INSCREVA-SE!

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

João 19 1-42 - ESTÁ CONSUMADO!

O Evangelho de João é o livro que foi escrito por João para apresentar a vida de Jesus de tal modo que os incrédulos possam ir a ele pela fé e os cristãos possam desenvolver sua fé em Cristo como o Messias e o Filho de Deus que desceu do céu. Assim, testemunhar de Jesus é o tema central desse Evangelho, tanto por parte de um homem especial como João Batista, do Pai, do Espírito Santo e de seus discípulos e fieis em toda parte do mundo. Estamos vendo o capítulo 19, da parte IV.
Breve síntese do capítulo 19
Aqui temos o dilema de Pilatos que diante do Senhor tem de tomar uma decisão. Existe uma decisão certa, mas ele não vai toma-la, antes tomará outra decisão e com isso encaminhará o Senhor para seu fim.
Era plano de Deus e sua vida estava para ser derramada em sacrifício pela vida dos homens que Deus preparou de antemão para serem salvos. Pilatos estava com medo, mas mesmo assim agirá dando desculpas de que suas mãos estão livres e limpas do sangue de Jesus.
Não aguentando as pressões dos judeus e das circunstâncias acaba cedendo e entregando Jesus para a crucificação sem nele achar qualquer crime. Um absurdo! Ele tinha autoridade para tirar Jesus dali porque tinha recebido essa autoridade de Deus e o Senhor reconheceu isso, mas mesmo assim, contra o bom-senso e a sua consciência, condenou o inocente.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
IV. O MINISTÉRIO ALCANÇA O CLÍMAX (18.1-20.31) - continuação.
Como já dissemos, a morte e a ressurreição de Jesus foram acontecimentos extraordinários e comprovaram que ele é o Messias e o Filho de Deus.
Dos versos primeiro ao último do capítulo 20, veremos esse ministério alcançando o seu clímax.
Os quatro Evangelhos relatam os principais acontecimentos da prisão, do julgamento, da crucificação e da ressurreição de Jesus. 
Essa 4ª parte foi dividida em três seções principais: A. A prisão e julgamento de Jesus (18.1-19.16) – concluiremos agora; B. A crucificação, a morte e o sepultamento de Jesus (19.17-42) – veremos agora; e, C. A ressurreição e os aparecimentos de Jesus (20.1-31).
A. A prisão e julgamento de Jesus (18.1-19.16) - continuação.
Essa seção é constituída de três subseções principais: a. A prisão de Jesus (18.1-18) – já vimos; b. O julgamento perante Anás (18.19-27) – já vimos; e c. O julgamento perante Pilatos (18.28-19.16) – concluiremos agora.
c. O julgamento perante Pilatos (1 8.28-19.16) - continuação.
Nós vimos que o Evangelho de João apresenta um relato do julgamento de Jesus diante das autoridades romanas em três fases distintas:
(1)   Perante Pilatos (18.28-38).
(2)   Perante Herodes (Lc 23.5-12).
(3)   Novamente perante Pilatos (18.39-19.16).
João relata apenas a primeira e a terceira fase, mas o faz de modo bem mais detalhado que os outros Evangelhos.
Em seguida, de Caifás os judeus levaram Jesus para o Pretório - residência oficial do governador romano, Pôncio Pilatos – vs. 18.28. Eles o levaram lá para não se contaminarem, principalmente por causa da Páscoa.
O capítulo 19 começa com Pilatos mandando açoitar Jesus, como se isso fosse resolver todas as coisas. Uma das maiores autoridades constituídas, ali, entre os homens cometendo um erro brutal ao dar início à execução da maior autoridade não somente da terra, mas do mundo inteiro.
O açoite romano era extremamente doloroso, pois era executado com um chicote de couro com ganchos de metal que rasgavam a pele. É possível que Pilatos esperasse comover os acusadores de Jesus ao permitir que testemunhassem esse castigo brutal.
Os soldados demonstraram um prazer sádico em atormentar Jesus e escarnecer dele como o rei dos judeus. Eles até teceram uma coroa de espinhos e a puseram na sua cabeça. Vestiram-no com uma capa de púrpura, e, chegando-se a ele, diziam: "Salve, rei dos judeus! " E batiam-lhe no rosto.
Com isso esperava Pilatos estar já agradando aos que queriam aquele homem morto, mas era ledo engano. Pilatos não via nele os crimes de que o acusavam – vs. 2-4.
Zombando, ao ver Jesus todos desfigurado, sangrando, ferido e sujo, usando a coroa de espinhos e a capa de púrpura, disse para eles que ali estava o homem deles, todo humilhado, ou seja, um coitado.
Era esse um modo natural de Pilatos apresentar o acusado, mas, ao mesmo tempo, uma declaração providencialmente apropriada: ali estava, de fato, aquele que reúne em si tudo o que a humanidade poderia e deveria ser. Ele é o último Adão, o cabeça de uma nova humanidade remida (1Co 15.45).
Ao vê-lo assim, não resistiram e pediram que fosse crucificado. Eram eles os principais sacerdotes e os guardas. O ódio dos principais sacerdotes era tanto que eles acabaram se transformando nos líderes de uma turba.
Pilatos, finalmente, desistiu e disse para eles que o tomassem e eles mesmos o crucificassem. Pilatos se irritou de tal modo que não considerou que os judeus não tinham permissão de realizar uma crucificação, ou então simplesmente ofereceu essa resposta sarcástica ao pedido dos judeus.
Ele insistiu que não achava nele crime algum. Pela terceira vez, Pilatos proclamou a inocência de Jesus (18.38; 19.4,6); essa narrativa corresponde ao relato de Lucas (Lc 23.4,14,22).
Os judeus insistiam com ele que Jesus tinha de morrer, pois se declarou Filho de Deus, o que na verdade era mesmo. A declaração se refere ao crime de blasfêmia do qual os judeus acusaram Jesus (Lv 24.16).
Diante disso, Pilatos ficou ainda mais atemorizado. Talvez a mensagem de sua esposa (Mt 27.19) tenha abalado Pilatos; nesse momento, Jesus foi retratado como uma figura sobrenatural. 
O temor em seu coração não o fez agir em favor do Filho de Deus e Pilatos estava mesmo assustado com o que estava permitindo que tivesse sequência. Perguntou para Jesus de onde ele era afinal, mas Jesus não lhe deu resposta.
Fica evidente aqui e ao longo de todo julgamento que Jesus não estava tentando se libertar. Sua recusa em resistir à prisão e ao julgamento fazia parte do seu sacrifício voluntário.
Pilatos não gostou desse silêncio de Jesus e o provocou dizendo que tinha sobre ele autoridade para poder soltá-lo, ou não. Jesus lhe responde que nenhuma autoridade terias sobre ele, se o seu Pai não lhe tivesse dado.
Jesus reconhecia o plano soberano de Deus que inclina até mesmo a perversidade de seus acusadores e a covardia de Pilatos. Pedro (At 2.23) e a igreja primitiva (At 4.28) também deram testemunho desse fato.
Diante disso, Pilatos fez de tudo para soltá-lo, mas seus esforços não eram firmes, pois ele também estava cedendo às pressões contrárias que sofria naqueles momentos. Os judeus apelaram dizendo que se ele o livrasse, não estaria sendo ele amigo de César – vs. 12.
Uma declaração extraordinária vinda de judeus do século 1. O povo judeu havia sido sujeitado à autoridade de uma sucessão de impérios durante quase seis séculos e em várias ocasiões havia lutado contra os gregos e romanos para obter sua independência (como voltariam a fazer no final do século 1). No entanto, em termos comparativos, seu ódio contra Jesus os torna "amigos de César".
Ouvindo isso, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se na cadeira de juiz.
Estava chegando a parasceve pascal - para os judeus, o dia de preparação do sábado ou para uma festa que coincidia com o sábado. Acredita-se, em geral, que se trata de uma referência ao dia de preparação para a comemoração da Páscoa (ou seja, quinta--feira).
Nesse caso, o Evangelho de João mostra Jesus sendo crucificado no mesmo dia em que os cordeiros pascais eram sacrificados (13.1-17.26), mas essa ideia parece conflitante com o registro dos Evangelhos sinóticos, de acordo com os quais a crucificação de Jesus aconteceu na sexta-feira.
É provável, porém, que a referência aqui seja ao dia de preparação para o sábado da Semana de Páscoa (ou seja, sexta-feira, pois o termo grego para -dia de preparação se refere, em geral, à sexta-feira antes do sábado semanal).
Eis aqui o vosso rei, dizia Pilatos sentado naquela cadeira de juiz. Até o último instante, Pilatos se referiu a Jesus como "rei dos judeus". É possível que essa designação representasse um esforço final de sua parte de comover os judeus; se era essa a sua intenção, não foi bem-sucedida.
No verso 16, temos finalmente a sua anuência entregando Jesus para ser crucificado e ai, os soldados se encarregaram de Jesus.
Posteriormente, Pilatos ordenou que esse título fosse escrito e colocado no alto da cruz (vs. 19), talvez como maneira de insultar os judeus em retaliação por o haverem pressionado a executar Jesus.
Eles o retrucavam dizendo que não tinham rei, senão César! Vinda dos judeus, essa proclamação representava uma traição a Deus. Definitivamente, os judeus rejeitaram a Jesus e o rejeitam até ao dia de hoje, século XXI, e continuarão a rejeitá-lo até reconhecerem que o messias que estão aguardando é falso, sendo o próprio filho do diabo.
B. A crucificação, a morte e o sepultamento de Jesus (19.17-42).
Veremos dos versos 17 ao 42, a crucificação, a morte e o sepultamento de Jesus. João registra vários detalhes desses acontecimentos para mostrar a importância deles e para que os seguidores de Jesus nunca se esquecessem do que seu Mestre havia feito por eles na cruz.
Jesus agora tinha a cruz para carregar. Foi o que ele recebeu dos homens: uma cruz para nela ser crucificado. As cruzes tinham várias formas. O fato de uma inscrição ter sido colocada sobre a cabeça de Jesus (Mt 27.37) dá certa credibilidade à forma em que ela é normalmente retratada.
Simão Cireneu foi forçado a carregar a cruz de Jesus, talvez devido à fraqueza de Jesus depois do açoitamento brutal. Apesar do que afirma a tradição, as Escrituras não falam que Jesus caiu três vezes sob o peso da cruz. Ele estava indo para um lugar chamado Caveira, que em aramaico era Gólgota.
Ao chegar em seu destino, o crucificaram.
A crucificação era um modo de execução extremamente doloroso, que envolvia grande sofrimento por causa dos pregos nas mãos e nos pés, da tensão dos músculos e tendões em todo o corpo, da grande dificuldade de respirar, das dores de cabeça intensas, febre alta e muita sede. Também envolvia a vergonha de ser exposto nu aos olhos do público.
Jesus foi crucificado ao lado de dois ladrões. Dois criminosos que mereciam a pena de morte (Lc 23.4), foram crucificados juntamente com Jesus, um detalhe que cumpriu as profecias (Is 53.12; Lc 22.37) e deu a Jesus a oportunidade de mostrar o seu poder salvador ao resgatar um homem que estava à beira da morte eterna.
Pilatos então mandou preparar uma placa e pregá-la na cruz, com a seguinte inscrição: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS – vs. 19.
Os quatro Evangelhos registram a inscrição de Pilatos com pequenas variações que devem, talvez, ser atribuídas ao fato de terem sido escritas em três línguas, aramaico, latim e grego.
A forma apresentada por João - "Jesus Nazareno" - possui um tom semita. Era costume colocar junto ao criminoso uma inscrição declarando o motivo da condenação. O mais importante, e mais irônico, é que essas palavras reconheciam Jesus oficialmente como Rei.
Houve protestos com relação ao que fora escrito. Os principais sacerdotes diziam que a inscrição era uma ofensa à sua nação. É possível que fosse justamente essa a intenção de Pilatos, pois ele se recusou a mudar as suas palavras. Depois de ceder na questão principal, ele se mostrou inflexível quanto a esse detalhe. Pilatos respondeu: "O que escrevi, escrevi" – vs. 22.
Tendo sido crucificado, apanharam as vestes de Jesus. Uma túnica tecida sem costura não era uma vestimenta incomum na antiguidade. O registro desse detalhe é importante, não pelo valor da túnica, mas por deixar clara a humilhação profunda de Jesus: ao oferecer-se como sacrifício, absolutamente tudo lhe foi tirado. Esse fato também cumpre a profecia de SI 22.18.
A lista apresentada no vs. 25 pode ser entendida de modo mais apropriado como unia referência a quatro mulheres. Se considerarmos que a irmã da mãe de Jesus é Maria, mulher de Clopas, obviamente chegaremos à conclusão que as duas irmãs se chamavam Maria.
E possível que o Clopas citado aqui seja o mesmo mencionado em Lc 24.18, e também o mesmo homem chamado Alfeu, pai dos apóstolos Tiago e Mateus (Mt 10.3; Mc 2.14; 3.18; Lc 6.15).
Convém observar a coragem dessas quatro mulheres. Algumas delas estavam presentes no sepultamento (Mt 27.61; Mc 15.47) e na ressurreição de Jesus (Mt. 28.1; Mc 16.1; Jo 20.1-18).
Jesus estava na cruz e viu abaixo dele sua mãe e o discípulo amado, João. Ele diz para ela e para ele. Mulher, eis ai teu filho; e ao discípulo, eis ai a sua mãe.
Jesus não realizou a sua obra na cruz na condição de filho de Maria, mas sim, de Mediador da nova aliança. No entanto, é admirável que num momento de dor física e angústia mental intensas, o Senhor tenha pensado nos outros, como indicam suas três primeiras declarações na cruz (Lc 23.34.43: Jo 19.26-27).
O cuidado terno de Jesus por sua mãe é demonstrado na provisão de um lar mais apropriado até do que aquele que ela teria com seus próprios filhos (Mt 13.55.56; Jo 7.5; 19.26-27).
 Passou-se um tempo e Jesus pode ver que tudo estava concluído, ou tudo já estava consumado. A quinta e a sexta declarações na cruz foram proferidas pouco antes da morte de Jesus.
A provação mais angustiante - o ato de tomar sobre si, de maneira substitutiva, a ira de Deus contra o pecado (Mt 27.46; Mc 15.34), que foi acompanhado de trevas - havia chegado ao fim.
Para que ainda a Escritura se cumprisse ele disse que tinha sede – vs. 28. É notável que numa situação de aflição extrema o Senhor se preocupe em cumprir as Escrituras. Na verdade, outras duas das sete declarações na cruz estão intimamente relacionadas com o Antigo Testamento (Mt 27, 46 é uma citação do SI 22.1 e Lc 23.46 cita o Sl 31.5; cf. Sl 69.21; 22.15).
Assim que provou, Jesus pode dizer que tudo estava consumado. Corresponde ao que João relatou no vs. 28. Para muitos, o sepultamento é o início da exaltação de Cristo, uma vez que ele foi poupado do procedimento romano habitual de deixar o corpo de um criminoso na cruz durante vários dias.
Deixar os corpos na cruz teria contaminado a terra (Dt 21.23). É interessante observar que os judeus se aliaram aos romanos para cometer um homicídio e depois fizeram questão de que se cumprisse uma lei cerimonial judaica, a preparação.
Esse excesso de dor – o quebrar das pernas - podia, por si mesmo, causar a morte. Certamente dificultava a respiração, uma vez que a pessoa não podia mais se apoiar nas pernas para respirar. No caso de Jesus nem foi necessário. Também isso aconteceu por causa das Escrituras que diziam que nenhum de seus ossos seriam quebrados.
Para certificar-se da morte de Jesus, o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança. João coloca esse detalhe junto com a descrição dos preparativos para o sepultamento nos vs. 39-40, e também a designação específica do sepulcro no v. 41, a fim de eliminar qualquer dúvida de que Jesus não estivesse morto.
Tanto o ato de traspassar o seu lado quanto o fato de seus ossos não terem sido quebrados cumpriram as Escrituras do Antigo Testamento (vs. 36-37).
Sua morte sem ossos quebrados cumpriu as exigências rituais de Nm 9.12, também prefiguradas em SI 34.20. O trespassamento cumpriu Zc 12.10.
João inclui o detalhe de sair sangue e água do lado de Jesus como um depoimento tanto da realidade do corpo físico de Jesus quanto de sua morte. E possível que também indique uma ruptura do coração que ocorre somente em casos de agonia extrema.
Alguns comentaristas veem nesse fato um significado simbólico e associam-no a 1Jo 5.6-8:
Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.
Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um.
E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num. (1 João 5:6-8).
Foi depois dessas coisas que aparece José de Arrematei-a, um simpatizante secreto de Jesus, mencionado nos quatro Evangelhos como relacionado ao sepultamento de Jesus. Não é citado em nenhuma outra parte do Novo Testamento. Com a permissão de Pilatos, ele pode ter acesso ao corpo para poder prepará-lo para o sepultamento.
Também Nicodemos ajudou José na preparação do corpo. Nicodemos tinha levado cerca de trinta e quatro quilos de uma mistura de mirra e aloés. Nicodemos fora mencionado anteriormente duas vezes nesse Evangelho (3.1; 7.50).
Nicodemos providenciou uma grande quantidade de especiarias aromáticas para a unção do corpo de Jesus. As mulheres fiéis estavam presentes durante o sepultamento (Mt 27.61; Mc 15.47; Lc 23.55).
Tomando o corpo de Jesus, os dois o envolveram em faixas de linho, juntamente com as especiarias, de acordo com os costumes judaicos de sepultamento e o colocaram num jardim, onde havia um sepulcro novo, onde ninguém jamais fora colocado.
Num jardim, foi criado o primeiro homem à imagem e à semelhança de Deus.
Num jardim, foi ressuscitado o segundo homem, o segundo Adão que é o resgate do primeiro.
Era esse o Dia da Preparação para os judeus e visto que o sepulcro ficava perto, colocaram Jesus ali. A obra de salvação do homem estava quase completa.
Jo 19:1 Então, por isso, Pilatos
tomou a Jesus
e mandou açoitá-lo.
Jo 19:2 Os soldados,
tendo tecido uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça
e vestiram-no com um manto de púrpura.
Jo 19:3 Chegavam-se a ele e diziam:
Salve, rei dos judeus!
E davam-lhe bofetadas.
Jo 19:4 Outra vez saiu Pilatos e lhes disse:
Eis que eu vo-lo apresento,
para que saibais que eu não acho nele crime algum.
Jo 19:5 Saiu, pois, Jesus
trazendo a coroa de espinhos
e o manto de púrpura.
Disse-lhes Pilatos:
Eis o homem!
Jo 19:6 Ao verem-no,
os principais sacerdotes
e os seus guardas gritaram:
Crucifica-o! Crucifica-o!
Disse-lhes Pilatos:
Tomai-o vós outros
e crucificai-o;
porque eu não acho nele crime algum.
Jo 19:7 Responderam-lhe os judeus:
Temos uma lei,
e, de conformidade com a lei,
ele deve morrer,
porque a si mesmo se fez Filho de Deus.
Jo 19:8 Pilatos,
ouvindo tal declaração,
ainda mais atemorizado ficou,
Jo 19:9 e, tornando a entrar no pretório, perguntou a Jesus:
Donde és tu?
Mas Jesus não lhe deu resposta.
Jo 19:10 Então, Pilatos o advertiu:
Não me respondes?
Não sabes que tenho autoridade
para te soltar
e autoridade para te crucificar?
Jo 19:11 Respondeu Jesus:
Nenhuma autoridade terias sobre mim,
se de cima não te fosse dada;
por isso, quem me entregou a ti
maior pecado tem.
Jo 19:12 A partir deste momento,
Pilatos procurava soltá-lo,
mas os judeus clamavam:
Se soltas a este,
não és amigo de César!
Todo aquele que se faz rei
é contra César!
Jo 19:13 Ouvindo Pilatos estas palavras,
trouxe Jesus para fora
e sentou-se no tribunal,
no lugar chamado Pavimento, no hebraico Gabatá.
Jo 19:14 E era a parasceve pascal,
cerca da hora sexta;
e disse aos judeus:
Eis aqui o vosso rei.
Jo 19:15 Eles, porém, clamavam:
Fora! Fora!
Crucifica-o!
Disse-lhes Pilatos:
Hei de crucificar o vosso rei?
Responderam os principais sacerdotes:
Não temos rei,
senão César!
Jo 19:16 Então, Pilatos
o entregou para ser crucificado.
Jo 19:17 Tomaram eles, pois, a Jesus;
e ele próprio,
carregando a sua cruz,
saiu para o lugar chamado Calvário,
Gólgota em hebraico,
Jo 19:18 onde o crucificaram
e com ele outros dois,
um de cada lado,
e Jesus no meio.
Jo 19:19 Pilatos escreveu
também um título
e o colocou no cimo da cruz;
o que estava escrito era:
JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
Jo 19:20 Muitos judeus leram este título,
porque o lugar em que Jesus fora crucificado
era perto da cidade;
e estava escrito em
hebraico, latim e grego.
Jo 19:21 Os principais sacerdotes diziam a Pilatos:
Não escrevas:
Rei dos judeus,
e sim que ele disse:
Sou o rei dos judeus.
Jo 19:22 Respondeu Pilatos:
O que escrevi escrevi.
Jo 19:23 Os soldados, pois,
quando crucificaram Jesus,
tomaram-lhe as vestes
e fizeram quatro partes,
para cada soldado uma parte;
e pegaram também a túnica.
A túnica, porém,
era sem costura,
toda tecida de alto a baixo.
Jo 19:24 Disseram, pois, uns aos outros:
Não a rasguemos,
mas lancemos sortes sobre ela para ver a quem caberá
- para se cumprir a Escritura:
Repartiram entre si as minhas vestes
e sobre a minha túnica lançaram sortes.
Assim, pois, o fizeram os soldados.
Jo 19:25 E junto à cruz estavam
a mãe de Jesus,
e a irmã dela,
e Maria,
mulher de Clopas,
e Maria Madalena.
Jo 19:26 Vendo Jesus sua mãe
e junto a ela o discípulo amado, disse:
Mulher, eis aí teu filho.
Jo 19:27 Depois, disse ao discípulo:
Eis aí tua mãe.
Dessa hora em diante,
o discípulo a tomou para casa.
Jo 19:28 Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado,
para se cumprir a Escritura, disse:
Tenho sede!
Jo 19:29 Estava ali um vaso cheio de vinagre.
Embeberam de vinagre uma esponja
e, fixando-a num caniço de hissopo,
lha chegaram à boca.
Jo 19:30 Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse:
Está consumado!
E, inclinando a cabeça,
rendeu o espírito.
Jo 19:31 Então, os judeus,
para que no sábado
não ficassem os corpos na cruz,
visto como era a preparação,
pois era grande o dia daquele sábado,
rogaram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas,
e fossem tirados.
Jo 19:32 Os soldados
foram
e quebraram as pernas
ao primeiro
e ao outro que com ele tinham sido crucificados;
Jo 19:33 chegando-se, porém, a Jesus,
como vissem que já estava morto,
não lhe quebraram as pernas.
Jo 19:34 Mas um dos soldados lhe abriu o lado
com uma lança,
e logo saiu sangue e água.
Jo 19:35 Aquele que isto viu testificou,
sendo verdadeiro o seu testemunho;
e ele sabe que diz a verdade,
para que também vós creiais.
Jo 19:36 E isto aconteceu para se cumprir a Escritura:
Nenhum dos seus ossos será quebrado.
Jo 19:37 E outra vez diz a Escritura:
Eles verão aquele a quem traspassaram.
Jo 19:38 Depois disto, José de Arimatéia,
que era discípulo de Jesus,
ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus,
rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus.
Pilatos lho permitiu.
Então, foi José de Arimatéia
e retirou o corpo de Jesus.
Jo 19:39 E também Nicodemos,
aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite,
foi, levando cerca de cem libras de um composto
de mirra e aloés.
Jo 19:40 Tomaram, pois, o corpo de Jesus
e o envolveram em lençóis com os aromas,
como é de uso entre os judeus
na preparação para o sepulcro.
Jo 19:41 No lugar onde Jesus fora crucificado,
havia um jardim,
e neste, um sepulcro novo,
no qual ninguém tinha sido ainda posto.
Jo 19:42 Ali, pois, por causa
da preparação dos judeus
e por estar perto o túmulo,
depositaram o corpo de Jesus.
Jesus morreu! O inocente que não tinha pecado se fez pecado por nós. O justo morreu pelo injusto para fazer deste um justificado pelo seu sangue. Deus não nos fez justos em Cristo Jesus, antes, fomos justificados pelo Justo.
A Deus toda glória! 
p/ pr. Daniel Deusdete.
...


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

João 18.1-40 - A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS... ESCOLHA!

O Evangelho de João é o livro que foi escrito por João para apresentar a vida de Jesus de tal modo que os incrédulos possam ir a ele pela fé e os cristãos possam desenvolver sua fé em Cristo como o Messias e o Filho de Deus que desceu do céu. Assim, testemunhar de Jesus é o tema central desse Evangelho, tanto por parte de um homem especial como João Batista, do Pai, do Espírito Santo e de seus discípulos e fieis em toda parte do mundo. Estamos vendo o capítulo 18, da parte IV.
Breve síntese do capítulo 18
Ali no Jardim do Gtsêmani Jesus e seus discípulos tinham costume de ir para orarem e meditarem nas coisas de Deus. Judas conhecia aquele lugar porque participava com eles. O que adianta participar, ir, orar, frequentar, mas ter o coração distante? Judas era um traidor e traiu... tropeçou na pedra de tropeço! (ver: http://www.jamaisdesista.com.br/2011/01/faltam-8391000-dias-meu-proposito.html )
É incrível quando Pedro tenta, corajosamente, defender a Jesus, mas Jesus o interrompe e declara: “não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?”. Jesus para mim é o exemplo que temos de aceitar o governo de Deus e saber que ele está no controle de tudo. Ele poderia ter reagido, mas não reagiu. Aceitou ser preso, inda que injustamente.
Tendo sido preso, começa seu julgamento injusto e a triste trajetória de Pedro. Também ele está traindo o seu mestre, negando-o com todas as suas forças. A história é narrada em paralelo até quando Jesus é levado à presença de Caifás, sumo Sacerdote, e, depois para o pretório, onde é interrogado por Pilatos.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
IV. O MINISTÉRIO ALCANÇA O CLÍMAX (18.1-20.31).
A morte e ressurreição de Jesus foram acontecimentos extraordinários e comprovaram que ele é o Messias e o Filho de Deus.
Dos versos primeiro ao último do capítulo 20, veremos esse ministério alcançando o seu clímax.
Os quatro Evangelhos relatam os principais acontecimentos da prisão, do julgamento, da crucificação e da ressurreição de Jesus.
A correlação dos detalhes gera algumas dificuldades, apesar de os elementos principais estarem em perfeita harmonia: Jesus foi preso durante a noite; seu julgamento diante das autoridades judaicas aconteceu em pelo menos duas fases, e foi durante o julgamento que Pedro negou o Senhor três vezes.
O julgamento diante das autoridades seculares aconteceu em três fases, e Jesus foi executado pelos soldados de Pilatos. Ele foi sepultado no túmulo de José de Arimateia e, no inicio da semana, ressuscitou de entre os mortos e foi visto com vida em vários aparecimentos aos seus discípulos.
Nenhuma das dificuldades de correlação dos detalhes é insuperável, mas em vários casos, mais de uma explicação é possível e, diante da falta de informações mais detalhadas, é difícil escolher uma delas.
Dividiremos essa 4ª parte em três seções principais: A. A prisão e julgamento de Jesus (18.1-19.16) – começaremos a ver agora; B. A crucificação, a morte e o sepultamento de Jesus (19.17-42); e, C. A ressurreição e os aparecimentos de Jesus (20.1-31).
A. A prisão e julgamento de Jesus (18.1-19.16).
Essa seção é constituída de três subseções principais: a. A prisão de Jesus (18.1-18) – veremos agora; b. O julgamento perante Anás (18.19-27) – veremos agora; e c. O julgamento perante Pilatos (18.28-19.16) – iniciaremos agora.
a. A prisão de Jesus (18.1-18).
Jesus tinha acabado de orar e saiu com seus discípulos para atravessarem o ribeiro Cedrom, localizado a leste de Jerusalém. Era ali que ficava um olival, onde entrou com eles – vs. 1. Era este um lugar comum deles e Judas conhecia bem aquele local.
Judas sabia que estariam ali orando e levou toda a escolta e alguns guardas dos fariseus e sacerdotes, provavelmente os mesmos guardas do templo mencionados em 7.32,45.
Com certeza esperavam resistência à prisão, tanto da parte de Jesus quanto dos discípulos,
Sabendo Jesus todas as coisas adiantou-se e perguntou-lhes a quem eles estariam procurando. Observe aqui, e nos vs. 7,11, que Jesus tinha a intenção de se sujeitar à prisão e ao julgamento. Ele não tentou fugir de sua missão.
Quando responderam à pergunta de Jesus dizendo que procuravam por Jesus, ele respondeu a eles “sou eu” – essa expressão que identifica Jesus aos guardas também coincide com o nome solene de Deus em Ex 3.14 (há sete dessas ocorrências no Ev. de João) -, uma reposta que parece ter afetado sobrenaturalmente os guardas.
Caíram e se levantaram, e novamente Jesus lhes perguntou a quem buscavam e eles disseram pela segunda vez: “A Jesus de Nazaré”. Jesus responde dizendo que já tinha falado que era ele e como era ele a quem buscavam, que eles deixassem ir os seus discípulos. Mesmo nesse momento critico, Jesus continua a demonstrar preocupação pelos seus discípulos (17.12).
Os discípulos não seriam detidos por causa da palavra de Deus nas Escrituras que dizia que Jesus não tinha perdido nenhum dos que o Pai lhe dera – Jo 6.39; 17.12.
Naquele momento de tensão, Simão Pedro, impulsivamente, feriu o servo do sumo sacerdote, decepando sua orelha num golpe que seria mesmo para cortar-lhe a cabeça.
Esse foi um gesto impensado de resistência que, aliás, não foi executado com muita habilidade, uma vez que Pedro só conseguiu cortar a orelha do servo. Somente Lucas relata que Jesus curou esse homem (Lc 22.51), e apenas João registra que Pedro tinha consigo uma espada e que o nome do servo era Malco.
Jesus mesmo interrompe o que poderia ser ali um massacre e ordena Pedro a meter a espada na bainha. Não se trata de uma negação do direito de defesa própria ou resistência civil. Jesus havia vindo para dar sua vida em resgate por muitos e não seria dissuadido dessa tarefa (cf. Mt 16.21-23).
Jesus redargui: não beberei, porventura, o cálice da ira de Deus? Sem dúvida, o cálice da ira de Deus (Sl 75.8; Is 51.17; Jr 25.15-17,27-38). O "cálice" que Jesus escolheu beber não era apenas da morte, mas também da ira de Deus contra o pecado (cf. Mt 20.22; Mc 10.38). Ah, que dor terrível teve que suportar meu Senhor por mim, pecador.
Ato contínuo, prenderam Jesus, o manietaram e o levaram primeiramente até Anás, sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano.
Anás era um dos líderes judeus mais influentes da época. Apesar de ter sido deposto do cargo de sumo sacerdote pelos romanos, ainda era conhecido por esse titulo.
E difícil determinar se o vs. 13 e os vs. 19-24 correspondem a uma ou duas fases separadas do julgamento de Jesus diante das autoridades judaicas. Mateus, Marcos e Lucas se referem a uma fase adicional perante o Sinédrio.
As duas fases chamam a atenção por suas irregularidades e violações graves da conduta quanto aos procedimentos judiciais estabelecidas pelos próprios judeus.
Por exemplo:
·         O Sinédrio não deveria se reunir durante a noite.
·         A pena de morte não podia ser declarada no dia do julgamento.
·         Anás e Caifás deveriam ser desqualificados como juízes devido ao seu preconceito (18.14).
·         O processo envolveu depoimentos e testemunhas falsas (Mt 26.59-60).
·         Ao contrário do que foi alegado no julgamento, Jesus não era culpado de blasfêmia, uma vez que as suas declarações não ultrajaram o nome de Deus.
·         Jesus sofreu agressões físicas dos guardas durante o processo (18.22; veja também Mc 14.65).
Além de tudo isso, o Sinédrio não tinha permissão para se reunir e julgar crimes passíveis de morte na véspera do sábado ou dias festivos. Essas inúmeras contravenções deixam claro que a condenação de Jesus pelas autoridades judaicas não passou de uma paródia jurídica grotesca.
Tanto Simão Pedro quanto o outro discípulo acompanhavam de perto o que aconteceria com Jesus. Provavelmente esse outro era o próprio João, uma vez que dentre os três mais próximos de Jesus (Tiago, Pedro e João), apenas ele não é mencionado pelo nome nesse Evangelho.
João era conhecido do sumo sacerdote e pode entrar e seguir Jesus para ver o que lhe aconteceria. João tinha acesso ao palácio a ponto de receber permissão para entrar com um acompanhante (vs. 16). Assim, Pedro também pode entrar.
A moça encarregada da porta que autorizara Pedro entrar, por pedido de João, dirigiu uma pergunta para ele: "Você não é um dos discípulos desse homem?” Ele respondeu: "Não sou".
O relato das negações de Pedro é interrompido nos vs. 19-24 para dar lugar a uma descrição de um aspecto específico do julgamento judaico.
Os outros Evangelhos tratam dessas negações num único parágrafo contínuo.
Ao que parece, trata-se de três conjuntos de negações, e não apenas três frases negativas proferidas por Pedro, algo que se esperaria diante das circunstancias, pois várias pessoas estavam circulando pelo pátio e se aproximando do fogo para se aquecer.
Esses conjuntos podem ser organizados de diferentes formas, todas igualmente válidas, de modo a resultar no número três predito por Jesus (13.38).
Os quatro Evangelhos concordam que a primeira negação foi em resposta à pergunta de uma serva, identificada por João como “a criada, encarregada da porta" (vs. 17), ou seja, uma pessoa de pouca influência nessa casa.
A negação de Pedro ressalta a solidão de Jesus em seu ato sacerdotal de oferecer-se como oferta pelo pecado. Ao suportar sobre si a ira justa de Deus contra o pecado. Ele não recebeu nenhum tipo de alivio, conforto ou consolo. A solidão de Jesus em seu sofrimento está prefigurada em SI 69.20.
b. O julgamento perante Anás (18.19-27).
Do lado de fora fazia muito frio e procuravam se aquentar diante de uma fogueira; dentro o sumo sacerdote interrogava a Jesus. Uma referência a Anás, ou a Caifás na casa de Anás (vs. 24).
Era considerado inapropriado interrogar o acusado até que se determinassem indícios de sua culpa por meio do depoimento de testemunhas. Por esse motivo, há quem considere essa parte do processo uma audiência, e não um julgamento.
Nos vs. 20 e 21, Jesus responde à pergunta e afirma ter falado abertamente, nada em segredo ou em oculto, portanto, que perguntassem aos que ouviram falar. Nisso um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus como medida repressiva e educativa. Aquele soldado entendeu que Jesus estaria sendo grosseiro com aquela autoridade. Algo extremamente irregular, especialmente tendo em vista que o prisioneiro estava de mãos atadas (vs. 24).
Jesus não deixou por menos e pediu ao soldado que explicasse a ele o motivo de sua bofetada uma vez que nada dissera de mal, antes em verdade falara. Anás então enviou Jesus ainda manietado a Caifás, o sumo sacerdote.
A narrativa volta-se para Pedro e ele o nega pela segunda vez. O fato de haver outras pessoas presentes provavelmente indica que houve mais de uma pergunta.
Novamente Pedro é identificado por um dos parentes de Malco. A pergunta desse homem é mais perigosa do que as anteriores, pois é possível que o servo estivesse tentando vingar Malco.
O Evangelho de Marcos observa que esse – vs. 27 - foi o segundo canto do galo (Mc 14.72), como Jesus havia predito (Mc 14.30). Os outros Evangelhos se concentram no canto em si, e não no número de vezes que o galo cantou.
c. O julgamento perante Pilatos (1 8.28-19.16).
O Evangelho de João apresenta um relato do julgamento de Jesus diante das autoridades romanas em três fases distintas:
(1)   Perante Pilatos (18.28-38).
(2)   Perante Herodes (Lc 23.5-12).
(3)   Novamente perante Pilatos (18.39-19.16).
João relata apenas a primeira e a terceira fase, mas o faz de modo bem mais detalhado que os outros Evangelhos.
Em seguida, de Caifás os judeus levaram Jesus para o Pretório - residência oficial do governador romano, Pôncio Pilatos – vs. 28. Eles o levaram lá para anão se contaminarem, principalmente por causa da Páscoa.
É impressionante que o pretório romano, um lugar de hostilidade entre romanos e judeus, impuro para estes últimos, tenha sido o local onde os judeus colaboraram com a morte de Jesus.
Nisso, Pilatos sai para falar com eles e queria saber das acusações contra Jesus. Um julgamento deve começar com uma acusação formal, mas os judeus não tinham nenhuma que pudesse ser considerada legitima por um tribunal romano, muito menos uma que provasse um crime passível de morte.
Os judeus evitam dar uma resposta objetiva, mas insistiam que ele fosse condenado, pois não o teriam levado a ele se não fosse um criminoso – vs. 30.
Pilatos se zangou e mandou que eles mesmos julgassem o caso – vs. 31. É uma resposta lógica, pois Pilatos considerou que se eles não estavam dispostos a especificar as acusações, então não deveriam esperar que ele realizasse um julgamento.
A nós não nos é licito matar ninguém. Isso era uma restrição regular em lugares ocupados pelos romanos, talvez visando proteger aqueles que apoiavam Roma.
Os métodos de execução empregados pelos judeus eram o apedrejamento, a morte pela fogueira e a decapitação. O enforcamento e a crucificação, termos sugeridos pelo verbo 'levantar", eram métodos de execução romanos. Observa-se aqui o controle divino sobre todo o processo, apesar da injustiça flagrante.
Pilatos volta ao pretório, chama a Jesus e pergunta a ele se ele era de fato o rei dos judeus. Uma pergunta baseada nas acusações registradas em Lc 23.2.
Jesus retruca interrogando ele se aquela pergunta vinha dele mesmo. Era importante fazer essa distinção, pois a resposta seria diferente dependendo do sentido da pergunta.
Jesus não era o rei dos judeus no sentido de que promovia revolta contra Roma, de acordo com as acusações dos líderes judeus (Lc 23.2), mas era, de fato, o Rei dos judeus no sentido messiânico (Mt 2.2; Lc 1.32-33; 19.38; Jo 12.13).
Pilatos responde dizendo que não era judeu. Pilatos demonstra certa irritação diante de uma resposta que lhe parece evasiva. Observe que ele não respondeu à pergunta de Jesus: a acusação não havia sido uma ideia sua.
Então Jesus faz um discurso dizendo que o seu reino não era deste mundo. Jesus é, de fato, Rei, mas nesse momento, não fez nenhum esforço para estabelecer o seu reino mediante uma demonstração de poder físico. Essa inexplicável resposta por parte do acusado era totalmente enigmática para Pilatos.
Pilatos se maravilhou diante de sua proclamação de que ele era rei. A pergunta de Pilatos dá ocasião para a resposta maravilhosa de Jesus, cuja missão e reino estão profundamente relacionados à verdade - por esta razão ele nasceu e para isto veio ao mundo: para testemunhar da verdade e todos os que são da verdade, certamente o ouvirão – logo, Pilatos e seus acusadores não eram da verdade (1.14,17; 8.32; 14.6).
Querendo se justificar, Pilatos faz uma pergunta evasiva: Que é a verdade?
A verdade não importa para aqueles que, como Pilatos, são motivados pela conveniência. Do mesmo modo, a verdade não importa para os céticos que perderam a esperança de obtê-la.
No entanto, a resposta de Jesus deixa claro que ele não era um rebelde político que deveria ser executado pelo poder romano. Eu não acho nele crime algum.
Pilatos constatou que Jesus não havia cometido nenhum crime (veja também 19.4,6). Os atos do governador romano deixam claros a sua relutância em executar Jesus.
Pilatos procurou libertar Jesus (vs. 39; 19.12) e ordenou que ele fosse açoitado (19.1), na esperança de libertá-lo após satisfazer o desejo da multidão de castigá-lo.
Por ironia, a autoridade romana queria libertar Jesus, ao passo que “os seus" (1.11) clamavam para que ele fosse morto.
Em termos teológicos, Pilatos tinha a função irônica de declarar a inocência de Jesus. Assim, Jesus morreu como homem absolutamente inculpável e sem pecado, tendo oferecido a si mesmo corno o Cordeiro Pascal sem mácula ou defeito.
A prática de poupar um criminoso na época da Páscoa é um simbolismo da própria festa, que comemorava o fato de Deus ter poupado os israelitas da morte (o termo hebraico para "Páscoa" provavelmente está relacionado a uma raiz que, por vezes, significa "poupar").
Jesus deveria ter sido poupado, pois era inocente, mas os judeus optaram por libertar Barrabás. Do mesmo modo, é muito importante compreender que os pecadores arrependidos são poupados eternamente da ira justa de Deus porque Jesus sofreu sobre si o castigo dessa ira em nosso lugar.
Ali, diante de Pilatos estavam dois “criminosos” e um deles, por costume local, poderia ser liberto por ocasião da Páscoa e ele deixou esta escolha com o povo.
Qual dos Jesus seria liberto? Qual dos Barrabás? Jesus, o Cristo ou Jesus Barrabás? Barrabás significa “filho do pai". Jesus, o verdadeiro Filho do Pai, morreu no lugar desse criminoso.
Eles escolheram Barrabás, o bandido. E você? Não dá para fugir para sempre. Escolha agora! Essa é a sua hora oportuna. Não tenha medo.
Jo 18:1 Tendo Jesus dito estas palavras,
saiu juntamente com seus discípulos
para o outro lado do ribeiro Cedrom,
onde havia um jardim;
e aí entrou com eles.
Jo 18:2 E Judas, o traidor,
também conhecia aquele lugar,
porque Jesus ali estivera muitas vezes com seus discípulos.
Jo 18:3 Tendo, pois, Judas recebido a escolta
e, dos principais sacerdotes
e dos fariseus, alguns guardas,
chegou a este lugar com lanternas, tochas e armas.
Jo 18:4 Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir,
adiantou-se e perguntou-lhes:
A quem buscais?
Jo 18:5 Responderam-lhe:
A Jesus, o Nazareno.
Então, Jesus lhes disse:
Sou eu.
Ora, Judas, o traidor, estava também com eles.
Jo 18:6 Quando, pois, Jesus lhes disse:
Sou eu,
recuaram
e caíram por terra.
Jo 18:7 Jesus, de novo, lhes perguntou:
A quem buscais?
Responderam:
A Jesus, o Nazareno.
Jo 18:8 Então, lhes disse Jesus:
Já vos declarei que sou eu;
se é a mim, pois, que buscais,
deixai ir estes;
Jo 18:9 para se cumprir a palavra que dissera:
Não perdi nenhum dos que me deste.
Jo 18:10 Então, Simão Pedro
puxou da espada que trazia
e feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita;
e o nome do servo era Malco.
Jo 18:11 Mas Jesus disse a Pedro:
Mete a espada na bainha;
não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?
Jo 18:12 Assim,
 a escolta,
o comandante
e os guardas dos judeus
prenderam Jesus,
manietaram-no
Jo 18:13 e o conduziram primeiramente a Anás;
pois era sogro de Caifás,
sumo sacerdote naquele ano.
Jo 18:14 Ora, Caifás era quem havia declarado aos judeus
ser conveniente morrer um homem pelo povo.
Jo 18:15 Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus.
Sendo este discípulo conhecido do sumo sacerdote,
entrou para o pátio deste com Jesus.
Jo 18:16 Pedro, porém, ficou de fora,
junto à porta.
Saindo, pois, o outro discípulo,
que era conhecido do sumo sacerdote,
falou com a encarregada da porta
e levou a Pedro para dentro.
Jo 18:17 Então, a criada,
encarregada da porta, perguntou a Pedro:
Não és tu também um dos
discípulos deste homem?
Não sou, respondeu ele.
Jo 18:18 Ora, os servos e os guardas estavam ali,
tendo acendido um braseiro, por causa do frio,
e aquentavam-se.
Pedro estava no meio deles,
aquentando-se também.
Jo 18:19 Então, o sumo sacerdote interrogou a Jesus
acerca dos seus discípulos
e da sua doutrina.
Jo 18:20 Declarou-lhe Jesus:
Eu tenho falado francamente ao mundo;
ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo,
 onde todos os judeus se reúnem,
e nada disse em oculto.
Jo 18:21 Por que me interrogas?
Pergunta aos que ouviram o que lhes falei;
bem sabem eles o que eu disse.
Jo 18:22 Dizendo ele isto,
um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo:
É assim que falas ao sumo sacerdote?
Jo 18:23 Replicou-lhe Jesus:
Se falei mal,
dá testemunho do mal;
mas, se falei bem,
por que me feres?
Jo 18:24 Então, Anás o enviou,
manietado,
à presença de Caifás,
o sumo sacerdote.
Jo 18:25 Lá estava Simão Pedro,
aquentando-se.
Perguntaram-lhe, pois:
És tu, porventura, um dos discípulos dele?
Ele negou e disse:
Não sou.
Jo 18:26 Um dos servos do sumo sacerdote,
parente daquele a quem Pedro tinha decepado a orelha, perguntou:
Não te vi eu no jardim com ele?
Jo 18:27 De novo,
Pedro o negou,
e, no mesmo instante,
cantou o galo.
Jo 18:28 Depois, levaram Jesus
da casa de Caifás
para o pretório.
Era cedo de manhã.
Eles não entraram no pretório
para não se contaminarem,
mas poderem comer a Páscoa.
Jo 18:29 Então, Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse:
Que acusação trazeis contra este homem?
Jo 18:30 Responderam-lhe:
Se este não fosse malfeitor,
não to entregaríamos.
Jo 18:31 Replicou-lhes, pois, Pilatos:
Tomai-o vós outros
e julgai-o segundo a vossa lei.
Responderam-lhe os judeus:
A nós não nos é lícito matar ninguém;
Jo 18:32 para que se cumprisse a palavra de Jesus,
significando o modo por que havia de morrer.
Jo 18:33 Tornou Pilatos a entrar no pretório,
chamou Jesus e perguntou-lhe:
És tu o rei dos judeus?
Jo 18:34 Respondeu Jesus:
Vem de ti mesmo esta pergunta
ou to disseram outros a meu respeito?
Jo 18:35 Replicou Pilatos:
Porventura, sou judeu?
A tua própria gente e os principais sacerdotes
é que te entregaram a mim.
Que fizeste?
Jo 18:36 Respondeu Jesus:
O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus ministros se empenhariam por mim,
para que não fosse eu entregue aos judeus;
mas agora o meu reino não é daqui.
Jo 18:37 Então, lhe disse Pilatos:
Logo, tu és rei?
Respondeu Jesus:
Tu dizes que sou rei.
Eu para isso nasci
e para isso vim ao mundo,
a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade
ouve a minha voz.
Jo 18:38 Perguntou-lhe Pilatos:
Que é a verdade?
Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse:
Eu não acho nele crime algum.
Jo 18:39 É costume entre vós que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa;
quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
Jo 18:40 Então, gritaram todos, novamente:
Não este,
mas Barrabás!
Ora, Barrabás era salteador.
Num só dia, numa sexta-feira, Jesus foi traído, preso, manietado, insultado e maltratado, julgado, condenado, ferido e morto por crucificação. Em seu ministério terrestre ele havia andado com seus discípulos, em glórias, por 1260 dias.
A Deus toda glória! 
p/ pr. Daniel Deusdete.
...