Ressaltamos que II Coríntios foi escrita
para expressar carinho e gratidão pelo arrependimento que houve em Corinto e
encorajar uma maior lealdade a Paulo como um apóstolo de Cristo. Estamos vendo
a parte III, cap. 8/13.
Breve
síntese do capítulo 8.
Eu acredito que nós cristãos estejamos sem uma liderança mundial,
apostólica, católica (no sentido de um universal), para o nosso próprio bem.
Se já com tantos ministérios existentes independentes, temos tantos
problemas com riquezas e dinheiro, imagina tudo concentrado nas mãos de atuais
“apóstolos”? Nem quero pensar.
Quem cuida das coisas de Deus acaba tendo que cuidar de muita grana, mas
muita mesmo. O que fazer com elas (com as riquezas) para não se contaminar e
também não desprezar aquilo que Deus está nos confiando?
Fugir, não é o caminho. Ignorar, é uma péssima escolha. Aquele que está à
frente de uma grande obra, precisa ser um mordomo fiel, tanto na presença dos
homens, quanto diante de Deus.
Veja
o capítulo 8 de II Coríntios segmentado e a preocupação de Paulo no tocante a
este assunto.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. A OFERTA PARA OS CRISTÃOS EM JERUSALÉM (8.1-9.15)
Os coríntios não haviam terminado de fazer
a coleta da oferta para os pobres da igreja de Jerusalém. Paulo relembrou-os do
privilégio que eles tinham, como o corpo de Cristo, de cuidar dos crentes em
Jerusalém.
Nesse ponto, Paulo mudou para um tópico
muito importante nessa epístola: a coleta de dinheiro para os crentes pobres em
Jerusalém (veja também At 18.21-22; Rm 15.25-28; 1Co 16.1-4).
Sua discussão é dividida em três partes: o
exemplo dado pelos crentes da Macedônia (8.1-7), o exemplo de Jesus (8.8-9) e a
pedido moderado de ajuda (8.10-9.15). Elas gerarão a seguinte divisão que
estaremos seguindo doravante: A. O exemplo da Macedônia (8.1-7) – veremos agora; B. O exemplo de Jesus
(8.8-9) – veremos agora; e, C. Um
pedido razoável (8.10-9.5) – começaremos
a ver agora também.
A. O exemplo da Macedônia (8.1-7).
Paulo começou o seu apelo por assistência
financeira para a igreja em Jerusalém dizendo aos coríntios o quão
generosamente os crentes da Macedônia haviam doado.
Isso aconteceu em decorrência da graça de
Deus a eles. A habilidade deles em dar dinheiro para ajudar outros cristãos em
necessidade foi um resultado da graça de Deus, porque Deus havia concedido
tanto os recursos como o desejo de doar às igrejas da Macedônia: Filipos,
Tessalônica e Bereia.
O que se depreende da leitura do texto é
que eles não doaram do que sobrava, antes foi no meio da mais severa
tribulação. Duas coisas se destacam aí: uma grande alegria em ajudar; e uma
extrema pobreza (falta de recursos), mas isso não os impediu de generosamente
ofertar e isso foi uma rica generosidade, sem igual.
Eles, de boa vontade, se mostraram
voluntários. Paulo motivou os coríntios ao elogiar (vs. 2) as igrejas pobres na
Macedônia (no norte da Grécia) pela generosidade delas quando à igreja
comparativamente rica (vs. 14) de Corinto (na Acaia, no sul da Grécia) não
havia ainda dado a sua contribuição.
Havia neles um prazer em querer ofertar e
ajudar, pois assim consideravam isso um privilégio poder participar da assistência
aos santos – vs. 4.
Paulo esperava cooperação, mas isso superou
as suas expectativas. Eles não somente fizeram como nós esperávamos – vs. 5 –
foram muito mais além do que o esperado. Deram-se a si mesmos primeiro ao
Senhor. Eles dedicaram novamente suas vidas ao serviço do Senhor, a obedecer a
Paulo e a compartilhar do seu ministério.
A igreja em Corinto era forte de muitas
maneiras. Seus membros tinham muitos dons espirituais (1 Co 12-14), incluindo
grande fé, sabedoria, dons de língua, zelo e amor.
Repare que o destaque deles foi em tudo –
vs. 7:
·Na fé.
·Na palavra.
·No conhecimento.
·Na dedicação completa.
·No
amor que tinham por eles.
Destarte, Paulo pede, finalmente que eles
se destaquem também neste privilégio de contribuir.
B. O exemplo de Jesus (8.8-9).
Nos vs. 8 e 9, ele fala do exemplo de
Jesus. Paulo apelou em seguida para o exemplo do auto sacrifício de Jesus como
motivação para que eles ajudassem a igreja em Jerusalém.
Paulo preferia que a doação fosse
voluntária. Embora tivesse grande autoridade, preferia pedir em vez de exigir
(p. ex., Fm 8-9). Aqui está um bom padrão para todas as autoridades seguirem.
Na glória e na honra que eram eternamente
dele no céu, Jesus Cristo se fez pobre. Ele desistiu de sua glória no céu para
viver, sofrer e morrer como uni homem. Os coríntios, como Cristo, deveriam dar
a si mesmos para a causa de outros. Também nós os crentes atuais do século XXI,
não é mesmo?
C. Um pedido razoável (8.10-9.5).
Deste ponto em diante, de 8.10 a 9.15,
veremos um apelo razoável. Na análise final, Paulo havia pedido muito pouco
para os coríntios. Ele os incentivou com um programa razoável e prático para
coletar fundos para Jerusalém.
Eles haviam começado a dar de acordo com as
instruções de Paulo em 1 Co 16.1-3.
Assim como em toda a vida cristã, assim é
no dar: as ações precisam acontecer por bons motivos e os bons motivos devem
ser demonstrados pelas ações.
Assim como a oferta da viúva pobre em Mc
12.41-44, assim é aqui. A intensidade do desejo do doador e o desejo de dar
generosamente é agradável a Deus, mesmo quando o presente é pequeno porque o
doador é pobre.
Isso não é feito segundo o que ele não tem.
Uma advertência contra dar ou prometer dar uma quantia de dinheiro maior do que
os próprios recursos ou habilidades, esperando que Deus pagará de volta a
quantia.
Isso é testar Deus (Lc 4.12). As pessoas
devem dar na medida em que Deus as capacita (1 Co 16.2). Mesmo assim o outro (e
mais ainda comum) erro é a falha em dar imediatamente e generosamente quando
Deus providencia uma renda adicional.
O segredo não é a coisa nem a quantia, mas
a boa mente, o culto racional a Deus pela oferta, a fé e o amor. O pouco com
Deus é muito e o muito, sem Deus, não é nada. Ou seja, o recurso e a coisa não
são feitas pela quantidade, mas pelas bênçãos de Deus.
O que é mais importante para uma igreja
beneficiada que também presta assistência social, diante de Deus? Uma enorme
quantia de 280 milhões de oferta ou uma pequena e abençoada oferta de 200,00
reais? Deus, por acaso, precisa de dinheiro? A igreja precisa de dinheiro? Sim,
com certeza, ela precisa de recursos financeiros, mas, em primeiro lugar, ela
precisa muito mais de Deus do que do bem, da provisão.
O desejo de Paulo não era aliviar ou
sobrecarregar ninguém, mas que houvesse igualdade – vs. 13. A palavra traduzida
"igualdade" pode significar "justiça" que é o significado
que ela toma em Cl 4.1. Isso clama por equidade em vez de estritamente
igualdade.
Em nenhum outro lugar nos escritos de Paulo
ele indicou que queria que todos os cristãos tivessem posses iguais ou lucros
iguais. Aqui ele expressou o desejo de que deveria haver uma distribuição justa
na tarefa de cuidar dos pobres.
Paulo cita as Escrituras no vs. 15. Ele se
referiu a Êx 16.18, que diz aqueles que juntavam mais maná compartilhavam com
aqueles que juntavam menos; ele aplicou esse princípio aos coríntios, que
deveriam compartilhar com aqueles que estavam em necessidade.
Paulo enviou Tito de volta para Corinto
antes dele. Com Tito, ele enviou um irmão cujo louvor no evangelho estava
espalhado por todas as igrejas. Esse irmão cristão não é identificado aqui.
Essa pode ser uma referência ao companheiro
frequente de Paulo que era Lucas (o nome mais proposto comumente), mas Barnabé
e Tíquico (At 20.4) também têm sido propostos, assim como muitos outros. Não há
informações suficientes para que uma identificação definitiva possa ser feita.
Também esse irmão tinha sido eleito pelas
igrejas. Isso sugere algum papel congregacional na eleição dos representantes
para acompanharem Paulo.
Percebe-se que a motivação de Paulo era a
glória do próprio Senhor e também demonstrar a disposição deles para com os
coríntios. A doação de dinheiro e a administração apropriada dessa oferta não é
mundana ou não espiritual, porque em si mesma ela honra o Senhor.
Paulo tinha o mais alto nível de
integridade pessoal e sabedoria prática. Ele desejava certificar aos coríntios
que não iria usar de maneira incorreta nem mesmo uma ínfima parte da oferta que
seria enviada a Jerusalém.
Ele insistiu para que representantes
confiáveis de diversas igrejas o acompanhassem (At 20.4), a fim de evitar a
aparência de algum tipo de má ação. Esses homens também providenciariam
proteção para Paulo contra ladrões ou judeus hostis (At 20.3).
A identidade do irmão do vs. 22 também não
é conhecida. O que se sabe dele é que ele era muito dedicado, principalmente
por causa da grande confiança que ele tinha neles.
A doação dos coríntios seria conhecida não
somente por Deus, mas também por muitas outras igrejas. Isso permitiria que
outros cristãos adorassem a Deus pelos bons feitos realizados por meio dos
crentes de Corinto, assim como Paulo e seus companheiros de trabalho ficaram orgulhosos
da boa obra que Deus havia realizado e continuava a realizar na igreja de
Corinto.
II Co 8:1 Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus
concedida às
igrejas da Macedônia;
II Co 8:2 porque, no meio de muita prova de tribulação,
manifestaram
abundância de alegria,
e a profunda pobreza deles
superabundou em
grande riqueza da sua generosidade.
II Co 8:3 Porque eles, testemunho eu,
na medida de suas
posses
e mesmo acima
delas,
se
mostraram voluntários,
II
Co 8:4 pedindo-nos,
com
muitos rogos, a graça de participarem
da assistência aos santos.
II Co 8:5 E não somente fizeram como nós esperávamos,
mas também deram-se
a si mesmos
primeiro
ao Senhor,
depois
a nós,
pela
vontade de Deus;
II Co 8:6 o que nos levou a recomendar a Tito que,
como começou,
assim
também complete esta graça entre vós.
II Co 8:7 Como, porém,
em tudo,
manifestais
superabundância,
tanto
na fé
e
na palavra
como
no saber,
e
em todo cuidado,
e
em nosso amor para convosco,
assim
também
abundeis
nesta graça.
II Co 8:8 Não vos falo na forma de mandamento,
mas para provar,
pela
diligência de outros,
a
sinceridade do vosso amor;
II Co 8:9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo,
que, sendo rico,
se
fez pobre por amor de vós,
para
que, pela sua pobreza,
vos
tornásseis ricos.
II Co 8:10 E nisto dou minha opinião;
pois a vós outros, que, desde o ano passado,
principiastes não só a
prática, mas também o querer,
convém isto.
II Co 8:11 Completai, agora,
a obra começada,
para que,
assim
como revelastes prontidão no querer,
assim
a leveis a termo,
segundo
as vossas posses.
II Co 8:12 Porque, se há boa vontade,
será aceita
conforme o que o homem tem
e não segundo o que ele não
tem.
II Co 8:13 Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós,
sobrecarga;
mas para que haja
igualdade,
II
Co 8:14 suprindo a vossa abundância,
no
presente,
a
falta daqueles,
de
modo que a abundância daqueles
venha
a suprir a vossa falta,
e,
assim,
haja
igualdade,
II Co 8:15 como está escrito:
O que muito colheu
não teve demais;
e o que pouco, não
teve falta.
II Co 8:16 Mas graças a Deus,
que pôs no coração
de Tito
a
mesma solicitude por amor de vós;
II Co 8:17 porque
atendeu ao nosso apelo
e, mostrando-se
mais cuidadoso,
partiu
voluntariamente para vós outros.
II
Co 8:18 E, com ele, enviamos o irmão
cujo
louvor no evangelho
está
espalhado por todas as igrejas.
II
Co 8:19 E não só isto, mas foi também eleito pelas igrejas
para
ser nosso companheiro
no
desempenho desta graça ministrada por nós,
para
a glória do próprio Senhor
e
para mostrar a nossa boa vontade;
II Co 8:20
evitando, assim,
que
alguém nos acuse em face desta generosa dádiva
administrada por nós;
II Co 8:21 pois o
que nos preocupa
é
procedermos honestamente,
não
só perante o Senhor,
como
também diante dos homens.
II Co 8:22 Com eles, enviamos nosso irmão
cujo zelo,
em
muitas ocasiões
e de
muitos modos,
temos
experimentado;
agora, porém,
se mostra ainda
mais zeloso
pela
muita confiança em vós.
II Co 8:23 Quanto a Tito,
é meu companheiro
e cooperador
convosco;
quanto a nossos irmãos,
são mensageiros das
igrejas
e glória de Cristo.
II Co 8:24 Manifestai, pois,
perante as igrejas,
a prova
do vosso amor
e da
nossa exultação
a
vosso respeito
na
presença destes homens.
Este capítulo falou de ofertas, de doações, de fidelidade, de boa
vontade para ofertar e contribuir e, principalmente, de igualdade, como em um
comunismo perfeito e teórico onde tudo é comum e todos tem tudo igual.
Por que os evangélicos não têm uma liderança mundial, apostólica,
universal? Creio que isso é a própria providência divina para que não haja
contaminação política e acumulação de riquezas em nome de Cristo.
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