quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
quarta-feira, fevereiro 04, 2015
Jamais Desista
Jeremias 3:1-25 - OS PECADOS E JULGAMENTOS DE JUDÁ PIORES QUE OS DE SUA IRMÃ.
Estamos concluindo a terceira parte, de
nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação
apresentada pela BEG.
III. PLEITO INICIAL CONTRA JUDÁ (2.1-3.5) - continuação.
Nós estamos vendo Jeremias relatar como
Deus declarou Judá culpada de graves violações.
Até 3:5, como temos dito, estamos vendo que
essas profecias são feitas no contexto do tribunal divino, do qual é feita a
convocação e as acusações. Como em muitos pleitos legais desse tipo, Deus
ressalta os pecados do povo, enfatizando a sua bondade para com ele. O profeta
emprega várias imagens sexuais vívidas a fim de chamar a atenção para o
envolvimento dos judaístas com rituais de fertilidade cananeus.
A metáfora da noiva (2.2) dá lugar, agora,
à imagem do divórcio. A lei por trás dessa pergunta encontra-se em Dt 24.1-4. A
natureza definitiva do divórcio - o ponto central da lei em questão - também
serve de base para o argumento desse versículo.
A resposta à sua pergunta é não mais
tornará ele a ela por causa da poluição daquela terra. Judá tinha se maculado
com muitos amantes, mas mesmo assim, o Senhor pedia a ela para tornar para ele.
Nos versos de 2 a 5, Deus acusa Judá de
infidelidade de todas as maneiras possíveis a fim de enfatizar a seriedade do fato
de seu povo ter-se afastado dele.
Até os tempos e as estações foram afetados,
mas a sua fronte era de uma prostituta sem vergonha. Judá se mostra insensível
e impenitente. Apesar disso invocam a Deus como seu Pai e amigo dizendo que
tinham sido guiados desde a mocidade. Eles não entendiam porque Deus retinha a
sua ira para com eles, nem porque continuamente estava indignado, no entanto,
embora sua oração pudesse ser correta, seus feitos abomináveis.
Deus zomba da hipocrisia dos judaístas que
lhe suplicam para suspender seu julgamento e, ao mesmo tempo, se entregam a
todo tipo de perversidade imaginável.
IV. OS PECADOS E JULGAMENTOS DE JUDÁ (3.6-6.30)
Nós já vimos os pecados repetidos de Judá
(2.1-3.5) que levaram aos julgamentos divinos e, agora, em consequência os
pecados que os levaram à invasão estrangeira (3.6-6.30).
O profeta apresenta duas séries de
acusações, seguidas de proclamações de derrota e exílio feitas no tempo de
Josias. Judá havia pecado mais gravemente do que o Reino do Norte, Israel
(3.6-4.4) e seria invadido (4.5-31). Jerusalém, uma cidade inteiramente
corrompida (5.1-13), sofreria derrota e exílio (5.14-19). Os pecados de Judá
são expostos (5.20-31) e o profeta anuncia que Deus enviará os seus habitantes
para o exílio (6.1-30).
Em função disso, nossa divisão dessa parte
IV, conforme BEG, ficará assim: A. Judá é pior do que Israel - 3.6-4.4 – veremos agora; B. O julgamento por meio
da invasão - 4.5-31; C. A cidade pecaminosa de Jerusalém - 5.1-13; D. O
julgamento por meio da destruição de Jerusalém - 5.14-19; E. Os pecados de Judá
- 5.20-31; F. O julgamento por meio do exílio – 6:1-30.
A. Judá é pior do que Israel - 3.6-4.4.
Veremos nessa seção que Judá é pior do que
Israel. Jeremias compara os habitantes de Judá com os de Israel. Apesar de
Israel ter ido para o exílio, Deus estava ainda mais descontente com Judá.
O profeta chama a atenção para a destruição
do Reino do Norte em 722 a.C. por causa da sua pecaminosidade. Israel tinha se
prostituido debaixo de toda árvore frondosa, mas a esperança era que se
voltaria ao Senhor, no entanto não se voltou e isso viu Judá que ela não se
voltou.
Dos versos de 8 a 11, Jeremias explica por
que se concentra no Reino do Norte: Judá não aprendeu com o exílio de Israel e,
na verdade, se tornou mais corrupta do que Israel. Era de se esperar que
aprendesse e se arrependesse, mas aconteceu o contrário.
Por causa de seu adultério, Israel foi
despedida, recebeu sua carta de divórcio, foi "mandada embora" - para
o exílio na Assíria em 722 a.C. Sua irmã, Judá, não temeu, mas foi e se
prostituiu também com os ídolos “adulterou com a pedra e com o pau” – vs. 9. Ela
até tentou, mas não se arrependeu de todo o seu coração, mas fingidamente – vs.
10. Foi ai que o Senhor disse que a pérfida Israel tinha se mostrado mais justa
do que a aleivosa de sua irmã – vs. 11.
Jeremias foi orientado a apregoar suas
palavras para a banda do norte. Para aqueles que já estavam exilados na
Assíria. Ele dizia: “Volta, ó pérfida Israel.” - o profeta usa palavras cheias
de ironia ao anunciar o favor de Deus para com as tribos do norte enquanto
declara o julgamento iminente de Judá. Ele se justifica ao pedir que ela se
volte dizendo-se ser compassivo - uma alusão ao amor pactual de Deus – e que
não manterá para sempre a sua ira, respondendo assim à pergunta de 3.5 (cf.
31.20; Êx 34:6-7).
Era, no entanto, necessário o
reconhecimento de seu pecado – vs. 13:
·
A
sua prostituição.
·
O
endurecimento de seu coração à voz do Senhor.
O apelo para os filhos pérfidos é para
voltar porque o Senhor é como esposo, como marido. O termo hebraico ba’al, que
normalmente significa "senhor", se refere, com frequência a
"marido", em contraste com as associações que surgem à mente à menção
do nome idêntico do infame falso deus (Os 2.16-17).
Era para voltar porque ele os tomaria de
uma cidade, de uma família e os levaria a Sião - o livro de Crônicas deixa
claro que havia representantes das tribos de Israel entre aqueles que voltaram
a Jerusalém em 539 a.C. (veja 1Cr 9.3). Deus oferece eleger e preservar um
remanescente das diferentes tribos, clãs e cidades da comunidade exilada (23.3;
Is 10.20-22; cf. Dt 7.6-11).
No vs. 15, ele fala que daria a eles,
apesar de tudo, pastores segundo o seu coração que os apascentaria com ciência e
inteligência.
Jeremias tinha em mente as bênçãos a serem
oferecidas nos dias de restauração depois do exílio que se cumprem de modo
definitivo na era messiânica do Novo Testamento.
A promessa feita a Abraão (Gn 15.5), em
cumprimento da bênção a Adão (Gn 1.26-28) se cumpriria quando o povo fosse
restaurado.
Os símbolos dos tempos anteriores à
restauração seriam substituídos pelas realidades que simbolizavam.
Naqueles dias ou naqueles tempos – vs. 17-18;
compare com as promessas em 31.31-33 – chamarão a Jerusalém o trono do Senhor. Não
se trata mais de uma referência à arca (Ex 25.22; 1 Sm 4.4). Antes, a própria
cidade de Jerusalém se torna a imagem do domínio do Senhor sobre toda a terra e
o centro de sua presença autoritativa (Zc 2.11). Na grande era da salvação
depois do exílio, a terra toda seria transformada na sala do trono de Deus.
E todas as nações se ajuntarão a ela,
Jerusalém, em nome do Senhor, e não mais andarão obstinadamente segundo o
propósito do seu coração maligno. Hoje ainda temos essa contradição em nós
mesmos de que querendo fazer o bem, fazemos o mal e o mal que tanto detestamos,
esse fazemos – Rm 7:15.
A tendência do homem é o pecado e a sua
vontade é cativa à sua carne, por isso que se endurece contra o Senhor, mas em
Cristo Jesus, o homem é liberto disso.
Deus continuou a expressar a sinceridade do
seu desejo de ver o seu povo se arrepender para que ele possa abençoá-los e
lamentou que escolheram se apartar dele aleivosamente, como a mulher se aparta
perfidamente do se marido.
Agora ele lhes fala e lhes ordena que
voltem para que sejam curados de suas infidelidades. Um convite paralelo ao de
Os 14.4. Se os israelitas se arrependessem, Deus curaria o seu povo. A confiança
nos outeiros e nas orgias não seria de nenhum proveito, mas só no Senhor
estaria a salvação de Israel.
Se
um homem despedir sua mulher,
e
ela se desligar dele, e se ajuntar a outro homem,
porventura
tornará ele mais para ela?
Não
se poluiria de todo aquela terra?
Ora,
tu te maculaste com muitos amantes;
mas
ainda assim, torna para mim, diz o Senhor.
Jr
3:2 Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e vê:
onde
é o lugar em que não te prostituíste?
Nos
caminhos te assentavas, esperando-os,
como
o árabe no deserto.
Manchaste
a terra com as tuas devassidões
e
com a tua malícia.
Jr
3:3 Pelo que foram retidas as chuvas copiosas,
e
não houve chuva tardia;
contudo
tens a fronte de uma prostituta,
e
não queres ter vergonha.
Jr
3:4 Não me invocaste há pouco, dizendo:
Pai
meu, tu és o guia da minha mocidade;
Jr
3:5 Reterá ele para sempre a sua ira?
ou
indignar-se-á continuamente?
Eis
que assim tens dito;
porém
tens feito todo o mal que pudeste.
Jr
3:6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias:
Viste,
porventura, o que fez a apóstata Israel,
como
se foi a todo monte alto,
e
debaixo de toda árvore frondosa,
e
ali andou prostituindo-se?
Jr
3:7 E eu disse:
Depois
que ela tiver feito tudo isso, voltará para mim.
Mas
não voltou; e viu isso a sua aleivosa irmã Judá.
Jr
3:8 Sim viu que, por causa de tudo isso,
por
ter cometido adultério a pérfida Israel,
a
despedi, e lhe dei o seu libelo de divórcio,
que
a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu;
mas
se foi e também ela mesma se prostituiu.
Jr
3:9 E pela leviandade da sua prostituição contaminou a terra,
porque
adulterou com a pedra e com o pau.
Jr
3:10 Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá
não
voltou para mim de todo o seu coração,
mas
fingidamente, diz o Senhor.
Jr
3:11 E o Senhor me disse:
A
pérfida Israel mostrou-se mais justa
do
que a aleivosa Judá.
Jr
3:12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do norte,
e
diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor.
Não
olharei em era para ti;
porque
misericordioso sou, diz o Senhor,
e
não conservarei para sempre a minha ira.
Jr
3:13 Somente reconhece a tua iniqüidade:
que
contra o Senhor teu Deus transgrediste,
e
estendeste os teus favores para os estranhos
debaixo
de toda árvore frondosa,
e
não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor.
Jr
3:14 Voltai, ó filhos pérfidos, diz o Senhor;
porque
eu sou como esposo para vós; e vos tomarei,
a
um de uma cidade, e a dois de uma família;
e
vos levarei a Sião;
Jr
3:15 e vos darei pastores segundo o meu coração,
os
quais vos apascentarão com ciência e com inteligência. Jr 3:16 E quando vos tiverdes
multiplicado e frutificado na terra,
naqueles
dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá:
A
arca do pacto do Senhor;
nem
lhes virá ela ao pensamento;
nem
dela se lembrarão;
nem
a visitarão;
nem
se fará mais.
Jr
3:17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor;
e
todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor,
a
Jerusalém;
e
não mais andarão obstinadamente
segundo
o propósito do seu coração maligno.
Jr
3:18 Naqueles dias andará a casa de Judá com a casa de Israel;
e
virão juntas da terra do norte,
para
a terra que dei em herança a vossos pais.
Jr
3:19 Pensei como te poria entre os filhos,
e
te daria a terra desejável,
a
mais formosa herança das nações.
Também
pensei que me chamarias meu Pai,
e
que de mim não te desviarias.
Jr
3:20 Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente
do
seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo,
ó
casa de Israel, diz o Senhor.
Jr
3:21 Nos altos escalvados se ouve uma voz,
o
pranto e as súplicas dos filhos de Israel;
porque
perverteram o seu caminho,
e
se esqueceram do Senhor seu Deus.
Jr
3:22 Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa infidelidade.
Responderam
eles:
Eis-nos
aqui, vimos a ti,
porque
tu és o Senhor nosso Deus.
Jr
3:23 Certamente em vão se confia nos outeiros
e
nas orgias nas montanhas;
deveras
no Senhor nosso Deus
está
a salvação de Israel.
Jr
3:24 A coisa vergonhosa, porém, devorou o trabalho de nossos pais
desde
a nossa mocidade os seus rebanhos e os seus gados
os
seus filhos e as suas filhas.
Jr
3:25 Deitemo-nos em nossa vergonha,
e
cubra-nos a nossa confusão,
porque
temos pecado contra o Senhor nosso Deus,
nós
e nossos pais, desde a nossa mocidade
até
o dia de hoje;
e
não demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.
Tudo foi consumido pela coisa vergonhosa –
vs. 24 - que devorou rebanhos, gados, filhos e filhas. Uma antítese da bênção
(Dt 7.13). Era comum sacrificar crianças a deuses pagãos (Jr 7.31) que faziam
Judá se aprofundar cada vez mais no mais terrível pecado.
No vs. 25, ocorre um reconhecimento de sua
vergonha e o porquê de sua confusão. Judá tinha pecado contra o Senhor seu
Deus, desde a sua mocidade até aqueles dias sem dar ouvidos à voz do Senhor seu
Deus.
...
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
terça-feira, fevereiro 03, 2015
Jamais Desista
Jeremias 2:1-37 - JEREMIAS ADVERTE JUDÁ QUE ESTÁ FUGINDO DO SENHOR.
III. PLEITO INICIAL CONTRA JUDÁ (2.1-3.5).

Dos versos de 2.1 até 33.26, que
envolvem os capítulos de III a XIII, veremos os temas centrais do ministério do
profeta. Ele anunciou a palavra de Deus com respeito:
·
Aos
julgamentos vindouros.
·
Ao
exílio.
·
À
restauração do exílio.
Dos versos de 2.1 até ao 6.30, que envolvem
as partes III. PLEITO INICIAL CONTRA JUDÁ (2.1-3.5) e IV. OS PECADOS E
JULGAMENTOS DE JUDÁ (3.6-6.30), os discursos do profeta correspondem ao seu
ministério durante o reinado de Josias (3.6). Essas argumentações destacam os
pecados repetidos de Judá (2.1-3.5) que levaram aos julgamentos divinos e, por
fim, à invasão estrangeira (3.6-6.30).
Dos versos de 2.1 até ao 3.5, veremos a
partir de agora. Trata-se da parte III - O pleito inicial contra Judá.
Essas profecias são feitas no contexto do
tribunal divino, do qual é feita a convocação e as acusações. Como em muitos
pleitos legais desse tipo, Deus ressalta os pecados do povo, enfatizando a sua
bondade para com ele. O profeta emprega várias imagens sexuais vívidas a fim de
chamar a atenção para o envolvimento dos judaístas com rituais de fertilidade
cananeus.
Novamente veio ao profeta a
palavra do Senhor que é como a uma vara de amendoeira, porque o Senhor vela
sobre ela para a cumprir. (Jr 1:12; 2:1).
Deus ordena ao profeta que vá a Jerusalém e
se dirija a ela. Na língua hebraica, o gênero das cidades é feminino, de modo
que o poeta personifica Jerusalém como uma mulher (7.29).
O próprio Deus assume a posição de
acusador; posteriormente, ele falará como juiz. A sua devoção da mocidade
revela fidelidade dentro de um relacionamento — pessoal ou pactual —, como
entre o Senhor e Israel/Judá (Lm 3.22). O relacionamento inicial de Israel com
o Senhor (no deserto, depois de fugir do Egito) é lembrado como puro e
dedicado, semelhante àquele de uma noiva com o seu noivo (cf. Os 2.14-16).
Israel era nesse tempo santo e primícias de
sua novidade. Esses termos são extraídos do âmbito da adoração. Israel era
"consagrado", ou seja, santo, dedicado ao Senhor (Ez 22.26). As
ofertas ao Senhor deveriam consistir das "primícias" (Dt 26.2; Os
9.10) que eram consideradas de qualidade superior. Por isso que os que a devoravam
eram tidos por culpados de manusearem coisas santas sem autorização.
A casa de Jacó e todas as famílias da casa
de Israel estão sendo convocadas pelo “ouvi a palavra do Senhor” ao tribunal
celestial de Deus e, possivelmente, a um julgamento (7.2; 17.20; 19.3; Is 1.10;
Os 4.1; Am 7.16).
Que dizia profeticamente “Assim diz o
SENHOR.” Que era uma fórmula típica de um mensageiro, empregada pelos profetas
(cf. Is 7.7; Ez 2.4) para afirmar que estavam proferindo a palavra de Deus. Nietzsche,
zombando e mesmo anunciando a morte de Deus, empregou uma frase semelhante, em
parodia “Assim falou Zaratustra”.
O que o Senhor dizia? Que o povo estava
vendo injustiças no Senhor e por isso indo após a vaidade – vs. 5 -,
tornando-se desta forma levianos. Eles mesmos não perguntavam nem por ele, nem
se lembravam dos grandes feitos – vs. 6 - que o Senhor tinha realizado há pouco
com seu povo no deserto.
Esse era um típico comportamento evasivo de
quem amava o pecado e procurava desculpas para cada vez mais se aprofundar
nele, no pecado. Em função disso precisavam acusar a Deus pela sua situação
difícil.
Apesar de tudo, Deus os introduziu numa
terra fértil, na esperança de comerem o seu fruto e desfrutarem do seu bem, mas
quando entraram procuraram ser como as outras nações. Há um grande contraste
entre o deserto e a terra fértil em Dt 8.7-10,15-16. O povo santo de Deus (Dt
7.6) habitava na terra que Deus lhes havia dado como herança. A terra podia ser
"contaminada" ou violada pelos pecados praticados dentro dela.
Os sacerdotes que tratavam da lei e que
deveriam buscar ao Senhor não perguntavam por ele – vs. 8. É possível que esses
sacerdotes se tratem de uma referência ao mesmo grupo de pessoas (18.18; Dt
31.9), ou que os últimos constituíssem um grupo de escribas (8.8).
Governadores ou pastores (um termo usado
com frequência para governantes - 23.1-4 -, conforme a versão), e profetas (um
grupo oficial ao qual Jeremias se opôs em várias ocasiões devido à apostasia
desses indivíduos - 23.9-40; 28) prevaricaram e profetizaram por Baal gerando coisas
de nenhum proveito.
Em razão disso o Senhor contenderia,
pleitearia contra eles. A metáfora do tribunal é retomada (vs. 5; Os 4.1; Mq
6.1-2).
Foram orientados a passarem às ilhas, verem
e atentarem bem. Ou seja, para Chipre e as regiões costeiras a oeste, lugares
que representam o Oriente e o Ocidente, respectivamente. Deus considerava
impensável que, enquanto outras nações eram fiéis aos seus falsos deuses, Judá
era infiel a ele.
As nações que seguem deuses que não são
deuses são fiéis a eles que nada podem fazer, enquanto Judá, que servia o Deus
vivo, era infiel a ele. Trocaram a glória de Deus por nada, por algo que é de
nenhum proveito.
No vs. 12, Jeremias convoca os céus e a
terra para testemunharem no tribunal (Dt 30.19; 31.28; 32.1).
Jeremias enfatiza a seriedade do pecado de
Judá, no vs. 13. Dois graves erros teriam eles cometido:
1.
Deixaram
ao Senhor, o manancial de águas vivas.
2.
Cavaram,
para si, cisternas rotas que não retêm água.
Os judaístas haviam abandonado a Deus e
colocado outros deuses em seu lugar. Somente Deus provê a água vivificadora (Is
55.1; Jn 4.10; 7.37-39). Quando o reboco interno das cisternas se deteriorava,
elas deixavam a água dentro delas vazar. Do mesmo modo, os falsos deuses não
podiam suprir as necessidades do povo.
De filhos pela criação, Israel era agora
escravo que estaria fugindo dos seus inimigos. No vs. 15, os leões, provavelmente
são uma referência a inimigos (cf. 4.7) e um retrato introdutório da desolação
provocada por mãos hostis.
Mênfis e Tafnes eram cidades do Egito e até
os seus filhos quebraram o alto da cabeça ou "a coroa da cabeça".
Possivelmente, uma referência a Josias, que foi morto pelo Faraó Neco em Megido
em 609 a.C. (2Rs 23.29). O território de Canaã foi disputado pelo Egito e pela
Babilônia de 609 a 605 a.C.
Essas coisas aconteceram por que deixaram o
Senhor e lhes sobrevieram essas coisas por pura consequência de seus atos tresloucados.
E agora, o que adianta o Egito ou a Assíria?
Israel e Judá persistiram no pecado de buscar socorro em alianças políticas e
não no Senhor (Is 7.3-9).
Em 2Rs 18.31 o comandante de campo assírio
se vangloria de que a Assíria é mais confiável do que o Senhor para suprir as
necessidades básicas do seu povo.
Infidelidades, malícias, apostasias é o
oposto de voltar-se para o Senhor, o cerne do arrependimento. Ao invés de se
voltarem para Deus, eles repetidamente iriam se voltar para outros deuses. Em Os
14.4 a mesma palavra – infidelidade - é usada.
Eles mesmos quebraram o jugo, romperam as
ataduras e disseram que não serviriam ao Senhor. Em lugares típicos de
santuários dedicados aos deuses de Canaã (veja Dt 12.2; 1Rs 14.23) e debaixo de
toda árvore frondosa, se deitaram para prostituições. O culto cananeu envolvia
rituais de prostituição, de modo que o reino infiel de Judá é retratado como
uma prostituta (cf. Ez 23.1-8; Os 3.1-5; 4.10-14) pelo seu envolvimento,
interesse e busca.
Fora o Senhor que tinha plantado ela como
uma vide excelente. Essa ilustração da vinha é usada com frequência para Israel
(SI 80.8-16; Is 5.1-7; Ez 17.1-10). Somente Jesus Cristo é a videira verdadeira
e aqueles que permanecem nele são os seus ramos (Jn 15.1-8). Os ramos que derem
frutos, serão limpos para produzirem mais frutos ainda, mas os outros ramos que
não derem frutos, os bravos, literalmente "estrangeira", são os que
se tornaram para ele uma planta degenerada, de vida estranha, indicando as
práticas religiosas pagãs.
A sua iniquidade é tão profunda que não
adianta lavagem alguma. Como tirar
pecados de uma alma acostumada com eles? A lavagem dos pecados somente será
eficaz se for acompanhada de fé e arrependimento sinceros, com base no sangue
da aliança eterna (Is 53.4-6; Hb 9.11-15; 13.20).
No entanto, ela nem se sente contaminada e
se justifica dizendo: - como andei eu após Baal? Mas, deixou seus rastros no
vale, provavelmente uma referência ao vale de Hinom, logo ao sul de Jerusalém,
onde ocorriam práticas cultuais abomináveis (cf. 7.31). Tal como uma dromedária,
uma fêmea jovem, caracteristicamente irresoluta, estava pronta a seguir
qualquer impulso novo. E, como uma jumenta selvagem – vs. 24 – seu desejo era
mesmo insaciável.
Jeremias caracteriza com essas figuras a
desobediência de Judá de modo bastante apropriado como desejos lascivos, pois o
povo seguiu as práticas de fertilidade sensuais, imorais e indecentes dos
cananeus. A nação que deveria ser modelo e copiada, imitava as outras nações. Ela
estava se acostumando com suas práticas e prostituições, abandonando ao Senhor.
Por causa de seu pecado e apego às suas
práticas, rejeitariam ao Senhor, trocando-o pelo pau, seu pai e pela pedra, sua
mãe, mas quando vier a perseguição, procurarão por ele e ainda pedirá para o
Senhor se despertar, se levantar e os salvar.
Uma característica das religiões pagãs era
a grande quantidade de deuses, cada um à semelhança de quem os criou. Na hora
do aperto, que eles se levantem para salvar e livrar. A teimosia do povo era
muito grande a ponto de disputarem com o Senhor e assim aumentarem suas
transgressões.
O Senhor por seu amor, graça e misericórdia
ainda castigou os seus filhos, mas nem aceitaram a sua correção. Ao invés de se
arrependerem e se voltarem para o Senhor, preferiram devorarem os profetas como
um leão destruidor – vs. 30.
Por que Israel insistia em continuar a
fugir do Senhor? Seria o Senhor um deserto para eles ou uma terra de espessa
escuridão – vs. 31? A resposta deles era que estavam à vontade e não mais
tornariam ao Senhor.
Nem a virgem esquece dos seus enfeites, nem
a esposa de seus cendais, pois esquecer de tais coisas é praticamente
impossível e, no entanto, Judá fez algo impensável: se esqueceu de Deus e isso
por dias sem conta! Deus não se queixa apenas de que os judaístas pecaram, mas
de que se esqueceram dele por um longo tempo, depois de advertências repetidas.
Então o que ainda fazem além de esquecerem
do Senhor? Ela ornamenta o seu caminho para se doar ao amor! Ela agora passa a
ser mestra de prostituições e ensina os seus caminhos até para as malignas.
Até nas orlas de seus vestidos – vs. 34 –
foi encontrado sangue dos pobres. Essa terminologia se refere à perseguição dos
fracos pelos fortes, um tema proeminente no livro do profeta Amos (Am 2.6-8;
4.1).
Ela continua a alegar inocência e a dizer
para si mesma que a fúria do Senhor se desviou dela. É como a prostituta que
come e bebe, depois lava a sua boca e diz para si mesma, não fiz nada de mal – “Tal é o
caminho da mulher adúltera: ela come, e limpa a sua boca, e diz: não pratiquei iniquidade.” – Pv 30:20.
Jr
2:2 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo:
Assim
diz o Senhor:
Lembro-me,
a favor de ti, da devoção da tua mocidade,
do
amor dos teus desposórios,
de
como me seguiste no deserto,
numa
terra não semeada.
Jr2:3
Então Israel era santo para o Senhor,
primícias
da sua novidade;
todos
os que o devoravam eram tidos por culpados;
o
mal vinha sobre eles, diz o Senhor.
Jr2:4
Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó,
e
todas as famílias da casa de Israel;
Jr
2:5 assim diz o Senhor:
Que
injustiça acharam em mim vossos pais,
para
se afastarem de mim, indo após a vaidade,
e
tornando-se levianos?
Jr
2:6 Eles não perguntaram:
Onde
está o Senhor, que nos fez subir da terra do Egito?
que
nos enviou através do deserto,
por
uma terra de charnecas e de covas,
por
uma terra de sequidão e densas trevas,
por
uma terra em que ninguém transitava,
nem
morava?
Jr
2:7 E eu vos introduzi numa terra fértil,
para
comerdes o seu fruto e o seu bem;
mas
quando nela entrastes,
contaminastes
a minha terra,
e
da minha herança fizestes uma abominação.
Jr2:8
Os sacerdotes não disseram:
Onde
está o Senhor?
E
os que tratavam da lei não me conheceram,
e
os governadores prevaricaram contra mim,
e
os profetas profetizaram por Baal,
e
andaram após o que é de nenhum proveito.
Jr2:9
Portanto ainda contenderei convosco, diz o Senhor;
e
até com os filhos de vossos filhos contenderei.
Jr2:10
Pois passai às ilhas de Quitim, e vede;
enviai
a Quedar, e atentai bem;
vede
se jamais sucedeu coisa semelhante.
Jr2:11
Acaso trocou alguma nação os seus deuses,
que
contudo não são deuses?
Mas
o meu povo trocou a sua glória
por
aquilo que é de nenhum proveito.
Jr2:12
Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos!
ficai
verdadeiramente desolados, diz o Senhor.
Jr2:13
Porque o meu povo fez duas maldades:
a
mim me deixaram, o manancial de águas vivas,
e
cavaram para si cisternas, cisternas rotas,
que
não retêm as águas.
Jr2:14
Acaso é Israel um servo? E ele um escravo nascido em casa?
Por
que, pois, veio a ser presa?
15
Os leões novos rugiram sobre ele, e levantaram a sua voz;
e
fizeram da terra dele uma desolação;
as
suas cidades se queimaram,
e
ninguém habita nelas.
Jr2:16
Até os filhos de Mênfis e de Tapanes te quebraram
o
alto da cabeça.
Jr2:17
Porventura não trouxeste isso sobre ti mesmo,
deixando
o Senhor teu Deus no tempo
em
que ele te guiava pelo caminho?
18
Agora, pois, que te importa a ti o caminho do Egito,
para
beberes as águas do Nilo?
e
que te importa a ti o caminho da Assíria,
para
beberes as águas do Eufrates?
19
A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão;
sabe,
pois, e vê, que má e amarga coisa é
o
teres deixado o Senhor teu Deus,
e
o não haver em ti o temor de mim,
diz
o Senhor Deus dos exércitos.
Jr2:20
Já há muito quebraste o teu jugo, e rompeste as tuas ataduras,
e
disseste:
Não
servirei:
Pois
em todo outeiro alto e debaixo de toda
árvore
frondosa te deitaste,
fazendo-te
prostituta.
Jr2:21
Todavia eu mesmo te plantei como vide excelente,
uma
semente inteiramente fiel;
como,
pois, te tornaste para mim uma planta
degenerada,
de vida estranha?
22
Pelo que, ainda que te laves com salitre, e uses muito sabão,
a
mancha da tua iniqüidade está diante de mim,
diz
o Senhor Deus.
Jr2:23
Como dizes logo:
Não
estou contaminada nem andei após Baal?
Vê
o teu caminho no vale, conhece o que fizeste;
dromedária
ligeira és,
que
anda torcendo os seus caminhos;
24
asna selvagem acostumada ao deserto
e
que no ardor do cio sorve o vento;
quem
lhe pode impedir o desejo?
Dos
que a buscarem, nenhum precisa cansar-se;
pois
no mês dela, achá-la-ão.
Jr2:25
Evita que o teu pé ande descalço,
e
que a tua garganta tenha sede. Mas tu dizes:
Não
há esperança;
porque
tenho amado os estranhos,
e
após eles andarei.
Jr2:26
Como fica confundido o ladrão quando o apanham,
assim
se confundem os da casa de Israel;
eles,
os seus reis, os seus príncipes,
e
os seus sacerdotes, e os seus profetas,
27
que dizem ao pau:
Tu
és meu pai;
e
à pedra:
Tu
me geraste.
Porque
me viraram as costas, e não o rosto;
mas
no tempo do seu aperto dir-me-ão:
Levanta-te,
e salvamos.
Jr2:28
Mas onde estão os teus deuses que fizeste para ti?
Que
se levantem eles, se te podem livrar no tempo
da
tua tribulação; porque os teus deuses, ó Judá,
são
tão numerosos como as tuas cidades.
Jr2:29
Por que disputais comigo?
Todos
vós transgredistes contra mim diz o Senhor.
Jr2:30
Em vão castiguei os vossos filhos;
eles
não aceitaram a correção;
a
vossa espada devorou os vossos profetas
como
um leão destruidor.
Jr2:31
Ó geração, considerai vós a palavra do Senhor:
Porventura
tenho eu sido para Israel um deserto?
ou
uma terra de espessa escuridão?
Por
que pois diz o meu povo:
Andamos
à vontade; não tornaremos mais a ti?
32
Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites,
ou
a esposa dos seus cendais?
todavia
o meu povo se esqueceu de mim
por
inumeráveis dias.
Jr2:33
Como ornamentas o teu caminho, para buscares o amor!
de
sorte que até às malignas ensinaste os teus caminhos.
Jr2:34
Até nas orlas dos teus vestidos se achou o sangue
dos
pobres inocentes; e não foi no lugar do arrombamento
que
os achaste; mas apesar de todas estas coisas, 35
ainda dizes:
Eu
sou inocente; certamente a sua ira se desviou de mim.
Eis
que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes:
Não
pequei.
Jr2:36
Por que te desvias tanto, mudando o teu caminho?
Também
pelo Egito serás envergonhada,
como
já foste envergonhada pela Assíria.
Jr2:37
Também daquele sairás com as mãos sobre a tua cabeça;
porque
o Senhor rejeitou as tuas confianças,
e
não prosperarás com elas.
Ela se desvia tanto mudando o seu caminho e
qual seria a razão disso? Estaria ela confiando no Egito ou na Assíria? A palavra
de juízo contra ela é que será envergonhada por um e por outro. E com as mãos
sobre as cabeças sairá delas, como os cativos de guerra. Foi o Senhor quem
rejeitou as suas confianças e deu a ordem de que não prosperará com elas.
...