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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Esdras 9:1-15 - ESDRAS E OS PROBLEMAS COM OS CASAMENTOS MISTOS

Estamos no penúltimo capítulo de Esdras, na segunda parte onde Esdras deu continuidade aos trabalhos dos primeiros exilados que regressaram.
Parte II – O REGRESSO DE ESDRAS E A RECONSTRUÇÃO DO POVO DE DEUS COMO NAÇÃO – 7:1 – 10:44.
B. A reconstrução do Povo de Deus como nação – 9:1 a 10:44.
A reconstrução do Povo de Deus como nação, ou seja, dos remanescentes do pós-exílio ou da nova nação unificada de Israel. Primeiro Esdras se preocupou com a questão física do templo e agora era a hora de tratar da purificação dos judeus que haviam regressado.
Também dividimos essa parte “B”, para melhor compreensão assunto em duas outras partes. 1. A reação de Esdras aos casamentos mistos – 9:1-15. 2 A reação do povo a Esdras – 10:1-44.
1. A reação de Esdras aos casamentos mistos – 9:1-15.
Esdras ficou sabendo que a maioria dos judeus que regressaram havia se casado com mulheres de fora do povo de Israel e havia adotado suas práticas religiosas. A reação de Esdras a essa corrupção da comunidade é enérgica.
Poderemos perceber na narrativa uma sequência lógica do texto. Primeiro ele recebe a notícia trágica – vs 1 e 2. Segundo, ele reage a isso e se entristece muito – vs 3 e 4. Terceiro, ele toma a atitude de buscar ao Senhor e confessar a ele os pecados de toda a nação – vs 5 ao 15.
No vs 1, ele diz que acabadas, pois, estas coisas, quatro meses e meio depois da sua chegada - cf. 8.31; 10.9 - os seus príncipes vieram a ele com uma grave notícia relacionada aos seus relacionamentos amorosos.
Esdras havia voltado a Jerusalém como governador e também para ensinar a lei, e, talvez em resposta ao seu ensino, os líderes o colocaram a par de um pecado que vinha sendo tolerado há algum tempo a qual era a mistura das raças, mas não se tratava de algum problema étnico, mas sim religioso, como os versículos subsequentes indicam (vs. 10-12, confirmados pelo Novo Testamento - I Co 7:39).
Dos povos relacionados no vs 1, na época de Esdras, somente haviam os amonitas, os moabitas e os egípcios. Os outros povos citados, cananeus, heteus, ferezeus e jebuzeus habitavam a Terra Prometida no tempo da conquista.  As proibições aos casamentos mistos são encontrados nos textos bíblicos de Ex 34:10-16; Dt 7:1-4).
Como já deve ter ficado claro, o problema não era étnico, mas religioso. Podemos nos misturar a outras raças e culturas, mas o fator das outras religiões pode se constituir em grande laço tanto ao homem quanto às mulheres, tanto aos mais simples, quanto aos príncipes e magistrados – vs 2.
A primeira reação de Esdras aos pecados do povo foi se entristecer e lamentar pelos judeus.  Ele rasga as suas vestes e o seu manto o qual era uma maneira típica de expressar tristeza profunda – II Sm 13:19 – também foi ao extremo de sua indignação ao arrancar os cabelos da sua cabeça e também de sua barba – essa expressão de tristeza somente aparece aqui nessa passagem, em toda a Bíblia. Mais para frente, é curiosos observar que Neemias enfrentará o mesmo problema, mas em vez de arrancar seus próprios cabelos, arrancará os cabelos dos seus transgressores - Ne 13:.25.
Em todo lugar há os remanescentes... aqui há um grupo que não havia se casado com gente de outras nações se juntou a Esdras em sua dor. Esses judeus haviam temido ao Senhor e guardado sua lei - Is 66:2. Com ele ficaram – vs 4 – até o sacrifício da tarde, o qual era realizado por volta das três horas da tarde. Este era um período não apenas de sacrifício, mas também de oração - Sl 141:2 “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde.”.
De uma tristeza profunda e reflexiva, vem um pedido intercessório de perdão – vs 5 ao 15 - para ele e toda a nação que estava apenas recomeçando e não poderia ser assim.
Ajoelhado (humildade) e de mãos estendidas (petição) – vs 5 -, Esdras se derrama como a cera diante do sol da presença do Senhor.
Aquele valente e ousado Esdras que teve vergonha de pedir a Artaxerxes proteção para a viagens de volta – 8:22 - agora, experimenta um outro tipo de vergonha associada à culpa resultante do pecado. As iniquidades se multiplicaram acima da nossa cabeça e a nossa culpa cresceu até aos céus, dizia ele em confissão.
Há uma progressão em sua fala quando primeiro fala de "iniquidade" (a transgressão da lei) e depois da "culpa" (a condição e os sentimentos resultantes) que também pode ser comparada, primeiro com o fato de ser "sobre a nossa cabeça" e depois de ir "até aos céus".
Percebe-se no texto que Esdras estava profundamente consciente da culpa do povo diante de Deus. Observe também a mudança repentina de "eu" para "nós" – “Meu Deus”, “Estou...”, “... porque as nossas”, “...e a nossa culpa...”, dentro do mesmo parágrafo.
Apesar de Esdras não ser pessoalmente culpado do pecado específico em questão, ele se identificou com o povo em seu pecado, como o fez Neemias com referência à usura – Ne 5:1-13 -, como fez Daniel 9:4-19, e, como faria o servo sofredor – o Messias - que estava por vir - Is 53:12;  II Co 5:21.
A condição dos judeus que haviam regressado como beneficiários do favor de Deus estava em risco. A justiça exigia o extermínio total do povo de Deus, - mas a graça preservou um remanescente. Por meio desse remanescente, o Messias viria e a redenção seria realizada (Is 1.9;10.20-22).
Assim como havia sido destruído no passado devido à infidelidade do povo à aliança, o templo podia ser destruído novamente em decorrência de uma infidelidade pactual semelhante. No entanto, ali estava o templo que iria receber o Messias e depois, sim, seria destruído, como profetizado e anunciado pelo próprio Senhor em sua primeira vinda.
Nunca foram fieis à aliança ao Senhor, apesar da possibilidade da obediência, por isso até ao dia de hoje permanecem sem nada do que os levou a ser a nação que trouxe o Messias ao mundo.
Lamentavelmente, serão enganados por um falso messias aos quais lhe darão crédito para sua própria ruina e destruição final. Talvez o próprio templo seja reerguido, mas somente para as profecias se cumprirem e trazerem pela segunda vez o Messias que veio e que disse que voltaria.
A graça de Deus – vs 8 – se manifestou a eles, aos remanescentes e Esdras alude a isso reivindicando estabilidade (como se fosse mesmo uma estaca, daquelas que se usavam para fixar as tendas – Is 54:2 – ou para pendurar objetos – Is 22:23) para assim alumiar os seus olhos – a esperança.
Apesar de ter sido restaurado à sua terra, o povo de Deus não era politicamente independente – eles eram servos, vs 9 -, como havia sido durante a monarquia. Mesmo sendo servos, não desamparou Deus a eles, antes foi misericordioso e favorável a eles perante os reis da Pérsia. A palavra traduzida como "desamparou" é o mesmo termo traduzido como "deixamos" no v. 10 e em outros versículos (p. ex., 2Cr 29.6).
A promessa de Deus de não desamparar a nação era, como todas as bênçãos tipológicas da aliança mosaica, de ordem condicional – vs 10.5. Se Israel abandonasse a Deus e a aliança, mostrando-se negligente à lei, perderia o direito às bênçãos e experimentaria as maldições (Dt 28:20; 29:24-25; 31:16-17).
Por fim, Deus desertou a nação para executar a sua justiça sobre Israel e para prefigurar o que acontecerá no dia do julgamento com todos os que se encontrarem diante de Deus com base em sua própria observância da lei.
Esdras estava apavorado – vs 10 – pois a nação havia se afastado de modo tão evidente dos mandamentos de Deus que as maldições da aliança poderiam sobrevir ao povo a qualquer momento.
Os versos 11 e 12 são um resumo da teologia da separação encontrada em vários outros textos – Lv 18:25; Dt 4:5; 7:3; 18:9; 27:23; II Re 21:16 – que enfatiza, como já dissemos não aspectos étnicos, mas religiosos. Casamentos mistos poderiam resultar no abandono da adoração ao Deus vivo. Quem primeiro falou do assunto foi Moisés – Dt 7:1-3 -, mas outros profetas também reiteraram essa ideia em suas pregações – Mt 2:11,12; 9:13,14.
Ed 9:1 Acabadas, pois, estas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo:
                O povo de Israel, os sacerdotes e os levitas,
                               não se têm separado dos povos destas terras,
                                               seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus,
                                               dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos
                                                               moabitas, dos egípcios, e dos amorreus.
                Ed 9:2 Porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos,
                               e assim se misturou a linhagem santa com os povos dessas
                                               terras; e até os príncipes e magistrados foram os
                                                               primeiros nesta transgressão.
                Ed 9:3 E, ouvindo eu tal coisa, rasguei as minhas vestes
                               e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça
                                               e da minha barba, e sentei-me atônito.
                Ed 9:4 Então se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras
                               do Deus de Israel por causa da transgressão
                                               dos do cativeiro; porém eu permaneci sentado
                                                               atônito até ao sacrifício da tarde.
                Ed 9:5 E perto do sacrifício da tarde me levantei da minha aflição,
                               havendo já rasgado as minhas vestes e o meu manto, e me pus
                                               de joelhos, e estendi as minhas mãos
                                                               para o SENHOR meu Deus;
                Ed 9:6 E disse:
                               Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti
                               a minha face, meu Deus; porque as nossas iniquidades
                               se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem
                                               crescido até aos céus.
                Ed 9:7 Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje
                               estamos em grande culpa, e por causa das nossas iniquidades
                               somos entregues, nós e nossos reis e os nossos sacerdotes,
                                               na mão dos reis das terras, à espada, ao cativeiro,
                                               e ao roubo, e à confusão do rosto, como hoje se vê.
                Ed 9:8 E agora, por um pequeno momento, se manifestou a graça da
                               parte do SENHOR, nosso Deus, para nos deixar alguns que
                               escapem, e para dar-nos uma estaca no seu santo lugar;
                                               para nos iluminar os olhos, ó Deus nosso,
                               e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão.
                Ed 9:9 Porque somos servos; porém na nossa servidão não nos
                               desamparou o nosso Deus; antes estendeu sobre nós a sua
                                               benignidade perante os reis da Pérsia,
                                                               para que nos desse vida,
                               para levantarmos a casa do nosso Deus, e para restaurarmos
                                               as suas assolações; e para que nos desse uma parede
                                                               de proteção em Judá e em Jerusalém.
                Ed 9:10 Agora, pois, ó nosso Deus, que diremos depois disto?
                               Pois deixamos os teus mandamentos,
                Ed 9:11 Os quais mandaste pelo ministério de teus servos, os profetas,
                               dizendo: A terra em que entrais para a possuir, terra imunda
                                               é pelas imundícias dos povos das terras, pelas suas                                                 
                                                          abominações com que, na sua corrupção
                                                               a encheram, de uma extremidade à outra.
                Ed 9:12 Agora, pois, vossas filhas não dareis a seus filhos,
                               e suas filhas não tomareis para vossos filhos,
                                               e nunca procurareis a sua paz e o seu bem;
                                               para que sejais fortes, e comais o bem da terra,
                                               e a deixeis por herança a vossos filhos para sempre.
                Ed 9:13 E depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas
                               más obras, e da nossa grande culpa, porquanto tu,
                                               ó nosso Deus, impediste que fôssemos destruídos,
                                                               por causa da nossa iniquidade,
                                               e ainda nos deste um remanescente como este.
                Ed 9:14 Tornaremos, pois, agora a violar os teus mandamentos
                               e a aparentar-nos com os povos destas abominações?
                               Não te indignarias tu assim contra nós até de todo nos
                                               consumir, até que não ficasse remanescente
                                                               nem quem escapasse?
                Ed 9:15 Ah! SENHOR Deus de Israel, justo és, pois ficamos
                               qual um remanescente que escapou, como hoje se vê;
                                               eis que estamos diante de ti, na nossa culpa,
                                                               porque ninguém há que possa estar
                                                                              na tua presença, por causa disto.
O exílio, como já falamos, foi uma execução da justiça divina e a restauração do povo de Deus, com os remanescentes, se deu com base na sua graça e na promessa da aliança abraâmica – Dt 4:25 a 31.
O temor de Esdras, e estava ele certo em seu modo de pensar, era que a transgressão presente da aliança pudesse resultar em um julgamento definitivo do povo de Deus. De fato, o julgamento novamente aconteceu destruindo toda a nação – Lc 20:9-19; Hb 8:13 -, mesmo assim, ainda houve um outro remanescente escolhido pela graça soberana de Deus – Rm 11:1-5.
Esdras, no verso 15, parece cansado e desanimado, sabendo que a justiça viria sobre eles apesar de tudo, por isso que não se nota nele nenhuma esperança. Ele não pede perdão nem restauração, pois já crê piamente que a justiça prevalecerá e o juízo de Deus será inevitável. No entanto, como bem salienta a BEG, “onde abundou o pecado, superabundou a graça” – Rm 5:20.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
http://www.jamaisdesista.com.br
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.