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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

R. C. SPROUL - RAZÃO PARA CRER - E O ÍNDIO E AQUELE QUE NUNCA OUVIU A MENSAGEM DO EVANGELHO?

“E o Índio que Nunca Ouviu o Evangelho? Este Coitado Vai para o Inferno?”
[O TEXTO A SEGUIR FOI EXTRAÍDO DO CAPÍTULO 3 DO LIVRO RAZÃO PARA CRER DE SPROUL - Recomendamos a sua aquisição. Excelente livro para termos em nossas bibliotecas]
Como professor de teologia, vejo-me sempre à frente de um bombardeio regular de perguntas por parte de meus alunos. Embora nunca tivesse usado u computador para contá-las, estou convencido de que uma delas encabeça a lista em termos de frequência numérica. A pergunta repetida várias vezes é esta: “O que acontece com o índio inocente que jamais ouviu falar de Cristo?”. Essa indagação uma preocupação profunda com a pessoa que habita em partes remotas da terra, distanciadas dos modernos meios de comunicação. Esse indivíduo vive e morre sem ouvir uma única palavra da mensagem bíblica. Qual a posição do mesmo perante Deus?
Qual a razão da frequência dessa pergunta? Por que tantos estudantes se veem perseguidos por ela? É possível que vários fatores estimulem o pedido de informação. Em primeiro lugar, os habitantes do mundo ocidental tem suficiente conhecimento do cristianismo para saber qual motivo central do amor de Deus. Acrescenta-se a isso a noção comum de que no âmago da fé cristã encontra-se a afirmação da importância singular da pessoa e obra de Cristo. Se Cristo é o único e necessário para a salvação, como poderá alguém aproveitar-se dessa redenção se não tiver conhecimento dela? Se Deus tem tanto amor, por que Ele não ilumina os céus com uma mensagem celestial transmitida tão claramente que ninguém possa deixar de vê-la? Por que as “boas novas” da salvação em Cristo ficam limitadas àquelas culturas que tem acesso às mesmas?
A pergunta  não é incentivada apenas por questões de teologia especulativa, mas também por um espírito de compaixão humana. Caso a compaixão resida em nosso íntimo, devemos interessar-nos sempre por aqueles que vivem em circunstâncias menos privilegiadas que as nossas. Não nos preocupamos aqui com um sentido paternalista ou imperialista de privilégio cultural, mas com um sentido final de privilégio redentor. Não existe e nós qualquer senso inato de retidão que levasse Deus a colocar à nossa disposição os meios de salvar-nos de um modo privilegiado. Seria até mesmo possível argumentar que nosso “privilégio” está ligado à nossa maior necessidade de redenção em vista de nossa maior corrupção. Todavia, desde que o pecado é universal, não se restringindo à humanidade civilizada ou não-civilizada, ocidental ou não-ocidental, dificilmente encontraremos aí uma resposta.
O que Acontece à Pessoa Inocente que Nunca Ouviu Falar de Cristo?
Continuamos ainda enfrentando a pergunta, quaisquer que sejam as motivações para a mesma. O que acontece ao inocente que jamais ouviu falar de Cristo?
A maneira como for apresentada a pergunta irá afetar sua resposta. Quando perguntamos: “O que acontece ao inocente que nunca ouviu?” estamos incluindo na pergunta suposições significativas. Se ela for, porém, feita desse modo, a resposta é fácil e evidente. O índio inocente que jamais ouviu falar de  Cristo está em excelente condição e não precisamos preocupar-nos com a sua salvação. A pessoa inocente não precisa ouvir sobre Cristo. Não tem necessidade de redenção. Deus jamais castiga inocentes. O inocente não precisa de um Salvador; ele pode salvar-se pela sua inocência.
Quando a pergunta é apresentada deste modo, ele envolve, entretanto, a suposição de que haja pessoas inocentes no mundo. Se for esse o caso( cuja suposição o cristianismo nega enfaticamente), não será então necessário que nos ocupemos com as mesmas. A questão mais ampla continua, porém, diante de nós: “O que acontece, porém, ao culpado que jamais ouviu?”.
A suposição de inocência geralmente se integra na pergunta sem que se note. O sentido no geral não é de perfeita inocência, mas de inocência relativa. Observamos que algumas pessoas são mais perversas que outras. A perversidade parece ainda maior quando ocorre num contexto de privilégio. Quando o indivíduo vive perversamente, embora conhecendo os detalhes dos mandamentos de Deus e tendo sido repetidamente instruído sobre eles, sua maldade parece hedionda quando comparada à daqueles que vivem em relativa ignorância.
Por outro lado, se o índio remoto é culpado, onde está sua culpa? Será castigado por não crer num Cristo sobre quem nunca ouviu falar? Se Deus é justo, não pode ser esse o caso. Se Deus castigasse alguém por não responder a uma mensagem que não teve possibilidade de ouvir, essa seria uma grave injustiça, radicalmente oposta a justiça à justiça revelada de Deus. Podemos ter a certeza de que ninguém será punido por rejeitar Cristo, caso não tenha ouvido falar dEle.
Antes de suspirarmos de alívio, vamos lembrar que o índio continua ainda no anzol. Alguns pararam nesse ponto na sua consideração do assunto e permitiram que seu alívio os levasse a sentir-se praticamente livres dele. A suposição silenciosa nesta altura é que a única ofensa condenatória contra Deus é a rejeição a Cristo. Desde que o índio não é culpado disto, podemos esquecer-nos dele. De fato, deixá-lo de lado seria a coisa mais útil e redentora que poderíamos fazer a seu favor. Se o procurarmos e lhe falarmos sobre Cristo, colocamos sua alma em risco eterno. Pois agora sabe a respeito de Cristo e recusa-se a aceitá-lO, não pode mais alegar ignorância como desculpa. Portanto, o melhor serviço que lhe podemos prestar é o silêncio.
Mas, e se a suposição acima estiver incorreta? Se houver outras ofensas graves contra Deus? Isso mudaria a situação e nos faria despertar de nossos devaneios dogmáticos. E se a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo tenha aprendido sobre Deus e O rejeitou? A rejeição de Deus pai é tão séria quanto a de Deus Filho? Parece que deve ser pelo menos tão grave caso não seja mais grave ainda.
O que Dizer da Pessoa que já Sabe a Respeito de Deus?
Neste ponto exato é que o Novo Testamento localiza a culpa universal do homem. Ele anuncia a vinda de Cristo a um mundo que já rejeitara Deus Pai. O próprio Cristo afirmou: “Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes… pois não vim chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento”(Mt 9.12,13).
A resposta bíblica aos que nunca ouviram falar de Cristo acha-se em Romanos 1, a partir do versículo 18. A seção começa com o pronunciamento terrível sobre a revelação da ira divina:
“Deus, entretanto, mostra do céu a sua ira contra todos os homens pecadores, maldosos, que repelem a verdade”
Note que a ira de Deus não se manifesta contra a inocência ou ignorância, mas contra a impiedade e perversidade. Que tipo de perversidade? Tanto a palavra “pecador” como “maldoso” são termos genéricos descrevendo classes gerais de atividade. Qual o ato específico que provoca a ira divina? A resposta é clara, a repulsão da verdade. Devemos perguntar: “Que verdade está sendo repelida?” O restante do texto fornece a resposta:
“Pois a verdade sobre Deus é revelada entre eles instintivamente; Deus pôs esse conhecimento em seus corações. Desde os primeiros tempos os homens viram a terra, o céu e tudo quanto Deus faz, tendo conhecido sua existência e seu grande e eterno poder. Assim, eles não terão desculpa alguma (quando estiverem diante de Deus no Dia do Juízo). Sim, eles bem sabiam de Deus, mas não admitiram, nem O adoraram, nem mesmo agradeceram a Ele todo o seu cuidado diário. E, depois, começaram a fazer ideias tolas de como Deus seria e o que Ele queria que eles fizessem. O resultado foi que suas mentes insensatas ficaram confusas e em trevas”(Rm 1.19-21—A Bíblia Viva).
O apóstolo nos dá aqui uma descrição do que os teólogos chamam de “revelação geral”. Isso significa simplesmente que Deus revelou algo de maneira generalizada. O caráter “geral” da revelação refere-se a duas coisas, conteúdo e audiência. O conteúdo é geral por não fornecer uma descrição detalhada de Deus. A trindade não faz parte desta revelação. Deus revela que Ele é, que Ele tem poder e divindade eternos. A audiência é geral no sentido de que todos os homens recebem esta revelação. Deus não se revela apenas a um pequeno grupo escolhido de estudiosos ou sacerdotes, mas a toda humanidade.
O que mais este texto ensina sobre revelação geral? Primeiro, aprendemos que ela é clara e inequívoca. Este conhecimento é instintivo(claro) neles; Deus pôs o mesmo neles; ele foi também visto. Assim sendo,  conhecimento não é obscuro.
Segundo, aprendemos que o conhecimento atingiu o alvo. Deus não fornece simplesmente uma revelação objetiva de Si mesmo, que pode ou não ser recebida subjetivamente. Lemos : “eles bem sabiam de Deus”. O problema do homem não é de não conhecer a Deus, mas de recusar-se a reconhecer o que sabe ser verdade.
Terceiro, aprendemos que esta revelação tem continuado desde a fundação do mundo. Não se trata de um evento único, mas que prossegue de maneira constante.
Quarto, aprendemos que a revelação se faz através da criação. A natureza invisível de Deus é revelada “mediante as coisas feitas por ele”. Toda a criação é um teatro glorioso que representa uma peça magnificente da sua criação.
Quinto, aprendemos que a revelação basta para tornar o homem indesculpável. A passagem diz: “não terão desculpa alguma”. Que desculpa você acha que o apóstolo tinha em mente? Qual a desculpa que a revelação geral elimina? Esta é evidentemente a da ignorância. Caso o apóstolo esteja correto sobre a revelação geral, ninguém poderá dizer então a Deus: “sinto muito não te-lo adorado e servido. Eu não sabia de sua existência. Se apenas soubesse teria sido com certeza seu servo obediente. Eu não era um ateu militante, era agnóstico. Não julgava haver evidência suficiente para confirmar sua existência”. Se Deus revelou-se de fato claramente a todos os homens, ninguém poderá alegar ignorância como uma desculpa para não render-lhe adoração.
A ignorância pode funcionar como uma justificativa para certas coisas sob certas circunstancias. A igreja católica romana, ao desenvolver sua teologia moral, adotou uma distinção entre a ignorância superável e a insuperável. A superável é aquela que pode e deve ser vencida. Ela não desculpa. A insuperável é a ignorância que não tem possibilidade de ser vencida. Ela justifica.
Suponhamos que uma pessoa de São Paulo fosse para o Rio de Janeiro de carro, e, ao entrar nos limites da cidade, passasse quando o semáforo estivesse fechado para ela, sendo multada por desobedecer as leis do trânsito. E o motorista então protestasse, dizendo: “Eu não sabia que era contra a lei entrar com o sinal vermelho no Rio. Sou de São Paulo”. Este apelo a ignorância desculparia o homem? Claro que não. Se o paulistano quiser dirigir num outro estado, é sua responsabilidade informar-se quanto as leis do trânsito. A leis estão a disposição de todos não sendo guardadas num cofre fechado. A ignorância do indivíduo em questão era do tipo superável, não constituindo justificativa.
Suponhamos, num outro exemplo, que a prefeitura do Rio de Janeiro, estivesse em uma situação financeira crítica. Seus administradores se reúnem então numa sessão secreta e baixam um decreto municipal que declara ilegal passar na luz verde e parar na vermelha. Eles decidem que a multa pela violação da lei será de 20 OTNs. O ponto está em que decidem não notificar a imprensa nem fazer qualquer menção da nova lei secreta, planejando colocar um guarda em cada semáforo para deter os motoristas que parem no vermelho e passem no verde. Os motoristas detidos poderiam alegar ignorância como uma desculpa? Poderiam. Sua ignorância seria do tipo insuperável e os justificaria.
Assim sendo, a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo pode alegar ignorância nesse ponto, mas não tem condições de fazer o mesmo com relação a Deus Pai.
Os indivíduos, porém, que vivem em regiões remotas do mundo não são religiosos? Sua atividade religiosa não os protege da ira de Deus? Muitos antropólogos não afirmam que o ser humano é homo religiosus, que  a religião é universal? Tais pessoas talvez não sejam cultas nem sofisticadas em sua atividade religiosa. Elas talvez adorem totens, vacas ou arvores, mas pelo menos estão tentando e fazendo o melhor possível. Certamente não sabem fazer mais que isso. Se nasceram e cresceram numa cultura que adora vacas, como pode se esperar que façam outra coisa?
Neste ponto exato a ideia da revelação geral mostra-se devastadora. Se Paulo está certo, a prática da religião não desculpa o pagão, mas de fato aumenta a sua culpa. Como isso acontece? Paulo continua seu tratamento da revelação geral, dizendo:
“Dizendo-se sábios sem Deus, tornaram-se em vez disso completamente tolos. E então, em vez de adorarem ao Deus glorioso, vivente, tomaram madeira e pedra e fizeram ídolos para si, esculpindo-os para que parecessem simples aves, animais, serpentes e homens mortais. E assim Deus deixou que continuassem…Em vez de crerem naquilo que eles próprios sabiam ser a verdade sobre Deus, escolheram de vontade própria crer em mentiras. E assim fizeram suas orações as coisas que Deus fez, mas não obedecendo ao Deus bendito que criou essas mesmas coisas.”(Rm 1.22-25)
O apóstolo examina aqui a religião pagã. É feita uma “troca” entre a verdade de Deus e a mentira. A glória divina é substituída pela “glória” da criatura. A adoração por parte da criatura é religião, mas não passa de idolatria. Dedicar-se à adoração de ídolos é devotar-se ao insulto da glória e dignidade de Deus. Se Deus revela claramente a Sua glória e esta for substituída pela adoração de criaturas, a religião resultante não agrada mas descontenta Deus.
O fato de as pessoas serem religiosas não significa em si mesmo que Deus se agrade delas. A idolatria representa o insulto máximo a Deus. Reduzir Deus ao nível da criatura é despojá-lo de sua Divindade. Isto lhe é particularmente odioso em face do fato de todos os homens terem recebido suficiente revelação sobre Ele para saber que não é uma criatura. A religião pagã não é vista então como procedente de uma tentativa sincera de buscar a Deus, mas, de uma rejeição fundamental da auto-revelação divina.
Como os pagãos serão julgados?
O Novo Testamento torna claro que as pessoas serão julgadas segundo os conhecimentos que possuem. Nem todos os elementos da Lei do Velho Testamento são conhecidos por aqueles que habitam em partes remotas do mundo, mas lemos que “as leis de Deus estão escritas dentro deles”(Rm 2.15). Eles são julgados pela lei que não conhecem e encontrados em falta. Ninguém observa a ética que possui, mesmo que seja de sua própria invenção.
Aconselhei certa vez um aluno que estava em meu escritório “por obrigação”. Ele me procurava por insistência da mãe, cristã zelosa que desejava convencer de todo modo o filho a tornar-se cristão. Este porém achava-se profundamente desviado e resistia a persuasão dela. A rebelião dele era radical, optando por um estilo de vida conflitante com os valores familiares. Ao conversar comigo argumentou que todos tinham o direito de escolher sua própria ética. Ele acreditava em  “fazer o que queria”, queixando-se de que a mãe não tinha o direito de “empurrar” a religião pela sua garganta abaixo.
Perguntei-lhe porque rejeitava a estratégia da mãe, pois se esta seguisse as mesmas regras dele, podia muito bem obrigá-lo a engolir sua religião. O que a mãe “queria” era forçar seus conceitos religiosos garganta abaixo das pessoas. Expliquei-lhe que a mãe não estava sendo consistente com a ética cristã por mostrar-se insensível ao filho, embora fosse consistente com a ética do mesmo. A medida que conversamos, ele veio a compreender que na verdade acreditava que as pessoas podiam agir como quisessem contanto que não interviessem no que “ele” queria. O que desejava era uma ética para si, mas outra bem diferente para os demais. Quando nos queixamos do comportamento alheio revelamos claramente quais são os nossos conceitos reais de moral.
O pagão africano tem a sua ética, mas até mesmo esta ética é violada e ele fica portanto exposto ao juízo de Deus. O homem primitivo é frequentemente idealizado como isento da corrupção da civilização. Tais descrições idealistas não se ajustam porém aos fatos.
Se alguém que habite numa região montanhosa jamais ouviu falar de Cristo, ele não será então castigado por isso. Será entretanto castigado por rejeitar o Pai a quem conhece e pela desobediência à lei escrita em seu coração. Devemos lembrar de novo que as pessoas não são rejeitadas por aquilo que não conhecem, mas pelo que ouviram falar.
Se todos os homens ouviram falar do Pai, mas naturalmente o rejeitam, segue-se então que todos precisam conhecer a redenção oferecida em Cristo.
Não ter conhecimento de  Cristo é correr um risco, devido a rejeição anterior da revelação do Pai. Mas, ouvir de Cristo e rejeitá-lo será correr o risco duplo, pois agora não só o Pai foi rejeitado, mas também o Filho. Assim sendo, toda vez que o evangelho é proclamado ele contem uma espada de dois gumes. Para os que creem, é o sabor da glória. Para os que o rejeitam, a morte.
Como o Índio Isolado Pode Ouvir?
Se a pessoa que jamais ouviu falar de Cristo se encontra em sério risco, como esta dificuldade pode ser aliviada ou resolvida? A resposta se encontra numa simples declaração feita pelo apóstolo Paulo:
“ Como, porém, eles pediram a Ele que os salve, sem crerem nele? E como podem crer nele, se nunca ouviram falar dele? E como podem ouvir acerca dele, sem que alguém lhes fale? E como é que alguém irá para lhes falar, sem que outrem o envie? É sobre isso que as Escrituras falam, quando afirmam: como são bonitos os pés daqueles que pregam o evangelho da paz com Deus e trazem noticias alegres de coisas boas”(Rm 10. 14,15 Bíblia Viva)
O apóstolo afirma aqui a necessidade da missão da igreja. A missão (do latim enviar) começa com o amor de Deus. Foi por ter amado tanto o mundo que Ele “enviou” seu Filho ao mundo. A missão de Cristo foi a favor de todos os que haviam rejeitado o Pai. O Pai rejeitado enviou o Filho e o Filho enviou a Sua igreja. Essa é a base para a missão mundial da igreja. Cristo ordena que todos os que não ouviram venham a ouvir. Eles podem ouvir sem um pregador e não pode haver pregador sem que alguém o “envie”. A ordem de Cristo é que o evangelho seja pregado em toda terra e nação, a cada tribo e língua, a cada ente vivo. Se este mandado fosse levado a efeito pela igreja, a questão do que acontece com os que jamais ouviram seria discutível.
O cristão deve fazer uma outra pergunta depois de tratar da questão dos que nunca ouviram. Ele deve perguntar: “O que acontecerá comigo se eu nunca fizer nada para promover a missão mundial da igreja?”. Se levar a sério essa pergunta, sua resposta deve ser igualmente séria. Seu interesse pelo índio o nativo remoto deve começar com compaixão, devendo culminar também numa resposta compassiva.
A questão do destino do individuo que jamais ouve falar de Cristo deve ser respondida não só com palavras, mas também com ação. Esta atividade missionária não deve ser promovida, por um sentimento de paternalismo ou imperialismo, mas através da obediência da ordem de “enviar” dada por Cristo. Todos os homens precisam de Cristo e o dever da igreja é satisfazer essa necessidade.
Pontos Chaves a Serem Lembrados
O que acontecerá aos pagãos que não tiverem a oportunidade de ouvir?
1.Todos os homens conhecem Deus Pai (Rm 1.8 e seguintes). O problema do pagão que jamais ouviu o evangelho é um problema de nossa condição universal como decaídos da graça.Devemos enfatizar que Deus revelou-se a todos os homens. Todos sabem que existe um Deus. Assim sendo, ninguém pode alegar ignorância como justificativa para negar a Deus.
2. Todos deturpam e rejeitam o verdadeiro conhecimento de Deus. Desde que todos os homens conhecem a Deus e todos deturpam ou rejeitam esse conhecimento, ninguém é portanto inocente.
3. Não existem inocentes no mundo. Os que morrerem sem terem ouvido o evangelho serão julgados segundo o conhecimento que possuem. Serão julgados por rejeitarem Deus Pai, Deus jamais condena inocentes.
4. Deus julga segundo o conhecimento de cada um. A idolatria como “religião” não agrada a Deus, mas acrescenta insulto a injúria feita a glória de Deus.(Veja Is 42.8). A idolatria não representa a busca de Deus pelo homem, mas sim a sua fuga de Deus.
5. O evangelho é o dom divino da redenção para os perdidos. Deus enviou Cristo para dar as pessoas uma oportunidade de serem salvas da culpa que já possuem. Caso os homens rejeitem Cristo, eles irão enfrentar duplo juízo de rejeitarem tanto o Pai como o Filho(veja Cl 1. 13-17).
6. O pagão precisa de Cristo para reconciliá-lo com Deus Pai. O próprio Cristo considerou o pagão como estando “perdido”.
7. Cristo ordena a igreja para certificar-se de que todos ouçam o evangelho (Veja Mc 16.15).
8. A rejeição de Cristo resulta em duplo julgamento (veja 2Tm 4.1)
9. A simples “religião” não salva as pessoas, mas pode aumentar sua culpa.
Fonte: Razão Para Crer, de R.C. Sproul publicado pela editora Mundo Cristão.
R. C. Sproul: Teólogo e filósofo calvinista, autor prolífico, radialista e fundador do Ligonier Ministries. Possui Doutorado em Filosofia pela Free University Amsterdan e Doutorado em Teologia pelo Whitefield Theological Seminary.
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Tito 3 1-15 - A FÉ E A PRÁTICA DAS BOAS OBRAS.

Estamos vendo que Paulo escreveu essa epístola, provavelmente, entre 62-64 d.C., para incentivar Tito a completar a organização das igrejas em Creta, confrontar as ações de falsos mestres nessa região e instruir os crentes a terem uma conduta cristã apropriada. Estamos no capítulo 3/3.
Breve síntese do capítulo 3.
Paulo continua a série de conselhos e exortações a fim de que Tito e as suas ovelhas sejam frutíferas no caminho do Senhor e não entrem no caminho das discussões teológicas/espirituais que nada acrescentam a fé.
Na verdade, na verdade, todos sabemos o que temos de fazer e ninguém há que necessite de nos falar. Sabemos o que deve ser feito e quando deve ser feito, mas por causa do pecado, algo roubou nossa vontade e precisamos então sermos lembrados constantemente daquilo que já sabemos.
A pregação assim também tem o papel de nos exortar como se Deus estivesse nos exortando por meio do pregador. Ela não somente faz nascer a fé quando a ouvimos, mas cria em nós também a fé de fazer a obra que precisa ser feita e não fazemos apesar de sabermos que precisamos fazer.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. INSTRUÇÕES A TITO (1.5-3.11) - continuação.
Vimos que Paulo deu a Tito a responsabilidade de cuidar das igrejas em Creta. Tito deveria organizar as igrejas constituindo ministros qualificados e também fazer oposição aos falsos mestres.
Assim, estamos seguindo nossa divisão proposta, conforme a BEG: A. Organização das igrejas em Creta (1.5-9) – já vimos; B. Lidando com falsos mestres (1.10-16) – já vimos; C. Instruções para grupos específicos (2.1-15) – já vimos; D. Instruções para todos os cristãos (3.1-8) – veremos agora; e, E. Lidando com falsos mestres (3.9-11) – veremos agora.
D. Instruções para todos os cristãos (3.1-8).
Tendo dado instruções para cada grupo específico, Paulo deu a Tito um conselho geral (em meio a uma outra meditação sobre a graça de Deus) de encorajar toda a igreja a fazer "toda boa obra" (v. 1).
Tito tinha a responsabilidade de lembrar a igreja de Creta quanto à necessidade de uma conduta cristã tanto com relação aos crentes como aos não crentes.
Paulo o exorta a lembrar a todos que deveriam se sujeitar aos que governam, às autoridades. Para saber mais sobre submissão cristã às autoridades governantes, veja Rm 13.1-7 (veja também 1Pe 2.13-17; cf. 1Tm 2.1-2). Assim, deveriam estar prontos para toda boa obra. O tema dessa seção é fazer o bem (vs. 8; 2.7).
Os cristãos devem mostrar respeito e humildade para todos os tipos de pessoas, não somente aos governantes e àqueles que têm autoridade (vs. 1).
Assim como em 2.11-14, Paulo forneceu uma reflexão teológica como a base para a vida cristã apropriada.
·         Sujeitar-se aos governantes e às autoridades.
·         Ser obedientes.
·         Estar sempre prontos a fazer tudo o que é bom,
·         Não caluniar a ninguém.
·         Ser pacíficos e amáveis.
·         Mostrar sempre verdadeira mansidão para com todos os homens.
Esse versículo 3 apresenta uma descrição vívida da depravação humana à parte de Cristo.
·         Éramos insensatos e desobedientes.
·         Vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres.
·         Vivíamos na maldade e na inveja.
·         Éramos detestáveis.
·         Odiávamos uns aos outros.
Tudo isso, no entanto, mudou quando se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador. De acordo com o vs. 3, a principal preocupação de Paulo aqui era mais com a experiência da graça de Deus pelo pecador do que com a primeira vinda de Cristo (2Tm 1.10).
Ao mesmo tempo, a linguagem de Paulo chama a atenção para o fato de que a experiência do pecador com a graça de Deus envolve participação com a nova vida e nova criação que Cristo inaugurou na sua primeira vinda (veja 2Co 5.17; veja também o excelente artigo teológico da BEG: "O Plano das eras", em Hb 7).
Apesar de vivermos assim, houve um tempo também em que se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, da parte de Deus, nosso Salvador, mas não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia.
A salvação é pela graça e não por obras (vs. 6; Ef 2.8-9; 2Tm 1.9). Ele nos salvou. Veja 2Tm 1.9. Ele nos lavou - limpeza espiritual, da qual o batismo é sinal e selo (1Co 6.11; Ef 5.26). Ele nos regenerou e nos renovou. Ambas as palavras caracterizam "limpeza". "Regeneração" é a nova vida que se inicia quando a pessoa começa a ter fé em Cristo (Jo 3.3,5; 1Pe 1.3,23).
A renovação está intimamente relacionada com a regeneração; ela significa a transformação total da vida de uma pessoa que tem início quando ela é regenerada (Rm 12.2; 2Co 5.17) do Espírito Santo.
O Espírito aplica às pessoas a graça de Deus que é possível em Cristo (Jo 3.5-6). Observe o trinitarianismo dos vs. 4-6.
Assim ele o fez a fim de que, justificados pela sua graça, nos tornemos herdeiros, tendo a esperança da vida eterna.
Justificados quer dizer, declarados justos, ou seja, como tendo alcançado o padrão exigido pela justiça de Deus, mas por graça. Deixados a nós mesmos (vs. 3-4), jamais conseguiríamos nos apresentar justos diante de Deus.
O ponto principal dos vs. 3-7 é que a justiça vem somente por meio da graça de Deus (Rm 3.21-25). E uma vez justificados, nos tornamos herdeiros. O propósito de Deus em dar a sua graça aos pecadores não é somente salvá-los do julgamento eterno, mas também fazer deles parte de sua família mediante a adoção e, desse modo, herdeiros de suas promessas (Rm 8.17; GI 3.29; 4.7).
Paulo insistiu com Tito – vs. 8 - que enfatizasse esses ensinos porque eles beneficiariam a todos. A frase “fiel é esta palavra” aponta de volta para os vs. 4-7. Por isso que ele quer que ele afirme categoricamente tais coisas para assim crerem em Deus e se empenharem na prática de boas obras as quais são proveitosas aos homens. Aqueles que seguirem as instruções dos vs. 1-2 receberão muitos benefícios.
E. Lidando com falsos mestres (3.9-11).
Para contrastar com as instruções que havia acabado de dar, Paulo voltou pela última vez ao problema dos falsos mestres. Uma característica principal nos falsos mestres era a tendência que eles tinham para contendas (1Tm 1.4; 6.4) sobre a lei.
A lei de Moisés (1.10; cf. 1Tm 1.7) era boa, justa e perfeita, mas ficar com discussões tolas de genealogias e contendas a respeito da lei não trariam resultado positivo que fosse ou pudesse ser comparado com fazer o que é bom e, portanto, "útil" (vs. 8).
A disciplina da igreja em caso da criação de facções deveria incluir uma série de advertências (cf. Mt 18.15-17). Essas advertências também são apropriadas em vários outros casos. Os falsos mestres somente haviam causado divisões nas igrejas (1Tm 6.4-5).
Conclusão.
Dos vs. 12 ao 15, Paulo terminou a carta com instruções pessoais a Tito, saudações finais e uma bênção.
Ártemas – vs. 12 - não foi mencionado em nenhum outro lugar do Novo Testamento. Aparentemente, ele era um dos companheiros de trabalho de Paulo.
Tiquico era um companheiro de trabalho de Paulo (At 20.4; Ef 6.21; Cl 4.7; 2Tm 4.12).
Paulo iria enviar tanto Ártemas quando Tíquico e Tito deveria se esforçar para ir ao encontro de Paulo em Nicópolis. O ministério de Tito em Creta estava chegando ao fim.
Nicópolis era uma cidade na costa oeste da província romana de Epiro (oeste da Grécia) e Paulo tinha resolvido a passar o inverno ali. Paulo estava em Nicópolis, ou a caminho dessa cidade.
Era também para Tito providenciar tudo para a viagem de Zenas, o jurista e de Apolo, para que assim nada lhes faltasse. Provavelmente eles eram os portadores dessa carta.
Zenas não é mencionado em nenhum outro lugar no Novo Testamento. Aparentemente, ele era um dos companheiros de trabalho de Paulo.
Apolo, nativo de Alexandria, era famoso pela sua eloquência (At 18.24-26). Ele é mais conhecido pelo seu ministério em Corinto (At 18.27-19.1; 1Co 1.12; 3.4-22; 16.12).
O vs. 14 mostra Paulo cuidadoso em exortar e aconselhar para que todos se esforçassem na prática das boas obras. Presumivelmente, era a intenção de Paulo que essa carta fosse lida para toda a igreja (veja 1Tm 6.21; 2Tm 4.22).
Tt 3:1 Lembra-lhes
que se sujeitem aos que governam, às autoridades;
sejam obedientes,
estejam prontos para toda boa obra,
Tt 3:2 não difamem a ninguém;
nem sejam altercadores,
mas cordatos,
dando provas de toda cortesia,
para com todos os homens.
Tt 3:3 Pois nós também, outrora,
éramos néscios,
desobedientes,
desgarrados,
escravos de toda sorte de paixões e prazeres,
vivendo em malícia e inveja,
odiosos
e odiando-nos uns aos outros.
Tt 3:4 Quando, porém, se manifestou
a benignidade de Deus, nosso Salvador,
e o seu amor para com todos,
Tt 3:5 não por obras de justiça praticadas por nós,
mas segundo sua misericórdia,
 ele nos salvou mediante o lavar
regenerador
e renovador do Espírito Santo,
Tt 3:6 que ele derramou sobre nós ricamente,
por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador,
Tt 3:7 a fim de que,
justificados por graça,
nos tornemos seus herdeiros,
segundo a esperança da vida eterna.
Tt 3:8 Fiel é esta palavra,
e quero que, no tocante a estas coisas,
faças afirmação,
confiadamente,
para que os que têm crido em Deus
sejam solícitos na prática de boas obras.
Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.
Tt 3:9 Evita
discussões insensatas,
genealogias,
contendas
e debates sobre a lei;
porque não têm utilidade
e são fúteis.
Tt 3:10 Evita o homem faccioso,
depois de admoestá-lo primeira e segunda vez,
Tt 3:11 pois sabes que tal pessoa está pervertida,
e vive pecando,
e por si mesma está condenada.
Tt 3:12 Quando te enviar Ártemas ou Tíquico,
apressa-te a vir até Nicópolis ao meu encontro.
Estou resolvido a passar o inverno ali.
Tt 3:13 Encaminha com diligência
Zenas, o intérprete da lei,
e Apolo, a fim de que não lhes falte coisa alguma.
Tt 3:14 Agora, quanto aos nossos,
que aprendam também a distinguir-se
nas boas obras a favor dos necessitados,
para não se tornarem infrutíferos.
Tt 3:15 Todos os que se acham comigo te saúdam;
saúda quantos nos amam na fé.
A graça seja com todos vós.
Embora não sejamos justificados pelas obras - quem tem o Espírito Santo entende claramente isso -, as nossas obras servem para demonstrar a nossa fé. As obras não justificam, mas elas demonstram. Eu não alcanço favor de Deus com obras, mas Deus que alcançou nossos corações nos faz sermos frutíferos e cheios de obras para a sua glória.
É disso que Paulo fala a Tito no verso 8 para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras, pois estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.
Santificação: Quando vou deixar de pecar?
O termo santificação e palavras associadas (santificado, santo, santidade, consagrado, consagração, santos) são usados de maneiras diversas nas Escrituras. Num certo sentido, ser santificado significa ser separado do mundo - não para salvação, mas para os privilégios e responsabilidades especiais de uma relação de aliança com Deus (1Co 7.14; Hb 10.29). Em outro sentido, a santificação é o estado de estar permanentemente separado para Deus visando à salvação. Essa santidade flui da cruz onde, por meio de Cristo, Deus nos comprou e nos tomou para si (At 2 0.2 8; 2 6.1 8; Hb 1 0.1 O). Em outro sentido ainda, a santificação é a consagração dos cristãos pela qual sua vida é transformada ao longo do tempo de modo a se conformar à semelhança de Cristo. Essa santificação progressiva ou moral, como é chamada, flui da obra do Espírito Santo. Deus chama todos os seus filhos a buscarem a santificação e lhes provê o poder do Espírito para que obedeçam a esse chamado (Rm 8.1 3; 12.1-2; 1Co 6.11,19-20; 2Co 3.18; Ef 4.22-24; 1Ts 4.4; 5.23; 2Ts 2.13; Hb 13.20-21). Essa santificação é voltada para o padrão da lei moral de Deus e esclarecida e exemplificada pelo próprio Cristo (veja o artigo teológico "Os três usos da lei", em SI 119).
Os teólogos reformados costumam considerar esse terceiro sentido. Quando usam o termo santificação, estão se referindo à transformação contínua dos cristãos que resulta numa vida justa. A regeneração é o nascimento; a glorificação é o objetivo final; a santificação é o crescimento da regeneração para o objetivo da glorificação. Na regeneração, Deus instila no coração do cristão um desejo por Deus, pela santidade e pela santificação e glorificação do nome de Deus neste mundo. Também instila no seu ser interior um desejo de orar, adorar, amar, servir, honrar e agradar a Deus, de demonstrar amor e fazer o bem a outros (veja o artigo teológico "Regeneração e novo nascimento", em Jo 3). Na santificação, o Espírito Santo "efetua em [nós' tanto o querer como o realizar, segundo a boa vontade ide Deus" (Fp 2.13), e impele todos os cristãos a desenvolverem a sua salvação (Fp 2.12) atendendo a esses novos desejos. Os cristãos são predestinados "para serem conformes à imagem de (Cristo)" (Rm 8.29), e essa conformidade ocorre, até certo ponto, ainda nesta vida terrena. Paulo descreve esse processo como ser "transformados, de glória em glória, na sua própria imagem" (2Co 3.1 8). Portanto, a santificação é o início da glorificação que se completará quando Cristo trouxer os novos céus e nova terra (1 Co 1 5.4 9-5 3; Fp 3.20-21).
Na teologia reformada tradicional, a regeneração é um ato instantâneo de Deus que desperta aqueles que estão espiritualmente mortos. É uma obra realizada exclusivamente por Deus que efetua o novo nascimento. A santificação, por outro lado, é contínua e requer a nossa cooperação. E um processo pelo qual pessoas regeneradas, vivificadas para Deus e livres do domínio do pecado (Rm 6.11,14-18), devem se esforçar em obediência contínua mediante a dependência consciente do Espírito de Cristo. Paulo descreve a santificação tanto como um esforço humano quanto como uma obra divina. Por exemplo, o apóstolo reconhece o seu próprio esforço quando diz "prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus" (Fp 3.12). Perto do fim de sua vida, ele declara, "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé" (2Tm 4.7). No entanto, Paulo também adverte os gálatas: "Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?" (GI 3.3) e rejeita qualquer ideia de que somente o esforço humano é suficiente para a santificação, declarando, "logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (G1 2.20). Cientes de nossa impossibilidade de fazer o que é preciso sem a capacitação de Cristo e sabendo que ele está pronto para nos fortalecer para esse fim (Fp 4.13), devemos depender conscientemente do seu Espírito de modo a recebermos poder para todos os nossos esforços (C1 1.11; 1Tm 1.12; 2Tm 1.7; 2.1).
Apesar da orientação do Espírito, os verdadeiros cristãos experimentam conflitos interiores. O Espírito sustenta os seus desejos regenerados, mas a sua natureza humana decaída ainda não foi destruída e os desvia constantemente da prática da vontade de Deus (GI 5.1 6-1 7; Tg 1.1 4-1 5). Esse conflito continuará enquanto os cristãos estiverem nesta vida. No entanto, ao vigiarmos e orarmos contra a tentação e cultivarmos virtudes que nos auxiliem na nossa batalha, poderemos, com a ajuda do Espírito, experimentar muitos livramentos e vitórias específicas nos nossos confrontos com o pecado.
Essas vitórias sobre o pecado não tornam o cristão merecedor da salvação. Nosso mérito diante de Deus vem de nossa justificação somente pela fé pela imputação da justiça de Cristo (Rm 4.1-4). Apesar de não podermos jamais nos esquecer que o nosso único mérito diante de Deus é a justiça que recebemos de Cristo, devemos atentar para as palavras do autor de Hebreus: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14). Veja CFLV 8; CB 24.[1]
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel Deusdete. 


[1] Extraído da BEG referente ao capítulo 3 de Tito.
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Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Tito 2-15 - QUAL O DESAFIO DO PASTOR MODERNO COM RELAÇÃO AOS IDOSOS, MOÇOS E SERVOS?

Estamos vendo que Paulo escreveu essa epístola, provavelmente, entre 62-64 d.C., para incentivar Tito a completar a organização das igrejas em Creta, confrontar as ações de falsos mestres nessa região e instruir os crentes a terem uma conduta cristã apropriada. Estamos no capítulo 2/3.
Breve síntese do capítulo 2.
São mais e mais conselhos e exortações de tratamento do nosso próximo levando-se em conta a são doutrina. São conselhos para quem está a frente de uma obra de Deus. Ele fala como devemos tratar cada um, de acordo com sua categoria, respeitando a todos.
Assim, ele mostra a Tito como ele deve ter em mente seus ensinos de forma a formar em cada um o que considera ideal com relação aos homens idosos, às mulheres idosas, aos moços, aos servos.
Reparem na sua linguagem: “que os homens idosos sejam...”. Ele não fala do que eles são, mas do que ele espera que sejam. Não estou certo? E agora, qual o desafio de Tito e Qual O Desafio Do Pastor Moderno Com Relação Aos Idosos, Moços E Servos?
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. INSTRUÇÕES A TITO (1.5-3.11) - continuação.
Vimos que Paulo deu a Tito a responsabilidade de cuidar das igrejas em Creta. Tito deveria organizar as igrejas constituindo ministros qualificados e também fazer oposição aos falsos mestres.
Assim, estamos seguindo nossa divisão proposta, conforme a BEG: A. Organização das igrejas em Creta (1.5-9) – já vimos; B. Lidando com falsos mestres (1.10-16) – já vimos; C. Instruções para grupos específicos (2.1-15) – veremos agora; D. Instruções para todos os cristãos (3.1-8); e, E. Lidando com falsos mestres (3.9-11).
C. Instruções para grupos específicos (2.1-15).
Dos vs. 1 ao 15, veremos as instruções para grupos específicos. Paulo enfatizou os tipos de coisas que Tito, em contrate com os falsos mestres, deveria ensinar.
Paulo começou e terminou com uma exortação a Tito (vs. 1,15). Ele deu instruções específicas sobre como os homens mais velhos, as mulheres mais velhas, as mulheres mais novas, os homens mais novos (vs. 2-8) e os escravos (vs. 9-10) deveriam viver. Depois, ele explicou a base para a moral de todo cristão (vs. 11-14). Elas formarão a seguinte proposta de divisão, conforme a BEG: 1. A primeira recomendação a Tito (2.1) – veremos agora; 2. Velhos e jovens, homens e mulheres (2.2-8) – veremos agora; 3. Escravos (2.9-10) – veremos agora; 4. A base da vida cristã (2.11-14) – veremos agora; e, 5. A recomendação final a Tito (2.15) – veremos agora.
1. A primeira recomendação a Tito (2.1).
A primeira recomendação a Tito, aqui, foi que Paulo deu a Tito a responsabilidade de ensinar a "sã doutrina" que foi designada para cada grupo específico de pessoas nas igrejas de Creta.
2. Velhos e jovens, homens e mulheres (2.2-8).
Dos vs. 2 ao 8, ele deverá ter em mente os velhos e jovens, homens e mulheres. Tito deveria considerar a idade e o sexo das pessoas que ele liderava, porque cada grupo tinha suas necessidades especiais (cf. 1Tm 5.1-2).
Ele deveria ensinar a eles:
·         Sóbrios. Essa qualidade domina o conselho de Paulo essa seção (vs. 4-6,12; veja 1.8).
·         Dignos de respeito.
·         Sensatos.
·         Sadios na fé, no amor e na perseverança.
Semelhantemente, também deveria ser as mulheres mais velhas:
·         Reverentes na sua maneira de viver.
·         Não serem caluniadoras.
·         Não serem escravizadas a muito vinho.
·         Serem capazes de ensinar o que é bom ou serem mestras do bem. Isso provavelmente se refere à conduta delas em casa, como o próximo versículo sugere.
O vs. 4 fala que agindo bem as mulheres mais velhas, poderiam ensinar as mais jovens ou instruírem. Uma forma verbal do adjetivo traduzido como "temperança" ao longo dessa seção. Paulo o repetiu no próximo versículo.
Ele provavelmente tinha em mente problemas que algumas das jovens viúvas estavam encontrando em Éfeso (1Tm 5.11-13).
Observe que apesar de Paulo ter dado a Tito ensinamento direcionado a homens velhos, mulheres velhas e homens jovens, ele instruiu Tito a preparar as mulheres idosas a instruírem mulheres jovens.
Ensinar às mulheres jovens indiretamente em vez de diretamente eliminaria um tipo de tentação para Tito e faria bom uso dos dons de ensino das mulheres mais velhas.
Em contraste com o comportamento de algumas das viúvas jovens em Éfeso (1Tm 5.13), esse versículo não sugere que cuidar da casa seja a única vocação permitida a uma mulher cristã.
Em vez disso, o versículo instrui mulheres jovens e casadas (provavelmente com filhos pequenos) a cuidar das tarefas da sua própria casa, em vez de se intrometerem nas casas alheias (cf. 1 Tm 5.14).
Elas também deveriam ser sujeitas ao marido para que a palavra de Deus não fosse difamada. A preocupação primordial de Paulo ao longo dessa seção era a de que o comportamento do cristão deveria refletir positivamente o evangelho (vs. 8,10).
Paulo deu conselhos semelhantes para Timóteo (1Tm 4.12). O seu desejo seria de que Tido estivesse ocupado com o fazer boas obras. Um dos temas principais de Paulo ao longo dessa carta (vs. 14; 3. ,8,14).
·         Em tudo, Tito deveria ser um exemplo.
·         Deveria estar ocupado, como dissemos, fazendo boas obras.
·         Deveria mostrar em seu ensino, integridade e seriedade.
·         Deveria usar linguagem sadia, contra a qual nada se poderia dizer. Se alguém se levantasse contra, ficariam envergonhados por não terem nada de mal para dizer a respeito deles.
3. Escravos (2.9-10).
Paulo também falou aos servos – vs. 9 e 10. A dinâmica do relacionamento entre senhores e servos em Creta requeria atenção especial.
Sem aprovar a escravidão (cf. 1Co 7.21; 1 Pe 2.18), Paulo queria que Tito encorajasse os servos em seus sofrimentos. Paulo deu mais instruções sobre os servos em outras cartas (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25; 1Tm 6.1-2).
Com relação aos escravos ele disse:
·         Ensine-os a se submeterem em tudo a seus senhores.
·         A procurarem agradá-los.
·         A não serem respondões.
·         A não roubá-los.
·         A se mostrarem que são inteiramente dignos de confiança.
·         O ensino de Deus, nosso Salvador, deveria ser atraente a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador.
4. A base da vida cristã (2.11-14).
Esses versículos fornecem a base teológica para as instruções práticas dadas nos vs. 2-10.
A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.
A compaixão de Deus pelos pecadores, que eles não merecem. O propósito de Deus em estender a sua graça aos pecadores é a salvação deles (3.4-7; 2Tm 1.9).
A manifestação dessa graça se deu em Jesus Cristo (3.4,6; 2Tm 1.10) a todos os homens. Todos os tipos de pessoas estão em vista aqui, independentemente de sexo, idade, raça ou classe social (vs. 2-10; 1Tm 2.1-6).
E essa graça nos ensina a vivermos sensata, justa e piedosamente. Esse versículo fornece um "antídoto", por assim dizer, para a caracterização dos cretenses como "mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos" (1.12).
·         Em vez de serem "mentirosos", eles deveriam ser "piedosos" (Nm 23.19).
·         Em vez de serem "feras terríveis", deveriam ser "justos".
·         E ao contrário de terem "ventres preguiçosos", deveriam ser "sensatos".
Como falamos, essa graça nos ensina a vivermos sensata, justa e piedosamente enquanto aguardamos a bendita esperança e a manifestação da glória, ou seja, a segunda vinda (1Tm 6.14; 2Tm 4.1,8) de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo - essa é uma das mais claras afirmações no Novo Testamento da divindade de Cristo – vs. 13.
Foi ele, Jesus Cristo, que se deu a si mesmo por nós. Cristo livremente se deu como um substituto para os pecadores.
Depois disso, Paulo declarou dois propósitos para a morte de Cristo.
(1)   A fim de remir-nos de toda a iniquidade. Aqui Paulo enfatizou o individual: Cristo pagou o preço necessário a fim de libertar as pessoas de seus pecados (Mt 20.28; Mc 10.45; 1Tm 2.6; 1Pe 1.18-19).
(2)   A fim de purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu. Aqui Paulo focalizou a igreja: Cristo purifica indivíduos de seus pecados (Hb 9.14; 1 Jo 1.7,9) para que, juntos, possam constituir o seu povo especial (Ez 37.23; Ef 5.25-27) o qual deveria ser zeloso de boas obras.
5. A recomendação final a Tito (2.15).
Paulo completou as instruções para os grupos específicos dentro da igreja exortando Tito, pela segunda vez, acerca de suas responsabilidades. Ele deveria ensinar, exortar e repreender com toda autoridade. Tito tinha significativa autoridade porque ele era o representante de Paulo.
Tt 2:1 Tu, porém,
fala o que convém à sã doutrina.
Tt 2:2 Quanto aos homens idosos,
que sejam temperantes,
respeitáveis,
sensatos,
sadios
na fé,
no amor
e na constância.
Tt 2:3 Quanto às mulheres idosas, semelhantemente,
que sejam sérias em seu proceder,
não caluniadoras,
não escravizadas a muito vinho;
sejam mestras do bem,
 Tt 2:4 a fim de instruírem as jovens recém-casadas
a amarem ao marido e a seus filhos,
Tt 2:5 a serem sensatas,
honestas,
boas donas de casa,
bondosas,
sujeitas ao marido,
para que a palavra de Deus não seja difamada.
Tt 2:6 Quanto aos moços, de igual modo, exorta-os para que,
em todas as coisas, sejam criteriosos.
Tt 2:7 Torna-te, pessoalmente,
padrão de boas obras.
No ensino, mostra
integridade,
reverência,
Tt 2:8 linguagem sadia
e irrepreensível,
para que o adversário seja envergonhado,
não tendo indignidade nenhuma
que dizer a nosso respeito.
Tt 2:9 Quanto aos servos, que sejam,
em tudo, obedientes ao seu senhor,
dando-lhe motivo de satisfação;
não sejam respondões,
Tt 2:10 não furtem;
pelo contrário,
deem prova de toda a fidelidade,
a fim de ornarem, em todas as coisas,
a doutrina de Deus, nosso Salvador.
Tt 2:11 Porquanto a graça de Deus se manifestou
salvadora a todos os homens,
Tt 2:12 educando-nos para que,
renegadas a impiedade e as paixões mundanas,
vivamos, no presente século,
sensata,
justa
e piedosamente,
Tt 2:13 aguardando a bendita esperança
e a manifestação da glória
do nosso grande Deus
e Salvador Cristo Jesus,
Tt 2:14 o qual a si mesmo
se deu por nós,
a fim de remir-nos de toda iniqüidade
e purificar, para si mesmo,
um povo exclusivamente seu,
zeloso de boas obras.
Tt 2:15 Dize estas coisas;
exorta
e repreende também
com toda a autoridade.
Ninguém te despreze.
A graça de Deus se manifestou salvadora e isso para todos os homens! É ela também que nos educa em dois sentidos. Primeiro, para renegarmos a impiedade e as paixões humanas. Segundo, para vivermos sensata, justa e piedosamente neste século. Mas como? A resposta está no próprio versículo: aguardando! O que devemos aguardar? A bendita esperança e a manifestação da glória do nosso Grande Deus e Salvador Cristo Jesus.
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel Deusdete. 
...
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