Se você já leu alguns dos muitos
livros e artigos sobre preparação de sermão, provavelmente já leu o adágio que
diz: “Pense exaustivamente, leia abundantemente, escreva claramente, ore
fervorosamente e entregue-se completamente”. Essa frase já foi atribuída a
Alistair Begg, John MacArthur e outros, mas, de fato, teve origem com um
anglicano galês chamado W.H. Grifith Thomas.[1] Embora eu concorde com todas as
cinco exortações de Thomas, a que desejo enfatizar neste ensaio é a terceira:
“Escreva claramente”.
Há muito, é discutido em círculos de
pregação se um pregador deve ou não escrever o manuscrito de seus sermões.
Embora seja verdade que alguns dos grandes pregadores ao longo da história da
igreja (incluindo alguns favoritos como Charles Spurgeon e Martyn Lloyd-Jones)
não usavam e até desencorajavam o uso do manuscrito, nem eu nem você somos tão
inteligentes quanto Charles Spurgeon ou Martyn Lloyd-Jones. Então, deixe-me
dar-lhe quatro razões pelas quais você deve considerar manuscrever seu sermão
como parte de sua preparação.
Quatro razões para escrever um
manuscrito
1 - Escreva um manuscrito para
encurtar o seu tempo de preparação
Eu estava tentando encorajar um
pastor amigo meu a escrever manuscritos, quando ele disse: “Eu simplesmente não
tenho tempo para escrever um manuscrito”. Muitos pastores talvez usem o tempo
como uma desculpa e eu entendo quão ocupada pode ser a semana de um pastor.
Mesmo enquanto escrevo este artigo, fico pensando: “Eu realmente deveria estar
trabalhando no meu sermão, fazendo uma ligação ou treinando um dos
estagiários”. Mas defendo que, em vez de alongar o seu tempo de preparação,
escrever um manuscrito pode, na verdade, encurtá-lo. Quando você estiver
estudando e se deparar com algo que seja bom para o seu sermão, apenas escreva,
e aí está. Então, ao construir o seu sermão, você pode simplesmente acoplar
todas as suas melhores notas e não precisa voltar para encontrar ou tentar
lembrar-se de alguma coisa que estudou.
2 - Escreva um manuscrito para
encontrar as palavras certas
Mark Twain certa vez disse: “A
diferença entre a palavra certa e a palavra quase certa é a diferença entre um
relâmpago e um vagalume”. E se John Owen houvesse dito: “Abandone a sua vida de
pecado, porque é importante para o crescimento cristão”, em vez de: “Mate o
pecado, ou o pecado matará você”? Ambas as sentenças comunicam a mesma verdade,
mas a segunda é dita de modo tão apropriado que deixa uma impressão duradoura
no coração. É importante usar s palavras certas, e escrever um manuscrito ajuda
o pregador a não apenas dizer coisas verdadeiras, mas a dizer coisas
verdadeiras de forma apropriada.
3 - Escreva um manuscrito para
certificar-se de que o seu sermão é harmonioso
Uma das marcas da grande pregação é
que ela é harmoniosa. Com efeito, eu estava recentemente conversando com outro
pastor amigo e ele disse: “Eu tenho pregado por anos, mas, quando comecei a
fazer manuscritos, meus sermões ficaram melhores já no domingo seguinte, porque
ficaram instantaneamente mais harmoniosos”. Um bom pregador tem muitos pontos
altos que chamam a atenção dos seus ouvintes e os inspiram. Um grande pregador,
porém, é capaz de capturar a atenção do seu ouvinte e segurá-la durante toda a
duração do sermão, conduzindo-os suavemente de um ponto para o seguinte. De
novo: a menos que você tenha a mente de Spurgeon, é difícil fazer isso sem
escrever um manuscrito.
Um manuscrito ajuda o pregador nas
transições, uma vez que permite claramente equilibrar o tempo para cada ponto;
um manuscrito também ajuda a explicar passagens ou verdades difíceis com
clareza. Isso ajuda o pregador a ver o seu sermão como uma unidade antes de
pregá-lo, permitindo-lhe assim editar o seu sermão fácil e decisivamente. Com
efeito, é apenas quanto eu olho para o produto final que consigo de fato ver os
pontos que não se encaixam ou que eu posso retirar da mensagem como um todo. A
pregação é um chamado sublime de Deus, então, o pregador deve fazer todo o
possível para apresentar o melhor argumento, o mais harmonioso e o mais cheio
do Espírito, perante homens moribundos cuja única esperança é que suas almas
sejam vivificadas em Cristo.
4 - Escreva um manuscrito para manter
um registro
Um dos meus maiores tesouros são os
cerca de 1.200 sermões que eu preguei durante os meus anos de ministério.
Felizmente, por ter sido encorajado desde cedo a escrever manuscritos, eu tenho
um registro de todos eles. Eles me têm sido um imenso auxílio ao escrever
outros sermões ou ao me preparar para pregar fora da minha própria igreja
local. Ter um registro dos meus sermões também me ajuda no ministério pastoral.
Quase todo domingo, alguém me pede aconselhamento a respeito de algo que eu
acabei de pregar; poder indicar-lhe a nossa página na internet, na qual
postamos todos os manuscritos de sermões online ou poder lhes enviar por e-mail
um trecho de um sermão é uma ferramenta pastoral poderosa.
Conclusão
Há muitas outras razões pelas quais
você deve fazer manuscritos de seus sermões: isso ajuda a manter o pregador
dentro do tempo; se você prega em cultos múltiplos, isso pode garantir que as
duas congregações recebam o mesmo ensino; isso pode ajudá-lo a evitar o uso das
mesmas ilustrações; eu poderia ir além.
Mas quero concluir abordando as
advertências de Spurgeon, Lloyd-Jones[2] e outros: o pregador deve sempre estar
livre e o manuscrito nunca deve prendê-lo. Eu concordo com Spurgeon que o
manuscrito nunca deve ser lido e que o pregador deve ter discernimento o suficiente
para, às vezes, falar extemporaneamente, afastando-se do manuscrito quando
sentir a necessidade ou o desejo de fazê-lo. Se um pregador não consegue evitar
ler o manuscrito, talvez ele deva escrever o sermão e depois, separadamente,
escrever um esboço para levar ao púlpito. Embora eu creia que o manuscrito seja
uma das melhores ferramentas na preparação para o sermão, ele pode ser uma
ferramenta perigosa na entrega do sermão. Você é o pregador, não o manuscrito.
É você quem entrega o sermão, não o manuscrito. O manuscrito é uma grande
ferramenta, mas Deus unge o homem para pregar, não o manuscrito.
Notas:
[1] J. I. Packer, Truth and Power
(Guildford, Surrey: Eagle, 1990), 132 (sem tradução em português).
[2] Dois recursos clássicos sobre pregação são: C. H. Spurgeon, Lectures to My
Students: Complete & Unabridged (Grand Rapids, Mich: Zondervan Pub. House,
1954) (publicado em português sob o título Lições aos meus alunos. São
Paulo: Editora PES, [s. d.], 3 volumes), and David Martyn Lloyd-Jones, Preaching
and Preachers (Grand Rapids, Mich: Zondervan Pub. House, 1972) (publicado em português
sob o título Pregação e pregadores. 2. ed. São José dos Campos: Editora Fiel,
2008).
*Créditos da postagem:
Autoria:Jason Dees. Ele é pastor titular da Valleydale Church em Birmingham, Alabama, EUA.
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