quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
quinta-feira, fevereiro 25, 2016
Jamais Desista
Hebreus 1 1-14 - HEBREUS EXALTA CRISTO - A REVELAÇÃO FINAL DE DEUS.
A epístola de Hebreus foi escrita,
provavelmente, antes de 70 d.C., com a finalidade de incentivar a fidelidade a
Cristo e à sua nova aliança mostrando que ele é o novo, último e superior sumo
sacerdote. Estamos vendo o capítulo 1/13.
Breve
síntese do capítulo 1.
Não sabemos amados quem é o autor de Hebreus, mas que deve ter andado com
Paulo parece, se não for o próprio Paulo. Seu raciocínio e forma de falar e
argumentar lembra muito o amado apóstolo dos gentios. Uma coisa é certa: o
Espírito Santo está nesse negócio e é Palavra de Deus.
Hebreus foi escrita com o propósito de incentivar a fidelidade a Cristo
e à sua nova aliança mostrando que:
Ele é o novo, último e superior sacerdote e assim,
em Hebreus, Cristo é superior aos anjos, Moisés, Arão e ministério sacerdotal
do AT.
O AT admitiu o caráter temporário onde a nova
aliança de modo algum lhe é contrária.
Cristo não pode ser deixado para trás pela troca
por tipos obsoletos de fé sem que isso leve ao julgamento divino.
As pessoas da igreja devam perseverar até o fim em
fidelidade a Cristo ou irão sofrer o castigo divino.[1]
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
I. CRISTO É SUPERIOR AOS ANJOS (1.1-2.18).
A revelação feita por Cristo, o filho de
Deus, é superior à revelação dada a Moisés pelos anjos. A epístola começa com
um enfoque sobre as maneiras em que Cristo é maior que os anjos.
Esse material está dividido em quatro
partes principais: a revelação maior no filho de Deus (1.1-4), o Antigo
Testamento testifica da superioridade de Cristo (1.5-14), uma exortação a ser
fiel ao Filho de Deus (2.1-4) e o Filho de Deus e seus irmãos (2.5-18). Elas
gerarão a seguinte divisão proposta, conforme a BEG: A. A última e melhor
Palavra de Deus em seu Filho (1.1-4) –
veremos agora; B. Testemunho bíblico da grande honra do Filho (1.5-14) – veremos agora; C. Exortação para
apegar-se ao Filho (2.1-4); D. O Filho e seus irmãos (2.5-18).
A. A última e melhor Palavra de Deus em seu Filho (1.1-4).
A última e melhor Palavra de Deus em seu
Filho é o que vemos no prólogo que declara que Cristo é superior aos anjos
porque ele é a revelação final de Deus.
Deus sempre falou, fala e sempre falará,
mas, conforme o vs. 1, havendo Deus, outrora, falado - um importante tema em
Hebreus (2.2-3; 4.12; 6.5; 11.3; 12.25) - muitas vezes, ou seja, o autor
referiu-se a dois períodos de tempo: "outrora" (vs. 1) e "nestes
últimos dias" (vs. 2).
O primeiro refere-se aos tempos do Antigo
Testamento; o último, ao período do Novo Testamento.
Assim como no restante do Novo Testamento,
a vinda de Cristo marca o nosso atual período de tempo como os "últimos
dias" de salvação que os profetas predisseram que se seguiriam ao exílio
(9.26; veja também Dt 4.30; Is 2.2; Jr 23.20; 1Co 10.11). Sugerimos a leitura e
a reflexão no excelente artigo teológico "O plano das eras", em Hb 7.
Essas muitas maneiras que Hebreus fala que
Deus falou outrora incluem sua fala aos homens e aos profetas, por meio de sua
própria voz em teofanias, visões, sonhos, enigmas (Nm 12.6-8; aludido em 3.5).
O caráter gradativo da revelação profética
mostrava a sua imperfeição, assim como a repetição dos sacrifícios de animais
mostrava que eles não poderiam eliminar a culpa (10.1).
Deus havia falado por meio dos profetas,
principalmente, mas agora ele estaria a falar pelo seu próprio filho – vs. 2.
Dizer que qualquer outra revelação era superior à revelação do Antigo
Testamento constituía-se num afastamento radical do judaísmo tradicional do
século 1.
No entanto, até mesmo Moisés, o grande
porta-voz de Deus, era somente um profeta, um simples servo na casa de Deus.
Jesus foi "como Filho, em sua [de Deus]
casa" (3.6). O Filho fala, do mesmo modo como falavam os profetas, mas com
maior autoridade e finalidade. Ele é o herdeiro de todas as coisas.
A supremacia do Filho será manifestada no
final da História, pois "tudo foi criado por meio dele e para ele"
(Cl 1.16). Ele é o Primogênito (vs. 6), o herdeiro preeminente, cujos inimigos
serão colocados por estrados dos seus pés (vs. 13, citando o SI 110.1).
Como filhos de Deus por meio de Jesus,
também somos herdeiros (vs. 14; 6.12,1 7; Rm 8.14-1 7; GI 4.6-7).
Por meio desse Filho, ele agora estaria nos
falando. Ele é o herdeiro de todas as coisas e por meio dele é que todo o
universo - literalmente "eras" (usado também em 11.3), realçando os
períodos sucessivos da História na ordem criada (veja também os vs. 10-12) -
foi feito.
A supremacia do Filho também foi
manifestada no início da História, pois "nele, foram criadas todas as
coisas" (CI 1 16; veja também Jo 1.3).
Ele, o Filho, é o resplendor da glória –
vs. 3. A glória de Deus é o seu resplendor; Jesus, portanto, é Deus, a
manifestação da sua gloriosa divindade (para melhor compreensão, veja o excelente
artigo teológico da BEG: "A glória de Deus", em Ez 1).
Ele, o Filho, é a expressão exata do seu
Ser. Esse versículo expressa tanto a unidade da essência do Filho com o Pai
como a distinção das pessoas divinas.
Como Aquele cujo ser corresponde exatamente
ao Pai, o Filho revela exatamente o Pai. Cristo é a "imagem do Deus
invisível" (Cl 1.15); por meio dele, nós vemos o Pai (Jo 14.9; 2Co 4.4-6).
É ele também o sustentador de todas as
coisas criadas pela palavra do seu poder. O universo não é sustentado pelo seu
próprio poder ou mesmo por leis naturais originalmente designadas por Deus, mas
pelo próprio Deus, na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo.
Nos processos complexos da providência
divina, o Filho mantém a ordem criada (Cl 1.17; 2Pe 3.4-7), preservando-a da
destruição até o dia em que a sua voz irá renovar o universo e estabelecer o
reino universal de Deus e seus herdeiros (12.26-28).
No texto – vs. 3 – depois de ele ter feito
a purificação dos pecados, foi que se assentou. O autor mudou para o tempo
passado pelo fato de Cristo já ter alcançado a purificação dos pecados mediante
a sua morte expiatória.
Essa purificação é continuamente oferecida
aos cristãos por meio da incessante intercessão sacerdotal de Cristo, o qual
nos purifica para adorarmos na presença de Deus (7.25; 9.14).
Sim, assentou-se à direita da Majestade, nas
alturas. A entronização do Filho à "direita" de Deus nas alturas,
prometida no Sl 110.1 (citado no vs. 13), revela a sua superioridade em duas maneiras:
(1)
À
"direita" da Majestade, Cristo ministra no santuário verdadeiro e
celestial, não numa cópia terrena (8.1-2,5).
(2)
Cristo
"assentou-se" porque ele morreu uma única vez para todo o sempre (ao
contrário das ofertas contínuas dos levitas, 10.11-12, no sacerdócio terreno).
Por isso que ele é superior aos anjos. Isso
é comprovado pela série de citações do Antigo Testamento que se seguem (vs.
5-14). Assim também, ele herdou mais excelente nome. O Filho eterno se tornou
um ser humano para nos resgatar do pecado e da morte (2.14-15).
Depois de passar por um período de
humilhação na terra, ele foi ressuscitado como o Messias de Israel e recebeu o
título real "Filho" de Deus na sala do trono celestial (1.5; 2.10-11;
Rm 1.3-4).
B. Testemunho bíblico da grande honra do Filho (1.5-14).
Dos vs. 5 ao 14, veremos o testemunho
bíblico da honra maior do Filho. A crença cristã na superioridade de Cristo
acima de toda a revelação anterior foi antecipada pelo Antigo Testamento.
O autor apontou para diversas passagens que
indicam que o grande Filho de Davi seria exaltado acima de todos os outros.
No vs. 5, está escrito que ele era seu
Filho e que hoje o havia gerado. Isso refere-se a SI 2.7, no qual Davi, rei de
Israel, é declarado o filho real de Deus na sua coroação.
Essa coroação estabeleceu um padrão que
Jesus cumpriu como o último Filho de Davi.
A segunda pessoa da Trindade é (e tem sido
desde a eternidade) o eterno Filho de Deus; não houve um tempo no qual ele se
tornou o Filho do Pai nesse sentido (Mc 1.11; Jo 1.1; 3.16).
No entanto, Deus Pai declarou que Jesus era
seu Filho real na ocasião do batismo de Jesus (Mt 3.17), na sua transfiguração
(Mt 17.5) e na sua ressurreição (At 13.32-35; Rm 1.4).
Na sua ascensão, Jesus foi entronizado no
céu (vs. 3-4; veja ainda o excelente artigo teológico da BEG: "A ascensão
de Jesus", em Hb 8).
A entronização anunciada em SI 2.7 foi
outorgada a Cristo na conclusão de sua obra redentora.
E ainda outra vez diz “Eu lhe serei Pai, e
ele me será Filho” – vs. 5. Uma referência também a 1 Cr 17.13 (2Sm 7.14), onde
Deus prometeu manter o seu relacionamento paternal com o descendente de Davi.
Essa promessa não se referia diretamente a
Jesus porque 2Sm 7.14 acrescenta a frase "se vier a transgredir", o
que Jesus nunca fez e nunca poderia fazer (para isso ficar melhor
compreensível, recomendamos a leitura e a reflexão do excelente artigo
teológico da BEG: “A impecabilidade de Jesus", em Hb 4).
Em vez disso, o padrão estabelecido no
Antigo Testamento para os filhos de Davi encontra o seu cumprimento definitivo
em Jesus, o grande Filho de Davi. Aos filhos fiéis de Davi foi prometido o amor
paternal de Deus. Como o absolutamente perfeito filho de Davi, Jesus será para
sempre o objeto de amor do Pai.
Como o Filho
condescendeu em assumir a nossa natureza humana, anjos o adoraram (Lc 2.13-14),
como está escrito no vs. 6.
Ele é ainda o primogênito
introduzido no mundo. Em SI 89.27, o termo primogênito significa "da mais
alta posição" (ou seja, acima dos reis da terra, não o primeiro na ordem
de nascimento). Em Êx 4.22 significa "eleito" ou "o mais
desejado".
Quando ele diz o que
está nas Escrituras que “Todos os anjos o adorem”, isso, provavelmente vem da
tradução grega (Septuaginta) de Dt 32.43, embora também lembre SI 97.7. De
qualquer maneira, a referência no Antigo Testamento é a anjos adorando a Jeová.
Ao aplicar essas palavras a Jesus, o autor indicou que cria na plena divindade
de Cristo.
Depois, no vs. 7, ele
faz uma referência ao SI 104.4. "Ventos" (um termo grego que também
pode ser traduzido como "espíritos", como no vs. 14) e “labareda"
associam os anjos com a mutabilidade do mundo criado em contraste com a
eternidade do Filho (vs. 10-12).
A ideia principal é que
os anjos estão muito abaixo do último e real filho de Davi que está sentado no
trono celestial. Em contraste com a entronização do Filho (vs. 8-9), os anjos
são simplesmente "servos".
Quando ele diz a
respeito do Filho "O teu trono, ó
Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu Reino.
Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, escolheu-te
dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria" ele está
se referindo ao SI 45.6-7, onde a celebração de um casamento real idealizava a
casa de Davi e, desse modo, antecipava a realidade que viria com o último
Filho, Jesus.
Aquele que se refere ao
verdadeiro Filho com as palavras: "ó Deus" é ele mesmo "Deus, o
teu Deus" (veja ainda o excelente artigo teológico "Jesus Cristo,
Deus e homem", em Jo 1).
Nos vs. 10 a 12, ele
cita o SI 102.25-27, outra passagem (veja o vs. 6) que fala de Jeová que é
aplicada a Jesus por causa de sua plena divindade.
"No
princípio, Senhor, firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das
tuas mãos.
Eles perecerão,
mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas.
Tu os
enrolarás como um manto, como roupas eles serão trocados. Mas tu permaneces o
mesmo, e os teus dias jamais terão fim".
Hebreus
1:10-12
Tudo o que foi criado,
no seu devido tempo, envelhecerá, porém, Deus permanece o mesmo para sempre.
Trata-se da imutabilidade e da existência eterna do Filho como Deus que são
essenciais para o seu caráter divino.
Por meio dele, a herança
dos cristãos "permanecerá" para sempre (veja 10.34; 12.27-28; 13.14).
As promessas de Deus para nós são tão tremendas que não deveríamos nos abalar
pelas coisas desta vida, totalmente passageiras e, muitas das vezes, apenas
contingenciais, pontuais, como a satisfação de desejos e vontades passageiras
do corpo e da alma.
A posição de autoridade
celestial do Filho (vs. 3; 8.1) é contrastada com as funções dos anjos como
"servos" para "dos que hão de herdar a salvação" (vs. 14;
ou seja, o povo do Filho que compartilha pela graça os seus direitos como herdeiros;
vs. 2,5; 2.10; 6.12).
Os anjos são servos de
Cristo, mas também do povo de Cristo que recebe dele a salvação. Nesse sentido,
o seu povo é favorecido acima dos anjos (cf. 2.16; 1Co 6.3).
Quando ele diz no vs.
13, em forma de pergunta, se referindo ao Filho, como uma fala que jamais foi
falada aos anjos "Senta-te à minha
direita, até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés"
ele está fazendo uma referência ao SI 110.1, outro salmo real que confirma as
promessas para a casa de Davi. Somente Jesus recebeu essas promessas totalmente
porque só ele e o Filho fiel e verdadeiro.
Esse salmo é citado ou é
feita alusão a ele várias vezes – mais de dez - em Hebreus (5.6,10; 6.20; 7.3,11,17,21; 8.1;
10.10-13; 12.2).
Ele conclui que os anjos
são todos ministradores enviados – vs. 14 - para serviço a favor dos que hão de
herdar a salvação. Não apenas são os anjos subordinados ao Filho divino, mas
eles também irão servir os seres humanos no mundo vindouro. Esse fato torna
evidente que Cristo é superior aos anjos.
Hb 1:1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas,
Hb 1:2 nestes últimos dias,
nos falou pelo Filho,
a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas,
pelo qual também fez o
universo.
Hb 1:3 Ele, que é
o resplendor da glória
e a expressão exata do seu Ser,
sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder,
depois de ter feito a purificação dos pecados,
assentou-se à direita da Majestade,
nas alturas,
Hb 1:4 tendo-se tornado tão superior aos anjos
quanto herdou mais excelente nome do que eles.
Hb 1:5 Pois a qual dos anjos disse jamais:
Tu és meu Filho, eu hoje te gerei?
E outra vez:
Eu lhe serei Pai,
e ele me será Filho?
Hb 1:6 E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz:
E todos os anjos de Deus o adorem.
Hb 1:7 Ainda, quanto aos anjos, diz:
Aquele que a seus anjos faz ventos,
e a seus ministros, labareda de fogo;
Hb 1:8 mas acerca do Filho:
O teu trono, ó Deus, é para
todo o sempre;
e: Cetro de equidade é o
cetro do seu reino.
Hb 1:9 Amaste a justiça
e odiaste a iniqüidade;
por isso, Deus, o teu Deus,
te ungiu com o óleo de
alegria
como a nenhum dos teus
companheiros.
Hb 1:10 Ainda: No princípio, Senhor,
lançaste os fundamentos da terra,
e os céus são obra das tuas mãos;
Hb 1:11 eles perecerão;
tu, porém, permaneces;
sim, todos eles
envelhecerão qual veste;
Hb 1:12 também, qual manto,
os enrolarás,
e, como vestes, serão
igualmente mudados;
tu, porém,
és o mesmo,
e os teus anos jamais terão fim.
Hb 1:13 Ora, a qual dos anjos jamais disse:
Assenta-te à minha direita,
até que eu ponha os teus
inimigos por estrado dos teus pés?
Hb 1:14 Não são todos eles espíritos ministradores,
enviados para serviço
a favor dos que hão de
herdar a salvação?
Cristo é superior! Deus, o Pai celeste, apontou também para Cristo como
João Batista que disse: eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e o
Pai disse do filho: - este é meu Filho amado, a ele ouvi!
Nas palavras de meu irmão de carne e sangue e também em Cristo Jesus,
João Carlos Barreto, “o livro aos Hebreus
é um excelente livro, ele não me chamava muito a atenção, mas ultimamente
passei a ter grande interesse por ele. É um livro muito profundo, o autor,
muito sábio, sabia, como ninguém, fazer a relação, ou na linguagem de hoje
fazer o 'link', entre o Velho Testamento e o Novo Testamento.
Ele utiliza o Velho, para
explicar o novo. Jesus veio trazer algo novo. O Novo completa o Velho, o Novo é
o cumprimento do Velho, o Novo é explicado através do Velho. É um livro para
explicar o novo aos judeus, e por tabela a nós. De fato, é um livro para
converter judeus e gentios, principalmente os judeus.
O autor, ninguém sabe quem
foi; não é o Apóstolo Paulo, porque não traz o seu estilo; provavelmente foi
Apolo, um homem que a Bíblia menciona, mostrando que ele era um homem muito erudito,
muito culto, muito sábio.
Na eternidade saberemos quem o
escreveu. Saberemos até o que Jesus escrevia na areia, quando lhe trouxeram a
mulher acusada de adultério...”
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel
Deusdete.
...
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
quarta-feira, fevereiro 24, 2016
Jamais Desista
Filemon 1-25 - AMIGO DE VERDADE
Carta escrita por Paulo, cerca de 60 d.C.,
para interceder em favor de Onésimo, um escravo fugitivo.
Breve síntese da carta.
Tudo está nas mãos de Deus! Aqui Paulo é intercessor e que intercessor.
Ele fala se dirigindo a Filemom cuja epistola ganhou o nome, mas não é somente
a Filemom que se dirige em sua intercessão, mas também a irmã Áfia, provável
esposa de Filemom e a Arquipo e à igreja que se reúne em sua casa (ou na casa
de Filemom ou na casa de Arquipo).
Sua intenção é obter o favor deles para com a pessoa de Onésimo que
outrora fora um fugitivo, mas agora servo e servo de Cristo útil no ministério
que provavelmente tinha medo de retornar a seu senhor e sofrer danos.
Paulo usa a pena como hábil escritor e com isso consegue penetrar o
coração daqueles a quem se dirigia e com argumentos profundos e penetrantes faz
sua solicitação irrecusável.
I. SAUDAÇÕES INICIAIS (1-3).
Paulo se identifica como o autor e Filemom
como o destinatário principal da carta.
Paulo identificou-se, junto com Timóteo,
como o autor. Ele escreveu a Filemom como o principal destinatário da carta e
enviou saudações a muitos outros.
Paulo sabia que estava preso pelo fato de
se posicionar em favor de Cristo e do evangelho (cf. Fp 1.7), no entanto, não
se dizia vítima do sistema ou que estava ali injustamente, pelo contrário,
considerava-se ali por que Deus assim o queria! A amizade que havia entre Paulo
e Filemom permitia que Paulo escrevesse abertamente sobre a delicada questão de
Onésimo.
Áfia – vs. 2 – era provavelmente a esposa
de Filemom. Ela poderia ter alguma influência no modo como Onésimo seria
tratado no ou retomo.
Arguipo, a quem ele também se dirige, talvez
fosse um pastor local em Colossos. E a igreja era aquela que provavelmente se
reunia na casa de Arquipo, embora também seja possível entendermos que as
reuniões acontecessem na casa de Filemom.
O fato de Paulo ter a intenção de que
Arquipo e a igreja soubessem do conteúdo da carta, provavelmente indica que ele
esperava que eles considerassem Filemom responsável por atender ao pedido que
ele estava fazendo.
Ele os saúda com a graça e a paz e a forma
no plural “vos” pode significar que foi endereçado a Filemom, Afia, Arquipo e à
igreja.
II. AÇÃO DE GRAÇAS (4-7).
Paulo agradece a Filemom pelo amor aos
cristãos demonstrado no passado.
Depois de sua saudação inicial, Paulo dá
graças a Deus dos vs. 4 ao 7. Paulo reconhecia e estimava muito a maneira como
Filemom, no passado, havia se comportado de modo amoroso com relação aos
companheiros cristãos, especialmente porque isso lhe dava a esperança de que
Filemom agiria da mesma maneira em relação a Onésimo.
Paulo relatou, pela sua oração, o grande
motivo de sua alegria pela amizade de Filemom (ou seja, pelo laço comum da fé
em Cristo). As cartas de Paulo geralmente contém seções de ação de graças (Fp
1,3.6; Cl 1.3-6).
A reputação de Filemom de amar os companheiros
cristãos fez com que Paulo também acreditasse que Filemom mostraria o amor e a misericórdia
em relação a Onésimo. Como Filemom havia sido uma bênção para o povo de Deus, seu
amor e compaixão eram evidentes e se mostrariam favoráveis à sua causa.
III. PAULO INTERCEDE POR ONÉSIMO (8-21).
Paulo pede que Filemom perdoe o crime do
seu escravo fugitivo, Onésimo, e o receba de volta como um irmão em Cristo.
Dos vs. 8 ao 21, veremos que Paulo foi
direto ao pedir que Filemom mostrasse compaixão quando o seu escavo fugitivo
retornasse. Paulo solicitou que Filemom recebesse Onésimo como um irmão em
Cristo e que não o castigasse pelo seu crime.
Usando sua autoridade como apóstolo, Paulo
poderia exigir que Filemom recebesse Onésimo como um irmão sem reprimi-lo nem
discipliná-lo. Paulo, portanto, deixou claro a Filemom que uma atitude
contrária ao seu conselho poderia ser pecaminosa.
Paulo queria que Filemom escolhesse fazer a
coisa certa, em vez de ser compelido a isso. Isso foi para beneficiar Filemom,
pois provavelmente era recompensado por Deus por causa da sua decisão amorosa.
(Cf. I Co 9.17).
Paulo sentia afeção por Onésimo porque o
havia dado à luz espiritual quando Onésimo o visitou na prisão. Paulo expressou
esse tipo afeição também em outras ocasiões (I Co 4.15; Gl 4.19; 1Ts 2.7,11).
Paulo fez um jogo de palavras no vs. 11 ao
se referir à sua utilidade/inutilidade. O nome Onésimo significa “útil”. Como
um escravo rebelde, Onésimo não havia sido útil, mas como tinha se arrependido
da sua rebeldia e se tomado obediente a Cristo, havia se tomado útil tanto para
Paulo como para Filemom.
Paulo falou sobre Onésimo nos termos mais
emocionais possíveis. A palavra grega para “coração" – vs. 12 - indica a
base dos sentimentos. Paulo conclui que se Onésimo fosse maltratado, ele
(Paulo) seria profundamente afetado. Era comum que, ao retornarem para seus
donos, os escravos fugitivos eram surrados e/ou obrigados a trabalhar de modo
tão intenso que a expectativa de vida deles era reduzida.
Paulo solicitou que Filemom não somente
perdoasse Onésimo, mas também que o enviasse de volta para que pudesse ajudá-lo
e servi-lo enquanto estava preso. A defesa de Paulo por Onésimo era brilhante e
deixava Filemom sem saída. No entanto, não queria que isso fosse uma coação,
mas um ato voluntário de Filemom após meditar em tudo o que Paulo dizia.
Paulo não desculpava o crime de Onésimo de
ter fugido, mas vê a providência divina até mesmo no pecado de Onésimo (cf. Gn
45.4-9; At 4.27-28; Rm 8.28).
A relação entre Filemom e Onésimo seria
diferente agora, porque Onésimo era considerado um companheiro cristão.
Nos vs. 17-19, Paulo chegou ao ponto
principal do pedido para que Filemom recebesse Onésimo como um irmão cristão.
Paulo sabia que poderia suplicar o amor e o perdão de Filemom porque Filemom
tinha recebido o perdão de Deus.
O amor de Deus que habita nos cristãos
transforma os seus relacionamentos.
Seguindo o exemplo de Cristo e demonstrando
a profundidade do amor por Onésimo, Paulo se ofereceu como um substituto por Onésimo.
Isso colocou Filemom numa posição ainda mais complicada: dar a mesma punição
para o amado apóstolo Paulo caso de se recusasse a mostrar compaixão por
Onésimo.
Essa maneira de agir seria prejudicial para
igreja, o que deixava Filemom sem alternativa a não ser escolher fazer a coisa
certa. Paulo evidentemente havia sido aquele que converteu Filemom; portanto,
num sentido real, Filemom devia a Paulo a sua vida eterna.
Para o bem de Onésimo, Paulo chamou isso de
dívida. A técnica poderosa e persuasiva encontrada nesses versículos indica o
profundo amor de Paulo por Onésimo e sua determinação em fazer com que Filemom
agisse igualmente de maneira amorosa em relação ao escravo.
IV. PEDIDOS FINAIS E CONCLUSÃO (22-25).
Paulo, na confiança de que poderia ser
libertado da prisão, pede que Filemom prepare uma pousada para ele e termina
com as saudações finais.
Paulo faz suas saudações finais demonstrando
esperança quanto à restauração da igreja em Colossos.
No vs. 22 percebe-se que Paulo esperava ser
liberto da prisão, o que parece ter realmente acontecido. Agora, se ele voltou
para Colossos ou não, nós não sabemos.
Paulo envia a eles saudações por parte de
Epafras, seu companheiro de prisão por Cristo Jesus, de Marcos, de Aristarco, de
Demas e de Lucas, seus cooperadores.
Finaliza a sua carta com a costumeira graça
de nosso Senhor Jesus Cristo desejando que a mesmo fosse com o espírito deles.
Amém.
prisioneiro de Cristo Jesus,
e o irmão Timóteo,
ao amado Filemom,
também nosso colaborador,
Fm 1:2 e à irmã Áfia,
e a Arquipo,
nosso companheiro de lutas,
e à igreja que está em tua casa,
Fm 1:3 graça e paz a vós outros,
da parte de Deus, nosso
Pai,
e do Senhor Jesus Cristo.
Fm 1:4 Dou graças ao meu Deus,
lembrando-me, sempre, de ti nas minhas orações,
Fm 1:5 estando ciente do teu amor
e da fé que tens
para com o Senhor Jesus
e todos os santos,
Fm 1:6 para que a comunhão da tua fé
se torne eficiente no pleno
conhecimento de todo bem
que há em nós,
para com Cristo.
Fm 1:7 Pois, irmão, tive grande alegria e conforto no teu amor,
porquanto o coração dos santos tem sido
reanimado por teu
intermédio.
Fm 1:8 Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo
para te ordenar o que convém,
Fm 1:9 prefiro, todavia,
solicitar em nome do amor,
sendo o que sou,
Paulo, o velho
e, agora,
até prisioneiro de Cristo
Jesus;
Fm 1:10 sim, solicito-te em favor de meu filho
Onésimo, que gerei entre algemas.
Fm 1:11 Ele, antes, te foi
inútil;
atualmente, porém, é útil,
a ti e a mim.
Fm 1:12 Eu to envio de volta em pessoa,
quero dizer, o meu próprio coração.
Fm 1:13 Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar,
me servir nas algemas que carrego
por causa do evangelho;
Fm 1:14 nada, porém, quis fazer sem o teu
consentimento,
para que a tua bondade
não venha a ser como que
por obrigação,
mas de livre vontade.
Fm 1:15 Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente,
a fim de que o recebas para sempre,
Fm 1:16 não como escravo;
antes, muito acima de
escravo,
como irmão caríssimo,
especialmente de mim
e, com maior razão, de ti,
quer na carne,
quer no Senhor.
Fm 1:17 Se, portanto, me consideras companheiro,
recebe-o, como se fosse a mim mesmo.
Fm 1:18 E, se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa,
lança tudo em minha conta.
Fm 1:19 Eu, Paulo, de próprio punho, o escrevo:
Eu pagarei - para não te alegar
que também tu me deves até
a ti mesmo.
Fm 1:20 Sim, irmão, que eu receba de ti, no Senhor, este benefício.
Reanima-me o coração em Cristo.
Fm 1:21 Certo, como estou, da tua obediência,
eu te escrevo, sabendo que farás mais do que estou
pedindo.
Fm 1:22 E, ao mesmo tempo,
prepara-me também pousada,
pois espero que,
por vossas orações,
vos serei restituído.
Fm 1:23 Saúdam-te Epafras,
prisioneiro comigo,
em Cristo Jesus,
Fm 1:24 Marcos, Aristarco, Demas e Lucas,
meus cooperadores.
Fm 1:25 A graça do Senhor Jesus Cristo
seja com o vosso espírito.
Paulo em sua argumentação muitas vezes lembra do tema prisioneiro de
Cristo junto com outros irmãos também prisioneiros de Cristo. Um dia desses eu
ia para meu trabalho chateado, mas lembrei-me de Paulo e me veio ao espírito:
Pr. Daniel Deusdete, o empregado de Cristo... naquele momento acabaram-se as
queixas e as razões e passei a glorificar ao Senhor.
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel
Deusdete.
...
Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
terça-feira, fevereiro 23, 2016
Jamais Desista
R. C. SPROUL - RAZÃO PARA CRER - E O ÍNDIO E AQUELE QUE NUNCA OUVIU A MENSAGEM DO EVANGELHO?
“E o Índio que Nunca
Ouviu o Evangelho? Este Coitado Vai para o Inferno?”
[O TEXTO A SEGUIR FOI EXTRAÍDO DO CAPÍTULO 3 DO LIVRO RAZÃO PARA CRER DE SPROUL - Recomendamos a sua aquisição. Excelente livro para termos em nossas bibliotecas]
[O TEXTO A SEGUIR FOI EXTRAÍDO DO CAPÍTULO 3 DO LIVRO RAZÃO PARA CRER DE SPROUL - Recomendamos a sua aquisição. Excelente livro para termos em nossas bibliotecas]
Como
professor de teologia, vejo-me sempre à frente de um bombardeio regular de
perguntas por parte de meus alunos. Embora nunca tivesse usado u computador
para contá-las, estou convencido de que uma delas encabeça a lista em termos de
frequência numérica. A pergunta repetida várias vezes é esta: “O que acontece
com o índio inocente que jamais ouviu falar de Cristo?”. Essa indagação uma
preocupação profunda com a pessoa que habita em partes remotas da terra,
distanciadas dos modernos meios de comunicação. Esse indivíduo vive e morre sem
ouvir uma única palavra da mensagem bíblica. Qual a posição do mesmo perante
Deus?
Qual a
razão da frequência dessa pergunta? Por que tantos estudantes se veem
perseguidos por ela? É possível que vários fatores estimulem o pedido de
informação. Em primeiro lugar, os habitantes do mundo ocidental tem suficiente conhecimento
do cristianismo para saber qual motivo central do amor de Deus. Acrescenta-se a
isso a noção comum de que no âmago da fé cristã encontra-se a afirmação da
importância singular da pessoa e obra de Cristo. Se Cristo é o único e
necessário para a salvação, como poderá alguém aproveitar-se dessa redenção se
não tiver conhecimento dela? Se Deus tem tanto amor, por que Ele não ilumina os
céus com uma mensagem celestial transmitida tão claramente que ninguém possa
deixar de vê-la? Por que as “boas novas” da salvação em Cristo ficam limitadas
àquelas culturas que tem acesso às mesmas?
A
pergunta não é incentivada apenas por questões de teologia especulativa,
mas também por um espírito de compaixão humana. Caso a compaixão resida em
nosso íntimo, devemos interessar-nos sempre por aqueles que vivem em
circunstâncias menos privilegiadas que as nossas. Não nos preocupamos aqui com
um sentido paternalista ou imperialista de privilégio cultural, mas com um
sentido final de privilégio redentor. Não existe e nós qualquer senso inato de
retidão que levasse Deus a colocar à nossa disposição os meios de salvar-nos de
um modo privilegiado. Seria até mesmo possível argumentar que nosso
“privilégio” está ligado à nossa maior necessidade de redenção em vista de
nossa maior corrupção. Todavia, desde que o pecado é universal, não se
restringindo à humanidade civilizada ou não-civilizada, ocidental ou
não-ocidental, dificilmente encontraremos aí uma resposta.
O que Acontece à Pessoa Inocente que Nunca Ouviu
Falar de Cristo?
Continuamos
ainda enfrentando a pergunta, quaisquer que sejam as motivações para a mesma. O
que acontece ao inocente que jamais ouviu falar de Cristo?
A maneira como for apresentada a pergunta irá
afetar sua resposta. Quando perguntamos: “O que acontece ao inocente que nunca ouviu?” estamos incluindo
na pergunta suposições significativas. Se ela for, porém, feita desse modo, a
resposta é fácil e evidente. O índio inocente que jamais ouviu falar de
Cristo está em excelente condição e não precisamos preocupar-nos com a sua
salvação. A pessoa inocente não
precisa ouvir sobre Cristo. Não tem necessidade de redenção. Deus jamais
castiga inocentes. O inocente não precisa de um Salvador; ele pode salvar-se
pela sua inocência.
Quando a pergunta é apresentada deste modo,
ele envolve, entretanto, a suposição de que haja pessoas inocentes no mundo. Se
for esse o caso( cuja suposição o cristianismo nega enfaticamente), não será
então necessário que nos ocupemos com as mesmas. A questão mais ampla continua,
porém, diante de nós: “O que acontece, porém, ao culpado que jamais ouviu?”.
A suposição
de inocência geralmente se integra na pergunta sem que se note. O sentido no
geral não é de perfeita inocência, mas de inocência relativa. Observamos que
algumas pessoas são mais perversas que outras. A perversidade parece ainda
maior quando ocorre num contexto de privilégio. Quando o indivíduo vive
perversamente, embora conhecendo os detalhes dos mandamentos de Deus e tendo
sido repetidamente instruído sobre eles, sua maldade parece hedionda quando
comparada à daqueles que vivem em relativa ignorância.
Por outro
lado, se o índio remoto é culpado, onde está sua culpa? Será castigado por não
crer num Cristo sobre quem nunca ouviu falar? Se Deus é justo, não pode ser
esse o caso. Se Deus castigasse alguém por não responder a uma mensagem que não
teve possibilidade de ouvir, essa seria uma grave injustiça, radicalmente
oposta a justiça à justiça revelada de Deus. Podemos ter a certeza de que
ninguém será punido por rejeitar Cristo, caso não tenha ouvido falar dEle.
Antes de
suspirarmos de alívio, vamos lembrar que o índio continua ainda no anzol.
Alguns pararam nesse ponto na sua consideração do assunto e permitiram que seu
alívio os levasse a sentir-se praticamente livres dele. A suposição silenciosa
nesta altura é que a única ofensa condenatória contra Deus é a rejeição a
Cristo. Desde que o índio não é culpado disto, podemos esquecer-nos dele. De
fato, deixá-lo de lado seria a coisa mais útil e redentora que poderíamos fazer
a seu favor. Se o procurarmos e lhe falarmos sobre Cristo, colocamos sua alma
em risco eterno. Pois agora sabe a respeito de Cristo e recusa-se a aceitá-lO,
não pode mais alegar ignorância como desculpa. Portanto, o melhor serviço que
lhe podemos prestar é o silêncio.
Mas, e se a suposição acima estiver incorreta?
Se houver outras ofensas graves contra Deus? Isso mudaria a situação e nos
faria despertar de nossos devaneios dogmáticos. E se a pessoa que jamais ouviu
falar de Cristo tenha aprendido sobre Deus e O rejeitou? A rejeição de Deus pai
é tão séria quanto a de Deus Filho? Parece que deve ser pelo menos tão grave caso não seja mais grave ainda.
O que Dizer da Pessoa que já Sabe a Respeito de
Deus?
Neste ponto
exato é que o Novo Testamento localiza a culpa universal do homem. Ele anuncia
a vinda de Cristo a um mundo que já rejeitara Deus Pai. O próprio Cristo
afirmou: “Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes… pois não vim
chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento”(Mt 9.12,13).
A resposta
bíblica aos que nunca ouviram falar de Cristo acha-se em Romanos 1, a partir do
versículo 18. A seção começa com o pronunciamento terrível sobre a revelação da
ira divina:
“Deus,
entretanto, mostra do céu a sua ira contra todos os homens pecadores, maldosos,
que repelem a verdade”
Note que a ira de Deus não se manifesta contra
a inocência ou ignorância, mas contra a impiedade e perversidade. Que tipo de
perversidade? Tanto a palavra “pecador” como “maldoso” são termos genéricos
descrevendo classes gerais de atividade. Qual o ato específico que provoca a
ira divina? A resposta é clara, a repulsão da verdade.
Devemos perguntar: “Que verdade está sendo repelida?” O restante do texto
fornece a resposta:
“Pois a verdade sobre Deus é revelada entre
eles instintivamente; Deus pôs esse conhecimento em seus corações. Desde os
primeiros tempos os homens viram a terra, o céu e tudo quanto Deus faz, tendo
conhecido sua existência e seu grande e eterno poder. Assim, eles não terão
desculpa alguma (quando estiverem diante de Deus no Dia do Juízo). Sim, eles
bem sabiam de Deus, mas não admitiram, nem O adoraram, nem mesmo agradeceram a
Ele todo o seu cuidado diário. E, depois, começaram a fazer ideias tolas de
como Deus seria e o que Ele queria que eles fizessem. O resultado foi que suas
mentes insensatas ficaram confusas e em trevas”(Rm 1.19-21—A Bíblia Viva).
O apóstolo
nos dá aqui uma descrição do que os teólogos chamam de “revelação geral”. Isso
significa simplesmente que Deus revelou algo de maneira generalizada. O caráter
“geral” da revelação refere-se a duas coisas, conteúdo e audiência. O conteúdo
é geral por não fornecer uma descrição detalhada de Deus. A trindade não faz
parte desta revelação. Deus revela que Ele é, que Ele tem poder e divindade
eternos. A audiência é geral no sentido de que todos os homens recebem esta
revelação. Deus não se revela apenas a um pequeno grupo escolhido de estudiosos
ou sacerdotes, mas a toda humanidade.
O que mais
este texto ensina sobre revelação geral? Primeiro, aprendemos que ela é clara e
inequívoca. Este conhecimento é instintivo(claro) neles; Deus pôs o mesmo
neles; ele foi também visto. Assim sendo, conhecimento não é obscuro.
Segundo,
aprendemos que o conhecimento atingiu o alvo. Deus não fornece simplesmente uma
revelação objetiva de Si mesmo, que pode ou não ser recebida subjetivamente.
Lemos : “eles bem sabiam de Deus”. O problema do homem não é de não conhecer a
Deus, mas de recusar-se a reconhecer o que sabe ser verdade.
Terceiro,
aprendemos que esta revelação tem continuado desde a fundação do mundo. Não se
trata de um evento único, mas que prossegue de maneira constante.
Quarto,
aprendemos que a revelação se faz através da criação. A natureza invisível de
Deus é revelada “mediante as coisas feitas por ele”. Toda a criação é um teatro
glorioso que representa uma peça magnificente da sua criação.
Quinto,
aprendemos que a revelação basta para tornar o homem indesculpável. A passagem
diz: “não terão desculpa alguma”. Que desculpa você acha que o apóstolo tinha
em mente? Qual a desculpa que a revelação geral elimina? Esta é evidentemente a
da ignorância. Caso o apóstolo esteja correto sobre a revelação geral, ninguém
poderá dizer então a Deus: “sinto muito não te-lo adorado e servido. Eu não
sabia de sua existência. Se apenas soubesse teria sido com certeza seu servo
obediente. Eu não era um ateu militante, era agnóstico. Não julgava haver
evidência suficiente para confirmar sua existência”. Se Deus revelou-se de fato
claramente a todos os homens, ninguém poderá alegar ignorância como uma
desculpa para não render-lhe adoração.
A
ignorância pode funcionar como uma justificativa para certas coisas sob certas
circunstancias. A igreja católica romana, ao desenvolver sua teologia moral,
adotou uma distinção entre a ignorância superável e a insuperável. A superável
é aquela que pode e deve ser vencida. Ela não desculpa. A insuperável é a
ignorância que não tem possibilidade de ser vencida. Ela justifica.
Suponhamos
que uma pessoa de São Paulo fosse para o Rio de Janeiro de carro, e, ao entrar
nos limites da cidade, passasse quando o semáforo estivesse fechado para ela,
sendo multada por desobedecer as leis do trânsito. E o motorista então
protestasse, dizendo: “Eu não sabia que era contra a lei entrar com o sinal
vermelho no Rio. Sou de São Paulo”. Este apelo a ignorância desculparia o
homem? Claro que não. Se o paulistano quiser dirigir num outro estado, é sua
responsabilidade informar-se quanto as leis do trânsito. A leis estão a
disposição de todos não sendo guardadas num cofre fechado. A ignorância do
indivíduo em questão era do tipo superável, não constituindo justificativa.
Suponhamos,
num outro exemplo, que a prefeitura do Rio de Janeiro, estivesse em uma
situação financeira crítica. Seus administradores se reúnem então numa sessão
secreta e baixam um decreto municipal que declara ilegal passar na luz verde e
parar na vermelha. Eles decidem que a multa pela violação da lei será de 20
OTNs. O ponto está em que decidem não notificar a imprensa nem fazer qualquer
menção da nova lei secreta, planejando colocar um guarda em cada semáforo para
deter os motoristas que parem no vermelho e passem no verde. Os motoristas
detidos poderiam alegar ignorância como uma desculpa? Poderiam. Sua ignorância
seria do tipo insuperável e os justificaria.
Assim
sendo, a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo pode alegar ignorância nesse
ponto, mas não tem condições de fazer o mesmo com relação a Deus Pai.
Os indivíduos, porém, que vivem em regiões
remotas do mundo não são religiosos? Sua atividade religiosa não os protege da
ira de Deus? Muitos antropólogos não afirmam que o ser humano é homo religiosus, que a religião é universal? Tais
pessoas talvez não sejam cultas nem sofisticadas em sua atividade religiosa.
Elas talvez adorem totens, vacas ou arvores, mas pelo menos estão tentando e
fazendo o melhor possível. Certamente não sabem fazer mais que isso. Se
nasceram e cresceram numa cultura que adora vacas, como pode se esperar que
façam outra coisa?
Neste ponto
exato a ideia da revelação geral mostra-se devastadora. Se Paulo está certo, a
prática da religião não desculpa o pagão, mas de fato aumenta a sua culpa. Como
isso acontece? Paulo continua seu tratamento da revelação geral, dizendo:
“Dizendo-se
sábios sem Deus, tornaram-se em vez disso completamente tolos. E então, em vez
de adorarem ao Deus glorioso, vivente, tomaram madeira e pedra e fizeram ídolos
para si, esculpindo-os para que parecessem simples aves, animais, serpentes e
homens mortais. E assim Deus deixou que continuassem…Em vez de crerem naquilo
que eles próprios sabiam ser a verdade sobre Deus, escolheram de vontade
própria crer em mentiras. E assim fizeram suas orações as coisas que Deus fez,
mas não obedecendo ao Deus bendito que criou essas mesmas coisas.”(Rm 1.22-25)
O apóstolo
examina aqui a religião pagã. É feita uma “troca” entre a verdade de Deus e a
mentira. A glória divina é substituída pela “glória” da criatura. A adoração
por parte da criatura é religião, mas não passa de idolatria. Dedicar-se à
adoração de ídolos é devotar-se ao insulto da glória e dignidade de Deus. Se
Deus revela claramente a Sua glória e esta for substituída pela adoração de
criaturas, a religião resultante não agrada mas descontenta Deus.
O fato de
as pessoas serem religiosas não significa em si mesmo que Deus se agrade delas.
A idolatria representa o insulto máximo a Deus. Reduzir Deus ao nível da criatura
é despojá-lo de sua Divindade. Isto lhe é particularmente odioso em face do
fato de todos os homens terem recebido suficiente revelação sobre Ele para
saber que não é uma criatura. A religião pagã não é vista então como procedente
de uma tentativa sincera de buscar a Deus, mas, de uma rejeição fundamental da
auto-revelação divina.
Como os pagãos serão julgados?
O Novo
Testamento torna claro que as pessoas serão julgadas segundo os conhecimentos
que possuem. Nem todos os elementos da Lei do Velho Testamento são conhecidos
por aqueles que habitam em partes remotas do mundo, mas lemos que “as leis de
Deus estão escritas dentro deles”(Rm 2.15). Eles são julgados pela lei que não
conhecem e encontrados em falta. Ninguém observa a ética que possui, mesmo que
seja de sua própria invenção.
Aconselhei
certa vez um aluno que estava em meu escritório “por obrigação”. Ele me
procurava por insistência da mãe, cristã zelosa que desejava convencer de todo
modo o filho a tornar-se cristão. Este porém achava-se profundamente desviado e
resistia a persuasão dela. A rebelião dele era radical, optando por um estilo
de vida conflitante com os valores familiares. Ao conversar comigo argumentou
que todos tinham o direito de escolher sua própria ética. Ele acreditava em “fazer
o que queria”, queixando-se de que a mãe não tinha o direito de “empurrar” a
religião pela sua garganta abaixo.
Perguntei-lhe
porque rejeitava a estratégia da mãe, pois se esta seguisse as mesmas regras
dele, podia muito bem obrigá-lo a engolir sua religião. O que a mãe “queria”
era forçar seus conceitos religiosos garganta abaixo das pessoas. Expliquei-lhe
que a mãe não estava sendo consistente com a ética cristã por mostrar-se
insensível ao filho, embora fosse consistente com a ética do mesmo. A medida que
conversamos, ele veio a compreender que na verdade acreditava que as pessoas
podiam agir como quisessem contanto que não interviessem no que “ele” queria. O
que desejava era uma ética para si, mas outra bem diferente para os demais.
Quando nos queixamos do comportamento alheio revelamos claramente quais são os
nossos conceitos reais de moral.
O pagão
africano tem a sua ética, mas até mesmo esta ética é violada e ele fica
portanto exposto ao juízo de Deus. O homem primitivo é frequentemente
idealizado como isento da corrupção da civilização. Tais descrições idealistas
não se ajustam porém aos fatos.
Se alguém
que habite numa região montanhosa jamais ouviu falar de Cristo, ele não será
então castigado por isso. Será entretanto castigado por rejeitar o Pai a quem
conhece e pela desobediência à lei escrita em seu coração. Devemos lembrar de
novo que as pessoas não são rejeitadas por aquilo que não conhecem, mas pelo
que ouviram falar.
Se todos os
homens ouviram falar do Pai, mas naturalmente o rejeitam, segue-se então que
todos precisam conhecer a redenção oferecida em Cristo.
Não ter
conhecimento de Cristo é correr um risco, devido a rejeição anterior da
revelação do Pai. Mas, ouvir de Cristo e rejeitá-lo será correr o risco duplo,
pois agora não só o Pai foi rejeitado, mas também o Filho. Assim sendo, toda
vez que o evangelho é proclamado ele contem uma espada de dois gumes. Para os
que creem, é o sabor da glória. Para os que o rejeitam, a morte.
Como o Índio Isolado Pode Ouvir?
Se a pessoa
que jamais ouviu falar de Cristo se encontra em sério risco, como esta
dificuldade pode ser aliviada ou resolvida? A resposta se encontra numa simples
declaração feita pelo apóstolo Paulo:
“ Como,
porém, eles pediram a Ele que os salve, sem crerem nele? E como podem crer
nele, se nunca ouviram falar dele? E como podem ouvir acerca dele, sem que
alguém lhes fale? E como é que alguém irá para lhes falar, sem que outrem o
envie? É sobre isso que as Escrituras falam, quando afirmam: como são bonitos
os pés daqueles que pregam o evangelho da paz com Deus e trazem noticias
alegres de coisas boas”(Rm 10. 14,15 Bíblia Viva)
O apóstolo
afirma aqui a necessidade da missão da igreja. A missão (do latim enviar)
começa com o amor de Deus. Foi por ter amado tanto o mundo que Ele “enviou” seu
Filho ao mundo. A missão de Cristo foi a favor de todos os que haviam rejeitado
o Pai. O Pai rejeitado enviou o Filho e o Filho enviou a Sua igreja. Essa é a
base para a missão mundial da igreja. Cristo ordena que todos os que não
ouviram venham a ouvir. Eles podem ouvir sem um pregador e não pode haver
pregador sem que alguém o “envie”. A ordem de Cristo é que o evangelho seja
pregado em toda terra e nação, a cada tribo e língua, a cada ente vivo. Se este
mandado fosse levado a efeito pela igreja, a questão do que acontece com os que
jamais ouviram seria discutível.
O cristão
deve fazer uma outra pergunta depois de tratar da questão dos que nunca
ouviram. Ele deve perguntar: “O que acontecerá comigo se eu nunca fizer nada para
promover a missão mundial da igreja?”. Se levar a sério essa pergunta, sua
resposta deve ser igualmente séria. Seu interesse pelo índio o nativo remoto
deve começar com compaixão, devendo culminar também numa resposta compassiva.
A questão
do destino do individuo que jamais ouve falar de Cristo deve ser respondida não
só com palavras, mas também com ação. Esta atividade missionária não deve ser
promovida, por um sentimento de paternalismo ou imperialismo, mas através da
obediência da ordem de “enviar” dada por Cristo. Todos os homens precisam de
Cristo e o dever da igreja é satisfazer essa necessidade.
Pontos Chaves a Serem Lembrados
O que
acontecerá aos pagãos que não tiverem a oportunidade de ouvir?
1.Todos os homens conhecem Deus
Pai (Rm 1.8 e seguintes). O problema do pagão que jamais ouviu o
evangelho é um problema de nossa condição universal como decaídos da
graça.Devemos enfatizar que Deus revelou-se a todos os homens. Todos sabem que
existe um Deus. Assim sendo, ninguém pode alegar ignorância como justificativa
para negar a Deus.
2. Todos deturpam e rejeitam o
verdadeiro conhecimento de Deus. Desde que todos os homens conhecem
a Deus e todos deturpam ou rejeitam esse conhecimento, ninguém é portanto
inocente.
3. Não existem inocentes no mundo.
Os que morrerem sem terem ouvido o evangelho serão julgados segundo o
conhecimento que possuem. Serão julgados por rejeitarem Deus Pai, Deus jamais
condena inocentes.
4. Deus julga segundo o
conhecimento de cada um. A idolatria como “religião” não agrada a
Deus, mas acrescenta insulto a injúria feita a glória de Deus.(Veja Is 42.8). A
idolatria não representa a busca de Deus pelo homem, mas sim a sua fuga de
Deus.
5. O evangelho é o dom divino da
redenção para os perdidos. Deus enviou Cristo para dar as
pessoas uma oportunidade de serem salvas da culpa que já possuem. Caso os
homens rejeitem Cristo, eles irão enfrentar duplo juízo de rejeitarem tanto o
Pai como o Filho(veja Cl 1. 13-17).
6. O pagão precisa de Cristo para
reconciliá-lo com Deus Pai. O próprio Cristo considerou o pagão como
estando “perdido”.
7. Cristo ordena a igreja para
certificar-se de que todos ouçam o evangelho (Veja Mc 16.15).
8. A rejeição de Cristo resulta em
duplo julgamento (veja 2Tm 4.1)
9. A simples “religião” não salva
as pessoas, mas pode aumentar sua culpa.
Fonte:
Razão Para Crer, de R.C. Sproul publicado pela editora Mundo Cristão.
R. C. Sproul: Teólogo e filósofo calvinista, autor prolífico, radialista e fundador do Ligonier Ministries. Possui Doutorado em Filosofia pela Free University Amsterdan e Doutorado em Teologia pelo Whitefield Theological Seminary.
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