὐτοῦ
Μετάβηθι ἐντεῦθεν καὶ ὕπαγε εἰς τὴν Ἰουδαίαν, ἵνα καὶ οἱ μαθηταί σου
θεωρήσουσιν τὰ ἔργα σοῦ ἃ ποιεῖς·
Todos estes perseveravam unanimemente em
oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos.
οὗτοι πάντες ἦσαν προσκαρτεροῦντες ὁμοθυμαδὸν
τῇ προσευχῇ σὺν γυναιξὶν καὶ Μαριὰμ τῇ μητρὶ τοῦ Ἰησοῦ καὶ σὺν τοῖς ἀδελφοῖς αὐτοῦ.
Não temos nós direito de levar conosco uma
esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?
μὴ οὐκ ἔχομεν ἐξουσίαν ἀδελφὴν γυναῖκα
περιάγειν, ὡς καὶ οἱ λοιποὶ ἀπόστολοι καὶ οἱ ἀδελφοὶ τοῦ Κυρίου καὶ Κηφᾶς;
E não vi a nenhum outro dos apóstolos,
senão a Tiago, irmão do Senhor.
ἕτερον δὲ τῶν ἀποστόλων οὐκ εἶδον, εἰ μὴ Ἰάκωβον
τὸν ἀδελφὸν τοῦ Κυρίου.
Aristarco, que está preso comigo, vos
saúda, e Marcos, o primo de Barnabé, acerca do qual já recebestes mandamentos;
se ele for ter convosco, recebei-o;
Ἀσπάζεται ὑμᾶς Ἀρίσταρχος ὁ συναιχμάλωτός
μου, καὶ Μᾶρκος ὁ ἀνεψιὸς Βαρνάβα, (περὶ οὗ ἐλάβετε ἐντολάς, ἐὰν ἔλθῃ πρὸς ὑμᾶς,
δέξασθε αὐτόν,)
Αδελφοί = Irmãos (adelfoí)
ἀνεψιὸς = Primo (anipsiós)
Αδελφές = Irmãs (Adelfés)
Na nota de rodapé da bíblia Ave Maria em
Marcos 3.31-35 na página 1588 diz:
“Jesus aproveita a visita de sua família
para ensinar algo fundamental: não podemos ser sovinas com o reino
agarrando-nos somente a uma família. É preciso abrir-se para novas famílias e
para novas comunidades. A verdadeira família de Jesus ultrapassa as fronteiras
biológicas e étnicas, e constituem-na todos os homens e as mulheres que cumpram
uma cláusula de pertença: fazer a vontade do Pai. Não se é cristão por tradição
ou por herança, mas por opção e testemunho de vida”.
Na nota de rodapé da bíblia Ave Maria em
Mateus 12.46-50 na página 1538 diz:
“...A palavra “irmão” no hebraico do AT
designava também os parentes próximos: Tios, sobrinhos e primos. No NT, esta
palavra pode designar parentes e pessoas da mesma raça ou comunidade...”.
Traduções dos originais grego, hebraico e
aramaico mediante a versões dos Monges Beneditinos de Moredsous (Bélgica).
Notas: Pastoral Biblie Fundation - Quezon City (Filipinas) e Edciones
Mensajeiro, S. A. V. - Bilbao (Espanha).
Na nota de rodapé da bíblia Tradução
Ecumênica em Mateus 12.46-50 na página 1882 diz:
“ Na bíblia, como ainda hoje no Oriente, a
palavra irmãos pode designar tanto os filhos da mesma mãe, como os parentes
próximos (cf. Gn 13.8; 29.15; Lv 10,4: 1 Cr23,22).
Na nota de rodapé da bíblia Tradução
Ecumênica em Marcos 3.31-35 na página 1930 diz:
“...Alguns mss. (Manuscritos) trazem: Teus
irmãos e irmãs".
No livro de comentário da Editora Paulus
(Católica) e Editora Academia Cristã (Protestante) chamado Leitura do Evangelho
segundo Marcos do autor J. Delorme originalmente publicado em Francês o
comentário não questiona o termo e os aceita como irmãos e irmãs:
“Esses são de duas espécies: Os parentes
de Jesus, que procuravam retê-lo em seu meio...” cita Marcos: 3.31-33 e 3.34-35
ambos os textos citam a palavra irmãos, irmãs, irmão e irmã.
JEAN DELORME sacerdote da diocese de
Annecy e professor nas faculdades católicas de Lião, é conhecido entre seus
colegas como exegeta competente, em 1972 fez uma conferência para sacerdotes
sobre o evangelho de Marcos, no qual é especialista.
No livro de Comentário Bíblico
Latinoamericano do Novo Testamento de Marcos da Editora Fonte Editorial dos
autores Sebastião Armando Gameleira Soares, João Luiz Correa Júnior, José
Raimundo na página 158 diz:
“No v.31 volta-se a falar dos parentes de
Jesus. Chegam até onde está. E Marcos é explícito e até duro: “Sua mãe e seus
irmãos”. Mas não entram em casa. Não são da casa. O paralítico-pecador entrara
de qualquer jeito, sua fé o impelira até lá dentro. E é acolhido como filho
(cf. 2.1-12). A multidão se acha prazerosamente sentada a seu redor porque é de
casa.
“Diz-se que “tua mãe e teus irmãos te
procuram” É o mesmo verbo usado em 1.37: “perseguem”, ainda não têm fé, não são
capazes de romper os obstáculos para se aproximarem de Jesus (cf. 2, 1-12)”.
“Para Jesus, os vínculos da carne já se
dissolveram, perderam sua importância decisiva. Agora, só um vínculo importa:
fazer a vontade de Deus. É esta a porta de entrada em sua nova Casa. Aí se acha
toda a explicação de sua loucura. É que tudo o mais fica relativizado: família,
propriedades, pátria, estado, até mesmo a própria vida”.
SEBASTIÃO ARMANDO GAMELEIRA SOARES - Dom
Sebastião, Bacharel e Mestrado em Teologia na Universidade Gregoriana, de Roma,
com dissertação sobre Santo Anselmo, Arcebispo de Cantuária, mestrado em
ciências bíblicas, no instituto, bíblico de Roma, Mestrado em Filosofia na
Universidade Lateranense, de Roma, fez especialização em Sociologia em Roma, na
Universidade de Estudos Sociais. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito
de Olinda. Atualmente é Bispo Diocesano da Diocese Anglicana do Recife.
JOSÉ RAIMUNDO OLIVA - Formado em
Engenharia pela escola politécnica da Universidade de São Paulo, teólogo pela
Escola Dominicana de Teologia de São Paulo, licenciado em Filosofia, Psicologia
e Sociologia pela Universidade Católica de Pernambuco.
JOÃO LUIZ CORREIA JÚNIOR - Tem mestrado e
Doutorado em Teologia, pela Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro
- PUC - RIO. É professor e pesquisador da Universidade Católica de Pernambuco -
UNICAMP, onde ensina curso de Teologia e no programa de Mestrado em Ciência da
Religião.
No novo testamento grego de Nestle-Aland:
THE GREEK NEW TESTAMENT - Forth Revised Edition em seu dicionário traduzido
para o Espanhol na página 3 traduz como (Hermano) = (Irmão) e (Hermana) =
(Irmã).
EBERHARD NESTLE (Stuttgart, 1 de maio de
1851 — Stuttgart, 9 de março de 1913) foi um teólogo protestante e orientalista
alemão. Nestle iniciou seus estudos na área de Orientalismo e escreveu, entre
outras obras, uma gramática seríaca. Nos anos seguintes, o seu interesse se
centrou na obtenção de um texto bíblico estabelecido pelo método da crítica
textual. Após formar-se e ter atuado como professor adjunto no Seminário de
Tübingen, assumiu o cargo de professor do Instituto de Ulm. Logo depois obteve
uma cátedra na Universidade de Tubingen. Foi também professor e, desde 1912,
Ephorus no Seminário de Maulbronn. Em 1898, foi publicada na Württembergischen
Bibelanstalt de Stuttgart, a edição de Nestle da versão grega do Novo
Testamento, editada por ele a partir de antigos manuscritos, sob o título de
Novum Testamentum Graece cum apparatu critico ex editionibus et libris manu
scriptis.
KURT ALAND (Steglitz, 28 de março de 1915
— Münster, 13 de abril de 1994) foi um teólogo alemão e professor de Novo
Testamento e História da Igreja. Kurt Aland é considerado uma das mais
destacadas autoridades do século passado no campo da crítica textual do Novo
Testamento.
No livro de Variantes Textuais do Novo
Testamento - Análise e Avaliação do Aparato Crítico de “O Novo Testamento
Grego” de Roger L. Omanson na página 67 sobre Marcos 3.32 diz:
“3.32 οι αδελφοί του [Και οι αδελφές του]
(teus irmãos [ e tuas irmãs]) {G}
A maioria dos manuscritos não traz a
locução Και οι αδελφές του (e tuas irmãs). Tudo indica, porém, que essas
palavras são originais. Devem ter sido
omitidas, de modo acidental, quando o copista passou do primeiro pronome σου ao
segundo pronome σου. Outra possibilidade é que se trate de omissão
internacional, visto que as irmãs não aparecem no v. 31 nem no v. 34. Além
disso, se essas palavras não fossem originais, e sim um acréscimo feito por
copista, seria mais lógico que fossem inseridas no v. 31, e não aqui, no v.32.
No entanto, o texto mais breve tem um sólido apoio de manuscritos, o que faz
com que a locução Και οι αδελφοί σου apareça, no texto, entre colchetes, para
indicar que há dúvidas quanto ao texto original. REB,TEB, NVI, BN e NTLH adotam
o texto mais breve, omitindo a locução “e tuas irmãs””.
No Novo Testamento Interlinear de Waldyr
Carvalho Luz da Editora Hagnos nas páginas 118 e 119 traduz as palavras por
irmãs e irmãos.
WALDYR CARVALHO LUZ por três décadas, foi
professor de Grego e Hebraico no Seminário Presbiteriano do Sul; na área de
Linguística no instituto de Estudos de Linguagem (IEL) da UNICAMP; e de Grego e
Exegese do Novo Testamento no Instituto Bíblico Palavra da Vida. É tradutor de
várias obras, entre elas, As institutas de Calvino (do latim), e autor da
gramática grega Manual de Grego Neotestamentário e da biografia John Knox.
No Novo Testamento Interlinear de Grego e
Português da Sociedade Bíblica do Brasil na página 139 também traduz as
palavras por irmãs e irmãos.
VILSON SHOLZ especialista em Novo
Testamento. Doutor em Teologia, professor de grego, hermenêutica e exegese do
Novo Testamento. Atualmente é Consultor de Tradução em treinamento da Sociedade
Bíblica do Brasil.
No Novo Testamento Trinlíngue da Editora
Vida Nova na página 104, Grego, Português, Inglês traduz a palavra por
irmãos/brothers, e irmã/sister.
No Léxico Grego-Português do Novo
Testamento - baseado em domínios semânticos de Johannes Louw e Eugene Nida da
Sociedade Bíblica do Brasil na página 108:
“... A interpretação de άδερφος como
significando “primos”, em passagens como Mt 12.46; Mc 3.31; e Jo 2.12 (com base
num termo hebraico correspondente, que é usado, em certos casos, para designar
parentes em vários graus, do sexo masculino), não tem registro na língua grega
nem é afirmada ou confirmada no léxico grego-inglês editado por Arndt, Gingrich
e Danker. Tal interpretação se baseia acima de tudo em tradição eclesiástica”.
JOHANNES LOUW - (31 de dezembro de 1932 -
23 de dezembro de 2011) foi o editor do Léxico Grego-Inglês do Novo Testamento
Baseado em Domínios Semânticos (UBS, 1988, com Eugene Nida); ele também
desenvolveu uma abordagem à linguística
que ficou conhecida como Análise do Discurso Sul-Africana.
EUGENE NIDA - (Oklahoma City, 11 de
novembro de 1914 - Madrid, 25 de agosto de 2011) foi um linguista, tradutor e
ministro protestante americano. Desenvolveu a teoria de tradução da
equivalência formal e dinâmica e é um dos fundadores da disciplina moderna dos
Estudos da Tradução. Um dos mais influentes tradutores da Bíblia de todos os
tempos.
No Dicionário Teológico do Novo Testamento
organizado por Gerhard Kittel e Gerhard Friedrich, vol 1, da Editora Cultura
Cristã na página 25:
“ adelphós [irmão], adelphe [irmã],
adelphótes [fraternidade], philádelphos [fraterno], philadelphía [amor
fraternal], pseudádelphos [falso irmão]
1. Irmandade con-sanguínea. Existem
referências aos irmãos de sangue de Judá em Mt 1.2, a irmãos entre os
discípulos em Mc 1.16,19, ao irmão de Marta e Maria em Jo 11.2ss., à irmã de
Paulo em At 23.16, aos irmãos de Jesus em Mc 10. 29-30.
2. Irmãos espirituais. Adelphós,
referindo-se a irmãos de culto, aparece umas trinta vezes em Atos e 130 vezes
em Paulo. Esse uso tem como base o uso judaico e do AT (cf. At.3.22; Mt
5.22-23; At 2.29; 3.17, etc.). Jesus usa o termo em Mt 23.8; 25.40. Os cristãos
são seus irmãos (Rm 8.29) e, como tais, devem amar uns aos outros (1 Jo 2-3).
Adelphótes denota o fraternalismo (1 Pe 2.17) e significa disposição fraterna
em Hermas (Mandatos 8,10). [H. von Soden, I, 144-46]
GERHARD KITEEL - (1888-1948) foi professor
de novo testamento em Greifswald e em Tubingen, na Alemanha. Ele assumiu a
direção editorial do Theologisches Wurterbuch zum Neuen Testamente em 1928.
GERHARD FRIEDRICH - Ensinou Novo
Testamento na Universidade de Erlangem desde 1954.
No comentário originalmente publicado em
Inglês do Novo Testamento de Marcos do autor William Hendriksen Editora Cultura
Cristã na página 185 diz:
“Com relação à questão da identidade
desses irmãos de Jesus, a evidência favorece a posição que Jesus e esses homens
eram irmãos carnais, filhos de Maria. Os argumentos em favor dessa posição são:
a. Outras passagens nos informam que Jesus
tinha irmãos e irmãs, evidentemente membros de uma mesma família (Mt 12.46, 47;
Mc 6.3; Lc 8.19,20; Jo 2.12; 7.3,5,10; At 1.14).
b. Lucas 2.7 nos informa que Jesus era o
“primogênito de Maria. Apesar de que, por si mesmo, esse argumento possa não
ser suficiente para provar que Jesus tinha irmãos carnais, quando o
consideramos juntamente com o argumento anterior, a evidência se torna mais
conclusiva.
c. Também a luz de Mateus 1.25, a
necessidade de apresentar provas contundentes está inteiramente nas mãos
daqueles que negam que, depois do nascimento de Jesus, José e Maria passaram a
ter o tipo de relacionamento que se espera de um casal, e que tiveram filhos e
filhas, que, portanto, eram irmãos e irmãs de Jesus. Os nomes dos irmãos são
dados em Marcos 6.3, cf. Mateus 13.55”.
WILLIAM HENDRIKSEN Th. D. (Princeton
Theological Seminary), por dez anos foi professor de novo testamento no Calvin
Seminary. Iniciou a sua série de comentários em 1953. Desde a sua morte, em
1982, seu trabalho foi continuado e completado pelo Dr. Simon Kistemaker,
professor de Novo Testamento no Reformed Theological Seminary.
O Novo Testamento interpretado versículo
por versículo da Editora Candeia do autor R.N. Champlin, Ph. D. na página 396
comentando sobre Mateus 12.47:
“...Marcos menciona por nome quatro irmãos
de Jesus (Marc. 6.3), bem como um número indeterminado de irmãs. Muitos
discutem a questão dos irmãos de Cristo, aqui mencionados. Alguns, pretendendo
preservar a doutrina da perpétua virgindade de Maria, inventada pelos homens,
apresentam as seguintes explicações: 1. Esses irmãos de Jesus eram seus primos,
e não irmãos no sentido literal, como podem indicar as palavras grega e
hebraica para irmãos. Alguns sugerem que eram filhos de Alfeu e de Maria, a
irmã de Jesus. 2. Seriam filhos de José mediante um casamento anterior. 3.
Seriam filhos de José mediante um casamento posterior; e José teria contraído
essas núpcias a fim de criar os filhos de um irmão seu, já falecido. Todas
essas ideias tiveram início bem cedo na história eclesiástica, e até hoje
perduram.
Os argumentos enumerados abaixo favorecem
a ideia que os irmãos e as irmãs de Jesus eram filhas de José e Maria, e seu sentido
literal.
1.João 7:5 parece excluir seus irmãos do
número dos doze, mesmo porque não eram realmente filhos de Alfeu, pai de Tiago,
o apóstolo. Atos 1:14 também os menciona em separado dos doze. Portanto, esses
homens (os irmãos) não poderiam, realmente, ser primos de Jesus e estar no
número dos doze apóstolos. Os nomes Tiago, Judas e Simão eram nomes muito
comuns, e é provável que alguns dos primos de Jesus tivessem os mesmos nomes de
seus irmãos literais. As Escrituras também indicam que seus irmãos não tiveram
fé nele senão após a sua ressurreição (João 7:5).
2.Das quinze vezes em que esses irmãos são
mencionados (dez nos evangelhos, uma em Atos e algumas vezes nos escritos de
Paulo) quase sempre são mencionados em companhia de Maria, mãe de Jesus, É
estranho que os primos de Jesus andassem sempre em companhia de sua tia, que
nesse caso seria Maria, mãe de Jesus, ao invés de andarem em companhia de sua
própria família.
3.Em nenhuma porção das Escrituras é
indicado que eles fossem primos de Jesus ou filhos somente de José, e não de
Maria. Tais suposição são especulações humanas para estabelecer e firmar uma
teologia humana.
4.A não ser por motivo de preconceito
teológico, não há razão para não acolhermos essas palavras em seu sentido mais
natural, isto é, eram filhos de José e Maria, em sentido literal. A elevação de
Maria à estatura de deusa mãe (vs. 49, onde ele não reconhece qualquer relação
especial, devido à ligação física) e contrária à ideia que diz que Jesus era o
único de sua espécie entre homens, posição essa que ele jamais dividiu com sua
mãe. Finalmente, devemos notar que a doutrina da perpétua virgindade de Maria
não é apoiada nas escrituras. A preservação dessa doutrina forma a base nos
argumentos que explicam erroneamente esses irmãos, como se não fossem irmãos
literais de Jesus; e também não goza de base alguma nas Escrituras. Parece
razoável que uma doutrina dessa natureza, caso tivesse tanta importância como
alguns afirmam, pelo menos fosse apoiada por uma pequena afirmação bíblica
neste sentido”.
No livro O comentário de Marcos
originalmente publicado em Inglês de James R. Edwards da Editora Publicações
Shedd na página 168-169:
“31,32 Marcos conclui a unidade...
Retornando aos seguidores de Jesus em 3.31-35, os quais já não são mais apenas
aqueles assentados “ao seu redor” (v.32), mas sua “mãe” e “irmãos”.... Ficamos
sabendo por duas vezes que a mãe e irmãos de Jesus estão do lado de fora.
Contudo aqui a ordem é reversa: a família de Jesus está fora e mandam
“chamá-lo” (gr. Kalein, v.31)... Mas aqui sua família tenta declarar seu
direito sobre ele. Eles também o “procuram”. O termo grego zetein ocorre dez
vezes em Marcos, e, em cada uma dessas ocorrências, descreve uma tentativa de
delimitar Jesus e adquirir controle sobre ele. Sua família, como seguidores dos
versículos 20,21, assume que tem direitos que Jesus é obrigado a honrar”.
“33,35 Jesus, no entanto, não compartilha
desse pressuposto. “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? ”, pergunta ele.
Essa resposta solene não é exatamente um insulto a sua família, mas também não
é uma afirmação inequívoca. Os ouvintes de Jesus têm de ponderar sobre as
implicações para si mesmos: aqueles que pressupõe que estão próximos de Jesus
devem pensar de novo; aqueles que assumem que estão distantes dele devem ter
esperança. A questão inquieta os que sentem confortáveis e encoraja os
desanimados. Mais uma vez, em uma investigação autoritativa (gr. Periblepomai
3.5), Jesus “olhou para os que estavam assentados ao seu redor” e declara:
“Aqui estão minha mãe e meus irmãos” Jesus, ao fazer isso redefine a família.
Ele, sem qualquer maldade, alerta sua família natural que o relacionamento de
sangue não pode reivindicar qualquer privilégio”.
JAMES R. EDWARDS - É professor de Teologia
na Universidade Whitworth, Spokane, de Washington.
No livro da série Comentário Expositivo de
Marcos de Grant R. Osborne publicado pela Editora Vida Nova na página 62 diz:
“3.31 a mãe e os irmãos de Jesus chegaram.
Em Marcos 6.3 e Mateus 13.55 encontramos uma lista dos irmãos de Jesus (as duas
passagens também mencionam “suas irmãs” [Mt 13.56]) Para corroborar a
virgindade perpétua de Maria, nos círculos católicos foi desenvolvida a ideia de
que o termo adelphoi se refere aos primos de Jesus (segundo Jerônimo e
Agostinho) ou aos filhos de José de um casamento anterior (de acordo com as
teses elaboradas por Orígenes e Eusébio). No entanto o significado natural, que
harmoniza melhor com as ocorrências no Novo Testamento, é “irmãos de sangue”.
GRANT R. OSBORNE - (1942 - 2018) PhD,
University of Aberdeen) foi professor do Novo Testamento na Trinity Evangelical
Divinity School, em Deerfield, Illinois, nos Estados Unidos. Também é autor de
vários livros, entre eles (da Série Comentário Exegético), publicados por Vida
Nova.
No livro Vincent - Estudo no vocabulário
grego do Novo Testamento, vol 1, da Editora CPAD sobre Marcos 3.21 diz:
“Literalmente, aqueles que estavam do seu
lado, isto é, pela origem ou por nascimento. A sua mãe e os seus irmãos.
Compare como os versículos 31-32. Na BP consta seus familiares. Na EP, os
parentes; na TEB, sua parentela. Não os discípulos, pois estes já se
encontravam na casa com ele”.
MARVIN R. VINCENT (1834-1922), doutor em
teologia pela Union Theological Seminary (Nova York), teve carreira
eclesiástica e magisterial. Liderou igrejas no Broklyn e em Troy. Foi professor
de Latim na Troy University (Nova York), e deteve a cadeira Balldwin de
literatura sagrada e exegese do Novo Testamento no Union Theological Seminary
(Nova York). Além de seu Estudo no Vocabulário Grego do Novo Testamento, ele
escreveu, nessa mesma área: Student´s New Testament Handbook (1893), That
Monster, the Higher Crict (1894), A Critical and Exegetical commentary on the
Epistles to the Philippians and to philemon (1897), History of the Textual
Criticismo f the New Testament (1899).
No livro de Comentário Bíblico de Mateus
& Marcos - À luz do Novo Testamento grego de A. T. Robertson de Editora CPAD,
na página 143 falando sobre o texto de Mateus 12.46 diz:
“Os irmãos de Jesus, filhos mais jovens de
José e Maria. Os discípulos de Jesus não creram na acusação dos fariseus de que
Jesus estava em conluio com Satanás. Mas alguns dos amigos pensaram que ele
estava fora de si, transtornado (Mc 3.21), por causa da agitação e tensão. Era
natural que Maria quisesse leva-lo para casa para que ele descansasse e
restaurasse as forças. A cena apresenta a mãe e irmãos parados no lado de fora
da casa (ou da multidão). Eles enviam um mensageiro a Jesus”.
A. T. ROBERTSON (1863-1934) foi em seus
dias o principal estudioso do grego do Novo Testamento. Escreveu quarenta e
cinco livros, inclusive A Harmony of the Gospels e An Introduction to Textual
Criticism. Robertson é estimado em alta conta pela combinação única de
excelência acadêmica e devoção cristã profunda.
No livro de Comentário Alemão da Editora
Evangélica Esperança do evangelho de Marcos de Adolf Pohl na página 146 diz:
“...Para um califado, um reinado no
oriente baseado em laços de sangue, não havia lugar entre os primeiros
cristãos. Este tipo de prestígio é exatamente o que é condenado aqui. Pela
segunda vez (veja v.22) forma-se um paralelo entre os parentes físicos de Jesus
e seus inimigos, que o empurraram para a morte, pois dos dois grupos diz-se que
estavam “fora” enquanto Jesus estava na casa (cf. 3.6)”.
ADOLF POHL - Nasceu em 1927 na cidade de
Hamburgo, na Alemanha. Formou-se na Faculdade Teológica de Hamburgo e no
Seminário Batista da Mesma cidade. Após a sua formação, trabalhou como pastor
na antiga Alemanha Oriental, onde, após dois anos, foi convidado para lecionar
no Seminário Batista de Buckow as disciplinas: Novo Testamento e Dogmática.
No livro de Comentário Bíblico Moody da
Editora Imprensa Batista Regular - IBR dos autores Charles F. Pfeiffer e
Everett F. Harrison diz o seguinte na página 90 acerca de Marcos 6.3 que diz:
“Jesus foi chamado de irmão de Tiago e
outros, uma designação que deve ser tomada literalmente. Não há motivo bíblico
nenhum para deixarmos de aceitar que esses quatro homens e suas irmãs fossem
filhos de José e Maria, nascidos algum tempo depois de Jesus. Tiago tornou-se o
líder da igreja de Jerusalém (Atos 15:13 e segs.) e autor da epístola que leva
o seu nome. Judas é o autor da epistola geral do mesmo nome...”.
EVERETT F. HARRISON (Bacharelado,
Universidade de Washington; Mestrado, Princeton Universidade; Th.B., Princeton
Seminário; Th.D., Seminário Teológico de Dallas; Ph.D., Universidade da
Pensilvânia), serviu como missionário na China. E como ministro presbiteriano
na Pensilvânia, embora a maior parte de seu trabalho estivesse na sala de aula.
Ele ensinou no Seminário Teológico de Dallas e no Seminário Teológico Fuller.
Ele é autor de inúmeros livros e comentários, incluindo colossenses (Comentário
Bíblico de Everyman), Interpretação de Atos: A Igreja em Expansão e Romanos
(Comentário Bíblico do Expositor).