Aqui estamos nós na Parte V – A HISTÓRIA DE
ESTER – Et 1:1 a 10:3, em continuidade às nossas reflexões neste livro de Ester
cuja principal finalidade é o estabelecimento da Festa de Purim como um
memorial pelo livramento que Deus concedeu ao seu povo e como um lembrete para
que permanecessem fiéis a ele mesmo quando estivessem vivendo sob opressão.
Como já frisamos, a história de Ester está
cronologicamente inserida dentro de Esdras e Neemias (repare: em Esdras, Ciro e
Dario eram os reis dos persas; em Ester, Xerxes era Assuero, filho de Dario,
seu marido e em Neemias, Artaxerxes, filho de Xerxes, era o rei).
Dividiremos, como também já explicamos,
essa última parte de nosso estudo em 6 partes. (1) Introdução e contexto –
1:1-22 – já vista. (2) O primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para
Israel – 2:1 – 3:15 – veremos agora. (3) O conflito entre Hamã e Mordecai – 4:1
– 5:14. (4) O triunfo de Mordecai sobre Hamã – 6:1 – 7:10. (5) O segundo
decreto do rei resulta em salvação para Israel – 8:1 – 9:32. (6) Epílogo –
10:1-3.
(2) O primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para Israel –
2:1 – 3:15.
Deus havia elevado Mordecai e Ester à
proeminência na corte persa, mas eles foram ameaçados pelo decreto de Hamã, que
ordenava o genocídio dos judeus.
Não foi sem propósitos que eles foram
elevados a tão grande posto na corte persa. Se observarmos bem toda a história,
como Mordecai mesmo irá falar em algum momento mais adiante – vs 4:14 -, eles estavam sendo
elevados por causa do povo de Deus.
Repare que foi assim que aconteceu também com
José no Egito que Deus levantou por causa do povo de Deus. Igualmente com
Moisés que da morte certa passou a ser o filho de Faraó e pode depois ser o
grande libertador de todo o povo de Israel.
O primeiro decreto do rei resultaria em
perigo mortal para Israel. Esses capítulos relembram os acontecimentos que
levaram ao decreto de Assuero sobre o genocídio dos judeus.
Eles se dividem em três partes: A. A ascensão
da rainha Ester (2:1-18); B. A conspiração contra o rei revelada por Mordecai (2:19-23);
e, C. A promoção de Hamã e seu plano contra os judeus (3:1-15).
A. A ascensão da rainha Ester (2:1-18)
A ascensão da rainha Ester se deu por um
decreto do rei, em 479 a.C., após as guerras de Assuero contra os gregos.
No texto original, é usado o mesmo verbo
raro em 2:1 “apaziguado” e 7:10 “aplacou”, o que sugere um paralelo entre a
destituição de Vasti por desobediência ao rei e o enforcamento de Hamã, por
inveja de Mordecai.
A lembrança de Vasti no coração do rei fez
com que ele pusesse, por sugestão dos jovens do rei – vs 2 - comissários – vs 3
– encarregados de buscarem em seu reino uma mulher bonita, atraente e que
pudesse substituir Vasti.
Agora começa e entrar a história de um
judeu benjamita, Mordecai - nome derivado de Merodaque, o deus protetor da
Babilônia, ainda que, como Ester, também possa ele ter tido um nome judaico.
Instrui-nos a BEG que a descoberta do nome
babilónico Mardukaya em textos,
incluindo um com data aproximada de 485 a.C., e a descoberta de um arquivo de
textos em Nipur (cerca de 160 km ao sul da atual Bagdá) contendo os nomes dos
judeus da época de Artaxerxes 1 e Dario II, apontam para a autenticidade do
nome de Mordecai e, mais genericamente, para a historicidade dos acontecimentos
narrados.
Mordecai era um judeu que vivia na cidadela
de Susã, o que sugere que talvez fosse ele um oficial do governo persa. Os
nomes em sua genealogia provavelmente refiram-se aos seus antepassados remotos,
em vez de aos imediatos: Simei (II Sm 16:5-14) e Quis (I Sm 9:1-2; I Cr 8:313).
A referência de que "fora
transportado... com os exilados... com Jeconias... a quem
Nabucodonosor..." (vs. 6) em 597 a.C. (II Re 24:6-17; 25:27-30) não é a
Mordecai, mas a seus antepassados, e isso pode indicar que sua família
pertencia à nobreza judaica (2Rs 24:10-16).
A ligação de Mordecai com Saul, que também
era um benjamita, ganha importância quando tomamos conhecimento de que Hamã,
inimigo de Mordecai, pode ter sito um parente distante do amalequita Agague,
inimigo de Saul.
Foi Mordecai, o benjamita, quem criou Hadassa,
nome hebraico para Ester, que significa "murta". O nome Ester talvez seja
derivado da palavra persa "star", embora pudesse ser de Istar, urna
deusa babilônica. Era ela filha de Abiail, tio de Mordecai.
O concurso real estava proclamado e Ester
dele participou e logo chamou a atenção de Hegai – vs 9 – que logo fez com ela
os preparativos exigidos, inclusive 12 meses de tratamento para pele e
embelezamento, além de diversas outras instruções. Também Ester seguia as
instruções de seu pai Mordecai que lhe disse para não falar de sua origem étnica.
Quis a providência que Assuero se
apaixonasse por Ester e ao vê-la, a desejou com toda a sua alma. Estava ali
escolhida a nova rainha, pois ela agradou o seu coração e alcançou dele favor e
benevolência – vs 17.
A festa pela coroação de Ester contrasta
com o banquete de Vasti – vs 1:9. Vasti ofereceu o seu próprio banquete e somente
as mulheres compareceram, enquanto o rei ofereceu o banquete de Ester e
convidou todos os seus nobres e oficiais.
Tão feliz estava e de bom ânimo que
permitiu a todos “um descanso” – vs 18 -, provavelmente nos tributos, impostos,
taxas, libertação de escravos, cancelamento do serviço militar entre outras
coisas. Também essas celebrações prefiguravam o grande banquete e descanso dos
judeus em 9:16-18,22.
B. A conspiração contra o rei revelada por Mordecai (2:19-23)
O presente capítulo se encerra com a
descoberta de uma conspiração contra Xerxes. Mordecai, com a ajuda de Ester,
frustrou um plano para assassinar o rei.
Tudo indica que Mordecai era um oficial do
palácio, com uma posição que possibilitou que descobrisse a conspiração para
assassinar o rei (vs. 21). Ele, Mordecai, vivia “à porta do rei” (vs 19; expressão também usada nos vs. 21; 3:2; 5:9,13; 6:10,12) e a sua posição pode ter
incitado a inveja de Hamã (5:13), principalmente porque ele não lhe dava
confiança ou o tratava como uma pessoa normal, sem bajulações a que estava
muito acostumado.
O caso foi investigado e confirmado. Os
corpos de Bigtã e Teres foram pendurados – vs 23 – numa forca, literalmente
"num madeiro".
Pendurar o corpo era o método normalmente
usado para exibir um cadáver após a execução por empalamento (suplício antigo
que consistia em espetar um condenado, pelo períneo - região situada entre o
ânus e os órgãos sexuais -, numa estaca aguda que lhe atravessava as
entranhas) ou outro meio.
Para os judeus, isso significava que os
dois oficiais estavam sob a maldição de Deus (Dt 21.22-23), confirmando a conveniência
da lealdade de Mordecai ao rei pagão.
Tudo isso – providência divina – ficou registrado
no livro das crônicas do rei para sua memória. A menção das crônicas prenunciou
o importante papel que eles mais tarde desempenhariam na história.
Ainda que o feito de Mordecai tenha sido
registrado, ele não foi devidamente recompensado nesse momento. Em vez disso, a
narrativa se volta para a promoção de Hamã (3,1).
Et 2:1 Passadas estas coisas, e
apaziguado já o furor do rei Assuero,
lembrou-se
de Vasti, e do que fizera, e do que se tinha
decretado
a seu respeito.
Et
2:2 Então disseram os servos do rei, que lhe serviam:
Busquem-se
para o rei moças virgens e formosas.
Et
2:3 E ponha o rei oficiais em todas as províncias do seu reino,
que
ajuntem a todas as moças virgens e formosas,
na
fortaleza de Susã, na casa das mulheres,
aos
cuidados de Hegai, camareiro do rei,
guarda
das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.
Et
2:4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei,
reine
em lugar de Vasti.
E
isto pareceu bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
Et
2:5 Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã,
cujo
nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei,
filho
de Quis, homem benjamita,
Et
2:6 Que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram
levados
com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara
Nabucodonosor,
rei de Babilônia.
Et
2:7 Este criara a Hadassa (que é Et,
filha de seu tio),
porque
não tinha pai nem mãe;
e
era jovem bela de presença e formosa;
e,
morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu
a
tomara por sua filha.
Et
2:8 Sucedeu que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei,
e
ajuntando-se muitas moças na fortaleza de Susã,
aos
cuidados de Hegai, também levaram Ester
à
casa do rei, sob a custódia de Hegai,
guarda
das mulheres.
Et
2:9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos,
e
alcançou graça perante ele; por isso se apressou a dar-lhe
os
seus enfeites, e os seus quinhões, como também
em
lhe dar sete moças de respeito da casa do rei;
e
a fez passar com as suas moças ao melhor
lugar
da casa das mulheres.
Et
2:10 Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela,
porque
Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse.
Et
2:11 E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio
da
casa das mulheres, para se informar
de
como Ester passava, e do que lhe sucederia.
Et
2:12 E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero,
depois
que fora feito a ela segundo a lei das mulheres,
por
doze meses (porque assim se cumpriam os dias
das
suas purificações, seis meses com óleo de mirra,
e
seis meses com especiarias, e com as coisas para a
purificação
das mulheres),
Et
2:13 Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se lhe tudo
quanto
ela desejava, para levar consigo da casa das mulheres
à
casa do rei;
Et
2:14 A tarde entrava, e pela manhã tornava
à
segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz,
camareiro
do rei, guarda das concubinas;
não
tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse,
e
fosse chamada pelo nome.
Et
2:15 Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail,
tio
de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei,
coisa
nenhuma pediu, senão o que disse Hegai,
camareiro
do rei, guarda das mulheres;
e
alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.
Et
2:16 Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real,
no
décimo mês, que é o mês de tebete,
no
sétimo ano do seu reinado.
Et
2:17 E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres,
e
alcançou perante ele graça e benevolência
mais
do que todas as virgens;
e
pôs a coroa real na sua cabeça,
e
a fez rainha em lugar de Vasti.
Et
2:18 Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes
e
aos seus servos; era o banquete de Ester;
e
deu alívio às províncias, e fez presentes segundo a
generosidade
do rei.
Et
2:19 E reunindo-se segunda vez as virgens,
Mardoqueu
estava assentado à porta do rei.
Et
2:20 Ester, porém, não declarava a sua parentela e o seu povo,
como
Mardoqueu lhe ordenara; porque Ester cumpria
o
mandado de Mardoqueu, como quando a criara.
Et
2:21 Naqueles dias, assentando-se Mardoqueu à porta do rei,
dois
camareiros do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres,
grandemente
se indignaram, e procuraram atentar
contra
o rei Assuero.
Et
2:22 E veio isto ao conhecimento de Mardoqueu,
e
ele fez saber à rainha Ester; e Ester o disse ao rei,
em
nome de Mardoqueu.
Et
2:23 E inquiriu-se o negócio, e se descobriu,
e
ambos foram pendurados numa forca;
e
foi escrito nas crônicas perante o rei.
É preciso ter paciência! Quantas não são as
vezes que ouvimos essas palavras sendo ditas para nós em momentos que não
queremos de forma alguma ter paciência?
Mordecai fez um grande feito, mas e a sua
recompensa? Quantos feitos temos realizado que parece que ficou esquecido no
tempo e jamais receberemos se quer um obrigado?
Eu vou completar a frase e torná-la mais
palatável: é preciso ter paciência, pois Deus está tudo vendo! Verdade, se o
patrão, o amigo, o cônjuge, o pastor, a sociedade não viram ou esqueceram, Deus
viu e não esquecerá jamais!
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