Como dissemos, Gálatas foi escrito para auxiliar
os cristãos da Galácia a resistir aos falsos mestres que pregavam que só era
salvo quem acrescentava à fé em Cristo, o mérito humano da obediência à lei.
Estamos refletindo no capítulo 5/6.
Breve
síntese do capítulo 5.
Que liberdade é esta que temos em Cristo Jesus que nos livrou da lei?
Seria, porventura, para nos esbaldarmos em pecado para que a graça de Cristo
superabunde? Paulo mesmo dá a resposta e nos diz que Cristo não é ministro do
pecado, mas da justiça.
Não brinque com o pecado. Não flerte com ele. Não lhe dê ocasiões. Não
adie decisões importantes de não se deixar levar pelos seus folguedos. Estamos
livres da lei, mas não para darmos liberdade ao pecado e sermos seus escravos.
Cristo nos libertou para agora sermos servos da justiça.
Repare que não somos senhores, nem do pecado para a morte, nem da
justiça para a vida. Antes somos servos. Se do pecado, para a morte. Se da
justiça, para a vida, em Cristo Jesus.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
V. EXORTAÇÕES PRÁTICAS (5.1-6.10).
O evangelho da justificação exclusivamente
pela fé conduz a várias considerações práticas:
·Cristo
libertou os cristãos das tradições humanas legalistas.
·Os
cristãos são livres, mas não para cometerem pecado, antes, livres para
obedecerem a Deus, confiando no Espírito Santo e assim evitando confiar na
carne;
·As
bênçãos de Deus virão somente para aqueles que vivem pela fé, porém o
julgamento aguarda aqueles que se desviam do verdadeiro evangelho.
Finalizando a epístola, veremos dos vs. 5.1
a 6.10 diversas exortações práticas. Ao final da mais importante seção dessa
epístola, Paulo passa à exortação prática que procede do verdadeiro evangelho
da justificação exclusivamente pela fé.
Esse material está dividido em três partes:
liberdade em Cristo (5.1-15), o poder do Espírito (5.16-6.6) e a bênção e o
julgamento divino (6.7-10). Elas geraram a seguinte divisão proposta, conforme
a BEG: A. A liberdade em Cristo (5.1-15) – veremos
agora; B. O poder do Espírito Santo (5.16-6.6) – começaremos a ver agora; e, C. Julgamento divino e bênçãos
(6.7-10).
A. A liberdade em Cristo (5.1-15).
O apelo de Paulo para abandonarmos o
legalismo suscita uma questão importante: os cristãos são livres para viver da
maneira como quiserem? Paulo responde a essa pergunta ao considerar o
equilíbrio entre liberdade e responsabilidade.
Na verdade mesmo, não é livre o que faz o
que quer, na hora que quer, quando quer, como quiser, antes, é livre somente
aquele que em tudo se domina, por uma causa maior.
Quem faz o que quer, na hora que quer e
como quiser, nunca foi livre, mas escravo de suas vontades e desejos, esse não
domina nada, antes é dominado por tudo.
A literatura judaica na época de Paulo
algumas vezes se referia à submissão à instrução da lei como estando debaixo do
jugo da lei. Paulo estava preocupado que seus leitores gentios não deixassem a
lei ocupar o lugar de Cristo na vida deles (Mt 11.29; At 15.10 – aqui, a BEG
recomenda a leitura e a reflexão em seu excelente artigo teológico
"Liberdade cristã", em Rm 14).
Éramos escravos e fomos libertados por
Cristo para a liberdade. Considerar Cristo e a circuncisão como necessários
para a salvação é o equivalente a negar a suficiência de Cristo para a
salvação.
Aceitar a circuncisão como exigência para a
salvação significa não apenas admitir um padrão de obras de justiça que não
pode ser alcançado (2.21), mas também rejeitar o que Cristo realizou. É um
retorno ao domínio do pecado e à maldição da lei.
Assim, todos os que procuram se justificar
diante de Deus pelas obras da lei, separaram-se de Cristo e da graça, caíram. Ou
seja, estavam renunciando à graça de Deus, pois não mais confiavam nela.
Aqueles que são escolhidos em Cristo serão
protegidos de renunciar ao evangelho, e Paulo continuava confiante que ao menos
alguns na Galácia dariam ouvidos às suas advertências (vs. 10).
Todavia, pode ter havido alguns que
aparentavam ser membros de Cristo, mas demonstraram não o ser de fato ao
abandonar o evangelho (Rm 11.22; 1Jo 2.19).
Por essa razão, a Escritura nos exorta a
"com diligência cada vez maior,
confirmar a vossa vocação e eleição" (2Pe 1.10) e a viver de maneira a
manifestar a presença do Espírito dentro de nós (5.16-6.10; 2Pe 1.5-11).
O Espírito nos dá esperança da justificação
no último dia, pois já fomos justificados em Cristo (Rm 5.1-5,9-10). O Espírito
é nosso antegozo da herança da glória (2Co 5.5; Ef 1.13).
Nós, que estamos no Espírito, aguardamos a
esperança da justiça que provém da fé. A certeza da esperança da justiça pela
fé é contrastada com a vã esperança da justificação pelas obras da lei.
Paulo não estava argumentando contra a
circuncisão em si (6.15; At 16.3; 1Co 7.19), mas contra a tentativa de
transformar esse ritual numa exigência para a salvação.
Aquele que acredita em Jesus Cristo e
demonstra a realidade de sua fé mediante uma vida santificada está salvo, quer
seja circuncidado ou não.
Aquela mudança na forma de pensar tinha de
ter alguém por trás que os estava desviando da simplicidade do Evangelho.
Como poderia ainda Paulo estar sendo
perseguido se ele pregasse a circuncisão? Paulo pode estar se referindo à sua
vida antes da conversão, ou pode estar refutando uma falsa acusação de seus
oponentes, que diziam que ele pregava a necessidade da circuncisão para a
salvação quando estava com os apóstolos em Jerusalém, mas deixava de lado essa
exigência quando em companhia de gentios (1.10).
Se fosse assim, o escândalo da cruz teria
sido removido. Paulo sabia que alguém estaria por trás disso e desejou mesmo
que fossem mutilados, ou que se "castrassem" (Fp 3.2). A indignação
de Paulo foi resultado de ter observado cristãos novatos serem desviados. Jesus
usou palavras de advertência semelhantes para aqueles que ousassem levar outros
a errar (Lc 17.1-2).
A liberdade cristã é a liberdade do pecado,
e não liberdade para pecar (Rm 6.1-7.6). Nós fomos chamados para essa
liberdade, em Cristo Jesus – vs. 13.
Paulo faz um resumo de toda a lei – vs. 14.
Paulo não anulou a lei; pelo contrário, afirmou-a. Cristo não aboliu a lei;
antes, cumpriu-a (Mt 5.17).
Muitos aspectos externos da lei, tais como
as prescrições sociais e alimentares, devem ser reinterpretadas à luz da obra
de Cristo. Mas as exigências morais da lei continuam a afirmar a vontade de
Deus quanto ao comportamento dos cristãos (Rm 8.2-8; 13.8-10). Novamente a BEG
recomenda a leitura e a reflexão em seu excelente artigo teológico "Os
três usos da Lei", em SI 119 – pedagógico, civil e moral.
Enfim – vs. 14 - toda a lei se resume num
só mandamento: "Ame o seu próximo
como a si mesmo" - Mt 19.19; Rm 13.10; 1Co 13.
B. O poder do Espírito Santo (5.16-6.6).
Dos vs. 5.16 ao 6.6, veremos Paulo discorrendo
sobre o poder do Espírito. Paulo havia acabado de chamar a atenção dos gálatas
para agirem com responsabilidade em sua a liberdade em Cristo, mas como
obedeceriam à vontade de Deus se não estavam sob o jugo e as restrições do
legalismo? Confiar no Espírito Santo é o único caminho para viver para Cristo.
Paula dá a dica, em forma imperativa – vs.
16 – “andai no Espírito”. O Espírito
Santo habitando dentro do cristão é um sinal de que somos herdeiros das
promessas da aliança dadas a Abraão (3.14; 4.6; 5.5). A presença do Espírito
também é um sinal de que no último dia Deus irá declarar o cristão como sendo
justo (vs. 5; 2Co 1.22; 5.5).
Já a carne, ou "natureza
pecaminosa", desejava o contrário. Paulo disse em 6.13 que os agitadores
da Galácia procuravam circuncidar os gálatas para "se gloriarem na vossa [dos gálatas] carne".
Em 2.16 ele diz que "ninguém será
justificado" pelas obras da lei.
Paulo usava a palavra "carne" em
pelo menos três sentidos.
1.Um
primeiro, mais geral, se refere simplesmente à humanidade.
2.Um
segundo, mais reduzido, se refere ao aspecto físico da vida humana.
3.Um
terceiro, ainda mais restrito, especialmente quando colocado em contraste com o
"Espírito", se refere à natureza humana decaída e pecaminosa, que
inclui tanto a mente como a alma.
Se os gálatas haviam abandonado a Cristo e
colocado a confiança na lei, então estavam retornando à dependência da carne e,
desse modo, à maldição da lei.
Há tanto esperança como advertência nas
palavras de Paulo. O desejo da carne se opõe ao Espírito, mas a capacidade de
vida do cristão flui do fato de que o oposto também é verdadeiro: o desejo do
Espírito nos liberta da carne e da lei.
Dos vs. 19 ao 21, Paulo faz uma lista de
pecados graves que os legalistas considerariam deploráveis (p. ex., a
imoralidade sexual e a idolatria), mas depois diz que, na verdade, os próprios
legalistas estão envolvidos em pecados que os fazem morder uns aos outros e
devorar-se mutuamente (p. ex., facções e ambições egoístas, cf. vs. 15).
Esses, não herdarão o reino de Deus – vs.
21. Paulo emprega essa frase várias vezes em suas cartas (1Co 6.9-10; 15.50;
cf. Ef 5.5).
A questão principal é que aqueles que não
demonstrarem a influência do Espírito na própria vida não terão parte na
consumação do reino de Deus que acontecerá quando Cristo retornar.
Já no vs. 22, contrastando com as obras da
carne, Paulo fala do fruto do Espírito – não “frutos”, mas fruto. Em outras
passagens, Paulo utilizou a metáfora da produção agrícola para descrever a
conduta dos cristãos (Rm 6.22; Ef 5.9; Fp 1.11).
Do mesmo modo, João Batista pregou que o
verdadeiro arrependimento produziria "fruto" visível de mudança de
comportamento (Mt 3.8; Lc 3.8). O amor produzido pelo Espírito é tal qual o
amor de Cristo. Ele vai muito além do desempenho da autojustiça legalista (Lc
10.25-37).
OBRAS DA CARNE
FRUTO DO ESPÍRITO
Imoralidade sexual.
Impureza.
Libertinagem.
Idolatria.
Feitiçaria.
Ódio.
Discórdia.
Ciúmes.
Ira.
Egoísmo.
Dissensões.
Facções.
Inveja.
Embriaguez.
Orgias.
E coisas semelhantes.
Gálatas
5:19-21
Amor.
Alegria.
Paz.
Paciência.
Amabilidade.
Bondade.
Fidelidade.
Mansidão
E domínio
próprio.
Gálatas
5:22.23
Nós que pertencemos a Cristo, crucificamos
a carne, com todas as suas paixões e desejos – vs. 24; veja ainda 2.20; 6.14;
Rm 6.6.) Para o povo de Cristo, a cruz quebrou o jugo da lei da condenação
(2.19).
Os cristãos devem, pela fé, reconhecer a
realidade da nova união com Cristo em sua morte e, além disso, reconhecerem
também que foram elevados a uma nova vida no Espírito de Cristo. Logo, devem
viver no Espírito (Cl 3.1,3,5).
Gl 5:1 Para a liberdade
foi que Cristo nos libertou.
Permanecei,
pois, firmes
e não vos submetais,
de novo,
a jugo de escravidão.
Gl 5:2 Eu, Paulo, vos digo que,
se vos deixardes circuncidar,
Cristo de nada vos
aproveitará.
Gl 5:3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar
que está obrigado a guardar toda a lei.
Gl 5:4 De Cristo vos desligastes,
vós que procurais justificar-vos na lei;
da graça decaístes.
Gl 5:5 Porque nós,
pelo Espírito,
aguardamos a esperança da
justiça
que provém da fé.
Gl 5:6 Porque, em Cristo Jesus,
nem a circuncisão,
nem a incircuncisão têm valor algum,
mas a fé que atua pelo
amor.
Gl 5:7 Vós corríeis bem;
quem vos impediu de continuardes a obedecer à
verdade?
Gl 5:8 Esta persuasão
não vem daquele que vos chama.
Gl 5:9 Um pouco de fermento leveda toda a massa.
Gl 5:10 Confio de vós, no Senhor,
que não alimentareis nenhum outro sentimento;
mas aquele que vos
perturba,
seja ele quem for, sofrerá
a condenação.
Gl 5:11 Eu, porém, irmãos,
se ainda prego a circuncisão,
por que continuo sendo
perseguido?
Logo, está desfeito o
escândalo da cruz.
Gl 5:12 Tomara até se mutilassem
os que vos incitam à rebeldia.
Gl 5:13 Porque vós, irmãos,
fostes chamados à liberdade;
porém não useis da
liberdade
para dar ocasião à carne;
sede, antes,
servos uns dos outros,
pelo amor.
Gl 5:14 Porque toda a lei
se cumpre em um só preceito,
a saber:
Amarás o teu próximo como a
ti mesmo.
Gl 5:15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros,
vede que não sejais mutuamente destruídos.
Gl 5:16 Digo, porém:
andai no Espírito
e jamais satisfareis à concupiscência da carne.
Gl 5:17 Porque a carne
milita contra o Espírito,
e o Espírito,
contra a carne,
porque são opostos entre
si;
para que não façais o que,
porventura,
seja do vosso querer.
Gl 5:18 Mas, se sois guiados pelo Espírito,
não estais sob a lei.
Gl 5:19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são:
prostituição, impureza, lascívia,
Gl 5:20 idolatria, feitiçarias, inimizades,
porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões, facções,
Gl 5:21 invejas, bebedices, glutonarias
e coisas semelhantes a estas,
a respeito das quais eu vos
declaro,
como já, outrora, vos
preveni,
que não herdarão o reino de
Deus
os que tais coisas
praticam.
Gl 5:22 Mas o fruto do Espírito é:
amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, Gl 5:23 mansidão, domínio próprio.
Contra estas coisas não há
lei.
Gl 5:24 E os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne,
com as suas paixões
e concupiscências.
Gl 5:25 Se vivemos no Espírito,
andemos também no Espírito.
Gl 5:26 Não nos deixemos possuir de vanglória,
provocando uns aos outros,
tendo inveja uns dos outros.
Meus queridos, nós que vivemos no Espírito, ANDEMOS TAMBÉM NO ESPÍRITO! Que no dia de hoje nossos esforços e
concentração sejam dedicados a cumprirmos este mandamento.
John MacArthur Jr, em O CAOS CARISMÁTICO, Ed. Fiel, ebook, página 135
fala que há, em relação ao crente e ao Espírito Santo, somente 5 mandamentos
nas Epístolas do Novo Testamento: “Em
todas as epístolas do Novo Testamento, encontram-se apenas cinco mandamentos
relacionados ao crente e ao Espírito Santo:
[1]Jr, John MacArthur, O
CAOS CARISMÁTICO, Editora Fiel, ebook, página 135.
...
Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.
Como dissemos, Gálatas foi escrito para auxiliar
os cristãos da Galácia a resistir aos falsos mestres que pregavam que só era
salvo quem acrescentava à fé em Cristo, o mérito humano da obediência à lei.
Estamos refletindo no capítulo 4/6.
Breve
síntese do capítulo 4.
Veja a preocupação de Paulo com os crentes quando dizia que se
angustiava até que Cristo fosse formado em cada um – vs. 19. Ele sentia dores
de parto! O que é sentir dores de parto por almas que evangelizamos e
anunciamos o evangelho? Você já sentiu dores de parto?
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
IV. PROVAS TEOLÓGICAS (3.1-4.31) - continuação.
Estamos falando que vários argumentos
teológicos apoiavam a afirmação de Paulo de que o seu evangelho da salvação
pela fé, e não pelas obras, é o verdadeiro evangelho de Cristo.
Essa parte IV foi dividida, conforme a BEG:
A. A experiência inicial (3.1-5) – já
vimos; B. A fé de Abraão (3.6-4.11) – concluiremos
agora; C. A experiência atual (4.12-20) – veremos agora; e, D. As esposas e os filhos de Abraão (4.21-37) – veremos agora.
B. A fé de Abraão (3.6-4.11) - continuação.
Como dissemos, dos vs. 3.6 ao 4.11, estamos
vendo e analisando a fé de Abraão. O relato de Génesis sobre a fé de Abraão na
promessa de Deus demonstra que o evangelho da fé de Paulo é fiel às Escrituras
do Antigo Testamento.
Anteriormente, Paulo havia comparado a lei
com uma prisão (3.23) e a um pedagogo (3.24). Agora, compara o papel
preparatório da lei com o dos guardiões e tutores dos menores. O direito pleno
reservado à criança que emancipa é a adoção de filho e o recebimento da herança
filial.
Assim como as crianças eram sujeitas aos
guardiães e administradores, éramos também nós sujeitos aos rudimentos do
mundo. No grego, a frase pode se referir aos elementos básicos que compõem o
mundo (no pensamento antigo: terra, ar, água e fogo).
Algumas vezes, esses elementos eram
reverenciados como divindades que governavam o cosmos. Aqui, Paulo pode estar
se referindo especialmente ao calendário sacro da lei, com suas estações
determinadas pelos corpos celestes (cf. Cl 2.8,20-22). A lei sujeitava a vida
ao controle desses "rudimentos".
Éramos sujeitos até que chegara a plenitude
do tempo. O tempo estipulado pelo Pai (vs. 2), ou "os fins dos
séculos" (1 Co 10.11), quando as promessas de Deus são cumpridas. (a BEG
recomenda a leitura e a reflexão em seu excelente artigo teológico "O
plano das eras", em Hb 7).
Deus enviou seu Filho. Seu filho Eterno,
enviado para nascer de uma mulher, sob a lei. Embora Cristo não tivesse pecado
(2Co 5.21), ele nasceu sob a lei, sendo não apenas obrigado a cumpri-la, mas
também para se identificar com os pecadores que estão sob a maldição da lei.
Sua morte nos libertou dessa maldição (3.10-14).
Ele o enviou dessa maneira para resgatar ou
redimir os que estavam sob a lei. Refere-se não apenas aos judeus circuncidados
sob a lei de Moisés, mas também aos gentios, pois ambos estão sob a maldição da
lei (3.13-14).
O conceito de Paulo da redenção proveio da
instituição da escravidão.
No mundo judaico, assim como no
greco-romano, um escravo poderia comprar a própria liberdade (ou alguém poderia
comprá-la por ele) mediante o pagamento do preço do resgate aos seus proprietários.
O preço da nossa redenção foi pago pelo Pai
por meio do sangue de seu Filho (1 Pe 1.17-18) e pelo Filho ao dar a própria
vida em resgate por muitos (Mt 20.28).
Fomos redimidos da lei para que pudéssemos receber
a adoção de filhos, ou, direitos de filhos. Paulo vinha falando do povo de Deus
como crianças sob a lei (Êx 4.23; Is 1.2), mas agora descreve a única maneira
na qual esse direito é outorgado.
A palavra para adoção traz
"filho" em sua raiz. Deus sela a nossa filiação ao nos dar o Espírito
do seu Filho (Rm 8.9-17) que agora clama Aba o que era um termo aramaico para
"Pai", usado pelo próprio Jesus (Mc 14.36).
Era natural que Jesus, o Filho de Deus num
sentido exclusivo, empregasse esse termo íntimo. Agora, o Espírito coloca essa
palavra nos lábios de todos aqueles que têm filiação em Cristo. Por isso que chamamos
a Deus de nosso Pai e somos da família especial e única de Deus, íntimos dele,
com direitos e deveres de filho. Assim, já não somos mais escravo, mas filho;
e, por ser filho, Deus também nos tornou herdeiro, em Cristo e com Cristo – vs.
7.
Antes de se converterem, os gálatas estavam
sujeitos à servidão dos "elementos" de um mundo pagão: seus falsos
deuses, sua astrologia e rituais sazonais.
No entanto, agora somos conhecidos por Deus
– vs. 9. O conhecimento que os gálatas tinham de Deus não estava baseado neles
mesmos, mas em Deus.
Sendo assim, como poderíamos estar voltando
àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder – vs. 9.
Surpreendentemente, Paulo faz ligação do cerimonial legalista com as
superstições pagãs.
Aceitar a circuncisão como exigência para a
salvação era o mesmo que se desviar da liberdade da graça para a escravidão do
mundo, com seus tempos e estações (vs. 10; Cl 2.8,20-22), quer essa escravidão
fosse judaica ou gentia. Isso seria o mesmo que querer ser escravizado outra
vez, uma vez alcançada a liberdade de filhos de Deus.
Paulo pode estar se referindo à observância
das festas judaicas ao falar da guarda de dias, meses, anos e estações. Os
agitadores judeus entre os gálatas exigiam não apenas a circuncisão para a
salvação, mas também a adoção de todo o estilo de vida judeu, incluindo a
observância às restrições alimentares e a manutenção das festas judaicas.
C. A experiência atual (4.12-20).
Em contraste com a experiência que haviam
tido com o Espírito Santo quando receberam o evangelho pela primeira vez
(3.1-5), os gálatas agora estavam perdendo as bênçãos do Espírito por terem se
desviado do verdadeiro evangelho.
Paulo apela para si mesmo pedindo a eles
que fossem qual ele era, pois que ele era tal qual eles são. Para levar o
evangelho aos gálatas gentios, Paulo deixou de lado muitas restrições legais
judaicas aplicadas à lei mosaica (1Co 9.19-23). Ele havia se tornado
"como" os gálatas ao libertar-se desses procedimentos, e agora os
encoraja a serem "como" ele é, ou seja, livre da servidão legalista.
A caracterização positiva que Paulo faz do
seu relacionamento anterior com os gálatas cristãos (desenvolvida mais adiante
nos vs. 13-16) contém um apelo implícito para que esse relacionamento continue.
Nessa seção, fica evidente a preocupação de Paulo pelos gálatas.
Paulo não tinha sido ofendido por causa de
uma enfermidade física quando esteve entre eles pregando. Continuamos sem saber
qual era a doença de Paulo. Foram sugeridos problemas de visão (v. 15; 6.11),
malária e epilepsia.
Também não foi determinado se há uma
possível ligação com o "espinho na carne" (2Co 12.7). Aparentemente,
a doença de Paulo o fez passar uma longa temporada na Galácia, o que lhe deu
uma formidável oportunidade de ministério na região.
O que poderia ser um motivo de tropeço para
a proclamação do evangelho, foi superado com maestria e ele se sente recebido
por eles como se fosse um anjo de Deus ou como o próprio Jesus Cristo, apesar
de seu problema, que ele não fala qual era.
A fonte do zelo que possuíam pode ter sido
o desejo de evitar serem perseguidos pelos falsos mestres, que se diziam
cristãos, ou de judeus nacionalistas não cristãos que encaravam a inclusão do
movimento cristão como uma ameaça à sua causa.
Vemos no linguajar de Paulo o uso de
expressões como “dores de parto” e “angustia” até ser Cristo formado em cada um
deles – vs. 19-20. Esse é um testemunho comovente da profundidade dos
sentimentos de Paulo por aqueles que ele havia levado à fé em Cristo.
A indignação de Paulo nessa epístola
(1.6,9; 3.1; 5.12) revela não apenas a seriedade com a qual ele encarava a
tarefa de preservar o verdadeiro evangelho, como também o amor que sentia pelos
seus "filhos" em Cristo.
D. As esposas e os filhos de Abraão (4.21-37).
A partir dos vs. 21-31, ao falar das
esposas e os filhos de Abraão, Paulo retoma o relato de Abraão em Gênesis (veja
3.6-4.11), porém agora faz um paralelo sobre como a situação na Galácia se
compara com a de Sara, Agar, Isaque e Ismael.
Os dois filhos de Abraão – Ismael e Isaque.
Ismael era o filho mais velho (nascido de Agar, Gn 16) e Isaque era o mais novo
(nascido de Sara, Gn 21.1-6).
Agar era escrava de Sara, e Sara era mulher
de Abraão. Ismael, filho de Abraão com sua escrava Agar, nasceu depois que
Abraão e Sara haviam perdido as esperanças de conceber o filho que Deus lhes
havia prometido.
Isaque nasceu por meio do milagre do Espírito,
muito tempo depois de expirado o período de fertilidade de Sara. Deus
demonstrou que nenhuma promessa divina é vã (Gn 18.14; Lc 1.37).
Cristo é o Filho prometido e nele os
gentios são feitos filhos e herdeiros (3.29). Como Isaque, os gentios são filhos
do Espírito, cumprindo a promessa de Deus a Abraão (3.16; 4.28).
Ele explica a história dizendo que tudo
isso era mesmo uma ilustração, no sentido de que esses acontecimentos
históricos transmitem um significado mais profundo.
Paulo, em relação à historicidade da
narrativa de Gênesis, chamou a nossa atenção para o significado teológico desses
acontecimentos históricos. Isaque nasceu pela fé na promessa de Deus.
Nesse sentido, Isaque foi um antepassado
espiritual de todos os que buscam a salvação por meio da fé nas promessas de
Deus em Cristo.
Ismael, porém, nasceu pelo esforço humano,
carnal. Nesse sentido, Ismael é o antepassado espiritual de todos os que buscam
a salvação por meio dos méritos humanos.
Quem nasceu de modo natural, foi o filho da
escrava; mas o nascimento milagroso, por meio da promessa, por causa da
intervenção divina, foi o filho da promessa. Isso também representa duas
alianças, sendo uma procedente do monte Sinai que gera filhos para a escravidão.
Esta é Agar que representa o monte Sinai,
na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com
os seus filhos – vs. 25. A cidade terrena de Jerusalém era a sede do legalismo
judaico. Por essa razão, Paulo a associa com Agar e Ismael, a representação do
esforço humano em busca de mérito.
A outra aliança é procedente também de
Jerusalém, mas lá de cima. A despeito do legalismo que emanava de Jerusalém nos
dias de Paulo, ainda assim essa era a cidade em que Deus estabeleceu seu nome e
lugar de sua habitação em meio ao seu povo (SI 78.68-69).
Todavia, para a fé cristã, a verdadeira Jerusalém
é onde Cristo reina: nos céus (Hb 12.22; Ap 21.2), onde os cristãos possuem a
sua cidadania (Fp 3.20). Por essa razão, Paulo associa a Jerusalém celeste com
Sara, Isaque e a fé.
Desde o inicio, o filho nascido de modo
natural persegue o filho nascido da promessa, segundo o Espírito. Até hoje é
assim e o será até a volta do Senhor.
Paulo conclui o assunto perguntando o que
diz a Escritura sobre isso? "Mande
embora a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava jamais será herdeiro
com o filho da livre" – vs. Gn 21.10-12. Portanto, diz Paulo, que não
somos filhos da escrava, mas da livre – vs. 30-31.
Gl 4:1 Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor,
em nada difere de
escravo,
posto
que é ele
senhor
de tudo.
Gl 4:2 Mas está sob tutores e curadores
até ao tempo
predeterminado pelo pai.
Gl 4:3 Assim, também nós,
quando éramos
menores,
estávamos
servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
Gl 4:4 vindo,
porém, a plenitude do tempo,
Deus
enviou seu Filho,
nascido
de mulher,
nascido
sob a lei,
Gl
4:5 para resgatar os que estavam sob a lei,
a
fim de que recebêssemos
a
adoção de filhos.
Gl 4:6 E, porque vós sois filhos,
enviou Deus ao
nosso coração
o
Espírito de seu Filho,
que
clama: Aba, Pai!
Gl 4:7 De sorte que já não és escravo,
porém filho;
e, sendo filho,
também herdeiro por
Deus.
Gl 4:8 Outrora, porém, não conhecendo a Deus,
servíeis a deuses
que, por natureza, não o são;
Gl
4:9 mas agora que conheceis a Deus
ou,
antes, sendo conhecidos por Deus,
como
estais voltando, outra vez,
aos rudimentos fracos e
pobres,
aos
quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?
Gl 4:10 Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.
Gl 4:11 Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco.
Gl 4:12 Sede qual eu sou;
pois também eu sou
como vós.
Irmãos,
assim vos suplico.
Em
nada me ofendestes.
Gl 4:13 E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez
por causa de uma
enfermidade física.
Gl 4:14 E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação,
contudo, não me
revelastes desprezo nem desgosto;
antes,
me recebestes
como
anjo de Deus,
como
o próprio Cristo Jesus.
Gl 4:15 Que é feito, pois, da vossa exultação?
Pois vos dou
testemunho de que, se possível fora,
teríeis
arrancado os próprios olhos para mos dar.
Gl 4:16 Tornei-me, porventura, vosso inimigo,
por vos dizer a
verdade?
Gl 4:17 Os que vos obsequiam não o fazem sinceramente,
mas querem
afastar-vos de mim,
para
que o vosso zelo seja em favor deles.
Gl 4:18 É bom ser sempre zeloso pelo bem
e não apenas quando
estou presente convosco,
Gl 4:19 meus filhos,
por quem, de novo,
sofro
as dores de parto,
até
ser Cristo
formado
em vós;
Gl 4:20 pudera eu estar presente, agora, convosco
e falar-vos em outro tom de voz;
porque me vejo perplexo a vosso respeito.
Gl 4:21 Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei:
acaso, não ouvis a
lei?
Gl
4:22 Pois está escrito que Abraão teve dois filhos,
um
da mulher escrava
e
outro da livre.
Gl 4:23 Mas o da escrava
nasceu segundo a
carne;
o da livre,
mediante a promessa.
Gl 4:24 Estas coisas são alegóricas;
porque estas
mulheres são duas alianças;
uma,
na verdade, se refere ao monte Sinai,
que
gera para escravidão;
esta
é Agar.
Gl 4:25 Ora, Agar é o monte
Sinai,
na Arábia,
e corresponde à Jerusalém atual,
que está em
escravidão com seus filhos.
Gl 4:26 Mas a Jerusalém
lá de cima é
livre,
a
qual é nossa mãe;
Gl 4:27 porque está escrito:
Alegra-te, ó
estéril,
que
não dás à luz,
exulta
e clama,
tu que não estás de
parto;
porque
são mais numerosos os filhos da abandonada
que
os da que tem marido.
Gl 4:28 Vós, porém, irmãos,
sois filhos da
promessa,
como
Isaque.
Gl 4:29 Como, porém, outrora,
o que nascera
segundo a carne
perseguia
ao que nasceu segundo o Espírito,
assim também agora.
Gl
4:30 Contudo, que diz a Escritura?
Lança
fora a escrava e seu filho,
porque
de modo algum o filho da escrava
será
herdeiro com o filho da livre.
Gl 4:31 E, assim, irmãos,
somos filhos não da
escrava,
e
sim da livre.
As dores de parto de Paulo não sai de minha cabeça. Penso o quanto estou
longe dele... No entanto, a graça de Deus é quem também nos constrange aqui no
século XXI para sairmos ao campo e para pregarmos a Palavra de Deus a todos os
povos. Somos de fato os filhos da promessa e em nós se cumpre a Palavra de
Deus.
Os que são da fé são os filhos da promessa, não nascidos da carne, de
modo natural, mas do Espírito, gerados lá do Alto. Por isso que os que são
daqui de baixo, da terra vivem nos perseguindo, como Ismael até hoje persegue Isaque.
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