quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
quinta-feira, fevereiro 19, 2015
Jamais Desista
Jeremias 18:1-23 - DEUS ENVIA JEREMIAS À CASA DO OLEIRO.
Iniciaremos agora a décima parte, de nossa
divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada
pela BEG. Estamos no capítulo 18.
X. DEUS COMO OLEIRO (18.1-20.18).
Nos próximos três capítulos, incluindo
este, estaremos vendo Jeremias transmitindo lições aprendidas na casa do
oleiro. O tema central é o Senhor trabalhando como um oleiro.
Dividiremos esta parte X em cinco seções: A.
Na casa do oleiro (18.1-17); B. Oposição a Jeremias (18.18-23); C. A quebra
simbólica da botija (19.1-15); D. Mais oposição a Jeremias (20.1-6); e, E. O
lamento de Jeremias (20.7-18).
A. Na casa do oleiro (18.1-17).
Do versículo primeiro ao décimo sétimos,
veremos a casa do oleiro. Nessa seção Jeremias observará um oleiro trabalhando
e aprenderá como Deus trata com Israel e com outras nações. Um tema
interessante que a BEG explorou muito bem ao criar o seu texto “Providência:
Quem está no controle do mundo?”[1] –
ele será reproduzido, na íntegra, após nosso trabalho com este capítulo.
Novamente temos, como é de praxe, a palavra
de Deus vindo a Jeremias e lhe dizendo desta vez para ele ir/descer – vs. 2 –
na casa do oleiro. É de Deus a inciativa de conduzi-lo à casa do oleiro. Ao que
parece, um lugar situado no vale de Hinom, aproximadamente próximo à entrada
chamada de “Porta do Oleiro”. Daí a ordem para “descer". Veja também 7.31.
Jeremias deveria se levantar, descer, ir e
lá ouvir as palavras que Deus estava preparando para ele. Ele obedece a Deus e
desce. Chegando lá, encontra o oleiro ocupado em seu trabalho com o barro,
trabalhando sore as rodas.
Eram duas rodas de pedra encaixadas num
eixo vertical. Como bem nos salienta a BEG, para uma descrição mais precisa desse
método, veja o livro não canônico de Eclesiástico (38.29-30).
E justamente o vaso que ele observava o
oleiro trabalhar, se quebrou, ou estragou. A palavra estragar é o mesmo termo
hebraico de 13.7 que descreve o cinto de linho "apodrecido". No
entanto, o oleiro tinha plena autonomia com respeito à obra de suas mãos. O
fato de o primeiro vaso ter se estragado não significava, necessariamente, sua
ruína definitiva.
Deus se aproveita do fato casuístico do
vaso quebrado e dá uma palavra profética para Jeremias. Sua pergunta retórica é
se ele não poderia fazer o mesmo com a casa de Israel.
O uso do termo "Israel" traz à
mente os propósitos históricos de Deus na eleição do seu povo como um todo (dos
quais Judá havia se tornado o herdeiro).
Dos versos 7 ao 10, a ilustração do oleiro
mostra que, se o Senhor anuncia a intenção de castigar ou abençoar uma nação,
esse propósito pode ser revogado de acordo com a reação dessa nação.
Julgamentos e bênçãos podem ser revertidos, diminuídos ou adiados (veja Êx
32.14; Jz 10.8-18; 2Cr 12.1-12; Jo 3.10).
A mudança de intenção do oleiro (Deus) com
base no arrependimento não contradiz o caráter imutável dos decretos divinos.
É importante observar que essa passagem, e
outras similares que apontam Deus se arrependendo, não trata das leis eternas
de Deus, mas das interações providenciais de Deus com as ocorrências históricas
"necessária, livre ou contingentemente" (ver Confissão de Fé de
Westminster - CFW 5.2).
A intenção de Deus de destruir ou abençoar
faz parte do seu plano eterno; o arrependimento ou a rebelião do povo e a
mudança providencial da interação divina também estão dentro do plano imutável
de Deus – ver ao final deste estudo o artigo teológico da BSG, já citado,
relacionado à "Providência".
Nos versos 11 e 12, a esperança do profeta
era que o povo ouvisse que o arrependimento poderia reverter o julgamento
esperado, mas ele tinha experiência suficiente das reações das pessoas para
perceber que os seus compatriotas apenas endureceriam o coração, desse modo
condenando-se ao julgamento certo.
Eu costumo observar o seguinte. Quando
alguém faz o mal intencionalmente e é apanhado em flagrante ou logo após, é
porque Deus estendeu sua misericórdia e graça sobre aquela vida; do contrário,
quando se faz o que é mal e nele se prospera e ninguém fica sabendo, já Deus
entrou em juízo com essa vida e o seu fim se aproxima velozmente.
Se você está acostumado a pecar voluntariamente
e ninguém nunca descobre nada, teme e treme, pois certa é a vinda do juízo
sobre ti. Também de nada adiantará essas advertências porque encontrará o seu
coração endurecido pelo engano do pecado.
Por isso que eles respondem – vs. 12 – que não
haja esperanças e que andarão conforme os seus próprios projetos, fazendo cada
um segundo o seu obstinado coração.
O que de horrendo fez a virgem de Israel? Tudo
indica que essa expressão forte é usada a para a prática da idolatria (cf.
5.30).
No verso 14, Jeremias volta a usar a
natureza em sua argumentação, como fez em 8.4,7; 17.11. Ele faz duas perguntas
retóricas para indicar que essas coisas não aconteceriam, mas o povo de Judá
tinha mesmo se esquecido do Senhor e pior, queimado incenso a deuses falsos –
vs. 15.
Nas veredas antigas tropeçaram e passaram a
andar em atalhos não aplainados para fazerem de suas terras objeto de espanto e
de perpétuos assobios, sendo que todos os que passam por ali meneiam a cabeça e
se espantam – vs. 16.
Deus retribuirá à altura tanto descaso e
com um vento oriental os espalhará diante do inimigo e no momento da aflição não
estaria com o rosto a postos, mas sim o veriam pelas costas, como aquele que
passou a desprezá-los e a não se importar com os seus respectivos destinos.
Deus estaria retendo seus favores, o oposto de encontrar a face de Deus (2Cr 7.14).
Por conta de suas duras palavras, cuja
escolha deles foi o endurecimento de seus corações, para ruína deles mesmos,
eles estariam fazendo grande oposição a Jeremias – vs. 18 ao 23. Essa é a
quinta "confissão" de Jeremias. O profeta lamenta, com razão, a
oposição que suportou e continuaria suportando por dizer a verdade a Judá.
A resposta à pergunta de Jeremias é não! Não
se paga com o mal um bem feito - SI 35.12; 1Pe 2.19-24. Assim, Jeremias estava
agindo pelo bem deles, mas eles abriram-lhe uma cova. Um gesto que simboliza
intenções assassinas (vs. 22).
Jr 18:1 A palavra que veio do Senhor a
Jeremias, dizendo:
Jr
18:2 Levanta-te, e desce à casa do oleiro,
e
lá te farei ouvir as minhas palavras.
Jr
18:3 Desci, pois, à casa do oleiro, e eis que ele estava ocupado
com
a sua obra sobre as rodas.
Jr
18:4 Como o vaso, que ele fazia de barro,
se
estragou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso,
conforme
pareceu bem aos seus olhos fazer.
Jr
18:5 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Jr
18:6 Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro,
ó
casa de Israel? diz o Senhor.
Eis
que, como o barro na mão do oleiro,
assim
sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
Jr
18:7 Se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação,
e
acerca dum reino, para arrancar, para derribar
e
para destruir,
Jr
18:8 e se aquela nação, contra a qual falar,
se
converter da sua maldade,
também
eu me arrependerei do mal que intentava fazer-lhe.
Jr
18:9 E se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação
e
acerca dum reino, para edificar e para plantar,
Jr
18:10 se ela fizer o mal diante dos meus olhos,
não
dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei
do
bem que lhe intentava fazer.
Jr
18:11 Ora pois, fala agora aos homens de Judá,
e
aos moradores de Jerusalém, dizendo:
Assim
diz o senhor:
Eis
que estou forjando mal contra vós,
e
projeto um plano contra vós;
convertei-vos
pois agora cada um do seu mau caminho,
e
emendai os vossos caminhos e as vossas ações.
Jr
18:12 Mas eles dizem:
Não
há esperança;
porque
após os nossos projetos andaremos,
e
cada um fará segundo o propósito obstinado
do
seu mau coração.
Jr
18:13 Portanto assim diz o Senhor:
Perguntai
agora entre as nações quem ouviu tais coisas?
coisa
mui horrenda fez a virgem de Israel!
Jr
18:14 Acaso desaparece a neve
do
Líbano dos penhascos do Siriom?
Serão
esgotadas as águas frias que vêm dos montes?
Jr
18:15 Contudo o meu povo se tem esquecido de mim,
queimando
incenso a deuses falsos;
fizeram-se
tropeçar nos seus caminhos,
e
nas veredas antigas,
para
que andassem por atalhos não aplainados;
16
para fazerem da sua terra objeto de espanto
e
de perpétuos assobios;
todo
aquele que passa por ela se espanta,
e
meneia a cabeça.
Jr
18:17 Com vento oriental os espalharei diante do inimigo;
mostrar-lhes-ei as costas e não o rosto,
no
dia da sua calamidade.
Jr
18:18 Então disseram:
Vinde,
e maquinemos projetos contra Jeremias;
pois
não perecerá a lei do sacerdote,
nem
o conselho do sábio,
nem
a palavra do profeta.
Vinde,
e ataquemo-lo com a língua,
e
não atendamos a nenhuma das suas palavras.
Jr
18:19 Atende-me, ó Senhor, e ouve a voz
dos
que contendem comigo.
Jr
18:20 Porventura pagar-se-á mal por bem?
Contudo
cavaram uma cova para a minha vida.
Lembra-te
de que eu compareci na tua presença,
para
falar a favor deles,
para
desviar deles a tua indignação.
Jr
18:21 Portanto entrega seus filhos à fome,
e
entrega-os ao poder da espada, e sejam suas mulheres
roubadas
dos filhos, e fiquem viúvas;
e
sejam seus maridos feridos de morte,
e
os seus jovens mortos à espada na peleja.
Jr
18:22 Seja ouvido o clamor que vem de suas casas,
quando
de repente trouxeres tropas sobre eles;
porque
cavaram uma cova para prender-me
e
armaram laços aos meus pés.
Jr
18:23 Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim
para
matar-me.
Não
perdoes a sua iniquidade,
nem
apagues o seu pecado de diante da tua face;
mas
sejam transtornados diante de ti;
trata-os
assim no tempo da tua ira.
Isso porque cavaram contra ele covas para
prendê-lo e armaram laços para os seus pés – vs. 22. Jeremias então se volta
para o Senhor e sabe que o Senhor conhece essas intenções malignas e todo
conselho que tinham para tirar-lhe a vida. Ele roga a Deus que essa iniquidade
não seja perdoada, que sejam transtornados diante do Senhor e tratados dessa
forma, não em tempos de paz, mas durante a sua ira.
Providência: Quem está no controle do mundo?
Muitas vezes, a teologia reformada é
confundida com fatalismo, porque ela enfatiza que Deus preordenou "livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece" (CFW 3.1). Para muitos
observadores, a oração, a evangelização e as escolhas humanas em geral parecem
não ter nenhum significado verdadeiro uma vez que os decretos imutáveis e
eternos de Deus já estabeleceram tudo o que acontecerá. Na realidade, porém, a
teologia reformada sempre afirmou a importância da oração, da evangelização e
das escolhas humanas de todo tipo, pois entende o controle de Deus sobre o
mundo a partir de dois pontos de vista. O primeiro e mais conhecido se refere aos
seus decretos eternos e soberanos de preordenação, mas o segundo é igualmente
importante, pois se refere à providência.
Deus não limitou somente a criar um universo
que simplesmente realizaria aquilo que ele havia determinado eternamente.
Antes, formou um universo no qual poderia interagir com a sua criação. É
verdade que Deus pré-ordenou até mesmo o seu envolvimento com a criação, bem
como todos os meios para todos os fins, mas isso não torna o seu envolvimento
ou esses meios menos reais ou necessários. Os teólogos reformados chamam essa interação
de Deus com' a criação a cada momento da História de. "providência".
De acordo com a Confissão de Fé de Westminster:
"Pela sua muito sábia providência,
segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua
própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da
glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta,
dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as
coisas, desde a maior até a menor" (CFW 5.1).
Na criação, Deus exerceu o seu poder divino
para trazer o mundo à existência; na providência ele continua a exercer esse
mesmo poder para sustentar toda a criação, se envolver com todos os
acontecimentos e dirigir todas as coisas para os seus fins determinados.
Outras tradições cristãs minimizam a
importância da providência divina sugerindo que Deus simplesmente conhece todas
as coisas de antemão, e não que ele as controla; que ele as sustenta
indiretamente sem qualquer envolvimento direto; e que ele governa apenas os
rumos gerais da História, e não os seus detalhes específicos. No entanto, as
evidências das Escrituras deixam claras a natureza e a extensão da providência
divina. Louis Berkhof resumiu o atual controle de Deus sobre a criação da seguinte
maneira:
A Bíblia ensina claramente o controle
providencial de Deus (1) sobre o universo em geral, SI 103.19; Dn 4.35; Ef
1.11; (2) sobre o mundo físico, Jó 37; SI 104.14; 135.6; Mt 5.45; (3) sobre a
criação inferior, SI 104.21,28; Mt 6.26; 10.29; (4) sobre os negócios das
nações, Jó 12.23; SI 22.28; 66.7; At 17.26; (5) sobre o nascimento do homem e
sua sorte na vida, 1Sm 16.1; SI 139.16; Is. 45.5; GI 1.15,16; (6) sobre as
vitórias e fracassos que sobrevêm à vida dos homens, SI 75.6, 7; Lc 1.52; (7)
sobre as coisas aparentemente acidentais ou insignificantes, Pv 16.33, Mt
10.30; (8) na proteção dos justos, SI 4.8; 5.12; 63.8; 121.3; Rm 8.28; (9) no
suprimento das necessidades do povo de Deus, Gn 22.8,14; Dt 8.3; Fp 4.19; (10)
nas respostas à oração, 1Sm 1.19; Is. 20.5,6; 2Cr 33.13; SI 65.2; Mt 7.7; Lc
18.7,8; e (11) no desmascaramento e castigo dos ímpios, SI 7.12,13; 11.6 (L.
Berkhof, Teologia Sistemática, 3ª ed. [São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2007j, p. 155].).
A providência divina controla até mesmo os
acontecimentos moralmente maus. No entanto, a teologia reformada acrescenta
várias especificações a esse respeito:
(1)
Apesar de Deus permitir o mal moral, ele não é o seu
autor direto (At 14.16).
(2)
Deus castiga o mal
com mal (SI 81.11-12; Rm 1.26-32).
(3)
Deus faz o mal
redundar em bem (Gn 50.20; At 2 23; 4.27-28; 13.27).
(4)
Deus usa o mal para provar e disciplinar aqueles que ele ama (Mt 4.1-11, Hb 12 4-14).
(5)
Um
dia, Deus remirá o seu povo inteiramente do poder e da presença do mal (Ap
21.27 22.14-15).
Embora Deus tenha o controle soberano e
absoluto sobre todas as coisas, a teologia reformada também afirma a
importância da escolha humana ao enfatizar que providência de Deus é uma
realidade maravilhosamente variada.
Em primeiro lugar, Deus interage com aspectos
diferentes de sua criação de acordo com as suas naturezas específicas. As
criaturas dotadas de vontade, isto é os anjos e os seres humanos, são tratados
por Deus de maneira distinta das criaturas sem vontade e da criação inanimada.
Por exemplo, Deus realiza muitos dos seu planos por meio da escolha humana, mas
simplesmente manipula pedras e árvores.
Em segundo lugar, Deus varia o seu
envolvimento providencial com o mundo, usando com frequência causas secundárias
(criadas), como as ações humanas, apesar de também agir sem elas, sobre elas ou
contra elas (CFW 5.3), como nos milagres e outra casos em que ele sobrepuja o
seu modo normal de opera o universo.
Em terceiro lugar, ao realizar seu plano soberano
na História, Deus ordena as interações de causa: criadas de modos diferentes
(CFW 5.2). Alguns aconteci mentos são necessários, constituindo resultados
diretos e inevitáveis de outros acontecimentos. Alguns ocorrem livremente, sem
nenhuma necessidade aparente na ordem criada. Ainda outros ocorrem de modo
contingente quando as escolhas dos seres humanos e anjos têm efeito sobre o
curso da História, como quando Deus faz certas coisas acontecerem em resposta à
nossa obediência ou desobediência. Assim, a doutrina da providência divina não
minimiza, mas sim enfatiza a importância de atividades humanas como a oração e
o evangelização.
A doutrina da providência é uma verdade preciosísima das Escrituras para os cristãos. Ela nos ensina que nunca estamos sob o domínio
de forças obscuras (destino, acaso sorte), mas sempre nas mãos de nosso Pai
celestial amoroso e misericordioso. Cada acontecimento nos chama novamente a
confiar, a obedecer e a nos regozijar, sabendo que tudo o que acontece conosco
e por nosso intermédio é para o nosso bem eterno (Rm 8.28).
[1]
Trata-se de um artigo teológico que se encontra às
páginas 984, com o título: Providência: quem está no controle do mundo?
...
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
quarta-feira, fevereiro 18, 2015
Jamais Desista
Jeremias 17:1-27 - ENGANOSO É O CORAÇÃO E TREMENDAMENTE PERVERSO...
Terminaremos agora a oitava parte, de nossa
divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada
pela BEG. Estamos no capítulo 17.
Não se sabe ao certo por que esse sermão foi colocado nessa seção. É possível que sirva de contexto para os acontecimentos da seção seguinte que focaliza o julgamento de Deus contra o templo e seus servidores (18.1-20.18).
Assim diz o Senhor, começa o verso 21, contundentemente.
Era para eles se guardarem e não carregarem cargas no dia de sábado, pois ali
havia uma comercialização de produtos no sétimo dia. O sábado havia sido
transformado num dia de comércio intenso na cidade.
VIII. SÍMBOLOS DO JULGAMENTO VINDOURO (16.1-17.18) - continuação.
Como já dissemos, de 16:1 a 17:18, estamos
vendo a vida solitária do profeta, figura do povo; o pecado e a sua força
enganadora que destrói; Jeremias clamando a Deus que o socorra contra os seus
inimigos e a santificação do sábado.
Foi dividida esta parte VIII em duas: A.
Atos simbólicos – 16:1-18 – já vista; e, B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18
– concluiremos agora.
B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18 - continuação.
Também já dissemos que desde o verso 16:19
até 17.18, estaremos vendo as orações e as respostas. Essa passagem começa e
termina com orações de Jeremias (16.19-20; 17.12-18) que emolduram a resposta
de Deus (16.21-17.11).
Até o verso 11, será Deus continuando com a
emolduração da sua resposta e aqui, especificamente, tratando do engano do
pecado e de seu poder destruidor.
Em dois lugares estava cravado os pecados
de Judá com ponteiros de ferro e com ponta de diamante:
·
Na
tábua do seu coração. Essa imagem traz à memória as tábuas nas quais as leis
foram escritas. De tão grande, o pecado de Judá havia chegado ao coração do
povo de Deus. Em 31.33, a lei, e não o pecado, seria escrita no coração do povo
de Deus quando ocorresse a restauração depois do exílio (Pv 3.3; 7.3).
·
Nas
pontas dos seus altares, símbolos que deviam recordar a expiação pelos pecados,
mas que só faziam o Senhor se lembrar dos pecados de seu povo.
Os filhos que deveriam se lembrar das
coisas de Deus e do templo, estavam com suas mentes e corações voltados para
outros altares com seus postes-ídolos. (Êx 34.13; Dt 7.5) junto às árvores
frondosas e sobre os altos outeiros onde estava acostumado a se prostituir.
Em consequência, Deus daria os seus
tesouros como despojo por causa do pecado em seus termos. Era no monte Sião,
onde ficava o templo que foi saqueado por Nabucodonosor (52.17-23).
A herança que lhe tinha sido dada, a Terra
Prometida, seria dada a outra nação e eles iriam servir os seus inimigos em
terras que não conheciam.
O fogo da ira do Senhor estava aceso e não
haveria como apagá-lo.
No verso 5, vem uma maldição consequente e
seria maldito, ou é, todo homem que confia no homem e faz da sua carne o seu
braço forte e aparta o seu coração do Senhor. A maldição sobrevém no contexto
da infidelidade à aliança e alcança todos os homens da terra.
Todos os que afastam o seu coração de Deus,
não importam os motivos disso, estão em maldição! (Dt 29:23). Eles serão como o
arbusto solitário no deserto, sem que vejam bem algum e morarão no deserto, em
lugares secos, em terra salgada e inabitada que não verão bem/prosperidade
alguma. Não terão uma vida plena e todos os meios necessários para sustentá-la
(15.11; Dt 6.24).
Em compensação, bendito será o que confia e
espera no Senhor. Essas duas palavras – confiança e esperança - são baseadas no
mesmo termo hebraico. O Senhor recompensa a confiança, pois faz parte da sua natureza
ser fidedigno (Is 7.9). A grande semelhança entre os vs. 7-8 e SI 1.1-3 sugere
que a confiança no Senhor deve ser guiada pela sua lei (Tg 2.17).
Este que confia e espera no Senhor será
como uma árvore plantada junto às águas, ou seja, será poderoso e forte numa
terra seca (SI 1.3; Is 44.4).
O verso 9 é muito citado e conhecido por
todos os pecadores! Ah, coração enganoso este nosso! O coração, no Antigo
Testamento, além de ser o local das emoções, também representa os recônditos
mais profundos do ser interior e o fundamento do caráter, abrangendo a mente, a
vontade e as emoções (4.19; Pv 2.2).
Eu costumo trazer uma reflexão lembrando
que se a sinceridade fosse a minha parceira com a qual dividiria a minha cama,
eu nela não confiaria, por causa do enganoso coração que tenho. Nem na minha
mais profunda sinceridade eu confio em sua ardorosa paixão, devoção e
afirmação.
Quando Deus afirma que nosso coração é
enganoso, é melhor crer em Deus e acreditar nele piamente. Não é em meu coração
que eu confio, mas no Senhor dos corações que – vs. 10 – esquadrinha a mente e
prova o coração para dar a cada um o que é justo, conforme os seus caminhos e
frutos de suas ações.
O versículo 11 é constituído de dois provérbios
encontrados em 8.4,7. O provérbio da perdiz que não choca os seus ovos, mas os
de outra, revela de maneira significativa o verdadeiro mal causado pela
injustiça. Veja a repreensão de Davi por Natã em 2Sm 12.1-7 quando este foi
servo da injustiça e trouxe desonra ao nome do Senhor.
Igualmente terrível, conforme o provérbio,
são os que ajuntam riquezas, mas não retamente - quanto à efemeridade das
riquezas, veja Pv 23.4-5.
A segunda oração de Jeremias.
Até o verso 18, Jeremias estará clamando a
Deus novamente por causa das tribulações que enfrenta em seu serviço como
profeta fiel. Essa é a quarta "confissão" de Jeremias (11.18-23).
Um trono de glória – vs. 12; 14.21; SI 99.1
– é uma referência ao templo do Senhor que estaria em Sião desde o princípio,
isto é, o monte Sião havia sido escolhida para ser o trono de Deus mesmo antes
da construção do templo de Salomão (cf. Êx 15.17). É este o lugar do santuário.
Jeremias ora ao Senhor e o reconhece como a
esperança única e verdadeira de Israel - 14.8,22. A justaposição dessa ideia com a celebração do
templo no v. 12 pode sugerir que a esperança devia ser depositada somente em
Deus, e não no templo.
Já os que o abandonarem serão envergonhados
e os que se apartarem dele, terão seus nomes escritos na terra e apagados (algumas
vezes, essa expressão “escritos no chão” pode indicar o inferno ou a morte - Jó
7.21. Contrastar com a ideia em Ex 32.32.), pois estariam rejeitando em
absoluto a única fonte das águas vivas –
vs. 13 - contrastar com 15.18.
Ele pede ao Senhor e já declara a resposta:
cura-me e serei curado; salva-me e serei salvo. Poderíamos pegar o modelo dele
de oração e aplicá-la para outras orações, por exemplo: dá-me Senhor e ser-me-á
dado; abre-me esta porta e ela ser-me-á aberta; envia-me e serei enviado;
santifica-me e serei santificado; perdoa-me e serei perdoado; fortalece-me e
serei fortalecido.
Jesus mesmo, nosso Senhor, nos incentivou a
orar dessa forma: “Portanto, vos afirmo:
Tudo quanto em oração pedirdes, tenhais fé que já o recebestes, e assim vos
sucederá” – Mc 11:24.
Os inimigos de Jeremias o acusaram de ser
um falso profeta – vs. 15. Presumivelmente, essa alegação foi feita antes da
primeira invasão pelos babilônios em 605 a.C. (Dt 18.21-22). Depois da invasão,
seria impossível rejeitar Jeremias com tanta facilidade (Mq 7.10; 2Pe 3.4).
Jeremias se defende alegando até ter
motivos para desejar-lhes o mal, mas preferiu ficar em silencio e tudo entregar
ao justo juiz de toda a terra e confirma sua palavra alegando que tudo o que
saiu de sua boca lhe era do seu conhecimento total.
Então ele roga a Deus força e refúgio para
o dia da calamidade, pois ele sabia que isso aconteceria. Eu acho ousada a
forma de ele se dirigir a Deus dizendo para ele não ser para com ele um espanto
ou de terror, mas alguém que está atento ao seu clamor, apesar dele mesmo. Ele se
reconhecia fraco, de coração enganoso e que poderia facilmente se equivocar e
ser confundido, por isso que insta com Deus para que não seja ele envergonhado
e sofra decepções em sua fé. Ah, confesso: eu também te rogo isso, meu Senhor!
A oração pedindo a destruição dos inimigos –
vs. 18 - é típica das "confissões" de Jeremias (11.20; 12.3; 15.15).
Esses termos trazem à memória o chamado do profeta (1.17). Ele chega a rogar a Deus
uma poção dobrada da destruição deles. Em 16.18 vemos uma aplicação desse termo
ao castigo de Judá. Aqui, refere-se ao castigo dos inimigos de Jeremias (Is 40.2).
IX. UM SERMÃO SOBRE O SÁBADO (17.19-27).
Dos versos 19 ao 27, veremos que Judá mereceu ser
julgada devido à violação do sábado. Trata-se este capítulo de um sermão sobre
o sábado, onde Jeremias exorta o povo a
manter santo o sábado, deixando claro que a desobediência nessa questão
provocaria a destruição total de Jerusalém.Não se sabe ao certo por que esse sermão foi colocado nessa seção. É possível que sirva de contexto para os acontecimentos da seção seguinte que focaliza o julgamento de Deus contra o templo e seus servidores (18.1-20.18).
Jeremias fala em nome do Senhor o qual lhe
orientou a ir para a porta de Benjamim, por onde entram e saem os reis de Judá
e, depois, para todas as portas de Jerusalém onde a mensagem deveria ser
repetida. A mensagem é dada junto às portas devido ao papel das mesmas no
comércio (veja Ne 13.15,19).
Jr 17:1 O pecado de Judá está escrito
com um ponteiro de ferro;
com
ponta de diamante está gravado na tábua do seu coração
e
nas pontas dos seus altares;
Jr
17:2 enquanto seus filhos se lembram dos seus altares,
e
dos seus aserins, junto às árvores frondosas,
sobre
os altos outeiros,
Jr
17:3 nas montanhas no campo aberto,
a
tua riqueza e todos os teus tesouros dá-los-ei como despojo
por
causa do pecado, em todos os teus termos.
Jr
17:4 Assim tu, por ti mesmo, te privarás da tua herança que te dei;
e
far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces;
porque
acendeste um fogo na minha ira,
o
qual arderá para sempre.
Jr 17:5 Assim diz o Senhor:
Maldito
o varão que confia no homem,
e
faz da carne o seu braço,
e
aparta o seu coração do Senhor!
Jr
17:6 Pois é como o junípero no deserto, e não verá vir bem algum;
antes
morará nos lugares secos do deserto,
em
terra salgada e inabitada.
Jr
17:7 Bendito o varão que confia no Senhor,
e
cuja esperança é o Senhor.
Jr
17:8 Porque é como a árvore plantada junto às águas,
que
estende as suas raízes para o ribeiro,
e
não receia quando vem o calor,
mas
a sua folha fica verde; e no ano de sequidão
não
se afadiga, nem deixa de dar fruto.
Jr
17:9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas,
e
perverso; quem o poderá conhecer?
Jr
17:10 Eu, o Senhor,
esquadrinho
a mente, eu provo o coração;
e
isso para dar a cada um segundo os seus caminhos
e
segundo o fruto das suas ações.
Jr
17:11 Como a perdiz que ajunta pintainhos
que
não são do seu ninho, assim é aquele que ajunta riquezas,
mas
não retamente; no meio de seus dias as deixará,
e
no seu fim se mostrará insensato.
Jr
17:12 Um trono glorioso, posto bem alto desde o princípio,
é
o lugar do nosso santuário.
Jr
17:13 Ó Senhor, esperança de Israel,
todos
aqueles que te abandonarem serão envergonhados.
Os
que se apartam de ti serão escritos sobre a terra;
porque
abandonam o Senhor,
a
fonte das águas vivas.
Jr
17:14 Cura-me, ó Senhor, e serei curado;
salva-me,
e serei salvo; pois tu és o meu louvor.
Jr
17:15 Eis que eles me dizem:
Onde
está a palavra do Senhor? venha agora.
Jr
17:16 Quanto a mim, não instei contigo
para enviares sobre eles o mal,
nem tampouco desejei
o
dia calamitoso; tu o sabes;
o
que saiu dos meus lábios estava diante de tua face.
Jr
17:17 Não me sejas por espanto; meu refúgio és tu no dia
da
calamidade.
Jr
17:18 Envergonhem-se os que me perseguem,
mas
não me envergonhe eu;
assombrem-se
eles,
mas não me assombre eu;
traze
sobre eles o dia da calamidade, e destrói-os
com
dobrada destruição.
Jr 17:19 Assim me disse o Senhor:
Vai,
e põe-te na porta de Benjamim, pela qual entram os reis de Judá,
e
pela qual saem, como também em todas
as
portas de Jerusalém.
Jr
17:20 E dize-lhes:
Ouvi
a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o Judá,
e
todos os moradores de Jerusalém,
que
entrais por estas portas;
Jr 17:21 assim diz o Senhor:
Guardai-vos
a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado,
nem
as introduzais pelas portas de Jerusalém;
Jr
17:22 nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado,
nem
façais trabalho algum; antes santificai o dia de sábado,
como
eu ordenei a vossos pais.
Jr
17:23 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos;
antes
endureceram a sua cerviz, para não ouvirem,
e
para não receberem instrução.
Jr
17:24 Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor,
não
introduzindo cargas pelas portas desta cidade
no
dia de sábado, e santificardes o dia de sábado,
não
fazendo nele trabalho algum,
Jr
17:25 então entrarão pelas portas desta cidade
reis
e príncipes, que se assentem sobre o trono
de
Davi, andando em carros e montados
em
cavalos, eles e seus príncipes,
os
homens de Judá, e os moradores de Jerusalém;
e
esta cidade será para sempre habitada.
Jr
17:26 E virão das cidades de Judá, e dos arredores de Jerusalém,
e
da terra de Benjamim, e da planície,
e
da região montanhosa, e do e sul,
trazendo
à casa do Senhor holocaustos, e sacrifícios,
e
ofertas de cereais, e incenso,
trazendo
também sacrifícios de ação de graças.
Jr
17:27 Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado,
e
para não trazerdes carga alguma,
quando
entrardes pelas portas de Jerusalém
no
dia de sábado,
então
acenderei fogo nas suas portas,
o
qual consumirá os palácios de Jerusalém,
e
não se apagará.
O sábado era especial e deveria ser
santificado, como Deus tinha ensinado aos pais deles, em mandamento do sábado
(Êx 20.8-11; Dt 5.12-15; Ne 10.31; Is 56.2), mas, se fizeram endurecidos e não
inclinaram os seus corações ao Senhor.
No entanto, se mudassem a disposição de
suas mentes e se voltassem a Deus, tudo seria diferente. Vemos nos versos 25 e
26 uma descrição (repetida parcialmente em 22.4) do que aconteceria se o povo
guardasse o sábado de maneira apropriada - 23.5-6; 30.9; 33.14-26. Todas as
ameaças feitas a Judá poderiam, inclusive, serem revertidas.
Caso o povo não obedecesse – vs. 27 -, o
centro da desobediência à lei do sábado seria o primeiro lugar a ser destruído.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete –
http://www.jamaisdesista.com.br
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