Aqui estamos nós na Parte V – A HISTÓRIA DE
ESTER – Et 1:1 a 10:3, em continuidade às nossas reflexões neste livro de Ester
cuja principal finalidade é o estabelecimento da Festa de Purim como um
memorial pelo livramento que Deus concedeu ao seu povo e como um lembrete para
que permanecessem fiéis a ele mesmo quando estivessem vivendo sob opressão.
Como já frisamos, a história de Ester está
cronologicamente inserida dentro de Esdras e Neemias (repare: em Esdras, Ciro e
Dario eram os reis dos persas; em Ester, Xerxes era Assuero, filho de Dario,
seu marido e em Neemias, Artaxerxes, filho de Xerxes, era o rei).
Dividiremos, como também já explicamos,
essa última parte de nosso estudo em 6 partes. (1) Introdução e contexto –
1:1-22 – já vista. (2) O primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para
Israel – 2:1 – 3:15 – veremos agora. (3) O conflito entre Hamã e Mordecai – 4:1
– 5:14. (4) O triunfo de Mordecai sobre Hamã – 6:1 – 7:10. (5) O segundo
decreto do rei resulta em salvação para Israel – 8:1 – 9:32. (6) Epílogo –
10:1-3.
(2) O primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para Israel –
2:1 – 3:15.
Deus havia elevado Mordecai e Ester à
proeminência na corte persa, mas eles foram ameaçados pelo decreto de Hamã, que
ordenava o genocídio dos judeus.
Não foi sem propósitos que eles foram
elevados a tão grande posto na corte persa. Se observarmos bem toda a história,
como Mordecai mesmo irá falar em algum momento mais adiante – vs 4:14 -, eles estavam sendo
elevados por causa do povo de Deus.
Repare que foi assim que aconteceu também com
José no Egito que Deus levantou por causa do povo de Deus. Igualmente com
Moisés que da morte certa passou a ser o filho de Faraó e pode depois ser o
grande libertador de todo o povo de Israel.
O primeiro decreto do rei resultaria em
perigo mortal para Israel. Esses capítulos relembram os acontecimentos que
levaram ao decreto de Assuero sobre o genocídio dos judeus.
Eles se dividem em três partes: A. A ascensão
da rainha Ester (2:1-18); B. A conspiração contra o rei revelada por Mordecai (2:19-23);
e, C. A promoção de Hamã e seu plano contra os judeus (3:1-15).
A. A ascensão da rainha Ester (2:1-18)
A ascensão da rainha Ester se deu por um
decreto do rei, em 479 a.C., após as guerras de Assuero contra os gregos.
No texto original, é usado o mesmo verbo
raro em 2:1 “apaziguado” e 7:10 “aplacou”, o que sugere um paralelo entre a
destituição de Vasti por desobediência ao rei e o enforcamento de Hamã, por
inveja de Mordecai.
A lembrança de Vasti no coração do rei fez
com que ele pusesse, por sugestão dos jovens do rei – vs 2 - comissários – vs 3
– encarregados de buscarem em seu reino uma mulher bonita, atraente e que
pudesse substituir Vasti.
Agora começa e entrar a história de um
judeu benjamita, Mordecai - nome derivado de Merodaque, o deus protetor da
Babilônia, ainda que, como Ester, também possa ele ter tido um nome judaico.
Instrui-nos a BEG que a descoberta do nome
babilónico Mardukaya em textos,
incluindo um com data aproximada de 485 a.C., e a descoberta de um arquivo de
textos em Nipur (cerca de 160 km ao sul da atual Bagdá) contendo os nomes dos
judeus da época de Artaxerxes 1 e Dario II, apontam para a autenticidade do
nome de Mordecai e, mais genericamente, para a historicidade dos acontecimentos
narrados.
Mordecai era um judeu que vivia na cidadela
de Susã, o que sugere que talvez fosse ele um oficial do governo persa. Os
nomes em sua genealogia provavelmente refiram-se aos seus antepassados remotos,
em vez de aos imediatos: Simei (II Sm 16:5-14) e Quis (I Sm 9:1-2; I Cr 8:313).
A referência de que "fora
transportado... com os exilados... com Jeconias... a quem
Nabucodonosor..." (vs. 6) em 597 a.C. (II Re 24:6-17; 25:27-30) não é a
Mordecai, mas a seus antepassados, e isso pode indicar que sua família
pertencia à nobreza judaica (2Rs 24:10-16).
A ligação de Mordecai com Saul, que também
era um benjamita, ganha importância quando tomamos conhecimento de que Hamã,
inimigo de Mordecai, pode ter sito um parente distante do amalequita Agague,
inimigo de Saul.
Foi Mordecai, o benjamita, quem criou Hadassa,
nome hebraico para Ester, que significa "murta". O nome Ester talvez seja
derivado da palavra persa "star", embora pudesse ser de Istar, urna
deusa babilônica. Era ela filha de Abiail, tio de Mordecai.
O concurso real estava proclamado e Ester
dele participou e logo chamou a atenção de Hegai – vs 9 – que logo fez com ela
os preparativos exigidos, inclusive 12 meses de tratamento para pele e
embelezamento, além de diversas outras instruções. Também Ester seguia as
instruções de seu pai Mordecai que lhe disse para não falar de sua origem étnica.
Quis a providência que Assuero se
apaixonasse por Ester e ao vê-la, a desejou com toda a sua alma. Estava ali
escolhida a nova rainha, pois ela agradou o seu coração e alcançou dele favor e
benevolência – vs 17.
A festa pela coroação de Ester contrasta
com o banquete de Vasti – vs 1:9. Vasti ofereceu o seu próprio banquete e somente
as mulheres compareceram, enquanto o rei ofereceu o banquete de Ester e
convidou todos os seus nobres e oficiais.
Tão feliz estava e de bom ânimo que
permitiu a todos “um descanso” – vs 18 -, provavelmente nos tributos, impostos,
taxas, libertação de escravos, cancelamento do serviço militar entre outras
coisas. Também essas celebrações prefiguravam o grande banquete e descanso dos
judeus em 9:16-18,22.
B. A conspiração contra o rei revelada por Mordecai (2:19-23)
O presente capítulo se encerra com a
descoberta de uma conspiração contra Xerxes. Mordecai, com a ajuda de Ester,
frustrou um plano para assassinar o rei.
Tudo indica que Mordecai era um oficial do
palácio, com uma posição que possibilitou que descobrisse a conspiração para
assassinar o rei (vs. 21). Ele, Mordecai, vivia “à porta do rei” (vs 19; expressão também usada nos vs. 21; 3:2; 5:9,13; 6:10,12) e a sua posição pode ter
incitado a inveja de Hamã (5:13), principalmente porque ele não lhe dava
confiança ou o tratava como uma pessoa normal, sem bajulações a que estava
muito acostumado.
O caso foi investigado e confirmado. Os
corpos de Bigtã e Teres foram pendurados – vs 23 – numa forca, literalmente
"num madeiro".
Pendurar o corpo era o método normalmente
usado para exibir um cadáver após a execução por empalamento (suplício antigo
que consistia em espetar um condenado, pelo períneo - região situada entre o
ânus e os órgãos sexuais -, numa estaca aguda que lhe atravessava as
entranhas) ou outro meio.
Para os judeus, isso significava que os
dois oficiais estavam sob a maldição de Deus (Dt 21.22-23), confirmando a conveniência
da lealdade de Mordecai ao rei pagão.
Tudo isso – providência divina – ficou registrado
no livro das crônicas do rei para sua memória. A menção das crônicas prenunciou
o importante papel que eles mais tarde desempenhariam na história.
Ainda que o feito de Mordecai tenha sido
registrado, ele não foi devidamente recompensado nesse momento. Em vez disso, a
narrativa se volta para a promoção de Hamã (3,1).
Et 2:1 Passadas estas coisas, e
apaziguado já o furor do rei Assuero,
lembrou-se
de Vasti, e do que fizera, e do que se tinha
decretado
a seu respeito.
Et
2:2 Então disseram os servos do rei, que lhe serviam:
Busquem-se
para o rei moças virgens e formosas.
Et
2:3 E ponha o rei oficiais em todas as províncias do seu reino,
que
ajuntem a todas as moças virgens e formosas,
na
fortaleza de Susã, na casa das mulheres,
aos
cuidados de Hegai, camareiro do rei,
guarda
das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.
Et
2:4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei,
reine
em lugar de Vasti.
E
isto pareceu bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
Et
2:5 Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã,
cujo
nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei,
filho
de Quis, homem benjamita,
Et
2:6 Que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram
levados
com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara
Nabucodonosor,
rei de Babilônia.
Et
2:7 Este criara a Hadassa (que é Et,
filha de seu tio),
porque
não tinha pai nem mãe;
e
era jovem bela de presença e formosa;
e,
morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu
a
tomara por sua filha.
Et
2:8 Sucedeu que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei,
e
ajuntando-se muitas moças na fortaleza de Susã,
aos
cuidados de Hegai, também levaram Ester
à
casa do rei, sob a custódia de Hegai,
guarda
das mulheres.
Et
2:9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos,
e
alcançou graça perante ele; por isso se apressou a dar-lhe
os
seus enfeites, e os seus quinhões, como também
em
lhe dar sete moças de respeito da casa do rei;
e
a fez passar com as suas moças ao melhor
lugar
da casa das mulheres.
Et
2:10 Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela,
porque
Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse.
Et
2:11 E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio
da
casa das mulheres, para se informar
de
como Ester passava, e do que lhe sucederia.
Et
2:12 E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero,
depois
que fora feito a ela segundo a lei das mulheres,
por
doze meses (porque assim se cumpriam os dias
das
suas purificações, seis meses com óleo de mirra,
e
seis meses com especiarias, e com as coisas para a
purificação
das mulheres),
Et
2:13 Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se lhe tudo
quanto
ela desejava, para levar consigo da casa das mulheres
à
casa do rei;
Et
2:14 A tarde entrava, e pela manhã tornava
à
segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz,
camareiro
do rei, guarda das concubinas;
não
tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse,
e
fosse chamada pelo nome.
Et
2:15 Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail,
tio
de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei,
coisa
nenhuma pediu, senão o que disse Hegai,
camareiro
do rei, guarda das mulheres;
e
alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.
Et
2:16 Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real,
no
décimo mês, que é o mês de tebete,
no
sétimo ano do seu reinado.
Et
2:17 E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres,
e
alcançou perante ele graça e benevolência
mais
do que todas as virgens;
e
pôs a coroa real na sua cabeça,
e
a fez rainha em lugar de Vasti.
Et
2:18 Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes
e
aos seus servos; era o banquete de Ester;
e
deu alívio às províncias, e fez presentes segundo a
generosidade
do rei.
Et
2:19 E reunindo-se segunda vez as virgens,
Mardoqueu
estava assentado à porta do rei.
Et
2:20 Ester, porém, não declarava a sua parentela e o seu povo,
como
Mardoqueu lhe ordenara; porque Ester cumpria
o
mandado de Mardoqueu, como quando a criara.
Et
2:21 Naqueles dias, assentando-se Mardoqueu à porta do rei,
dois
camareiros do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres,
grandemente
se indignaram, e procuraram atentar
contra
o rei Assuero.
Et
2:22 E veio isto ao conhecimento de Mardoqueu,
e
ele fez saber à rainha Ester; e Ester o disse ao rei,
em
nome de Mardoqueu.
Et
2:23 E inquiriu-se o negócio, e se descobriu,
e
ambos foram pendurados numa forca;
e
foi escrito nas crônicas perante o rei.
É preciso ter paciência! Quantas não são as
vezes que ouvimos essas palavras sendo ditas para nós em momentos que não
queremos de forma alguma ter paciência?
Mordecai fez um grande feito, mas e a sua
recompensa? Quantos feitos temos realizado que parece que ficou esquecido no
tempo e jamais receberemos se quer um obrigado?
Eu vou completar a frase e torná-la mais
palatável: é preciso ter paciência, pois Deus está tudo vendo! Verdade, se o
patrão, o amigo, o cônjuge, o pastor, a sociedade não viram ou esqueceram, Deus
viu e não esquecerá jamais!
O
livro de Ester foi escrito – desconhece-se o autor, embora a tradição judaica
atribua ela a um judeu persa que morava em Susã – foi escrito muito
provavelmente, conforme a BEG, em 331 a.C.
A
Bíblia em Ordem Cronológica aponta que a história de Ester se deu em 483 a.C.,
na época em que houve o início do reinado de Assuero (Xerxes), mas não menciona
quando, nem por quem ela tenha sido escrita.
Percebe-se
no texto alguns interesses do autor como pela origem e pela observância da
Festa do Purim, o seu profundo nacionalismo e o seu grande conhecimento dos
costumes, da geografia e da corte persa.
O
propósito que se vê em Ester é estabelecer a Festa de Purim como um memorial
pelo livramento que Deus concedeu ao seu povo e como um lembrete para que
permanecessem fiéis a ele mesmo quando estivessem vivendo sob opressão.
São
verdades fundamentais compartilhadas pela BEG:
·Por
vezes, o povo de Deus sofrerá intensamente nas mãos dos inimigos de Deus, em
especial, devido a perseguição de Satanás pela semente messiânica.
·Deus
preservará o seu povo nos seus períodos de grande opressão.
·O
Senhor derrotará aqueles que oprimem o seu povo, tirará o povo do seu estado de
humilhação e o exaltará.
·O
povo de Deus deve buscar a ajuda de Deus e permanecer fiel a ele apesar das
provações nos sofrimentos.
·O
povo de Deus deve celebrar com fidelidade as maravilhas dos livramentos que
Deus operou no passado a fim de ter ânimo para enfrentar as provações do
presente.
O
livro de Ester, conforme a BEG, é reconhecido pela sua riqueza literária, que
funciona como o principal veículo para o significado religioso do livro. É uma
narrativa envolvente e detalhada que se concentra nas ações e nos papéis dos
seus personagens.
Não
posso deixar de expor aqui a grande contribuição da BEG sobre a análise literária
deste livro, conforme segue abaixo estruturada de forma mais tópica e metódica
que contribuirá muito para expormos nossas ideias e reflexões neste fantástico
livro que é uma verdadeira obra hebraica de arte bíblica literária.
O
autor escreveu uma história cheia de tensão ao registrar literariamente as
reviravoltas, os grandes contrastes, as repetições/duplicações, a predição nos
destinos de seus personagens, bem como nas suas expectativas e papéis
frequentemente irônicos.
Os
impressionantes contrastes:
·Entre
as descrições dos banquetes de Assuero e
de Vasti, sendo o primeiro, descrito com muitos detalhes e o segundo, de modo
tão sucinto (1:1-8; 1:9).
·Entre
o retrato inicial do rei, como um potentado poderoso e magnífico e a
subsequente revelação de sua incompetência e falta de poder (1:1-8; 1:13,14).
·Entre
a reação do rei à recusa de Vasti em aparecer diante dele e ao espontâneo
aparecimento de Ester à sua presença (1:11-21; 5:1-3).
·Entre
o destino planejado por Hamã e o que de fato aconteceu (6:4-12).
As
grandes reviravoltas (claramente podemos perceber a mão de Deus em sua
providência – ver também a oração de Ana em I Sm 2:1-10):
·A
cena patética na qual Hamã roga pela misericórdia de Ester, somente para ser
acusado de tentativa de estupro (7:7-9).
·As
reviravoltas peculiares que aconteceram entre os decretos de Hamã (3:12-4.3) e
o de Mordecai (8:9-7).
·A
justiça poética contida no enforcamento de Hamã na mesma forca que ele
alegremente havia preparado para Mordecai (7:9-10; 8:1-2; 9:25).
As
repetições ou duplicações (muito comum na literatura hebraica que serve para
entrelaçar as várias partes da história):
·O
posicionamento simétrico das três referências às crônicas no livro (2:23; 6:1;
10:2).
·Os
três pares de banquetes que marcam as duas celebrações de Purim do livro:
üO
início (de Assuero; 1 3-4; 5-8).
üO
meio (de Ester; 5.4-8; 7.1-10).
üO
final (9.18-32).
·Os
motivos dos banquetes em 1:9; 2:18, 3:15; 8:17; 9:17.
·A
menção tripla quanto ao tamanho do império de Assuero (1:1; 8:9; 9:30).
·A
repetida promessa a Ester de "até metade do reino" (5:3,6; 7:2;
9:12).
·A
insistente repetição de que os hebreus não tocavam nos despojos de seus
inimigos (9:10,15,16).
·Os
dois relatos sobre a identidade secreta de Ester (2:10,20).
·As
duas vezes em que as virgens foram reunidas (2:8,19).
·As
duas interações de Hamã com sua esposa e seus amigos (5:10-14; 6:13-14).
·As
duas vezes em que a cabeça de Hamã foi coberta (6:12; 7:8).
·Os
decretos conflitantes com relação ao destino dos judeus (3:12-14; 8:9-14;
1:22).
·As
duas referências à diminuição do furor de Assuero (2:1; 7:10).
·A
dupla lembrança da permanência das leis dos medos e dos persas (1:19; 8:8).
·A
recorrência do número sete (1:5,10,14; 2:9,16).
·As
repetidas vezes em que Ester obteve o favor das pessoas e teve seus desejos
atendidos (2:9,15,17; 5:2,8; 7:3; 8:9).
·O
resumo de toda a história em 9.24-25.
A
predição (técnica literária usada no livro de Ester):
·A
mais impressionante é a previsão da esposa de Hamã ao lhe dizer
"certamente, cairás", pelo fato de Mordecai ser um judeu (6:13).
O
autor foi realmente muito feliz ao escrever Ester demonstrando ser:
·Um
mestre do suspense que soube conduzir muito bem a narrativa (p. ex., o
adiamento do pedido de Ester que aumentou a tensão).
·Um
hábil condutor do tempo no que diz ao kronos – tempo e ao kairos – oportunidade
– nas suas referências que descrevem os acontecimentos na História (1:1-2) e no
realce do tema da providência de Deus agindo na História, de forma que consegue
manter o ritmo e o movimento da narrativa. Exemplos:
ü"passadas
estas coisas" [2:1];
ü"quando"
[2:15];
ü"então"
12:18];
ü"quando"
[2:19];
ü"naqueles
dias" [2:21];
üe
"depois" [3:11]
O
escritor de Ester associou criativamente os nomes de dois dos principais
personagens, Hamã e Mordecai, a fim de enfatizar o conflito entre ambos e entre
aqueles que representavam (2:5-6; 3:1), especificamente os amalequitas e os
judeus, respectivamente.
As
semelhanças quanto à fraseologia, ao cenário, à trama e à ênfase também sugerem
que a história de José ofereceu um importante modelo para o autor estruturar
esse relato (observe, p. ex., as semelhanças entre 2:2-4 e Gn 41:34-37; 3:10 e
Gn 41:42; e 8:6 e Gn 44:34).
Por
fim, em seus propósitos e características, a BEG contribui significativamente
para a boa compreensão dessa importante leitura em apresentar vários temas
importantes que estão entrelaçados ao longo de todo o livro:
·Festas
ou banquetes estabelecem o cenário para cada ação principal na narrativa,
conduzindo à celebração máxima de Purim e contrastando com o tema do jejum
(4.3,16; 9.31).
·Lealdades
conflitantes e obediência versus desobediência aparecem ao longo de todo o
livro.
·A
desobediência inicial de Vasti, no cap. 1, estabelece o cenário para os
desafios que se apresentam:
üA
Ester quanto a obedecer a Mordecai (2.10,20; 4.8-16) e a se posicionar contra a
lei (4.11,16, 5.1-2).
üPara
a recusa de Mordecai de se submeter a Hamã, que foi interpretada como
desobediência por parte de todos os judeus (3.2-8).
üPara
a disposição de Mordecai para executar todas as instruções de Ester (4.17) de
servir tanto ao rei persa quanto aos maiores interesses dos judeus.
·A
inviolabilidade dos judeus, mais explicitamente declarada em 4.14, é tanto o
fundamento para a narrativa como uma razão para o contínuo significado do livro
entre a comunidade de fé.
·O
descanso e o alívio da opressão dos inimigos que a Festa de Purim comemora
(9.16,22; cf. Dt 25.19).
Iremos
também seguir a divisão de capítulos proposta pela BEG para termos um
referencial de qualidade em nossos estudos e reflexões.
Feito
esse pano de fundo sobre a história de Ester que cronologicamente está inserida
dentro de Esdras e Neemias Iremos, agora, refletir em cada um de seus
capítulos. Como juntamos os três livros Esdras, Neemias e Ester,
Esdras-Neemias, foram até a parte IV e agora iremos continuar com a Parte V – A
HISTÓRIA DE ESTER – Et 1:1 a 10:3
Repare
que:
üEm
Esdras, Dario era o rei dos persas.
üEm
Ester, Xerxes era Assuero, filho de Dario.
üEm
Neemias, Artaxerxes, filho de Xerxes, era o rei.
Creio que todos eles – Dario, Ester, Xerxes (Assuero),
Ciro, Neemias, Artaxerxes , ainda Daniel e seus amigos - eram contemporâneos,
pelo menos foram em alguns momentos de suas vidas.
Parte V – A HISTÓRIA DE ESTER – Et 1:1 a 10:3.
Dividiremos
essa última parte de nosso estudo em 6 partes.
(1)Introdução
e contexto – 1:1-22.
(2)O
primeiro decreto do rei resulta em perigo mortal para Israel – 2:1 – 3:15.
(3)O
conflito entre Hamã e Mordecai – 4:1 – 5:14.
(4)O
triunfo de Mordecai sobre Hamã – 6:1 – 7:10.
(5)O
segundo decreto do rei resulta em salvação para Israel – 8:1 – 9:32.
(6)Epílogo
– 10:1-3.
Ester 1:1-22 - O
livro de Ester (uma hebraica obra prima literária)
Começaremos
a bela história bíblica narrada no livro de Ester.
O
livro começa com uma descrição do pano de fundo dos principais acontecimentos
da narrativa e tudo começa aqui com a bela rainha Vasti sendo deposta, abrindo,
assim, caminho para Ester tornar-se rainha.
Deus
não é mencionado uma única vez neste livro, no entanto, esses incríveis
acontecimentos devem ser entendidos como o resultado da providência divina, que,
no final, contribuíram para livrar os judeus da aniquilação certa.
Podemos
igualmente fazer um paralelo com os judeus de sua época e os fariseus que
pensavam terem encurralado a Jesus Cristo em seus raciocínios e pegadas para
fazê-lo cair, no entanto, a sabedoria de Deus é mais alta do que a astúcia de
Satanás e dos homens, e o resultado era um grande livramento ou uma saída
espetacular – alguns exemplos: a mulher pega em adultério – Jo 8:1-11; a
questão do tributo – Mt 22:15-22; os saduceus e a ressurreição – Mt 22:23-32.
Também
temos outros casos bíblicos como foi a tentativa de se matar Moisés, o grande
libertador de Israel do Egito; a igual tentativa de se matar o Messias, por
parte de Herodes que mandou matar todas as crianças até dois anos de idade;
temos ainda Daniel na cova dos leões, etc.
Foram
tantas as vezes que o povo de Deus se viu numa situação que não havia saída e
Deus proveu o livramento espetacular.
O
fato de Deus não ser mencionado não significa que Deus não foi honrado, pelo
contrário. Quando exaltamos a verdade, a justiça, o juízo e o amor, do que
estamos mesmo falando se não de Deus? Um político ou uma autoridade qualquer
pode muito bem fazer um discurso espetacular que é uma verdadeira pregação
evangélica exaltando essas coisas sem ao menos dizer uma única vez o nome de
Deus.
Como
também há verdadeiros déspotas que podem exaltar o nome de Deus em tudo e na
verdade seu discurso ser originado do inferno e a ele destinado.
Assuero,
como já falamos, é também conhecido como Xerxes (485/6-465 a.C.). Ele era o rei
persa mencionado em Ed 4.6, reconhecido por consolidar o império de seu pai,
Dario, por seus bem sucedidos planos de construção e por sua guerra contra os
gregos no período de 480-470 a.C.
É
ele, como também já dissemos, que enfrenta o
grande guerreiro destemido Leônidas, líder dos 300, no filme “300”, em
2007 (Sinopse: Em 480 antes de Cristo,
durante a famosa batalha de Thermopylae, o rei de Esparta, Leônidas (Gerard
Butler), lidera seu exército contra o avanço dos Persas, comandados por Xerxes
(Rodrigo Santoro). Na História, a batalha ficou marcada por ter inspirado toda
a Grécia a se unir, o que ajudou a solidificar o conceito de democracia que se
conhece hoje. Adaptação dos quadrinhos criados por Frank Miller.).
Esse
grande número de divisões - cento e vinte e sete províncias - dentro dos vinte
maiores distritos administrativos, ou sátrapas no domínio persa, ilustra a
grandeza daquele império.
É
interessante lembrar que Daniel, com seus 85 anos, foi um líder que no governo
do pai de Xerxes, Dario, teve de enfrentar a cova dos leões por inveja dos
presidentes e dos sátrapas daquela ocasião uma vez que Dario pensava em
estabelecê-lo sobre todos.
Na época, todo o reino era
governado por 120 sátrapas e sobre estes haviam três presidentes e acima dos presidentes,
somente havia o rei Dario. Daniel, por causa do espirito excelente que nele
havia – Dn 6:3 – iria ser promovido para ser o maioral de todos, inclusive
acima dos presidentes e dos sátrapas.
Eles fizeram uma armadilha para ele
de tal forma que também parecia impossível de sair dela, mas Deus o livrou da
cova dos leões e no seu lugar, foram colocados vivos os seus acusadores que
enfrentaram a morte certa naquela terrível cova dos leões.
O
império dos persas se estendia desde a Índia até a Etiópia - país ao sul do
Egito, situado na parte norte da atual República do Sudão e a atual Etiópia e
se estabelecia na cidadela de Susã – 1:2.
Essa
acrópole (cidadela na parte mais elevada das cidades da Grécia), o palácio
fortificado, se elevava a quase 40m acima da cidade adjacente de Susã, era uma
das três capitais persas e residência real de inverno. É distinguida do
restante de Susã em 3:12; 8:9; 9:3. Atualmente é uma cidadela de muito
interesse arqueológico e, desde 1851, foi escavada diversas vezes.
A
história tem uma origem no tempo e no espaço e aconteceu – vs. 3 - no terceiro
ano do reinado de Xerxes, ou seja, de 483 a 482 aC, numa grande festa que tinha
a finalidade, conforme alguns estudiosos, de planejar as campanhas da Pérsia
contra os gregos (482-479 a.C.) que, no final das contas, falharam.
Eles
(Xerxes, os presidentes e os sátrapas, príncipes) já estavam todos reunidos ali
por mais de 180 dias – vs. 4 – comemorando e vendo as riquezas da glória do seu
reino e o esplendor da sua excelente grandeza.
E
aconteceu uma extravagante festa de sete dias no pátio do jardim do palácio
real que foi o ápice das celebrações. Os ricos detalhes sobre os vasos para
beber e a abundância do vinho destacam a profusa generosidade do rei.
Vasti
– vs. 9 - nome, possivelmente relacionado à palavra persa que significa "a
amada" ou "a melhor", não é encontrado em nenhum outro lugar,
mulher bela e atraente, também tinha dado um banquete às mulheres na casa real
do rei Assuero.
No
sétimo dia da sua grande festa, estando já seu coração muito alegre, resolveu
convidar a rainha Vasti para exibir sua beleza diante de todos e ela recusou a
vir. Provavelmente porque o rei queria que ela se apresentasse nua diante de
todos, usando apenas a sua coroa, no entanto isso não pode ser comprovado. O
fato é que ela desobedeceu a ordem real e por isso foi deposta, por causa de
sua insubordinação (por volta de 484-483 a.C.).
Assuero
ficou muito irado e indignado com aquilo e procurou conselhos com seus
conselheiros – vs. 13-14; astrólogos e os sete principais príncipes – para
saber exatamente o que iriam fazer, ou seja "a direção correta a
seguir" (I Cr 12:32) com Vasti.
Um
grande e temível rei, poderoso, cheio de esplendor, de glórias e agora
encurralado numa situação a qual não sabia resolver e que dizia respeito ao
comportamento de sua esposa. Ironicamente, teve ele de se aconselhar sobre como
lidar com isso.
Havia
um temor presente que poderia se espalhar por todo o reino relativo ao
comportamento de outras mulheres em quererem imitar Vasti e Memucã, um nobre
próximo a Assuero (vs. 14), sugeriu que o rei promulgasse um edito real que não
poderia ser revogado pelos persas e medos, proibindo para sempre que Vasti
entrasse novamente à presença do rei.
A
incontestável natureza da lei real é uma importante característica na trama da
história (4:11; 8:8; Dn 6:8). O decreto para banir Vasti e transferir sua
posição para alguém melhor (no sentido de ser mais bela ou mais obediente) era
irrevogável.
Seu
parecer agradou e foi acatado por todos e assim, conforme pensavam, caiu o
temor das outras mulheres que não ousariam enfrentarem seus maridos, ou seja,
doravante todas as mulheres dariam honra a seus maridos – vs. 20.
O
rei fez segundo a palavra de Memucã – vs. 21. O sistema postal persa, conhecido
por sua eficiência, foi usado para anunciar o inalterável decreto real por todo
reino – 3:12-14; 8:9-10; 9:20,30.
Et 1:1 E sucedeu nos dias de Assuero,
o
Assuero que reinou desde a Índia até Etiópia,
sobre
cento e vinte e sete províncias,
Et
1:2 Que, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino,
que
estava na fortaleza de Susã,
Et
1:3 No terceiro ano do seu reinado, fez um banquete a todos
os
seus príncipes e seus servos, estando assim perante ele
o
poder da Pérsia e Média e os nobres
e
príncipes das províncias,
Et
1:4 Para mostrar as riquezas da glória do seu reino,
e
o esplendor da sua excelente grandeza,
por
muitos dias, a saber:
cento
e oitenta dias.
Et
1:5 E, acabados aqueles dias, fez o rei um banquete a todo o povo
que
se achava na fortaleza de Susã,
desde
o maior até ao menor, por sete dias,
no
pátio do jardim do palácio real.
Et
1:6 As tapeçarias eram de pano branco, verde, e azul celeste,
pendentes
de cordões de linho fino e púrpura, e argolas
de
prata, e colunas de mármore; os leitos de ouro e de prata,
sobre
um pavimento de mármore vermelho,
e
azul, e branco e preto.
Et
1:7 E dava-se de beber em copos de ouro,
e
os copos eram diferentes uns dos outros;
e
havia muito vinho real, segundo a generosidade do rei.
Et
1:8 E o beber era por lei, sem constrangimento;
porque
assim tinha ordenado o rei expressamente
a
todos os oficiais da sua casa, que fizessem
conforme
a vontade de cada um.
Et
1:9 Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres,
na
casa real, do rei Assuero.
Et
1:10 E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho,
mandou
a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta,
Zetar
e Carcas, os sete camareiros que serviam
na
presença do rei Assuero,
Et
1:11 Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti,
com
a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes
a
sua beleza, porque era formosa à vista.
Et
1:12 Porém a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei,
por
meio dos camareiros; assim o rei muito se enfureceu,
e
acendeu nele a sua ira.
Et
1:13 Então perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos
(porque
assim se tratavam os negócios do rei na presença de
todos
os que sabiam a lei e o direito;
Et
1:14 E os mais chegados a ele eram:
Carsena,
Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, e Memucã,
os
sete príncipes dos persas e dos medos,
que
viam a face do rei, e se assentavam
como
principais no reino),
Et
1:15 O que, segundo a lei, se devia fazer à rainha Vasti, por não ter
obedecido
ao mandado do rei Assuero,
por
meio dos camareiros.
Et
1:16 Então disse Memucã na presença do rei e dos príncipes:
Não
somente contra o rei pecou a rainha Vasti,
porém
também contra todos os príncipes, e contra
todos
os povos que há em todas
as
províncias do rei Assuero.
Et
1:17 Porque a notícia do que fez a rainha chegará
a
todas as mulheres, de modo que aos seus olhos desprezarão
a
seus maridos quando ouvirem dizer:
Mandou
o rei Assuero que introduzissem à sua presença
a
rainha Vasti, porém ela não veio.
Et
1:18 E neste mesmo dia as senhoras da Pérsia e da Média
ouvindo
o que fez a rainha, dirão o mesmo a todos os
príncipes
do rei; e assim haverá
muito
desprezo e indignação.
Et
1:19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real,
e
escreva-se nas leis dos persas e dos medos,
e
não se revogue, a saber:
que
Vasti não entre mais na presença do rei Assuero,
e
o rei dê o reino dela a outra que seja
melhor
do que ela.
Et
1:20 E, ouvindo-se o mandado, que o rei decretara
em
todo o seu reino (porque é grande), todas as mulheres
darão
honra a seus maridos, desde a maior
até
à menor.
Et
1:21 E pareceram bem estas palavras aos olhos do rei
e
dos príncipes; e fez o rei conforme a palavra de Memucã.
Et
1:22 Então enviou cartas a todas as províncias do rei,
a
cada província segundo a sua escrita,
e
a cada povo segundo a sua língua;
que
cada homem fosse senhor em sua casa,
e
que se falasse conforme a língua do seu povo.
A história continua sendo narrada e agora
estamos com Ester que teve a sua vida escrita na história de Israel como uma
mulher que galgou a mais alta posição mundial pela grande e maravilhosa
providência de Deus que para com ela tinha um grande propósito: livrar Israel
da destruição certa.
Certamente ela e os personagens dessa
história foram contemporâneos de Esdras e Neemias, pelo menos em alguns
momentos dessa vida.
Também ali estavam aqueles que vimos
perseguindo desde que começamos em Gênesis: a semente messiânica! Ela estava em
Zorobabel que depois passou para Abiúde, Eliaquim, Azor – Mt 1:13.
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