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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Ester :2-23 - ESTER, A MAIS BELA DE TODAS, SE TORNA RAINHA PELA PROVIDÊNCIA DE DEUS.

Aqui estamos nós na Parte V – A HISTÓRIA DE ESTER – Et 1:1 a 10:3, em continuidade às nossas reflexões neste livro de Ester cuja principal finalidade é o estabelecimento da Festa de Purim como um memorial pelo livramento que Deus concedeu ao seu povo e como um lembrete para que permanecessem fiéis a ele mesmo quando estivessem vivendo sob opressão.
Como já frisamos, a história de Ester está cronologicamente inserida dentro de Esdras e Neemias (repare: em Esdras, Ciro e Dario eram os reis dos persas; em Ester, Xerxes era Assuero, filho de Dario, seu marido e em Neemias, Artaxerxes, filho de Xerxes, era o rei).
Dividiremos, como também já explicamos, essa última parte de nosso estudo em 6 partes. (1) Introdução e contexto – 1:1-22 – já vista. (2) O primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para Israel – 2:1 – 3:15 – veremos agora. (3) O conflito entre Hamã e Mordecai – 4:1 – 5:14. (4) O triunfo de Mordecai sobre Hamã – 6:1 – 7:10. (5) O segundo decreto do rei resulta em salvação para Israel – 8:1 – 9:32. (6) Epílogo – 10:1-3.
(2) O primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para Israel – 2:1 – 3:15.
Deus havia elevado Mordecai e Ester à proeminência na corte persa, mas eles foram ameaçados pelo decreto de Hamã, que ordenava o genocídio dos judeus.
Não foi sem propósitos que eles foram elevados a tão grande posto na corte persa. Se observarmos bem toda a história, como Mordecai mesmo irá falar em algum momento mais adiante – vs 4:14 -, eles estavam sendo elevados por causa do povo de Deus.
Repare que foi assim que aconteceu também com José no Egito que Deus levantou por causa do povo de Deus. Igualmente com Moisés que da morte certa passou a ser o filho de Faraó e pode depois ser o grande libertador de todo o povo de Israel.
O primeiro decreto do rei resultaria em perigo mortal para Israel. Esses capítulos relembram os acontecimentos que levaram ao decreto de Assuero sobre o genocídio dos judeus.
Eles se dividem em três partes: A. A ascensão da rainha Ester (2:1-18); B. A conspiração contra o rei revelada por Mordecai (2:19-23); e, C. A promoção de Hamã e seu plano contra os judeus (3:1-15).
A. A ascensão da rainha Ester (2:1-18)
A ascensão da rainha Ester se deu por um decreto do rei, em 479 a.C., após as guerras de Assuero contra os gregos.
No texto original, é usado o mesmo verbo raro em 2:1 “apaziguado” e 7:10 “aplacou”, o que sugere um paralelo entre a destituição de Vasti por desobediência ao rei e o enforcamento de Hamã, por inveja de Mordecai.
A lembrança de Vasti no coração do rei fez com que ele pusesse, por sugestão dos jovens do rei – vs 2 - comissários – vs 3 – encarregados de buscarem em seu reino uma mulher bonita, atraente e que pudesse substituir Vasti.
Agora começa e entrar a história de um judeu benjamita, Mordecai - nome derivado de Merodaque, o deus protetor da Babilônia, ainda que, como Ester, também possa ele ter tido um nome judaico.
Instrui-nos a BEG que a descoberta do nome babilónico Mardukaya em textos, incluindo um com data aproximada de 485 a.C., e a descoberta de um arquivo de textos em Nipur (cerca de 160 km ao sul da atual Bagdá) contendo os nomes dos judeus da época de Artaxerxes 1 e Dario II, apontam para a autenticidade do nome de Mordecai e, mais genericamente, para a historicidade dos acontecimentos narrados.
Mordecai era um judeu que vivia na cidadela de Susã, o que sugere que talvez fosse ele um oficial do governo persa. Os nomes em sua genealogia provavelmente refiram-se aos seus antepassados remotos, em vez de aos imediatos: Simei (II Sm 16:5-14) e Quis (I Sm 9:1-2; I Cr 8:313).
A referência de que "fora transportado... com os exilados... com Jeconias... a quem Nabucodonosor..." (vs. 6) em 597 a.C. (II Re 24:6-17; 25:27-30) não é a Mordecai, mas a seus antepassados, e isso pode indicar que sua família pertencia à nobreza judaica (2Rs 24:10-16).
A ligação de Mordecai com Saul, que também era um benjamita, ganha importância quando tomamos conhecimento de que Hamã, inimigo de Mordecai, pode ter sito um parente distante do amalequita Agague, inimigo de Saul.
Foi Mordecai, o benjamita, quem criou Hadassa, nome hebraico para Ester, que significa "murta". O nome Ester talvez seja derivado da palavra persa "star", embora pudesse ser de Istar, urna deusa babilônica. Era ela filha de Abiail, tio de Mordecai.
O concurso real estava proclamado e Ester dele participou e logo chamou a atenção de Hegai – vs 9 – que logo fez com ela os preparativos exigidos, inclusive 12 meses de tratamento para pele e embelezamento, além de diversas outras instruções. Também Ester seguia as instruções de seu pai Mordecai que lhe disse para não falar de sua origem étnica.
Quis a providência que Assuero se apaixonasse por Ester e ao vê-la, a desejou com toda a sua alma. Estava ali escolhida a nova rainha, pois ela agradou o seu coração e alcançou dele favor e benevolência – vs 17.
A festa pela coroação de Ester contrasta com o banquete de Vasti – vs 1:9. Vasti ofereceu o seu próprio banquete e somente as mulheres compareceram, enquanto o rei ofereceu o banquete de Ester e convidou todos os seus nobres e oficiais.
Tão feliz estava e de bom ânimo que permitiu a todos “um descanso” – vs 18 -, provavelmente nos tributos, impostos, taxas, libertação de escravos, cancelamento do serviço militar entre outras coisas. Também essas celebrações prefiguravam o grande banquete e descanso dos judeus em 9:16-18,22.
B. A conspiração contra o rei revelada por Mordecai (2:19-23)

O presente capítulo se encerra com a descoberta de uma conspiração contra Xerxes. Mordecai, com a ajuda de Ester, frustrou um plano para assassinar o rei.
Tudo indica que Mordecai era um oficial do palácio, com uma posição que possibilitou que descobrisse a conspiração para assassinar o rei (vs. 21). Ele, Mordecai, vivia “à porta do rei” (vs 19; expressão também usada nos vs. 21; 3:2; 5:9,13; 6:10,12) e a sua posição pode ter incitado a inveja de Hamã (5:13), principalmente porque ele não lhe dava confiança ou o tratava como uma pessoa normal, sem bajulações a que estava muito acostumado.
O caso foi investigado e confirmado. Os corpos de Bigtã e Teres foram pendurados – vs 23 – numa forca, literalmente "num madeiro".
Pendurar o corpo era o método normalmente usado para exibir um cadáver após a execução por empalamento (suplício antigo que consistia em espetar um condenado, pelo períneo - região situada entre o ânus e os órgãos sexuais -, numa estaca aguda que lhe atravessava as entranhas) ou outro meio.
Para os judeus, isso significava que os dois oficiais estavam sob a maldição de Deus (Dt 21.22-23), confirmando a conveniência da lealdade de Mordecai ao rei pagão.
Tudo isso – providência divina – ficou registrado no livro das crônicas do rei para sua memória. A menção das crônicas prenunciou o importante papel que eles mais tarde desempenhariam na história.
Ainda que o feito de Mordecai tenha sido registrado, ele não foi devidamente recompensado nesse momento. Em vez disso, a narrativa se volta para a promoção de Hamã (3,1).
Et 2:1 Passadas estas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero,
                lembrou-se de Vasti, e do que fizera, e do que se tinha
                               decretado a seu respeito.
                Et 2:2 Então disseram os servos do rei, que lhe serviam:
                               Busquem-se para o rei moças virgens e formosas.
                Et 2:3 E ponha o rei oficiais em todas as províncias do seu reino,
                               que ajuntem a todas as moças virgens e formosas,
                                               na fortaleza de Susã, na casa das mulheres,
                                                               aos cuidados de Hegai, camareiro do rei,
                               guarda das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.
                Et 2:4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei,
                               reine em lugar de Vasti.
                                               E isto pareceu bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
                Et 2:5 Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã,
                               cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei,
                                               filho de Quis, homem benjamita,
                Et 2:6 Que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram
                               levados com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara
                                               Nabucodonosor, rei de Babilônia.
                Et 2:7 Este criara a Hadassa (que é  Et, filha de seu tio),
                               porque não tinha pai nem mãe;
                                               e era jovem bela de presença e formosa;
                                                               e, morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu
                                                                              a tomara por sua filha.
                Et 2:8 Sucedeu que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei,
                               e ajuntando-se muitas moças na fortaleza de Susã,
                                               aos cuidados de Hegai, também levaram Ester
                                                               à casa do rei, sob a custódia de Hegai,
                                                                              guarda das mulheres.
                Et 2:9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos,     
                               e alcançou graça perante ele; por isso se apressou a dar-lhe
                                               os seus enfeites, e os seus quinhões, como também
                                               em lhe dar sete moças de respeito da casa do rei;
                               e a fez passar com as suas moças ao melhor
                                               lugar da casa das mulheres.
                Et 2:10 Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela,
                               porque Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse.
                Et 2:11 E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio
                               da casa das mulheres, para se informar
                                               de como Ester passava, e do que lhe sucederia.
                Et 2:12 E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero,
                               depois que fora feito a ela segundo a lei das mulheres,
                                               por doze meses (porque assim se cumpriam os dias
                                               das suas purificações, seis meses com óleo de mirra,
                                               e seis meses com especiarias, e com as coisas para a
                                                               purificação das mulheres),
                Et 2:13 Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se lhe tudo
                               quanto ela desejava, para levar consigo da casa das mulheres
                                               à casa do rei;
                Et 2:14 A tarde entrava, e pela manhã tornava
                               à segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz,
                                               camareiro do rei, guarda das concubinas;
                                               não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse,
                                                               e fosse chamada pelo nome.
                Et 2:15 Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail,
                               tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei,
                                               coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai,
                                                               camareiro do rei, guarda das mulheres;
                               e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.
                Et 2:16 Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real,
                               no décimo mês, que é o mês de tebete,
                                               no sétimo ano do seu reinado.
                Et 2:17 E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres,
                               e alcançou perante ele graça e benevolência
                                               mais do que todas as virgens;
                                               e pôs a coroa real na sua cabeça,
                                                               e a fez rainha em lugar de Vasti.
                Et 2:18 Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes
                               e aos seus servos; era o banquete de Ester;
                                               e deu alívio às províncias, e fez presentes segundo a
                                                               generosidade do rei.
                Et 2:19 E reunindo-se segunda vez as virgens,
                               Mardoqueu estava assentado à porta do rei.
                Et 2:20 Ester, porém, não declarava a sua parentela e o seu povo,
                               como Mardoqueu lhe ordenara; porque Ester cumpria
                                               o mandado de Mardoqueu, como quando a criara.
                Et 2:21 Naqueles dias, assentando-se Mardoqueu à porta do rei,
                               dois camareiros do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres,
                                               grandemente se indignaram, e procuraram atentar
                                                               contra o rei Assuero.
                Et 2:22 E veio isto ao conhecimento de Mardoqueu,
                               e ele fez saber à rainha Ester; e Ester o disse ao rei,
                                               em nome de Mardoqueu.
                Et 2:23 E inquiriu-se o negócio, e se descobriu,
                               e ambos foram pendurados numa forca;
                                               e foi escrito nas crônicas perante o rei.
É preciso ter paciência! Quantas não são as vezes que ouvimos essas palavras sendo ditas para nós em momentos que não queremos de forma alguma ter paciência?
Mordecai fez um grande feito, mas e a sua recompensa? Quantos feitos temos realizado que parece que ficou esquecido no tempo e jamais receberemos se quer um obrigado?
Eu vou completar a frase e torná-la mais palatável: é preciso ter paciência, pois Deus está tudo vendo! Verdade, se o patrão, o amigo, o cônjuge, o pastor, a sociedade não viram ou esqueceram, Deus viu e não esquecerá jamais!
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Ester 1:1-22 - SOBRE O LIVRO DE ESTER (UMA HEBRAICA OBRA PRIMA LITERÁRIA)

Sobre o livro Ester
O livro de Ester foi escrito – desconhece-se o autor, embora a tradição judaica atribua ela a um judeu persa que morava em Susã – foi escrito muito provavelmente, conforme a BEG, em 331 a.C.
A Bíblia em Ordem Cronológica aponta que a história de Ester se deu em 483 a.C., na época em que houve o início do reinado de Assuero (Xerxes), mas não menciona quando, nem por quem ela tenha sido escrita.
Percebe-se no texto alguns interesses do autor como pela origem e pela observância da Festa do Purim, o seu profundo nacionalismo e o seu grande conhecimento dos costumes, da geografia e da corte persa.
O propósito que se vê em Ester é estabelecer a Festa de Purim como um memorial pelo livramento que Deus concedeu ao seu povo e como um lembrete para que permanecessem fiéis a ele mesmo quando estivessem vivendo sob opressão.
São verdades fundamentais compartilhadas pela BEG:
·   Por vezes, o povo de Deus sofrerá intensamente nas mãos dos inimigos de Deus, em especial, devido a perseguição de Satanás pela semente messiânica.
· Deus preservará o seu povo nos seus períodos de grande opressão.
· O Senhor derrotará aqueles que oprimem o seu povo, tirará o povo do seu estado de humilhação e o exaltará.
· O povo de Deus deve buscar a ajuda de Deus e permanecer fiel a ele apesar das provações nos sofrimentos.
· O povo de Deus deve celebrar com fidelidade as maravilhas dos livramentos que Deus operou no passado a fim de ter ânimo para enfrentar as provações do presente.
O livro de Ester, conforme a BEG, é reconhecido pela sua riqueza literária, que funciona como o principal veículo para o significado religioso do livro. É uma narrativa envolvente e detalhada que se concentra nas ações e nos papéis dos seus personagens.
Não posso deixar de expor aqui a grande contribuição da BEG sobre a análise literária deste livro, conforme segue abaixo estruturada de forma mais tópica e metódica que contribuirá muito para expormos nossas ideias e reflexões neste fantástico livro que é uma verdadeira obra hebraica de arte bíblica literária.
O autor escreveu uma história cheia de tensão ao registrar literariamente as reviravoltas, os grandes contrastes, as repetições/duplicações, a predição nos destinos de seus personagens, bem como nas suas expectativas e papéis frequentemente irônicos.
Os impressionantes contrastes:
· Entre as descrições dos banquetes  de Assuero e de Vasti, sendo o primeiro, descrito com muitos detalhes e o segundo, de modo tão sucinto (1:1-8; 1:9).
· Entre o retrato inicial do rei, como um potentado poderoso e magnífico e a subsequente revelação de sua incompetência e falta de poder (1:1-8; 1:13,14).
· Entre a reação do rei à recusa de Vasti em aparecer diante dele e ao espontâneo aparecimento de Ester à sua presença (1:11-21; 5:1-3).
· Entre o destino planejado por Hamã e o que de fato aconteceu (6:4-12).
As grandes reviravoltas (claramente podemos perceber a mão de Deus em sua providência – ver também a oração de Ana em I Sm 2:1-10):
· A cena patética na qual Hamã roga pela misericórdia de Ester, somente para ser acusado de tentativa de estupro (7:7-9).
· As reviravoltas peculiares que aconteceram entre os decretos de Hamã (3:12-4.3) e o de Mordecai (8:9-7).
· A justiça poética contida no enforcamento de Hamã na mesma forca que ele alegremente havia preparado para Mordecai (7:9-10; 8:1-2; 9:25).
As repetições ou duplicações (muito comum na literatura hebraica que serve para entrelaçar as várias partes da história):
· O posicionamento simétrico das três referências às crônicas no livro (2:23; 6:1; 10:2).
·  Os três pares de banquetes que marcam as duas celebrações de Purim do livro:
ü O início (de Assuero; 1 3-4; 5-8).
ü O meio (de Ester; 5.4-8; 7.1-10).
ü O final (9.18-32).
· Os motivos dos banquetes em 1:9; 2:18, 3:15; 8:17; 9:17.
· A menção tripla quanto ao tamanho do império de Assuero (1:1; 8:9; 9:30).
· A repetida promessa a Ester de "até metade do reino" (5:3,6; 7:2; 9:12).
· A insistente repetição de que os hebreus não tocavam nos despojos de seus inimigos (9:10,15,16).
· Os dois relatos sobre a identidade secreta de Ester (2:10,20).
· As duas vezes em que as virgens foram reunidas (2:8,19).
· As duas interações de Hamã com sua esposa e seus amigos (5:10-14; 6:13-14).
· As duas vezes em que a cabeça de Hamã foi coberta (6:12; 7:8).
· Os decretos conflitantes com relação ao destino dos judeus (3:12-14; 8:9-14; 1:22).
·  As duas referências à diminuição do furor de Assuero (2:1; 7:10).
·  A dupla lembrança da permanência das leis dos medos e dos persas (1:19; 8:8).
·  A recorrência do número sete (1:5,10,14; 2:9,16).
·  As repetidas vezes em que Ester obteve o favor das pessoas e teve seus desejos atendidos (2:9,15,17; 5:2,8; 7:3; 8:9).
·  O resumo de toda a história em 9.24-25.
A predição (técnica literária usada no livro de Ester):
·  A mais impressionante é a previsão da esposa de Hamã ao lhe dizer "certamente, cairás", pelo fato de Mordecai ser um judeu (6:13).
O autor foi realmente muito feliz ao escrever Ester demonstrando ser:
· Um mestre do suspense que soube conduzir muito bem a narrativa (p. ex., o adiamento do pedido de Ester que aumentou a tensão).
·  Um hábil condutor do tempo no que diz ao kronos – tempo e ao kairos – oportunidade – nas suas referências que descrevem os acontecimentos na História (1:1-2) e no realce do tema da providência de Deus agindo na História, de forma que consegue manter o ritmo e o movimento da narrativa. Exemplos:
ü "passadas estas coisas" [2:1];
ü "quando" [2:15];
ü "então" 12:18];
ü "quando" [2:19];
ü "naqueles dias" [2:21];
ü e "depois" [3:11]
O escritor de Ester associou criativamente os nomes de dois dos principais personagens, Hamã e Mordecai, a fim de enfatizar o conflito entre ambos e entre aqueles que representavam (2:5-6; 3:1), especificamente os amalequitas e os judeus, respectivamente.
As semelhanças quanto à fraseologia, ao cenário, à trama e à ênfase também sugerem que a história de José ofereceu um importante modelo para o autor estruturar esse relato (observe, p. ex., as semelhanças entre 2:2-4 e Gn 41:34-37; 3:10 e Gn 41:42; e 8:6 e Gn 44:34).
Por fim, em seus propósitos e características, a BEG contribui significativamente para a boa compreensão dessa importante leitura em apresentar vários temas importantes que estão entrelaçados ao longo de todo o livro:
· Festas ou banquetes estabelecem o cenário para cada ação principal na narrativa, conduzindo à celebração máxima de Purim e contrastando com o tema do jejum (4.3,16; 9.31).
· Lealdades conflitantes e obediência versus desobediência aparecem ao longo de todo o livro.
·  A desobediência inicial de Vasti, no cap. 1, estabelece o cenário para os desafios que se apresentam:
ü  A Ester quanto a obedecer a Mordecai (2.10,20; 4.8-16) e a se posicionar contra a lei (4.11,16, 5.1-2).
ü  Para a recusa de Mordecai de se submeter a Hamã, que foi interpretada como desobediência por parte de todos os judeus (3.2-8).
ü  Para a disposição de Mordecai para executar todas as instruções de Ester (4.17) de servir tanto ao rei persa quanto aos maiores interesses dos judeus.
· A inviolabilidade dos judeus, mais explicitamente declarada em 4.14, é tanto o fundamento para a narrativa como uma razão para o contínuo significado do livro entre a comunidade de fé.
· O descanso e o alívio da opressão dos inimigos que a Festa de Purim comemora (9.16,22; cf. Dt 25.19).
Iremos também seguir a divisão de capítulos proposta pela BEG para termos um referencial de qualidade em nossos estudos e reflexões.
Feito esse pano de fundo sobre a história de Ester que cronologicamente está inserida dentro de Esdras e Neemias Iremos, agora, refletir em cada um de seus capítulos. Como juntamos os três livros Esdras, Neemias e Ester, Esdras-Neemias, foram até a parte IV e agora iremos continuar com a Parte V – A HISTÓRIA DE ESTER – Et 1:1 a 10:3
Repare que:
ü  Em Esdras, Dario era o rei dos persas.
ü  Em Ester, Xerxes era Assuero, filho de Dario.
ü  Em Neemias, Artaxerxes, filho de Xerxes, era o rei.
Creio que todos eles – Dario, Ester, Xerxes (Assuero), Ciro, Neemias, Artaxerxes , ainda Daniel e seus amigos - eram contemporâneos, pelo menos foram em alguns momentos de suas vidas.
Parte V – A HISTÓRIA DE ESTER – Et 1:1 a 10:3.
Dividiremos essa última parte de nosso estudo em 6 partes.
(1) Introdução e contexto – 1:1-22.
(2) O primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para Israel – 2:1 – 3:15.
(3) O conflito entre Hamã e Mordecai – 4:1 – 5:14.
(4) O triunfo de Mordecai sobre Hamã – 6:1 – 7:10.
(5) O segundo decreto do rei resulta em salvação para Israel – 8:1 – 9:32.
(6) Epílogo – 10:1-3.
Ester 1:1-22 - O livro de Ester (uma hebraica obra prima literária)
Começaremos a bela história bíblica narrada no livro de Ester.
O livro começa com uma descrição do pano de fundo dos principais acontecimentos da narrativa e tudo começa aqui com a bela rainha Vasti sendo deposta, abrindo, assim, caminho para Ester tornar-se rainha.
Deus não é mencionado uma única vez neste livro, no entanto, esses incríveis acontecimentos devem ser entendidos como o resultado da providência divina, que, no final, contribuíram para livrar os judeus da aniquilação certa.
Podemos igualmente fazer um paralelo com os judeus de sua época e os fariseus que pensavam terem encurralado a Jesus Cristo em seus raciocínios e pegadas para fazê-lo cair, no entanto, a sabedoria de Deus é mais alta do que a astúcia de Satanás e dos homens, e o resultado era um grande livramento ou uma saída espetacular – alguns exemplos: a mulher pega em adultério – Jo 8:1-11; a questão do tributo – Mt 22:15-22; os saduceus e a ressurreição – Mt 22:23-32.
Também temos outros casos bíblicos como foi a tentativa de se matar Moisés, o grande libertador de Israel do Egito; a igual tentativa de se matar o Messias, por parte de Herodes que mandou matar todas as crianças até dois anos de idade; temos ainda Daniel na cova dos leões, etc.
Foram tantas as vezes que o povo de Deus se viu numa situação que não havia saída e Deus proveu o livramento espetacular.
O fato de Deus não ser mencionado não significa que Deus não foi honrado, pelo contrário. Quando exaltamos a verdade, a justiça, o juízo e o amor, do que estamos mesmo falando se não de Deus? Um político ou uma autoridade qualquer pode muito bem fazer um discurso espetacular que é uma verdadeira pregação evangélica exaltando essas coisas sem ao menos dizer uma única vez o nome de Deus.
Como também há verdadeiros déspotas que podem exaltar o nome de Deus em tudo e na verdade seu discurso ser originado do inferno e a ele destinado.
Assuero, como já falamos, é também conhecido como Xerxes (485/6-465 a.C.). Ele era o rei persa mencionado em Ed 4.6, reconhecido por consolidar o império de seu pai, Dario, por seus bem sucedidos planos de construção e por sua guerra contra os gregos no período de 480-470 a.C.
É ele, como também já dissemos, que enfrenta o  grande guerreiro destemido Leônidas, líder dos 300, no filme “300”, em 2007 (Sinopse: Em 480 antes de Cristo, durante a famosa batalha de Thermopylae, o rei de Esparta, Leônidas (Gerard Butler), lidera seu exército contra o avanço dos Persas, comandados por Xerxes (Rodrigo Santoro). Na História, a batalha ficou marcada por ter inspirado toda a Grécia a se unir, o que ajudou a solidificar o conceito de democracia que se conhece hoje. Adaptação dos quadrinhos criados por Frank Miller.).
Esse grande número de divisões - cento e vinte e sete províncias - dentro dos vinte maiores distritos administrativos, ou sátrapas no domínio persa, ilustra a grandeza daquele império.
É interessante lembrar que Daniel, com seus 85 anos, foi um líder que no governo do pai de Xerxes, Dario, teve de enfrentar a cova dos leões por inveja dos presidentes e dos sátrapas daquela ocasião uma vez que Dario pensava em estabelecê-lo sobre todos.
Na época, todo o reino era governado por 120 sátrapas e sobre estes haviam três presidentes e acima dos presidentes, somente havia o rei Dario. Daniel, por causa do espirito excelente que nele havia – Dn 6:3 – iria ser promovido para ser o maioral de todos, inclusive acima dos presidentes e dos sátrapas.
Eles fizeram uma armadilha para ele de tal forma que também parecia impossível de sair dela, mas Deus o livrou da cova dos leões e no seu lugar, foram colocados vivos os seus acusadores que enfrentaram a morte certa naquela terrível cova dos leões.
O império dos persas se estendia desde a Índia até a Etiópia - país ao sul do Egito, situado na parte norte da atual República do Sudão e a atual Etiópia e se estabelecia na cidadela de Susã – 1:2.
Essa acrópole (cidadela na parte mais elevada das cidades da Grécia), o palácio fortificado, se elevava a quase 40m acima da cidade adjacente de Susã, era uma das três capitais persas e residência real de inverno. É distinguida do restante de Susã em 3:12; 8:9; 9:3. Atualmente é uma cidadela de muito interesse arqueológico e, desde 1851, foi escavada diversas vezes.
A história tem uma origem no tempo e no espaço e aconteceu – vs. 3 - no terceiro ano do reinado de Xerxes, ou seja, de 483 a 482 aC, numa grande festa que tinha a finalidade, conforme alguns estudiosos, de planejar as campanhas da Pérsia contra os gregos (482-479 a.C.) que, no final das contas, falharam.
Eles (Xerxes, os presidentes e os sátrapas, príncipes) já estavam todos reunidos ali por mais de 180 dias – vs. 4 – comemorando e vendo as riquezas da glória do seu reino e o esplendor da sua excelente grandeza.
E aconteceu uma extravagante festa de sete dias no pátio do jardim do palácio real que foi o ápice das celebrações. Os ricos detalhes sobre os vasos para beber e a abundância do vinho destacam a profusa generosidade do rei.
Vasti – vs. 9 - nome, possivelmente relacionado à palavra persa que significa "a amada" ou "a melhor", não é encontrado em nenhum outro lugar, mulher bela e atraente, também tinha dado um banquete às mulheres na casa real do rei Assuero.
No sétimo dia da sua grande festa, estando já seu coração muito alegre, resolveu convidar a rainha Vasti para exibir sua beleza diante de todos e ela recusou a vir. Provavelmente porque o rei queria que ela se apresentasse nua diante de todos, usando apenas a sua coroa, no entanto isso não pode ser comprovado. O fato é que ela desobedeceu a ordem real e por isso foi deposta, por causa de sua insubordinação (por volta de 484-483 a.C.).
Assuero ficou muito irado e indignado com aquilo e procurou conselhos com seus conselheiros – vs. 13-14; astrólogos e os sete principais príncipes – para saber exatamente o que iriam fazer, ou seja "a direção correta a seguir" (I Cr 12:32) com Vasti.
Um grande e temível rei, poderoso, cheio de esplendor, de glórias e agora encurralado numa situação a qual não sabia resolver e que dizia respeito ao comportamento de sua esposa. Ironicamente, teve ele de se aconselhar sobre como lidar com isso.
Havia um temor presente que poderia se espalhar por todo o reino relativo ao comportamento de outras mulheres em quererem imitar Vasti e Memucã, um nobre próximo a Assuero (vs. 14), sugeriu que o rei promulgasse um edito real que não poderia ser revogado pelos persas e medos, proibindo para sempre que Vasti entrasse novamente à presença do rei.
A incontestável natureza da lei real é uma importante característica na trama da história (4:11; 8:8; Dn 6:8). O decreto para banir Vasti e transferir sua posição para alguém melhor (no sentido de ser mais bela ou mais obediente) era irrevogável.
Seu parecer agradou e foi acatado por todos e assim, conforme pensavam, caiu o temor das outras mulheres que não ousariam enfrentarem seus maridos, ou seja, doravante todas as mulheres dariam honra a seus maridos – vs. 20.

O rei fez segundo a palavra de Memucã – vs. 21. O sistema postal persa, conhecido por sua eficiência, foi usado para anunciar o inalterável decreto real por todo reino – 3:12-14; 8:9-10; 9:20,30. 
Et 1:1 E sucedeu nos dias de Assuero,
                o Assuero que reinou desde a Índia até Etiópia,
                               sobre cento e vinte e sete províncias,
                Et 1:2 Que, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino,
                               que estava na fortaleza de Susã,
                Et 1:3 No terceiro ano do seu reinado, fez um banquete a todos
                               os seus príncipes e seus servos, estando assim perante ele
                                               o poder da Pérsia e Média e os nobres
                                                               e príncipes das províncias,
                Et 1:4 Para mostrar as riquezas da glória do seu reino,
                               e o esplendor da sua excelente grandeza,
                                               por muitos dias, a saber:
                                                               cento e oitenta dias.
                Et 1:5 E, acabados aqueles dias, fez o rei um banquete a todo o povo
                               que se achava na fortaleza de Susã,
                                               desde o maior até ao menor, por sete dias,
                                                               no pátio do jardim do palácio real.
                Et 1:6 As tapeçarias eram de pano branco, verde, e azul celeste,
                               pendentes de cordões de linho fino e púrpura, e argolas
                               de prata, e colunas de mármore; os leitos de ouro e de prata,
                                               sobre um pavimento de mármore vermelho,
                                                               e azul, e branco e preto.
                Et 1:7 E dava-se de beber em copos de ouro,
                               e os copos eram diferentes uns dos outros;
                               e havia muito vinho real, segundo a generosidade do rei.
                Et 1:8 E o beber era por lei, sem constrangimento;
                               porque assim tinha ordenado o rei expressamente
                                               a todos os oficiais da sua casa, que fizessem
                                                               conforme a vontade de cada um.
                Et 1:9 Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres,
                               na casa real, do rei Assuero.
                Et 1:10 E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho,
                               mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta,
                                               Zetar e Carcas, os sete camareiros que serviam
                                                               na presença do rei Assuero,
                Et 1:11 Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti,
                               com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes
                                               a sua beleza, porque era formosa à vista.
                Et 1:12 Porém a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei,
                               por meio dos camareiros; assim o rei muito se enfureceu,
                                               e acendeu nele a sua ira.
                Et 1:13 Então perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos
                               (porque assim se tratavam os negócios do rei na presença de
                                               todos os que sabiam a lei e o direito;
                Et 1:14 E os mais chegados a ele eram:
                               Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, e Memucã,
                                               os sete príncipes dos persas e dos medos,
                                                               que viam a face do rei, e se assentavam
                                                                              como principais no reino),
                Et 1:15 O que, segundo a lei, se devia fazer à rainha Vasti, por não ter
                               obedecido ao mandado do rei Assuero,
                                               por meio dos camareiros.
                Et 1:16 Então disse Memucã na presença do rei e dos príncipes:
                               Não somente contra o rei pecou a rainha Vasti,
                                               porém também contra todos os príncipes, e contra
                                                               todos os povos que há em todas
                                                                              as províncias do rei Assuero.
                Et 1:17 Porque a notícia do que fez a rainha chegará
                               a todas as mulheres, de modo que aos seus olhos desprezarão
                                               a seus maridos quando ouvirem dizer:
                               Mandou o rei Assuero que introduzissem à sua presença
                                               a rainha Vasti, porém ela não veio.
                Et 1:18 E neste mesmo dia as senhoras da Pérsia e da Média
                               ouvindo o que fez a rainha, dirão o mesmo a todos os
                                               príncipes do rei; e assim haverá
                                                               muito desprezo e indignação.
                Et 1:19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real,
                               e escreva-se nas leis dos persas e dos medos,
                                               e não se revogue, a saber:
                                               que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero,
                                                               e o rei dê o reino dela a outra que seja
                                                                              melhor do que ela.
                Et 1:20 E, ouvindo-se o mandado, que o rei decretara
                               em todo o seu reino (porque é grande), todas as mulheres
                                               darão honra a seus maridos, desde a maior
                                                               até à menor.
                Et 1:21 E pareceram bem estas palavras aos olhos do rei
                               e dos príncipes; e fez o rei conforme a palavra de Memucã.
                Et 1:22 Então enviou cartas a todas as províncias do rei,
                               a cada província segundo a sua escrita,
                               e a cada povo segundo a sua língua;
                                               que cada homem fosse senhor em sua casa,
                                               e que se falasse conforme a língua do seu povo.
A história continua sendo narrada e agora estamos com Ester que teve a sua vida escrita na história de Israel como uma mulher que galgou a mais alta posição mundial pela grande e maravilhosa providência de Deus que para com ela tinha um grande propósito: livrar Israel da destruição certa.
Certamente ela e os personagens dessa história foram contemporâneos de Esdras e Neemias, pelo menos em alguns momentos dessa vida.
Também ali estavam aqueles que vimos perseguindo desde que começamos em Gênesis: a semente messiânica! Ela estava em Zorobabel que depois passou para Abiúde, Eliaquim, Azor – Mt 1:13.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
http://www.jamaisdesista.com.br
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