Estamos
na parte II de cinco de nossa divisão proposta, que vai tratar do diálogo entre
Jó e os seus amigos buscando entender o que aconteceu.
Parte
II - DIÁLOGOS ENTRE JÓ E SEUS AMIGOS – 3:1 a 27:23.
B. O primeiro ciclo
de discursos – 4:1 – 14:22.
Este
primeiro ciclo de discursos que vai até o capítulo 14, sendo que nos
encontramos no capítulo 4, consiste nas declarações de seus três amigos e nas
respostas comoventes que Jó lhes dá.
Para
cada discurso de um de seus amigos, uma resposta de Jó à altura da pergunta. Elas
começam tímida e receosa por causa do estado em que se encontrava Jó, mas a
busca da explicação do fenômeno Jó parecia inquietar as mentes e corações de
seus amigos.
Pelo
que elas progrediam em atrevimento e descuidado com a situação de seu amigo que
sofria, mais parece que estavam ali querendo achar culpa em Jó ou em serem
advogados de Deus do que verdadeiro amigo que consola o outro nas necessidades.
Os
discursos fazem referência a muitas perspectivas diferentes e possíveis
explicações, mas todas são insuficientes. Como na BEG, dividiremos esta extensa
parte em seis: 1. Elifaz – 4:1 – 5:27. 2. A resposta de Jó a Elifaz – 6:1 – 7:21.
3. Bildade – 8:1 – 22. 4. A resposta de Jó a Bildade – 9:1 – 10:22. 5. Zofar – 11:1
– 20. 6. A resposta de Jó a Zofar – 12:1 – 14:22.
1. Elifaz – 4:1 –
5:27.
O
primeiro amigo de Jó a se manifestar é Elifaz. Ele é o menos cáustico dos três,
pelo menos no primeiro discurso. Suas primeiras palavras, que supõe a inocência
de Jó – vs 7 – devem ser comparadas com 22:1-11, em que ele está plenamente convencido
de que Jó estava recebendo o que merecia.
Elifaz
começa tímido e cheio de cuidados com o amigo e primeiramente o elogia por ser
um mestre da sabedoria – vs 3:4 -, que ensinava os outros, mas no vs 5, o
adverte a não deixar de aplicar à sua própria vida o que havia ensinado.
Em
um primeiro momento, durante os sete primeiros dias, os amigos pareciam amigos
de verdade que se importavam com a dor e o sofrimento, mas vencida a fase
inicial a busca de explicações e o querer entender o fato era mais prioritário
na mente daqueles que com ele estavam.
Parecia
que era uma defesa para eles mesmos para não entrarem em colapso mental perdendo
o chão e a base de suas próprias vidas. Os sofrimentos de Jó tinham de ter uma
explicação lógica e ela deveria estar atrelada aos fatos e à vida de Jó por
causa da justiça divina em que criam.
Para
justificarem a Deus e livrá-lo de acusações, o mais fácil seria incriminar o
homem pecador e falho em seus caminhos. Um pressuposto já estava formado na
mente de Elifaz, ou melhor na mente daqueles que com ele ali estavam.
Jó,
na verdade, esperava o consolo e não questionamentos e dúvidas de seus
comportamentos.
Aquela
fala de Elifaz naquele momento deve ter ferido e magoado o coração sofrido
daquele homem justo que enfrentava agora mais um grande problema.
Sua
vida estava ótima há poucos dias e ele teve de enfrentar em pouco tempo quatro grandes
desafios:
1.O
primeiro foram as avalanches de acontecimentos todos trágicos envolvendo sua
família, poupando a sua mulher, os seus bens e os seus negócios, destruindo tudo.
2.O
segundo momento foram as chagas que chegaram de um dia para o outro o levando a
uma situação catastrófica tendo de se coçar e encontrar alívio com cacos de
telha.
3.O
terceiro desafio terrível veio de sua própria esposa que o incitou a largar
tudo, desistir e morrer.
4.O
quarto desafio era mais longo, mais agudo, perspicaz, chato, igualmente
terrível e dolorido que eram os seus amigos que ao invés de consolarem a ele, o
atormentavam.
No
primeiro e no segundo momento, claramente se vê a ação direta de Satanás nos
eventos com a pura intenção – dele, de Satanás – de levar Jó a pecar e a amaldiçoar
a Deus provando sua hipótese e seu propósito maligno que era mostrar que Jó
temia a Deus debalde, isto é, por causa das bênçãos de Deus.
No
terceiro e no quarto momento, não parece estar havendo uma ação direta de
Satanás porque o narrador bíblico não comenta mais nada das conversas e falas nos
céus entre Deus e o diabo acerca de Jó.
No
entanto, aqui, principalmente continuamos percebendo que por trás de tudo isso
estaria ele, Satanás, enganando, seduzindo, agindo nos bastidores e preparando
suas armadilhas a fim de prender sua presa nos seus momentos de maior fraqueza.
Novamente
Jó não é socorrido, nem explicações alguma lhe é fornecido. Ele continua sem
saber de nada e sustentado apenas por sua fé em Deus que era enorme.
Nisso
Deus nos prova que o justo, de verdade, é sustentado por sua fé e como diz o
escritor de Hebreus se ele recuar, Deus nele não tem prazer algum – Hb 10:38. A
fé que nos sustenta é poderosa para nos sustentar sem socorro algum até o fim
da jornada quando o veremos face-to-face!
Nos
versos de 12 a 21, Elifaz faz uma declaração narrando uma experiência mística pela
qual afirma ter recebido uma revelação divina.
Ele
simplesmente está se preparando para continuar com seu discurso e com sua
hipótese de justificar a Deus, defendendo-o e encontrar em Jó alguma culpa.
Jó
4:1 Então respondeu Elifaz o temanita, e disse:
Jó 4:2 Se intentarmos falar-te,
enfadar-te-ás?
Mas quem poderia
conter as palavras?
Jó 4:3 Eis que ensinaste a
muitos, e tens fortalecido
as mãos fracas.
Jó 4:4 As tuas palavras firmaram
os que tropeçavam
e os joelhos
desfalecentes tens fortalecido.
Jó 4:5 Mas agora, que se trata
de ti, te enfadas;
e tocando-te a
ti, te perturbas.
Jó 4:6 Porventura não é o teu
temor de Deus a tua confiança,
e a tua esperança
a integridade dos teus caminhos?
Jó 4:7 Lembra-te agora qual é o
inocente que jamais pereceu?
E onde foram os
sinceros destruídos?
Jó 4:8 Segundo eu tenho visto,
os que lavram iniqüidade,
e semeiam mal,
segam o mesmo.
Jó 4:9 Com o hálito de Deus
perecem;
e com o sopro da
sua ira se consomem.
Jó 4:10 O rugido do leão, e a
voz do leão feroz,
e os dentes dos
leõezinhos se quebram.
Jó 4:11 Perece o leão velho,
porque não tem presa;
e os filhos da
leoa andam dispersos.
Jó 4:12 Uma coisa me foi trazida
em segredo;
e os meus ouvidos
perceberam um sussurro dela.
Jó 4:13 Entre pensamentos vindos
de visões da noite,
quando cai sobre
os homens o sono profundo,
Jó 4:14
Sobrevieram-me o espanto e o tremor,
e
todos os meus ossos estremeceram.
Jó 4:15 Então um
espírito passou por diante de mim;
fez-me
arrepiar os cabelos da minha carne.
Jó 4:16 Parou
ele, porém não conheci a sua feição;
um
vulto estava diante dos meus olhos;
houve
silêncio, e ouvi uma voz que dizia:
Jó 4:17 Seria
porventura o homem mais justo do que Deus?
Seria
porventura o homem mais puro
do
que o seu Criador?
Jó 4:18 Eis que ele
não confia nos seus servos
e
aos seus anjos atribui loucura;
Jó 4:19 Quanto
menos àqueles que habitam em casas de lodo,
cujo
fundamento está no pó,
e
são esmagados como a traça!
Jó 4:20 Desde a manhã até à
tarde são despedaçados; e eternamente
perecem sem que
disso se faça caso.
Jó 4:21 Porventura não passa com
eles a sua excelência?
Morrem, mas sem
sabedoria.
Sem
fé é impossível agradar a Deus, por isso que os que se aproximam de Deus devem
crer que ele exista e não somente isso, mas que também é galardoador dos que o
buscam em verdade e sinceridade de coração – Hb 11:6.
É
assim que nos ensina o apóstolo Paulo ao falar de como devemos nos aproximar de
Deus e era assim que vivia Jó em sua fé que fazia com que ficasse firme, mesmo parecendo
ter o mundo todo conspirando contra ele para o fazer pecar.
Entraremos,
a partir de agora, na parte II de cinco de nossa divisão proposta, que vai
tratar do diálogo entre Jó e os seus amigos buscando entender o que aconteceu.
I.DIÁLOGOS ENTRE JÓ E SEUS AMIGOS –
3:1 a 27:23.
Jó
e seus amigos irão se esforçar para entender como os sofrimentos de Jó podem se
harmonizar com a justiça, a bondade e a soberania de Deus. Nos seus diálogos,
eles explorarão os limites da sabedoria proverbial tradicional ou convencional e
as circunstâncias inadministravéis na vida de Jó.
Os
seus amigos irão insistir que os provérbios da sabedoria padrão aplicam-se
direta e automaticamente a Jó, e Jó insistirá no contrário.
Suas
discussões revelarão que nenhum deles tem compreensão total da situação de Jó.
Eles se esforçarão, como todos nós fazemos, para entender o sofrimento,
submetendo a teste os limites da sabedoria convencional.
Daí
vem a sábia pergunta que não devemos fazer nunca: por quê? “Por que aconteceu
isso?” Alguns insistem que não devemos perguntar o por quê, simplesmente, por
que não temos uma mente divina capaz de entender os fatos em sua plenitude, mas
podemos perguntar o para quê – finalidade, propósito – que seria mais fácil de
assimilar.
Outros
insistem que devemos sim perguntar e esperar pela resposta uma vez que Deus nos
deu inteligência, razão justamente por que somos capazes de entender e explicar
os fenômenos à nossa volta.
Eu
fico tranquilo perguntando as duas coisas, mas reconheço meus limites e sei que
em nenhum dos casos nem do “por quê” nem do “para quê” terei condições, no presente,
de assimilação total a ponto de entender os fatos e explicá-los divinamente. A
minha opção, quando atinjo os meus limites, é a opção da fé e da confiança em
Deus, mesmo não entendendo nada, nem compreendendo finalidade/propósito algum.
Depois
de sete dias em silêncio, juntamente com os amigos que demonstraram
solidariedade e sabedoria, Jó abre sua boca em lamentações fortemente
emocionais.
Ele
expressa o mesmo tipo de depressão que tomou conta do salmista – Sl 88 – e
também de Jeremias – Jr 20:14,15 -, cujos amargos lamentos reproduzem os de Jó.
A situação de Jó é tão insuportável que ele amaldiçoa o dia em que nasceu.
Salmos
88:1 <<Cântico
e salmo para os filhos de Coré e para o músico-mor sobre Maalate Leanote;
Masquil de Hemã, ezraíta>> SENHOR Deus da minha salvação, diante de ti
tenho clamado de dia e de noite.
Salmos 88:2 Chegue a minha oração perante a tua face,
inclina os teus ouvidos ao meu clamor;
Salmos 88:3 Porque a minha alma está cheia de angústia, e
a minha vida se aproxima da sepultura.
Salmos 88:4 Estou contado com aqueles que descem ao
abismo; estou como homem sem forças,
Salmos 88:5 Livre entre os mortos, como os feridos de
morte que jazem na sepultura, dos quais te não lembras mais, e estão cortados
da tua mão.
Salmos 88:6 Puseste-me no abismo mais profundo, em trevas
e nas profundezas.
Salmos 88:7 Sobre mim pesa o teu furor; tu me afligiste
com todas as tuas ondas. (Selá.)
Salmos 88:8 Alongaste de mim os meus conhecidos,
puseste-me em extrema abominação para com eles. Estou fechado, e não posso
sair.
Salmos 88:9 A minha vista desmaia por causa da aflição.
SENHOR, tenho clamado a ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas
mãos.
Salmos 88:10 Mostrarás, tu, maravilhas aos mortos, ou os
mortos se levantarão e te louvarão? (Selá.)
Salmos 88:11 Será anunciada a tua benignidade na sepultura,
ou a tua fidelidade na perdição?
Salmos 88:12 Saber-se-ão as tuas maravilhas nas trevas, e a
tua justiça na terra do esquecimento?
Salmos 88:13 Eu, porém, SENHOR, tenho clamado a ti, e de
madrugada te esperará a minha oração.
Salmos 88:14 SENHOR, porque rejeitas a minha alma? Por que
escondes de mim a tua face?
Salmos 88:15 Estou aflito, e prestes tenho estado a morrer
desde a minha mocidade; enquanto sofro os teus terrores, estou perturbado.
Salmos 88:16 A tua ardente indignação sobre mim vai
passando; os teus terrores me têm retalhado.
Salmos 88:17 Eles me rodeiam todo o dia como água; eles
juntos me sitiam.
Salmos 88:18 Desviaste para longe de mim amigos e
companheiros, e os meus conhecidos estão em trevas.
Jeremias
20:14 Maldito o dia em que nasci; não seja bendito o dia em que minha mãe me
deu à luz.
Jeremias
20:15 Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um
filho; alegrando-o com isso grandemente.
O
fato é que Jó está em grandíssima aflição e o desabafo de sua boca o ajuda a
suportar a carga que sobre ele estava pesada demais. A sua boca fala do que
está cheio o seu coração e ele sente e deixa isso transparecer diante de todos.
Ele
não entende nem os por quês, nem os para quês, mas ainda assim parece ter
conhecimento e certeza de que Deus o deixou entrar nesse estado e pode, a
qualquer momento retirá-lo dele. Jó confia em Deus e crê em sua soberania,
bondade e sabedoria como nenhum outro homem.
Em seu raciocínio e fala, vemos uma certa progressão
começando com o seu nascimento, com falas que tem a forma de maldições – vs. 3
a 10 – passando pelo seu desejo de ter nascido morto, onde seus versos assumem
a forma de perguntas retóricas que expressam sua frustração, perguntando,
angustiado, por que não havia nascido morto – vs. 11 a 16 e indo até a morte
prematura, onde ainda faz uma pergunta semelhante em que questiona por que não
havia experimentado a morte prematura – vs. 20 a 23.
Jó
3:1 Depois disto abriu Jó a sua boca, e amaldiçoou o seu dia.
Jó
3:2 E Jó, falando, disse:
Jó 3:3 Pereça o dia em que
nasci, e a noite em que se disse:
Foi concebido um
homem!
Jó 3:4 Converta-se aquele dia em
trevas; e Deus, lá de cima,
não tenha cuidado
dele, nem resplandeça sobre ele a luz.
Jó 3:5 Contaminem-no as trevas e
a sombra da morte;
habitem sobre ele
nuvens; a escuridão do dia o espante!
Jó 3:6 Quanto àquela noite, dela
se apodere a escuridão;
e não se regozije
ela entre os dias do ano;
e não entre no
número dos meses!
Jó 3:7 Ah! que solitária seja
aquela noite, e nela
não entre voz de
júbilo!
Jó 3:8 Amaldiçoem-na aqueles que
amaldiçoam o dia,
que estão prontos
para suscitar o seu pranto.
Jó 3:9 Escureçam-se as estrelas
do seu crepúsculo; que espere a luz,
e não venha; e
não veja as pálpebras da alva;
Jó 3:10 Porque não fechou as
portas do ventre;
nem escondeu dos
meus olhos a canseira.
Jó 3:11 Por que não morri eu
desde a madre?
E em saindo do
ventre, não expirei?
Jó 3:12 Por que me receberam os
joelhos? E por que os peitos,
para que mamasse?
Jó 3:13 Porque já agora jazeria
e repousaria;
dormiria, e então
haveria repouso para mim.
Jó 3:14 Com os reis e
conselheiros da terra, que para si edificam
casas nos lugares
assolados,
Jó 3:15 Ou com os príncipes que
possuem ouro, que enchem as suas
casas de prata,
Jó 3:16 Ou como aborto oculto,
não existiria; como as crianças que
não viram a luz.
Jó 3:17 Ali os maus cessam de
perturbar; e ali repousam os cansados.
Jó 3:18 Ali os presos juntamente
repousam,
e não ouvem a voz
do exator.
Jó 3:19 Ali está o pequeno e o
grande, e o servo livre de seu senhor.
Jó 3:20 Por que se dá luz ao
miserável,
e vida aos amargurados
de ânimo?
Jó 3:21 Que esperam a morte, e
ela não vem;
e cavam em
procura dela mais do que de tesouros ocultos;
Jó 3:22 Que de alegria saltam, e
exultam, achando a sepultura?
Jó 3:23 Por que se dá luz ao
homem, cujo caminho é oculto,
e a quem Deus o
encobriu?
Jó 3:24 Porque antes do meu pão
vem o meu suspiro;
e os meus gemidos
se derramam como água.
Jó 3:25 Porque aquilo que temia
me sobreveio;
e o que receava
me aconteceu.
Jó 3:26 Nunca estive tranquilo,
nem sosseguei, nem repousei,
mas veio sobre
mim a perturbação.
Ninguém
deu explicação alguma do que estava acontecendo com Jó para ele poder
raciocinar. Também ele não tinha conhecimento de nada para poder reagir. Assim,
somos nós, todos os humanos, que estamos nessa vida para vivê-la com fé em Deus.
Vejamos
o que dizem as Escrituras, a Palavra de Deus, no livro de Hebreus que se aplica
a Jó e a todos nós que temos circunstâncias inadministráveis para enfrentar
dando glórias a Deus, sempre:
Hebreus 10:37 Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que
há de vir virá, e não tardará.
Hebreus 10:38 Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha
alma não tem prazer nele.
Hebreus 10:39 Nós, porém, não somos daqueles que se
retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma.
É
isso mesmo o justo de Deus há de viver pela fé! É pela fé, amados!
Jó
passou com louvor na bateria dos primeiros testes e se manteve reto e íntegro
diante do Senhor apesar do que aconteceu com ele que foi extraordinariamente
terrível.
Muitas
dúvidas ficaram no primeiro capítulo e muitas delas terão seu prosseguimento
neste segundo capítulo, principalmente as questões celestiais de filhos de
Deus, de Satanás e principalmente do que fazer diante dessas circunstâncias que
eu chamei de inadministráveis em nossas vidas.
Palpites
e achismos todos temos, mas no que isso edifica? Melhor é confiar em Deus e
crer em sua palavra do que tentar ajeitar as coisas segundo os nossos
pensamentos.
O
escritor nos mostra e revela acontecimentos no céu que levaram ao sofrimento de
Jó na terra.
Se
não fosse Satanás – cujo nome significa acusador – teríamos, porventura, alguma
mudança na situação da vida de Jó? Satanás não é o promotor público do Senhor, como
se suporia, mas aquele que se opõe à vontade de Deus, em consonância com seu
papel em Gn 3. Satanás, como no verso 9, do capítulo anterior, continua a
questionar os motivos religiosos de Jó.
Jó,
na terra, de nada sabia, nem Deus enviou anjos para esclarecer, nem lhe deu
conhecimentos superiores para ele se conformar. Com certeza, seu coração tinha
muitos “porquês”, uma vez que era reto e íntegro diante de Deus, dos homens e
de sua consciência.
Isso
é um exemplo para nós em nossas vidas e de como a recebemos e reagimos diante
não somente das tragédias, mas das alegrias e conquistas também.
O
fato é que estamos sujeitos às circunstâncias inadministráveis da vida, tanto
boas quanto desagradáveis e temos de reagir diante delas, dando glórias a Deus,
em todo o tempo!
Jó
2:1 ... era agora outro dia. Aquele primeiro dia tinha passado e o final era
trágico. Num só dia perdeu Jó tudo o que tinha, inclusive seus filhos e filhas.
Estava ele sem bens, sem servos, sem trabalho, sem dinheiro, sem os seus
filhos, somente tinha ficado com ele sua esposa.
Em
um só dia, a ruína deste homem fora muito grande, um choque. Pense você: -
dormir rico e amanhecer pobre, sem ter onde cair morto.
Foi
assim também na vida de Jesus Cristo, pois foi em um só dia que da glória com
seus discípulo, enfrentou a traição, o abandono de seus discípulos, a prisão
injusta, as calúnias e agressões, acusações falsas, torturas, prisão, cadeias,
insultos dos homens, julgamento injusto, condenação, crucificação, mais
sofrimentos e morte! Isso tudo em menos de 24 horas, sendo que antes disso ele
estava bem e ceava com seus discípulos.
Quantos
sonhos não havia na mente daqueles discípulos que o seguiam já há três anos e
meio. Assim repentinamente, sem mais nem menos, tudo lhes é tirado, como aqui
com Jó. De repente, a ruína total.
No
caso de Jó, ainda tinha algo para acontecer, mas não era de paz nem de alívio,
mas de mais sofrimento.
Novamente
no céu, o cenário que iria afetar a vida do jovem terráqueo Jó na terra.
Estamos
agora diante da segunda onda de acusações do acusador contra o reto e íntegro
Jó. Ele se apresenta nos céus como da primeira vez.
Primeiramente,
Deus pergunta a Satanás donde vinha e ele responde que estava por ai rodeando a
terra. Então, Deus lembra como Jó fora vitorioso na prova que ele passara e
novamente Deus dá testemunho dele dizendo que na terra ninguém havia como ele
reto, íntegro e que se desviava do mal em todos os seus caminhos, ainda que
tivesse Satanás o incitado contra ele.
Satanás
ainda aposta nele mesmo contra Deus e afirma que sua fé é vã e interessada por
causa das suas bênçãos na vida dele. Satanás pede para Deus maior arrocho e
quer tocar em sua saúde para ver como Jó iria blasfemar de Deus.
Deus
lhe dá autorização para tocar em tudo, mas poupar-lhe a vida. Então, Jó é acometido
de tumores malignos que se espalham desde o alto de sua cabeça até a sola de
seus pés e grande é o sofrimento de Jó com mais essa situação que ele não pediu
para viver, mas que estava agora convidado a passar por ela.
Uma
lição já podemos tirar de tudo isso. Satanás nada pode contra nós que não seja
do domínio, do conhecimento e do controle de nosso Deus.
Jó
foi ferido cruelmente e sofria muito tendo de recorrer a cacos de telha para se
coçar e sua mulher que até então sofria com ele calada se manifesta pedindo a
Jó que amaldiçoasse a Deus e morresse, mas Jó permaneceu firme e disse a sua
mulher algo tremendo:
-
falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos
também o mal?
Que
percepção aguçada e que fé avivada demonstrou Jó na soberania de Deus.
Serenidade, coragem e sabedoria estavam presentes na vida dele por causa do
Espírito Santo que nele habitava e por ele falava.
Jó,
definitivamente, passou em mais este tão difícil teste agora apimentado pela
sua mulher que vacilando se deixou ser usada por Satanás para o afligir ainda
mais.
Apesar
disso, certamente Jó ainda orou por ela e ela vai permanecer fiel a ele sem o
abandonar até o resto de sua vida e ainda lhe dará muitos filhos e alegrias.
Não
há como não vermos que a mulher de Jó teve um papel muito importante e
interessante na sua história e na sua vitória, mesmo tendo momentos de vacilo
como fora aquelas palavras irrefletidas ditas a Jó por causa de seu grande
sofrimento.
Ela
permanecerá até o fim ao seu lado e com ele experimentará o melhor de Deus que
estava por vir, no final da provação de Jó.
Em
Jó, nos podemos misturar o AR (fôlego de vida, símbolo do Espirito Santo,
combustível para nosso sangue, elemento indispensável a vida, bênção de Deus)
com a PROVA e formar a palavra APROVAR. Eu creio que a prova existe para Deus nos
aprovar! Isso se permanecermos fiéis e íntegros como Jó era diante de Deus, dos
homens e de sua consciência.
Jó
2:1 E, vindo outro dia,
em que os filhos de Deus vieram
apresentar-se perante o SENHOR,
veio também
Satanás entre eles,
apresentar-se
perante o SENHOR.
Jó 2:2 Então o SENHOR disse a
Satanás:
Donde vens?
E respondeu Satanás ao SENHOR, e
disse:
De rodear a
terra, e passear por ela.
Jó 2:3 E disse o SENHOR a
Satanás:
Observaste o meu
servo Jó?
Porque
ninguém há na terra semelhante a ele,
homem
íntegro e reto,
temente
a Deus e que se desvia do mal,
e que ainda retém
a sua sinceridade,
havendo-me tu incitado contra
ele,
para o consumir
sem causa.
Jó 2:4 Então Satanás respondeu
ao SENHOR, e disse:
Pele por pele, e
tudo quanto o homem tem dará pela sua vida.
Jó 2:5 Porém estende
a tua mão, e toca-lhe nos ossos,
e na carne, e
verás se não blasfema contra ti na tua face!
Jó 2:6 E disse o SENHOR a
Satanás:
Eis que ele está
na tua mão; porém guarda a sua vida.
Jó 2:7 Então saiu Satanás da
presença do SENHOR,
e feriu a Jó de
úlceras malignas, desde a planta do pé até ao
alto
da cabeça.
Jó 2:8 E Jó tomou um caco para
se raspar com ele;
e estava
assentado no meio da cinza.
Jó 2:9 Então sua mulher lhe
disse:
Ainda reténs a
tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.
Jó 2:10 Porém ele lhe disse:
Como fala
qualquer doida, falas tu;
receberemos o bem
de Deus, e não receberíamos o mal?
Em
tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.
Jó 2:11 Ouvindo, pois, três
amigos de Jó todo este mal que tinha vindo
sobre ele, vieram
cada um do seu lugar:
Elifaz
o temanita, e Bildade o suíta,
e
Zofar o naamatita; e combinaram
condoer-se
dele, para o consolarem.
Jó 2:12 E, levantando de longe
os seus olhos, não o conheceram;
e levantaram a
sua voz e choraram,
e rasgaram cada
um o seu manto,
e sobre as suas
cabeças lançaram pó ao ar.
Jó 2:13 E assentaram-se com ele
na terra, sete dias e sete noites;
e nenhum lhe
dizia palavra alguma,
porque
viam que a dor era muito grande.
Alguns
amigos de Jó vendo sua situação se sentam ao seu lado por sete longos dias e
ninguém ousa abrir a boca para nada. Assim, também nós diante de coisas
difíceis nas vidas de pessoas amadas devemos estar ao seu lado e somente isso
já ajuda a aliviar.
Às
vezes, o muito falar ou tentar explicar ou querer defender Deus ou acusar o
diabo nada ajudará com o que sofre. Melhor é estar ao seu lado e ali ficar
demonstrando que a dor dele também é sentida por você.
O
verdadeiro amigo se senta ao seu lado na sua maior dor somente para você não
ficar ali sozinho sofrendo.
Nesse
livro, muito se fala de Satanás, mas quem é este ser que Jesus na oração do Pai
Nosso nos manda estarmos atentos contra ele e não somente nessa oração como em
muitos momentos nas Escrituras?
Eu
li e gostei de uma reflexão encontrada na BEG, nos Artigos Teológicos, na
página 652, referente ao texto Bíblico de Jó 1:1, abaixo copiado:
Satanás: É culpa do diabo?
Quando cremos em Deus e na sua
Palavra, também somos levados a crer que Satanás é real. Como o restante dos
anjos caídos, seu líder, Satanás, aparece claramente apenas no Novo Testamento.
Seu nome hebraico significa "adversário" (oponente de Deus e do seu
povo) com o sentido de um acusador legal no tribunal celestial, e é nessa
condição que o Antigo Testamento o apresenta (1Cr 21.1; Jó 1-2; Zc 3.1-2).
Convém observar, porém, que Satanás
não cumpre um papel legítimo no tribunal celestial — ele é um intruso que faz
acusações falsas. Em Jó, Satanás entra no tribunal celestial para
"apresentar-se" (Jó 2.1, cf. 1.6), e não para servir; em Zc 3.2, o
Senhor repreende Satanás por suas acusações falsas; em 1Cr 21.1, Satanás se
opõe ao povo escolhido de Deus e incita o seu rei a pecar.
O Novo Testamento usa títulos
reveladores para Satanás: diabo (diabolos) significa "alguém que faz
acusações falsas" ou "adversário" (isto é, do povo de Deus; Ap
12.9-10); Apoliom (Ap 9.11) significa "destruidor"; tentador (Mt 4.3;
1Ts 3.5) e maligno (1Jo 5.18-19) são designações óbvias; e "príncipe deste
mundo" e "deus deste século" mostram Satanás presidindo sobre os
estilos de vida pecaminosos da humanidade (Jo 12.31; 14.30; 16.11 —
"príncipe deste / do mundo"; 2Co 4.4 — "deus deste século";
cf. Ef 2.2 "príncipe da potestade do ar").
Jesus afirmou que Satanás sempre
foi um assassino e que ele é o pai da mentira. Satanás foi o primeiro mentiroso
e, desde então é o fomentador de toda falsidade e engano no mundo (Jo 8.44).
Por fim, ele é identificado como a serpente que enganou Eva no Eden (Ap 12.9;
20.2). É descrito como um ser repleto de malícia, fúria e crueldade
inimagináveis dirigidas contra Deus, contra a verdade de Deus e contra aqueles
aos quais Deus estendeu o seu amor salvador.
A descrição detalhada da rebelião
de Satanás no céu e sua queda conhecida pela maioria dos cristãos de hoje é
resultante mais do imaginário literário do que das Escrituras. Paulo indica que
Satanás caiu em decorrência do seu orgulho (1 Tm 3.6), mas não desenvolve essa
ideia. A "estrela da alva", expressão por vezes traduzida como
"Lúcifer" (cf. 2Pe 1.19) em Is 14.12, é identificada explicitamente
com "o rei da Babilônia" (Is 14.4, veja a sua nota; cf. a descrição
semelhante do rei de Tiro em Ez 28).
Embora seja concebível que Is 14.12
considere Satanás o "príncipe" do império babilônico (veja as notas
sobre Dn 10.13,20) ou se refira a uma tradição mais antiga sobre a queda
primeva de Satanás, estas são apenas ideias especulativas que não são
corroboradas pela Bíblia nem confirmadas por fontes esternas. Em última
análise, a Palavra de Deus revela poucos detalhes sobre as origens de Satanás.
Apesar de não sabermos muito sobre
Satanás, as Escrituras nos dizem que devemos
ficar atentos para suas estratégias e lembrar que estamos lutando contra
ele (2Co 2.11; Ef. 6.16). Sabemos que Satanás é dissimulado e astuto, podendo
transformar-se num anjo de luz e fazer o mal parecer o bem ( 2 Co 11.14).
Sua ferocidade destruidora pode ser
vista nos textos que o descrevem como um leão que ruge (1 Pe 5.8) e como um
grande dragão (Ap 12.9). Assim como se mostrou inimigo declarado de Cristo (Mt
4.1-11; 16.23; Lc 4.13; Jo 14.30; cf. Lc 22.3,53), continua sendo adversário do
cristão, sempre procurando fraquezas, distorcendo virtudes e solapando a fé, a
esperança e o caráter (Lc 22.31,32; 2Co 2.11; 11.3-15; Ef 6.16).
Ele deve ser levado a sério, pois a
sua malícia e astúcia o tornam um inimigo terrível.
No entanto, os cristãos não
precisam ter medo de Satanás. Ainda que, por ora, seja uma criatura superior
aos seres humanos, ele não é divino; possui grande conhecimento e poder, mas
não é onisciente, onipotente, nem onipresente.
Pode ser vencido — aliás, Cristo já
o derrotou definitivamente. Ao iniciar o reino de Deus no seu ministério
terreno, Jesus confrontou Satanás diretamente. Não apenas resistiu às tentações
de Satanás (Mt 4.1-11; Lc 4.1-13), como também deu aos seus discípulos o poder
de expulsar demônios (Lc 9.1; veja o artigo teológico "Demônios", em
1Co 10), e afirmou ter visto "Satanás caindo do céu como um
relâmpago" (Lc 10.18).
Com a vida, morte e ressurreição de
Jesus, Satanás, o "valente", foi amarrado (Mt 12.25-29) e se tornou
relativamente impotente (Hb 2.14). Em outros tempos, reinou sobre as nações
gentias (Mt 4.8-9), mas não tem mais poder de "enganar as nações" (Ap
20.1-3).
Em decorrência disso, à medida que
o reino de Deus prossegue na história da igreja, o evangelho avança pelo mundo
com grande sucesso.
Os cristãos também podem triunfar
sobre Satanás em sua vida pessoal se resistirem a ele com os recursos que
Cristo oferece (Ef 6.10-18; Tg 4.7; 1Pe 5.8-10): "maior é aquele que está
em vós do que aquele que está no mundo" (1Jo 4.4). No entanto, quando Jesus
voltar, trará consigo a consumação do reino e, nessa ocasião, Satanás e o seu
exército serão lançados para sempre no lago de fogo (Ap 20.10). Sua condenação
é certa.
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