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domingo, 11 de outubro de 2015

Lucas 24.1-53 - SIM, JESUS NÃO REENCARNOU, MAS RESSUSCITOU.

Como já dissemos o evangelho de Lucas foi escrito com o propósito principal de apresentar um relato fiel e organizado visando estabelecer os fatos a respeito do ministério de Jesus e sua importância para a história da salvação, além de fornecer parâmetros para a igreja em sua pregação de arrependimento e perdão em nome de Jesus para todas as nações. Chegamos ao final do Evangelho de Lucas, agora veremos o capítulo 24, parte VI.
VI. OS ÚLTIMOS DIAS DE JESUS EM JERUSALÉM (22.1-24.53) - continuação.
Como já dissemos, estamos vendo agora o último capítulo do livro do Evangelho de Lucas onde estão registrados os últimos dias de Jesus em Jerusalém. Lucas relatou, como já observamos, os acontecimentos dos últimos dias da vida de Jesus - quando o seu ministério chegou ao clímax. Ele se concentra no sofrimento de Jesus em favor de seu povo, salientando também a glória de Cristo após sua ressurreição, bem como o futuro da igreja após a ascensão de Cristo.
Para melhor exploração do conteúdo, estamos, seguindo a divisão proposta da BEG, a divisão da presente parte em 7 seções: A. A conspiração para trair Jesus (22.1-6) – já vimos; B. O cenáculo (22.7-38) – já vimos; C. O Getsêmani (22.39-53) – já vimos; D. A negação de Pedro (22.54-62) – já vimos; E. Os julgamentos de Jesus (22.63-23.25) – já vimos; F. A crucificação (23.26-56) – já vimos; G. A ressurreição (24.1-49) – veremos agora; e, H. A ascensão (24.50-53) – veremos e concluiremos agora.
Breve síntese do capítulo 24.
No capítulo anterior, falamos da traição, prisão, acusação, julgamento, condenação, sofrimento, castigo, crucificação e morte de Jesus que ocorreram dentro de um período de mais ou menos 12 horas, tudo numa sexta-feira daquela época.
Mas agora, a morte que parecia vitoriosa, teve de perder sua primeira vítima dentre milhares de milhares, milhões de milhões e bilhões de bilhões daqueles por quem Jesus morreu e ressuscitou.
Jesus ressuscitou! Não, não reencarnou, nem se misturou, nem se metamorfoseou-se, nem desapareceu... RESSUSCITOU DOS MORTOS!
Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, SIM, AS MULHERES, foram as que primeiro souberam do acontecido por causa da sua busca por Jesus e anunciaram aos discípulos que acharam que elas estavam delirando. Pedro foi o primeiro a acreditar, mas mesmo assim foi investigar e admirou-se de ter encontrado somente os panos de linho.
Você já imaginou Jesus se aproximar, andar contigo e você não perceber quem era? Assim, foi com os discípulos no caminho de Emaus. Ardia-lhes o coração, mas não podiam ver que era Jesus e somente puderam quando se abriram os seus olhos e viram, quer dizer, não viram mais...
Ainda falavam eles da aventura com Jesus no caminho de Emaús quando o próprio Jesus aparece no meio deles e qual a primeira palavra a eles dirigida? “PAZ SEJA CONVOSCO!”. É a paz que o mundo não pode nos dar que nos dá Jesus...
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
G. A ressurreição (24.1-49).
Dos versos 1 ao 49, veremos a ressurreição de Jesus Cristo, o primeiro. Cada Evangelho trata da ressurreição à sua própria maneira, embora nenhum descreva como ela ocorreu. Contudo, alguns detalhes estão bem claros nos quatro Evangelhos: o túmulo estava vazio, os discípulos demoraram a acreditar que a ressurreição havia ocorrido e as mulheres se sobressaíram nos primeiros aparecimentos de Jesus ressurreto.
Porém, cada Evangelho registra algum fato ou acontecimento que não aparece nos outros. Lucas inclui o relato da caminhada a Emaús, a incredulidade de Tomé e a ascensão de Jesus aos céus.
Foi bem no começo do primeiro dia da semana, alta madrugada que as mulheres se dirigiram ao túmulo. Começava ao pôr do sol do dia de sábado. As mulheres tiveram o período da noite para terminar os preparativos antes de irem ao túmulo, ao amanhecer.
O sepulcro era lacrado por uma pedra que era rolada e encaixada na sua abertura; nesse caso, um selo havia sido colocado nessa pedra (Mt 27.66). As mulheres estavam preocupadas sobre como removeriam a pedra (Mc 15.46). A BEG recomenda ler nesse momento o seu artigo teológico "A ressurreição de Jesus", em Lc 24 – reproduzido logo abaixo.
No entanto, encontraram a pedra removida, mas ao entrarem, não encontraram o corpo. Foi nesse momento que lhes apareceram dois anjos com vestes resplandecentes e estes lhes comunicaram que ele não estava ali, mas tinha ressuscitado.
Os anjos as lembraram das profecias de Jesus acerca de sua morte e ressurreição (18.31-34). O uso do verbo na forma passiva – vs. 7 “ressuscite” - indica a atividade do Pai, que ressuscitou Jesus pelo poder do Espírito Santo. Elas então se lembraram das palavras de Jesus e entenderam o que havia acontecido.
Imediatamente saíram dali para comunicarem aos onze - Judas não era mais um dos apóstolos, mas os outros haviam permanecido – e a todos mais - essa expressão indefinida mostra que havia um grupo grande de seguidores de Jesus em Jerusalém nesse momento. Muitos eram galileus que estavam em Jerusalém para celebrar a Páscoa.
As mulheres que estavam com Jesus e que foram as primeiras a anunciarem a ressurreição dos mortos. Os discípulos ao ouvirem elas parecia-lhes um delírio e não acreditaram nelas – vs. 11.
·         Maria Madalena - essa mulher teve o privilégio de ser a primeira pessoa a ver o Senhor ressurreto (Jo 20.10-18). Ela é mencionada nos quatro Evangelhos em conexão com o relato da crucificação e ressurreição; porém, exceto por isso, ela só é mencionada em 8.2.
·         Joana – ela é mencionada em 8.3.
·         Maria - mãe de Tiago. Talvez seja correto considerar essa segunda Maria como sendo mãe de Tiago (cf. Mc 15.40), embora Lucas tenha escrito literalmente "a Maria de Tiago". Ela não era mãe do apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, porque Mt 27.56 traz "e a mulher de Zebedeu", isto é, outra mulher que não a "mãe de Tiago e de José". Jo 19.25 afirma que pelo menos três mulheres chamadas Maria estavam presentes: a mãe de Jesus, a esposa de Cleopas e Maria Madalena.
É possível que a mãe de Tiago fosse esposa de Cleopas, mas não temos mais informações disponíveis além da registrada em Jo 19.25, e também não sabemos se ela teve dois filhos chamados Tiago e José.
Todavia, a mãe de Jesus teve dois filhos chamados Tiago e José (Mt 13.55; Mc 6.3), e esse José aqui pode ser o mesmo registrado em Mt 27.56; logo, é possível que essa Maria, mãe de Tiago, fosse a mãe de Jesus.
·         As demais - Lucas acrescenta a referência "e as demais", indicando que havia outras mulheres com elas.
O testemunho das mulheres não era considerado com seriedade entre os judeus do século 1, e por causa disso os onze, além de outros homens relacionados a eles, se recusaram a acreditar no que as mulheres estavam dizendo. Jesus sabia disso e mesmo assim escolheu essa forma justamente para mostrar aos homens que ele é o Senhor e aprovava o ministério das mulheres nas divulgações das coisas do reino de Deus.
Foi ainda naquele mesmo dia que dois discípulos estavam no caminho de Emaús. Não se sabe a localização exata dessa aldeia. Eles conversavam sobre tudo que tinha acontecido nos últimos dias quando Jesus se aproxima deles e passa a acompanhá-los. Eles nada notaram. Parece indicar que Deus os estava impedindo de reconhecerem Jesus nesse momento.
Jesus lhes faz algumas perguntas do que conversavam e um deles, Cleopas - não se sabe quem era Cleopas, exceto por essa passagem – até repreende a Jesus por parecer ser o único que de nada sabia e começa a contar a ele os fatos.
Eles responsabilizaram principalmente seu próprio povo, e não os romanos, pela morte de Jesus.
Então ele confessa que tinha, juntamente com os outros certas expectativas de redenção. O termo “redenção’, do verbo redimir, significa libertar mediante o pagamento de um resgate. É bastante claro que esses dois discípulos estavam esperando a libertação de sua nação.
Os dois deveriam ter compreendido muito mais do que na verdade demonstraram, pois era evidente que haviam entendido o que a Escritura relatou sobre a glória do Messias; no entanto, não compreenderam o que estava escrito sobre o sofrimento do Messias.
No verso 25, agora é a vez de Jesus de censurá-los e chamar a atenção deles que estavam néscios e tardos de coração para crerem tudo o que os profetas disseram em todas as Escrituras. Uma referência ao Antigo Testamento em sua totalidade.
Jesus então lhes explica que tudo o que aconteceu era necessário e que convinha que o Cristo padecesse e depois entrasse na sua glória. Foi nesse momento que Jesus começou a discorrer nesse assunto – o que contava dele em toas as Escrituras - começando por Moisés.
Já estavam se aproximando da aldeia para onde iam e Jesus fez menção que iria passar adiante, mas eles o constrangeram a ficar um pouco mais alegando que já era tarde e o que o dia já ia se reclinando. Jesus entrou para ficar com eles.
Quando estavam à mesa, no momento do partir do pão, tomando ele o pão, abençoou e tendo-o partido, deu a eles. Procedimentos que o anfitrião realizava durante a refeição (cf. 22.19).
Nesse instante, do partir do pão, seus olhos foram abertos. Aparentemente, outra ação divina (cf. vs. 16). O engraçado é que eles não o viam e quando puderam vê-lo e o reconheceram, não mais podiam vê-lo.
Na mesma hora, então, foram para Jerusalém para contarem aos demais e encontrou os onze reunidos e mais alguns outros que já afirmavam que o Senhor tinha ressuscitado. Aqueles dois do caminho de Emaús aproveitaram também para contarem o que tinham visto e presenciado. Os onze não acreditaram nas mulheres (vs. 11), mas o aparecimento a Simão Pedro transmitiu convicção.
Eles estavam ali falando disso e repentinamente Jesus aparece no meio deles e lhes ministra a paz que somente ele pode nos dar. O aparecimento repentino de Jesus entre eles, embora as portas estivessem trancadas (Jo 20.19), indica que o corpo ressurreto de Jesus não possui as mesmas limitações que o nosso.
Eles ficaram muito assustados e até imaginavam estarem vendo fantasmas ou algum espírito. Jesus os censura explicando que era ele mesmo. Ofereceu suas mãos e pés para o exame deles, pois traziam nelas as marcas dos pregos.
Ainda assim, por causa do choque e da alegria, ainda não acreditaram e Jesus anunciou que tinha fome e eles apresentaram a ele um pedaço de peixe assado. O corpo ressurreto pode fazer uso do alimento.
Foi em seguida que Jesus explica para eles as Escrituras dizendo que importava se cumprisse tudo. Observe a palavra "importava". Não é por acaso que a Escritura (a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos) se cumpre: há uma exigência divina para isso. Refere-se à tripla divisão da Bíblia hebraica (a única passagem em que é explicitamente mencionada no Novo Testamento). Jesus estava dizendo que toda a Escritura dá testemunho dele.
O verso 45 é a chave da interpretação bíblica, pois Jesus lhes abriu o entendimento. Jesus mostrou a seus discípulos o caminho para entender a Bíblia. A morte de Cristo e sua ressurreição haviam sido profetizadas nas Escrituras.
Não foi apenas a morte e ressurreição de Jesus que foram profetizadas, mas também o chamado ao arrependimento e perdão, baseados na obra redentora de Cristo. 
Os pregadores não devem produzir conceitos baseados em seus próprios entendimentos, mas sim transmitir o que tinha ouvido e visto Deus fazer.
O Cristo ressurreto enviaria o que o Pai havia prometido (isto é, o dom do Espírito Santo, JI 2.28-32; At 2.1-4). .
H. A ascensão (24.50-53).
Dos vs. 50 ao 53, veremos a ascensão de Jesus. Lucas encerra o seu Evangelho com a ascensão de Cristo aos céus e a alegria dos apóstolos por tudo o que aconteceu. Lucas desejava que seus leitores tivesse a mesma atitude diante dos fatos que estava lhes relatando.
Aqui Lucas não fornece uma data para esse acontecimento, mas posteriormente relatou que a ascensão ocorreu quarenta dias após a ressurreição (At 1.3). Foi Jesus que os levou para a Betânia - uma aldeia que ficava no monte das Oliveiras, distante cerca de 3 km a leste de Jerusalém (Jo 11.18) – onde erguendo as suas mãos os abençoou.
Enquanto abençoava ia-se retirando deles. O relato de Lucas sobre ascensão é breve, mas está de acordo com a conclusão da primeira obra de Lucas, cuja intenção era fazer um relato de "todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que... foi elevado às alturas" (At 1.1-2). Encontramos um relato mais detalhado sobre a ascensão na segunda obra de Lucas (At 1.9-11).
A ascensão marca o término da obra que Jesus veio realizar na Terra e assinala o início do que continua a fazer por meio da igreja. (A BEG recomenda aqui mais uma leitura de seus excelentes artigos teológicos: "A ascensão de Jesus", em Hb 8).
Nesse momento os discípulos estavam adorando-o enquanto subiam. Qualquer que tenha sido a opinião que haviam tido sobre Jesus antes da ascensão, agora os discípulos o reconheceram por sua divindade e o adoraram. A separação não trouxe tristeza, mas "grande júbilo".
Lucas encerra o seu Evangelho do mesmo modo que começou: em Jerusalém, louvando a Deus.

Aparecimentos de Jesus ressuscitado[1]
Pessoa
Lugar
Tempo
Referências
[O túmulo vazio]

Jerusalém
Domingo da ressurreição

Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; 24.1-12; Jo 20.1-9

A Maria Madalena, no jardim.
Jerusalém
Domingo da ressurreição
Mc 16.9-11; Jo 20.11-18

A outras mulheres
Jerusalém
Domingo da ressurreição
Mt 28.9-10

A duas pessoas que iam para Emaús
Caminho para Emaús

Domingo da ressurreição
Mc 16.12-13; Lc 24.13-32

O Pedro
Jerusalém
Domingo da ressurreição
Lc 24.34; 1Co 15.5

Aos dez discípulos numa casa

Jerusalém

Domingo da ressurreição

Mc 16.14; Lc 24.36-43; Jo 20.19-25

Aos onze discípulos numa casa
Jerusalém
No domingo seguinte
Jo 20.26-31; 1Co 15.5

Aos sete discípulos que pescavam
Mar da Caldeia
Algum tempo depois
Jo 21.1-25

Aos onze discípulos num monte

Galileia

Alguns tempo depois

Mt 28.16-20; Mc 16.15-18; 1Co 15.5

A mais de quinhentos
Desconhecido
Algum tempo depois
1Co 15.6

O Tiago

Desconhecido
Alguns tempo depois
1Co 15.7
Aos seus discípulos
Monte das Oliveiras
Quarenta dias depois da Páscoa
Lc 24.44-51; At 1.3-9; 1Co 15.7

O Paulo
Caminho para Damasco

Vários anos depois

At 9.1-19; 22.3-16; 26.9-18


Lc 24:1. Mas já no primeiro dia da semana,
bem de madrugada,
foram elas ao sepulcro,
levando as especiarias que tinham preparado.
Lc 24:2. E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
Lc 24:3. Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
Lc 24:4. E, estando elas perplexas a esse respeito,
eis que lhes apareceram
dois varões em vestes resplandecentes;
Lc 24:5. e ficando elas atemorizadas
e abaixando o rosto para o chão,
eles lhes disseram:
Por que buscais
entre os mortos
aquele que vive?
Lc 24:6. Ele não está aqui,
mas ressurgiu.
Lembrai-vos de como vos falou,
estando ainda na Galiléia.
Lc 24:7. dizendo:
Importa que o Filho do homem
seja entregue
nas mãos de homens pecadores,
e seja crucificado,
e ao terceiro dia ressurja.
Lc 24:8. Lembraram-se, então, das suas palavras;
Lc 24:9. e, voltando do sepulcro,
anunciaram todas estas coisas
aos onze
e a todos os demais.
Lc 24:10. E eram
Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago;
também as outras que estavam com elas
relataram estas coisas aos apóstolos.
Lc 24:11. E pareceram-lhes como um delírio
as palavras das mulheres
e não lhes deram crédito.
Lc 24:12. Mas Pedro,
levantando-se, correu ao sepulcro;
e, abaixando-se,
viu somente os panos de linho;
e retirou-se,
admirando consigo o que havia acontecido.
Lc 24:13. Nesse mesmo dia,
iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús,
que distava de Jerusalém sessenta estádios;
Lc 24:14. e iam comentando entre si
tudo aquilo que havia sucedido.
Lc 24:15. Enquanto assim comentavam e discutiam,
o próprio Jesus se aproximou,
e ia com eles;
Lc 24:16. mas os olhos deles
estavam como que fechados,
de sorte que não o reconheceram.
Lc 24:17. Então ele lhes perguntou:
Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós?
Eles então pararam tristes.
Lc 24:18. E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe:
És tu o único peregrino em Jerusalém
que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias?
Lc 24:19. Ao que ele lhes perguntou:
Quais?
Disseram-lhe:
As que dizem respeito a Jesus,
o nazareno,
que foi profeta,
poderoso em obras e palavras
diante de Deus e de todo o povo.
Lc 24:20. e como os principais sacerdotes
e as nossas autoridades
o entregaram para ser condenado à morte,
e o crucificaram.
Lc 24:21. Ora,
nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel;
e, além de tudo isso,
é já hoje o terceiro dia desde
que essas coisas aconteceram.
Lc 24:22. Verdade é, também,
que algumas mulheres do nosso meio
nos encheram de espanto;
pois foram de madrugada ao sepulcro
Lc 24:23. e, não achando o corpo dele voltaram,
declarando que tinham tido
uma visão de anjos
que diziam estar ele vivo.
Lc 24:24. Além disso,
alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro,
e acharam ser assim como as mulheres haviam dito;
a ele, porém,
não o viram.
Lc 24:25. Então ele lhes disse:
Ó néscios, e tardos de coração
para crerdes tudo o que os profetas disseram!
Lc 24:26. Porventura não importa que o Cristo
padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?
Lc 24:27. E, começando por Moisés, e por todos os profetas,
explicou-lhes o que dele se achava
em todas as Escrituras.
Lc 24:28. Quando se aproximaram da aldeia para onde iam,
ele fez como quem ia para mais longe.
Lc 24:29. Eles, porém, o constrangeram, dizendo:
Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia.
E entrou para ficar com eles.
Lc 24:30. Estando com eles à mesa,
tomou o pão e o abençoou;
e, partindo-o, lho dava.
Lc 24:31. Abriram-se-lhes então os olhos,
e o reconheceram;
nisto ele desapareceu de diante deles.
Lc 24:32. E disseram um para o outro:
Porventura não se nos abrasava o coração,
quando pelo caminho nos falava,
e quando nos abria as Escrituras?
Lc 24:33. E na mesma hora
levantaram-se
e voltaram para Jerusalém,
e encontraram reunidos os onze
e os que estavam com eles,
Lc 24:34. os quais diziam:
Realmente o Senhor ressurgiu,
e apareceu a Simão.
Lc 24:35. Então os dois
contaram o que acontecera no caminho,
e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.
Lc 24:36. Enquanto ainda falavam nisso,
o próprio Jesus se apresentou no meio deles,
e disse-lhes:
Paz seja convosco.
Lc 24:37. Mas eles,
espantados e atemorizados,
pensavam que viam algum espírito.
Lc 24:38. Ele, porém, lhes disse:
Por que estais perturbados?
e por que surgem dúvidas em vossos corações?
Lc 24:39. Olhai as minhas mãos e os meus pés,
que sou eu mesmo;
apalpai-me
e vede;
porque um espírito não tem
carne nem ossos,
como percebeis
que eu tenho.
Lc 24:40. E, dizendo isso,
mostrou-lhes as mãos e os pés.
Lc 24:41. Não acreditando eles ainda
por causa da alegria,
e estando admirados, perguntou-lhes Jesus:
Tendes aqui alguma coisa que comer?
Lc 24:42. Então lhe deram um pedaço de peixe assado,
Lc 24:43. o qual ele tomou
e comeu diante deles.
Lc 24:44. Depois lhe disse:
São estas as palavras que vos falei,
estando ainda convosco,
que importava que se cumprisse tudo
o que de mim estava escrito
na Lei de Moisés,
nos Profetas
e nos Salmos.
Lc 24:45. Então
lhes abriu o entendimento
para compreenderem
as Escrituras;
Lc 24:46. e disse-lhes:
Assim está escrito que o Cristo padecesse,
e ao terceiro dia ressurgisse
dentre os mortos;
Lc 24:47. e que em seu nome
se pregasse o arrependimento
para remissão dos pecados,
a todas as nações,
começando por Jerusalém.
Lc 24:48. Vós sois testemunhas destas coisas.
Lc 24:49. E eis que sobre vós
envio a promessa de meu Pai;
ficai porém, na cidade,
até que do alto sejais
revestidos de poder.
Lc 24:50. Então os levou fora,
até Betânia;
e levantando as mãos,
os abençoou.
Lc 24:51. E aconteceu que,
enquanto os abençoava,
apartou-se deles;
e foi elevado ao céu.
Lc 24:52. E, depois de o adorarem,
voltaram com grande júbilo
para Jerusalém;
Lc 24:53. e estavam continuamente no templo,
bendizendo a Deus.
Aqui fica claro que sem o Espírito Santo não podemos entender as Escrituras. Jesus falava-lhes sobre tudo que está escrito, mas somente vieram a entendê-la depois de ele mesmo lhes abrir o entendimento. O homem morto em seus delitos e pecados não pode entender, nem mesmo buscam a Deus... por isso que a salvação é monergística.
A ressurreição de Jesus: Por que ele ressuscitou?[2]
Ao longo da história da igreja, a ressurreição física de Jesus sempre foi considerada uma das doutrinas fundamentais da fé cristã. O Novo Testamento expressa a certeza da ressurreição física de nosso Salvador como um fato histórico. Os quatro Evangelhos ressaltam o caráter factual desse acontecimento, mostrando as muitas testemunhas do túmulo vazio e dos aparecimentos de Jesus (veja o quadro "Os aparecimentos de Jesus após a sua ressurreição", em Lc 24). O livro de Atos também insiste no fato de que a ressurreição realmente ocorreu (At 1.3; 2.24-35; 3.15; 4.10; 5.30-32; 13.33-37). Paulo considera a ressurreição uma prova incontestável da veracidade da mensagem acerca de Jesus como Juiz e Salvador (At 17.31; 1Co 15.1-11,20).
Na teologia reformada, a ressurreição de Jesus é apreciada com duas ênfases fundamentais. Em primeiro lugar, é considerada a validação das declarações de Cristo acerca da eficácia de sua morte expiatória. A ressurreição de Jesus demonstrou a sua vitória sobre a morte (At 2.24; 1Co 15.54-57), provou a sua justiça ao 16.10) e confirmou a sua divindade (Rm 1.4). Esse acontecimento, portanto, levou à sua ascensão, entronização (At 1.9-11; 2.33-34; Fp 2.9-11; cf. Is 53.10-12) e atual reinado celestial. A realidade da ressurreição garante o perdão e a justificação dos cristãos nos dias de hoje (Rm 4.25; 1Co 15.17; Hb 7.24-25), bem como sua esperança futura da vida renovada quando Cristo voltar (Jo 11.25-26; Rm 6; Et 1.18-2.10; Cl 2.9-15; 3.1-4).
Em segundo lugar, a ressurreição de Jesus é vista como a transição de Cristo do julgamento desta era para as glórias da era vindoura. Jesus foi ressuscitado de entre os mortos para que o seu corpo pudesse receber glorificação e imortalidade (Fp 3.21; Hb 7.16,24). E nesse corpo e por meio dele que o Filho de Deus vive eternamente no céu. Em decorrência disso, quando homens e mulheres são unidos com Cristo pela fé, também são transportados da era do pecado e da morte para a era da vida renovada (Rrn 6.4-11; veja também artigo teológico "A união com Cristo", em Cl 6). Hoje, os cristãos recebem o poder do Espírito que ressuscitou Jesus de entre os mortos (Rm 8.11). Como Jesus, vivemos em novidade de vida (Rm 6.4). Em resumo, a ressurreição de Cristo foi tão essencial para a nossa salvação quanto a sua morte, pois é pela união com a ressurreição de Cristo que o nosso corpo mortal será transformado num corpo imperecível no último dia (Rm 6.5; 1Co 15.42-57). Sem a ressurreição de Cristo, a nossa fé seria vã, pois ainda estaríamos mortos sob o julgamento de Deus, e não poderíamos viver eternamente num corpo renovado (1Co 15.12-20).
Paulo indica que nem todos os cristãos precisarão morrer para receber o seu novo corpo na ressurreição final. Em 1Co 15.50-54, o apóstolo ensina que os cristãos que estiverem vivos na terra quando Cristo voltar, passarão por uma transformação física total e, em 2Co 5.1-5, explica que os cristãos que morrerem antes da segunda vinda serão "revestidos" (v. 2) com um corpo novo - uma "casa não feita por mãos humanas, eterna, nos céus" (v. 1) - como um acontecimento distinto.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br


[1] Conforme Quadro Temático da BEG – “Aparecimentos de Jesus ressuscitado” – Lc 24.
[2] Artigo Teológico da Bíblia de Estudo de Genebra – BEG – encontrado em Lc 24.
...


sábado, 10 de outubro de 2015

Lucas 23.1-56 - A JUSTIÇA DO HOMEM É FALHA: CONDENARAM JESUS!

Como já dissemos o evangelho de Lucas foi escrito com o propósito principal de apresentar um relato fiel e organizado visando estabelecer os fatos a respeito do ministério de Jesus e sua importância para a história da salvação, além de fornecer parâmetros para a igreja em sua pregação de arrependimento e perdão em nome de Jesus para todas as nações. Estamos no capítulo 23, parte VI.
VI. OS ÚLTIMOS DIAS DE JESUS EM JERUSALÉM (22.1-24.53) - continuação.
Estamos vendo agora o penúltimo capítulo do livro do Evangelho de Lucas onde estão registrados os últimos dias de Jesus em Jerusalém. Lucas relatou, como já observamos, os acontecimentos dos últimos dias da vida de Jesus - quando o seu ministério chegou ao clímax. Ele se concentra no sofrimento de Jesus em favor de seu povo, salientando também a glória de Cristo após sua ressurreição, bem como o futuro da igreja após a ascensão de Cristo.
Para melhor exploração do conteúdo, estamos, seguindo a divisão proposta da BEG, a divisão da presente parte em 7 seções: A. A conspiração para trair Jesus (22.1-6) – já vimos; B. O cenáculo (22.7-38) – já vimos; C. O Getsêmani (22.39-53) – já vimos; D. A negação de Pedro (22.54-62) – já vimos; E. Os julgamentos de Jesus (22.63-23.25) – concluiremos agora; F. A crucificação (23.26-56) – veremos agora; G. A ressurreição (24.1-49); e, H. A ascensão (24.50-53).
Breve síntese do capítulo 23.
Lucas 23 narra o julgamento, a condenação, a crucificação e a morte de Jesus com riqueza de detalhes que impressiona o leitor.
Até Pilatos e Herodes com Jesus vieram a reatar a amizade que tinham. Era dever deles e responsabilidade julgá-lo com justiça, mas essa estava cega e não seguiu a Deus, antes o ventre dos homens que queriam a sua morte.
O homem tem o senso de justiça nele por causa da graça soberana de Deus, único justo. A justiça é um atributo da divindade e se fôssemos personificá-la trazendo à existência entre nós teríamos de chamá-la de Deus. Deus é justiça e a justiça está com Deus.
Quando apelamos para a justiça, estamos apelando para Deus. Quando nos queixamos que ela foi torcida, estamos com isso dizendo ou clamando a Deus que a execute, pois passamos a falar em seu nome. Ninguém ali queria nada com a justiça, por isso o resultado absurdo de condenação à morte por crucificação.
Jesus morreu! Sua traição, prisão, acusação, julgamento, condenação, sofrimento, castigo, crucificação e morte ocorreram dentro de um período de mais ou menos 12 horas. Foi tudo tão rápido! Os discípulos perderam o chão e ainda estavam absortos em pensamentos sem entenderem bem o que estava se sucedendo.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
E. Os julgamentos de Jesus (22.63-23.25) - continuação.
Até o vs. 25, veremos como foram os julgamentos de Jesus. Lucas registra as injustiças e as insolências cometidas contra Jesus em seu julgamento.
Levantou-se toda a assembleia para levar Jesus a Pilatos. Não era necessário que todos comparecessem, mas um grupo grande impressionaria Pilatos pela sua seriedade e solidariedade.
A acusação de toda essa assembleia era que Jesus estaria pervertendo a nação – vs. 2. Uma acusação curiosamente vaga. Também de que estaria vedando pagar tributo a César. Na verdade, Jesus havia dito exatamente o contrário (20.25). E ainda que estivesse afirmando ser ele o Cristo, o Rei. Na seção registrada por Lucas, Jesus se recusou explicitamente a fazer uso desse termo (22.67-68). Contudo, em Mt 16.17, ele confirmou a confissão de Pedro com relação a isso.
Assim, num certo sentido essa acusação era verdadeira, porém incorreta no sentido que os judeus estavam apresentando aos romanos, ou seja, de que Jesus afirmava ser um líder político que rivalizava com César. Logo, essa acusação, como todas as outras, era falsa.
Pilatos deve ter se impressionado com toda a assembleia e também lhe fez uma pergunta se seria ele o rei dos judeus. Num sentido que era crucialmente importante, Jesus era o Rei dos judeus, de modo que ele não poderia negar. Porém, ele não era rei no sentido que Pilatos entendia o termo e, portanto, não podia confirmar. Logo, a sua resposta foi vaga e neutra (cf. Jo 18.33-38), o que foi suficiente para Pilatos perceber que Jesus não era um revolucionário.
No império Romano, o julgamento geralmente era realizado na província onde o crime foi cometido, porém podia ser transferido para a província natal do acusado. Pilatos aproveitou-se dessa minúcia jurídica para enviar Jesus a Herodes. Somente Lucas registra esse detalhe.
Ao ver Jesus que tinha sido enviado a Herodes por Pilatos muito se alegrou com ele e esperava ver ali, pessoalmente, algum tipo de sinal ou feito extraordinário, mas Jesus nada lhe respondia. Herodes foi a única pessoa com quem Jesus se recusou a falar.
Herodes fez pouco caso de Jesus e não considerou com seriedade as acusações contra ele. Além disso, o tratou com desprezo, escarneceu dele e ainda fê-lo vestir um manto aparatoso e o devolveu a Pilatos, com quem, a partir desse momento, reateve sua amizade.
Jesus comparece pela segunda vez diante de Pilatos e este reunindo seus acusadores e todo o povo resolve apenas castigá-lo e depois soltá-lo. De acordo com a lei romana, uma pessoa poderia receber uma surra leve como uma advertência para que fosse mais cuidadoso no futuro. Pilatos esperava que com esse procedimento conseguisse aplacar a ira dos judeus e ao mesmo tempo libertar um homem que ele sabia ser inocente.
A tradição de libertar um prisioneiro durante a Páscoa não tem sido comprovada por fontes extra bíblicas, mas esse tipo de costume era bastante praticado nesse período, e a oferta de Pilatos não é implausível.
A multidão gritava por Barrabás, um homem que seria desconhecido não fosse esse registro. Seu nome significa "filho do pai”, e Lucas relata que seus crimes eram rebelião e assassinato. Barrabás era visivelmente um criminoso, mas para a multidão de Jerusalém ele pode ter sido considerado como um herói do movimento da resistência.
Pilatos ainda tentou evitar a condenação de Jesus, brincando com sua plateia, mas eles insistiam com ele que não soltasse a Jesus, mas sim a Barrabas. Pilatos então cede ao desejo da multidão e de seus acusadores, liberta Barrabas e condena Jesus à crucificação.
A máxima autoridade humana que poderia e deveria cumprir o seu papel diante de Deus, com o próprio Deus, falhou torcendo e pervertendo toda a justiça.
F. A crucificação (23.26-56).
Até o vs. 56, estaremos vendo a crucificação. Lucas registrou os detalhes da morte de Jesus para que esse acontecimento nunca mais fosse esquecido.
Jesus estava conduzindo em seus ombros as madeiras que seriam usadas para crucificá-lo, mas estava exausto e os próprios guardas constrangeram um cireneu, chamado Simão a ajudá-lo.
Era costume o condenado carregar a própria cruz, ou pelo menos a barra horizontal, até o lugar onde seria crucificado. Jesus começou carregando a sua cruz (Jo 19.17), mas pode ter enfraquecido por causa dos açoites que levou antes da crucificação (Mc 15.15).
Os soldados recrutaram um homem dentre a multidão, chamado Simão. Ele era de Cireneu (no norte da África), e posteriormente os seus filhos ficaram conhecidos na igreja (Mc 15.21).
Somente Lucas registrou esse incidente – vs. 27 a 30 - das mulheres que se batiam no peito e o lamentavam. Deveria haver muitos seguidores de Jesus em Jerusalém, mas somente uns poucos devem ter ajuntado para observar o julgamento mais de perto, uma vez que todo o espaço estava ocupado pelos opositores de Jesus.
Jesus se dirige a elas como filhas de Jerusalém. Uma referência às mulheres locais, e não às peregrinas da Galileia. Jesus estava preocupado com elas (e não com ele mesmo) e chamou-lhes a atenção para os sofrimentos terríveis que viriam sobre a terra. Ele queria que elas se arrependessem em vez de simpatizarem com ele.
No vs. 31, Jesus concluiu seu arrazoado diante delas dizendo que se aquilo tudo estava acontecendo com ele – lenho verde – imagina com o que fará com o lenho seco – todos eles? Com certeza um dito proverbial, possivelmente sugerindo que se Jesus (que era inocente) estava sendo crucificado, coisa muito pior aconteceria com os judeus (que eram culpados).
No caminho, haviam mais dois que seriam crucificados juntos com Jesus – vs.32.
Chegaram então ao Calvário. Do latim, calvaria, de onde provém a nossa palavra "caveira". Os quatro Evangelhos relatam que Jesus foi crucificado entre dois ladrões; em sua morte ele "foi contado com os transgressores" (Is 53.12).
Jesus estava sendo crucificado impiedosamente e mesmo assim orava pedindo perdão aos seus ofensores, tanto os judeus como os romanos.  Os soldados, no entanto, ali estavam repartindo as suas vestes. Tradicionalmente, as roupas do condenado eram repartidas entre aqueles que o crucificaram. Assim, esses soldados cumpriram involuntariamente a profecia de SI 22.18.
As autoridades, e não o povo, é que zombavam – vs. 35. É curioso que falassem sobre "o Cristo" e "o escolhido" quando Jesus parece não ter utilizado nenhum desses títulos com regularidade.
Também os soldados escarneciam dele e o provocavam a descer ali da cruz pedindo a ele que, pelo menos, salvasse a si mesmo. Sobre a sua cruz estava escrito em letras gregas, romanas e hebraicas a frase ESTE É O REI DOS JUDEUS – VS. 38.
Dos versos de 39 a 43, vemos a conversa que tiveram os três crucificados, pendurados na cruz. Um zombava também, mas o outro creu no crucificado e Jesus prometeu a ele que naquele mesmo dia estariam juntos no paraíso. Nesse crente da última hora havia algum grau de confiança, pois esse homem acreditava que Jesus não seria aniquilado na morte, mas sim que estava indo para o reino celeste, ou para o paraíso, uma palavra de origem persa que significa "jardim", e mais tarde veio a indicar o lugar dos abençoados (2Co 12.4; Ap 2.7).
Já era quase a hora sexta, cerca de meio-dia. Como não havia relógios nesse tempo, os horários eram aproximados. Jo 19.14 indica que Pilatos pronunciou a sentença de Jesus "cerca da hora sexta".
A diferença pode se referir à possibilidade de João ter usado a mesma medição do tempo observada pelos romanos, que iniciavam a contagem das horas a partir da meia-noite, e não pela manhã como faziam os judeus.
Em pleno meio-dia acabou tendo trevas naquele lugar até a hora nona – a hora da morte de Jesus. Não foi um eclipse, pois era período da lua cheia (ou quase cheia) e a Páscoa ocorria no décimo quarto dia do mês (Lv 23.5), sendo que os meses eram calculados de acordo com o calendário lunar.
Durante a lua cheia (ou quase cheia) a terra está entre o sol e a lua, tornando impossível um eclipse solar, pois este somente ocorre quando a lua se coloca entre a terra e o sol. Logo, o que ocorreu aqui foi uma escuridão sobrenatural ligada à morte de Jesus.
Jesus morreu e rasgou-se o véu do santuário de alto a baixo – vs. 45. O véu fazia separação entre o Santo dos Santos e o restante do templo. A morte de Jesus forneceu acesso à presença de Deus.
Os Evangelhos de Mateus e Marcos enfatizam a terrível natureza da morte de Jesus em favor dos pecadores. O Evangelho de Lucas não desmente esse aspecto e inclui as palavras de Jesus para demonstrar que sua morte estava de acordo com a vontade do Pai. Foi nesse momento que Jesus exclamou em alta voz “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” e expirou. Uma maneira incomum de se referir à morte. Nenhum dos Evangelhos utiliza uma terminologia comum para a morte de Jesus, o que pode indicar que seus escritores consideraram a morte dele como algo extraordinário.
Até o centurião que tudo presenciou ali pode constatar que havia morrido um justo. O modo como Jesus morreu demonstrou que era um homem "justo". Mateus e Marcos utilizam a expressão "Filho de Deus" (Mt 27.54; Mc 15.39). Nesse contexto, as duas referências transmitem o mesmo sentido (Mc 15.39).
Agora era a hora da multidão também se lamentar e baterem em seus peitos. Um sinal de lamento. Para a multidão, até agora a crucificação de Jesus estava sendo um espetáculo de entretenimento; porém a morte de Jesus deixou-os tristes e pesarosos. O Evangelho de Lucas não relata qual foi o efeito da morte sobre os discípulos que a testemunharam.
José de Arimatéia é mencionado apenas nos relatos do sepultamento de Jesus, e os quatro Evangelhos estão de acordo em que ele tomou a iniciativa.
A localização de Arimatéia é incerta (Mc 15.43), mas de qualquer modo, José parece que fixou residência em Jerusalém (onde possuía um túmulo naquela vizinhança).
Ele era um membro do Sinédrio e deve ter estado ausente quando ocorreu a votação sobre a execução de Jesus, pois está escrito que "todos" concordaram (Mc 14.64). A frase "que esperava o reino de Deus" (vs. 51) indica que ele era um seguidor de Jesus.
Foi ele que tomou as primeiras medidas para liberação do corpo de Jesus. Primeiro ele o envolveu num lençol de linho – vs. 53 - na verdade, uma mortalha (colocada por cima dos "lençóis" citados em Jo 19.40), pois ele seria colocado num túmulo aberto em rocha. Esse tipo de túmulo geralmente possuía espaço para vários corpos, porém nenhum havia sido colocado ali ainda (Mc 15.46).
Esse era conhecido como o dia da preparação, uma sexta-feira, o dia em que as pessoas se preparavam para o sábado. Tudo, então, deveria ser acelerado para terem o sábado livre.
Não houve tempo suficiente na sexta-feira para que os seguidores de Jesus fizessem os preparativos para o sepultamento da maneira como gostariam. As mulheres observaram onde o corpo foi sepultado, evidentemente com o objetivo de retornar ao lugar e terminar o sepultamento após o encerramento do sábado.
José e Nicodemos deixaram no túmulo uma quantidade considerável de mirra e aloés (Jo 19.39), porém as mulheres também queriam dar a sua contribuição e prepararam bálsamo e aromas durante o tempo que ainda restava da sexta-feira.
Já estava começando o sábado e nada foi feito nesse dia – vs. 56.
Lc 23:1 Levantando-se toda a assembléia,
levaram Jesus a Pilatos.
Lc 23:2 E ali
passaram a acusá-lo, dizendo:
Encontramos este homem pervertendo a nossa nação,
vedando pagar tributo a César
e afirmando ser ele o Cristo, o Rei.
Lc 23:3 Então, lhe perguntou Pilatos:
És tu o rei dos judeus?
Respondeu Jesus:
Tu o dizes.
Lc 23:4 Disse Pilatos aos principais sacerdotes e às multidões:
Não vejo neste homem crime algum.
Lc 23:5 Insistiam, porém, cada vez mais, dizendo:
Ele alvoroça o povo,
ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui.
Lc 23:6 Tendo Pilatos ouvido isto,
perguntou se aquele homem era galileu.
Lc 23:7 Ao saber que era da jurisdição de Herodes,
estando este, naqueles dias, em Jerusalém, lho remeteu.
Lc 23:8 Herodes, vendo a Jesus,
sobremaneira se alegrou,
pois havia muito queria vê-lo,
por ter ouvido falar a seu respeito;
esperava também vê-lo fazer algum sinal.
Lc 23:9 E de muitos modos o interrogava;
Jesus, porém, nada lhe respondia.
Lc 23:10 Os principais sacerdotes e os escribas ali presentes
o acusavam com grande veemência.
Lc 23:11 Mas Herodes,
juntamente com os da sua guarda,
tratou-o com desprezo,
e, escarnecendo dele,
fê-lo vestir-se de um manto aparatoso,
e o devolveu a Pilatos.
Lc 23:12 Naquele mesmo dia,
Herodes e Pilatos se reconciliaram,
pois, antes, viviam inimizados um com o outro.
Lc 23:13 Então, reunindo Pilatos
os principais sacerdotes, as autoridades e o povo,
Lc 23:14 disse-lhes:
Apresentastes-me este homem como agitador do povo;
mas, tendo-o interrogado na vossa presença,
nada verifiquei contra ele dos crimes
de que o acusais.
Lc 23:15 Nem tampouco Herodes,
pois no-lo tornou a enviar.
É, pois, claro que nada contra ele
se verificou digno de morte.
Lc 23:16 Portanto, após castigá-lo,
soltá-lo-ei.
Lc 23:17 [E era-lhe forçoso soltar-lhes um detento
por ocasião da festa.]
Lc 23:18 Toda a multidão, porém, gritava:
Fora com este!
Solta-nos Barrabás!
Lc 23:19 Barrabás estava no cárcere
por causa de uma sedição na cidade
e também por homicídio.
Lc 23:20 Desejando Pilatos soltar a Jesus,
insistiu ainda.
Lc 23:21 Eles, porém, mais gritavam:
Crucifica-o! Crucifica-o!
Lc 23:22 Então, pela terceira vez, lhes perguntou:
Que mal fez este?
De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte;
portanto, depois de o castigar,
soltá-lo-ei.
Lc 23:23 Mas eles instavam com grandes gritos,
pedindo que fosse crucificado.
E o seu clamor prevaleceu.
Lc 23:24 Então,
Pilatos decidiu atender-lhes o pedido.
Lc 23:25 Soltou aquele que estava encarcerado
por causa da sedição e do homicídio,
a quem eles pediam;
e, quanto a Jesus,
entregou-o à vontade deles.
Lc 23:26 E, como o conduzissem,
constrangendo um cireneu,
chamado Simão, que vinha do campo,
puseram-lhe a cruz sobre os ombros,
para que a levasse após Jesus.
Lc 23:27 Seguia-o numerosa multidão de povo,
e também mulheres que batiam no peito
e o lamentavam.
Lc 23:28 Porém Jesus,
voltando-se para elas, disse:
Filhas de Jerusalém,
não choreis por mim;
chorai, antes,
por vós mesmas e por vossos filhos!
Lc 23:29 Porque dias virão em que se dirá:
Bem-aventuradas as estéreis,
que não geraram,
nem amamentaram.
Lc 23:30 Nesses dias, dirão aos montes:
Caí sobre nós!
E aos outeiros:
Cobri-nos!
Lc 23:31 Porque, se em lenho verde
fazem isto,
que será no lenho seco?
Lc 23:32 E também eram levados outros dois,
que eram malfeitores, para serem executados com ele.
Lc 23:33 Quando chegaram
ao lugar chamado Calvário,
ali o crucificaram,
bem como aos malfeitores,
um à direita, outro à esquerda.
Lc 23:34 Contudo, Jesus dizia:
Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem.
Então, repartindo as vestes dele,
lançaram sortes.
Lc 23:35 O povo estava ali
e a tudo observava.
Também as autoridades zombavam e diziam:
Salvou os outros;
a si mesmo se salve,
se é, de fato,
o Cristo de Deus, o escolhido.
Lc 23:36 Igualmente
os soldados o escarneciam
e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo:
Lc 23:37 Se tu és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo.
Lc 23:38 Também sobre ele estava esta epígrafe
[em letras gregas, romanas e hebraicas]:
ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Lc 23:39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo:
Não és tu o Cristo?
Salva-te a ti mesmo e a nós também.
Lc 23:40 Respondendo-lhe, porém, o outro,
repreendeu-o, dizendo:
Nem ao menos temes a Deus,
estando sob igual sentença?
Lc 23:41 Nós, na verdade, com justiça,
porque recebemos o castigo
que os nossos atos merecem;
mas este
nenhum mal fez.
Lc 23:42 E acrescentou:
Jesus,
lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
Lc 23:43 Jesus lhe respondeu:
Em verdade te digo
que hoje estarás comigo no paraíso.
Lc 23:44 Já era quase a hora sexta,
e, escurecendo-se o sol,
houve trevas sobre toda a terra
até à hora nona.
Lc 23:45 E rasgou-se
pelo meio
o véu do santuário.
Lc 23:46 Então, Jesus clamou em alta voz:
Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!
E, dito isto,
expirou.
Lc 23:47 Vendo o centurião
o que tinha acontecido,
deu glória a Deus, dizendo:
Verdadeiramente, este homem era justo.
Lc 23:48 E todas as multidões
reunidas para este espetáculo,
vendo o que havia acontecido,
retiraram-se a lamentar,
batendo nos peitos.
Lc 23:49 Entretanto,
todos os conhecidos de Jesus
e as mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia
permaneceram a contemplar de longe estas coisas.
Lc 23:50 E eis que certo homem,
chamado José,
membro do Sinédrio, homem bom e justo
Lc 23:51 (que não tinha concordado com o desígnio
e ação dos outros), natural de Arimatéia, cidade dos judeus,
e que esperava o reino de Deus,
Lc 23:52 tendo procurado a Pilatos,
pediu-lhe o corpo de Jesus,
Lc 23:53 e, tirando-o do madeiro,
envolveu-o num lençol de linho,
e o depositou num túmulo aberto em rocha,
onde ainda ninguém havia sido sepultado.
Lc 23:54 Era o dia da preparação,
e começava o sábado.
Lc 23:55 As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus,
seguindo,
viram o túmulo
e como o corpo fora ali depositado.
Lc 23:56 Então,
se retiraram para preparar aromas e bálsamos.
E, no sábado,
descansaram,
segundo o mandamento.
O sábado estava começando e ninguém poderia fazer coisa alguma, assim, deixaram para o dia seguinte para os preparativos gerais com relação ao corpo de Jesus. No sábado descansaram, segundo o mandamento. Há pouco Jesus estava com eles e agora não mais, mas morto.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete
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