Estamos estudando, com a ajuda preciosa da
BEG, o livro de Zacarias cujo pano de fundo histórico é o mesmo de Ageu, sendo
que a ênfase de Zacarias não era somente a reconstrução do templo, como vimos
em Ageu, mas ele também encorajava o povo quanto à Jerusalém ser o local, num
futuro de médio prazo, para o reino de Deus. Estamos começando a segunda parte
com o nono capítulo.
II. AS PROFECIAS COM APLICAÇÃO NO FUTURO (9.1-14.20).
Zacarias trouxe várias profecias que
falaram de um futuro mais distante da comunidade restaurada. Um grupo de
profecias revelou que Deus traria bênçãos para Jerusalém por meio da linhagem
real de Davi. Um Segundo grupo revelou o complexo processo pelo qual Deus
manteria as promessas feitas apesar das contínuas falhas do povo.
Veremos doravante até o término deste livro
as profecias com aplicações no futuro.
Essa segunda metade do livro contém profecias
não datadas que se encaixam melhor numa época logo após a reconstrução do
templo. O profeta voltou a sua atenção para o futuro do reino de Deus em duas
grandes seções (9.1-11.17; 12.1-14.20). Elas gerarão a nossa divisão proposta,
conforme a BEG: A. O primeiro grupo de profecias (9.1-11.17) – começaremos a ver agora - e B. O segundo
grupo de profecias (12.1-14.21).
A. O primeiro grupo de profecias (9. 1-11. 17).
Até o capítulo 11, estaremos vendo o
primeiro grupo de profecias, que tratam da vinda de Deus, o Rei, em julgamento.
Ele também foi dividido em quatro seções: 1. Deus vinga-se do seu povo (9.1-8)
– veremos agora; 2. O rei de Israel
chega a Jerusalém (9.9-17) – veremos
agora; 3. Deus reúne o seu povo (10.1-11.3); e, 4. O pastor do povo de Deus
(11.4-17).
1. Deus vinga-se do seu povo (9.1-8).
Esses versículos retratam a Deus como um
guerreiro vingador que tomaria posse de sua terra ao destruir todos os inimigos
em seu caminho.
Conforme a BEG, ele viria do norte de
Jerusalém, um acontecimento que levaria ao chamado para a celebração no vs. 9
(cf. vs. 14-17, onde Deus é retratado como vindo do sul de Jerusalém). Como
também ocorre em outros profetas, Deus é visto vingando o seu povo por meio do
avanço de um exército gentio (veja Is 45.1-3; Mq 1.2-7). Após o Império Medo-Persa,
Alexandre, o Grande, veio do norte e conquistou Canaã, em 333 a.C.
Essa expressão exata “A sentença
pronunciada pelo SENHOR” que inicia o capítulo 9, aparece apenas mais duas
vezes no Antigo Testamento (12.1; Ml 1.1).
A sentença ou advertência seria contra Hadraque,
cidade mais ao norte, citada nos vs. 1-8, e chamada de Hatarikka nas inscrições
cuneiformes assírias, mas cairia sobre Damasco, capital de Arã, cidade vizinha
mais ao norte de Israel.
Isso porque os olhos do SENHOR estão sobre toda
a humanidade e, em especial, sobre todas as tribos de Israel – vs. 1. A
campanha militar de Alexandre seria tão espetacular que toda a humanidade,
principalmente o povo de Deus, tomaria conhecimento desse rei poderoso quando
ele fosse instrumento da justiça divina.
Também estaria sobre Hamate, no rio
Orontes, ao norte de Damasco, e ainda mais sobre Tiro e Sidom. Essas cidades da
costa mediterrânea da antiga Fenícia foram centros comerciais durante todo o
período bíblico.
A descrição de seus moradores como pessoas
"cuja sabedoria é grande" pode estar ligada às suas habilidades
comerciais. O julgamento sobre essas cidades é um tema comum no Antigo
Testamento (Jr 47.1-7; Ez 28.1-23).
Com seu comércio e habilidades de seu povo
em negociar, Tiro tinha construído para si uma verdadeira fortaleza e tinha
acumulado prata como pó e o ouro como a lama das ruas, ou seja, estava abastada,
rica e poderosa, mas o Senhor haveria de se apossar dela e ainda lançar no mar
todas as suas riquezas, sendo ela mesma consumida pelo fogo de seu juízo – vs. 3
e 4.
As suas vizinhas ao ver isso, Asquelom, Gaza
e Ecrom entrariam em agonia, ficariam com medo e perderiam toda a esperança.
Essas fortes cidades da Filístia não conseguiriam
resistir ao julgamento de Deus contra elas. Muitas vezes, no Antigo Testamento,
elas são destinadas para o julgamento (Veja Is 14.28-32; E7 25.15-17; Am
1.6-8). O fato seria que um povo bastardo ocuparia Asdode e assim Deus acabaria
com o orgulho dos filisteus – vs. 6.
Assim, o Senhor haveria de literalmente
tirar o sangue das suas bocas, e a comida proibida de entre os seus dentes, ou
seja, haveria de ter misericórdia a fim de gerar a salvação entre eles, de
forma que o que restasse iria pertencer ao Senhor Deus e se tornaria chefe em
Judá, e Ecrom seria como os jebuseus. Alguns dos habitantes de Canaã, que não
seriam destruídos pela ira do julgamento divino, seriam incorporados ao povo de
Deus e se tornariam seus servos, como Araúna, o jebuseu, havia se tornado parte
de Judá, gerações antes (2Sm 24.16-24; 1Cr 21.18.26).
Deus anunciou que defenderia a sua cidade
nesses dias. Alexandre o Grande, não destruiu Jerusalém ou o templo construído
por Zorobabel e Josué (veja 1.1-. 8.23).
Em várias ocasiões, os profetas anunciaram
que a restauração acontecesse plenamente Deus não permitiria que nações gentias
destruíssem ou controlassem a terra de Israel (14.11; Jl 2.19.26-27; Am 9.15;
Sf 3.11,15).
Aqui, Zacarias falou do período da campanha
de Alexandre (333 a.C.), mas os gregos e os romanos continuaram a oprimir o
povo de Deus durante séculos, após a campanha desse grande conquistador.
Daniel profetizou que um quarto reino (Roma)
oprimiria Judá (Dn 2.24-45) como parte de uma extensão do exílio por causa da
contínua rebelião da comunidade restaurada contra Deus (Dn 9).
Continua a BEG a esclarecer que Zacarias
apresentou a genuína oferta de Deus de que essa extensão do exílio seria
reduzida e que a restauração do Messias aconteceria após a ocupação grega.
É verdade que a guerra dos Macabeus
(166-142 a.C.) resultou na independência de Israel, mas essa autonomia foi
manchada pela iniquidade tanto dos líderes como do povo.
Em 63 a.C., Roma dominou a região. Assim, a
restauração nunca aconteceu em grande escala. A promessa de que o povo de Deus
"não passará mais" pela derrota somente será plenamente cumprida
Cristo retomar em glória.
2. O rei de Israel chega a Jerusalém (9.9-17).
Esses versículos de 9 ao 17 contemplam a
chegada do Messias vitorioso a Jerusalém, a fim de garantir a promessa feita no
vs. 9. Novamente, a oferta feita deveria acontecer em resposta à opressão grega
(vs. 13).
Apesar da vitória de Israel durante o
período dos Macabeus, a pecaminosidade flagrante e continua de Israel adiou
essa vitória messiânica final até o quarto reino anunciado por Daniel (Roma).
Ainda assim, a profecia de Zacarias deu ao
público original a esperança de que o Messias viria para destruir todos os
inimigos e assegurar a restauração de Jerusalém.
O profeta anuncia um momento de grande
alegria e grande regozijo para a cidade ou filha de Sião - título bastante
comum para a cidade santa e o povo de Deus (Is 62.11; Sf 3.14; Is 1.8) – que deveria
exultar-se. O povo de Deus se regozijaria porque o Senhor finalmente havia
chegado a Jerusalém.
O rei soberano, o teu rei, o supremo e real
descendente de Davi que fora prometido por repetidas vezes (2Sm 7.12-14; SI
132.1,10-11; Is 9.7; 11.1-5; Jr 23.5-6; 33.15-22; Ez 34.23-24; 37.24-28), o Justo
e vitorioso, humilde, viria montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta.
Seu caráter e comportamento não seriam como
os de outros reis do mundo. Ele defenderia a lei de Deus como os reis do Antigo
Testamento deveriam ter feito (Dt 17.14-20). Sua bondade o tomaria aberto e
acessível (Mt 11.29; Fp 2.5).
Ele viria montado em jumento, cria de jumenta,
em vez de montar num grande cavalo como um guerreiro (cf. Ap 19.11), o grande
Rei faria a sua aparição em Jerusalém montado num jumentinho (Mc 11.1-7).
Os jumentos estavam entre as montarias
preferidas pela realeza (I Re 1.33) durante os períodos de paz.
Conforme os comentários da BEG, as mulas e
os jumentos eram animais de montaria da realeza (vs. 9; Jz 10.4; 2 Sm 13.29;
18.9). No caso da situação de I Re 1.33, Davi estava declarando, com aquele ato,
publicamente, que Salomão era o seu herdeiro escolhido. Ao montar num jumento,
o Rei indicava a sua completa vitória e o fim da guerra (veja o vs. 10).
Os instrumentos de guerra – carros, cavalos
de guerra, arcos de batalha - seriam abolidos no reino de paz do Rei justo (Is
2.1-5; 11.6-9; Mq 5.1) e a paz seria proclamada às nações. O grande Rei de
Israel derrotaria todos os inimigos de Deus e, assim, introduziria a paz
universal (Is 2.1-5; 9.5-7; 57.19; Mq 4.1-5; Ef 2.12-18).
Também o seu domínio se estenderia às extremidades
da terra. O governo soberano e universal de Deus era fundamental à fé no Antigo
Testamento (SI 22.27-28; 72.8; 96.4-6; Is 45.22: 52.10; 66.18; Dn 2.44-47;
7.13-14,27).
Porém, o objetivo da história bíblica –
esclarece a BEG - é que o reino de Deus seja conhecido na terra como no céu (nesse
ponto a BEG recomenda a leitura de seu excelente artigo teológico "O reino
de Deus", em Mt 4) onde poderemos constatar que Cristo – o centro da
história, da Bíblia e da nossa vida - é aquele que trará o domínio universal do
Pai à terra (Mt 12.28; Fp 2.9-11; Ap 19.11-21).
Sião é lembrada do sangue da aliança de
Deus, uma referência à graciosa provisão de Deus para cobrir o pecado. No
Antigo Testamento, era usado o sangue de animais (Ex 24.8); no Novo Testamento,
essa primeira provisão é substituída pelo sangue do Messias (Mt 26.28). Por
causa dessa graça de seu sangue remidor os prisioneiros seriam libertos da cova
que não tinha água para matar a sede.
Então vem o apelo e o clamor para se voltar
à fortaleza aqueles que estavam presos, os prisioneiros da esperança. Seria
dito àqueles que permaneceram fora da Terra Prometida que deveriam voltar para
seus lares, na Terra Prometida, pois que Deus estaria restituindo a eles tudo em
dobro.
Desde os dias de Moisés, o plano de Deus
era abençoar seu povo, depois de trazê-lo do exílio, de maneira que excederia
as bênçãos oferecidas aos seus antepassados (Dt 30.5). É nessa base que o Novo
Testamento compreende as grandes bênçãos de Deus para os crentes que estão sob
a nova aliança.
Nos versos 13 e 14 se vê Deus, o Senhor
soberano da história, movendo seu povo numa linguagem figurada como se os seus
filhos fossem flechas que acertassem o alvo inimigo trazendo grandes vitórias
ao povo de Deus.
O
Deus de Israel é agora retratado corno vindo da região sul do deserto, montado
em redemoinhos (veja 25m 22.8-18; SI 18.7-15; Dn 7.13). A palavra hebraica
traduzida por "Sul" também pode ser o nome próprio "Temã" (Hc
3.3). A resposta divina contra seus inimigos é aqui retratada em termos da
antiga lembrança de Deus dirigindo-se para a batalha em favor de Canaã nos dias
de Moisés (Veja Ex 15.14-18).
»ZACARIAS [9]
Zc 9:1 A
palavra do Senhor está contra a terra de Hadraque,
e repousará sobre Damasco,
pois ao Senhor pertencem as cidades de Arã,
e todas as tribos de Israel.
Zc 9:2 E também Hamate que confina com ela,
e Tiro e Sidom, ainda que sejam mui sábias.
Zc 9:3 Ora Tiro edificou para si fortalezas,
e amontoou prata como o pó, e ouro como a lama das
ruas.
Zc 9:4 Eis que o Senhor a despojará,
e ferirá o seu poder no mar;
e ela será consumida pelo fogo.
Zc 9:5 Asquelom o verá, e temerá;
também Gaza, e terá grande dor;
igualmente Ecrom, porque a sua esperança
será iludida;
e de Gaza perecerá o rei,
e Asquelom não será habitada.
Zc 9:6 Povo mestiço habitará em Asdode;
e exterminarei a soberba dos filisteus.
Zc 9:7 E da sua boca tirarei o sangue,
e dentre os seus dentes as abominações;
e ele também ficará como um resto
para o nosso Deus;
e será como chefe em Judá,
e Ecrom como um jebuseu.
Zc 9:8 Ao redor da minha casa acamparei contra o
exército,
para que ninguém passe, nem volte;
e não passará mais por eles o opressor;
pois agora vi com os meus olhos.
Zc 9:9 Alegra-te muito, ó filha de Sião;
exulta, ó filha de Jerusalém;
eis que vem a ti o teu rei;
ele é justo e traz a salvação;
ele é humilde e vem montado sobre um jumento,
sobre um jumentinho, filho de jumenta.
Zc 9:10 De Efraim exterminarei os carros,
e de Jerusalém os cavalos,
e o arco de guerra será destruído,
e ele anunciará paz às nações;
e o seu domínio se estenderá de mar a mar,
e desde o Rio até as extremidades da terra.
Zc 9:11 Ainda quanto a ti, por causa do sangue do teu
pacto,
libertei os teus presos da cova em que não havia água.
Zc 9:12 Voltai à fortaleza,
ó presos de esperança;
também hoje anuncio que te recompensarei em dobro.
Zc 9:13 Pois curvei Judá por meu arco,
pus-lhe Efraim por seta;
suscitarei a teus filhos,
ó Sião, contra os teus filhos,
ó Grécia; e te farei a ti,
ó Sião, como a espada de um valente.
Zc 9:14 Por cima deles será visto o Senhor;
e a sua flecha sairá como o relâmpago;
e o Senhor Deus fará soar a trombeta,
e irá com redemoinhos do sul.
Zc 9:15 O Senhor dos exércitos os protegerá;
e eles devorarão, e pisarão os fundibulários;
também beberão o sangue deles como ao vinho;
e encher-se-ão como bacias de sacrifício,
como os cantos do altar.
Zc 9:16 E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará,
como o rebanho do seu povo;
porque eles serão como as pedras de uma coroa,
elevadas sobre a terra dele.
Zc 9:17 Pois quão grande é a sua bondade,
e quão grande é a sua formosura!
o trigo fará florescer os mancebos
e o mosto as donzelas.
Esse versículo 15 - “O SENHOR dos Exércitos
os protegerá” - prevê a proteção de Deus sobre o seu povo enquanto marcha
contra os seus próprios inimigos, derrotando-os completamente. O povo de Deus
ficaria exuberante devido à santa alegria.
Seu povo descansaria em segurança, como
ovelhas sob o seu cuidado (13.7; Ez 34.1-24; 37.24), pois que seriam eles como pedras
de uma coroa, ou seja, o povo se tornaria glorioso como resultado da presença
de Deus (2Co 3.18).
A abundância natural – belos, formosos,
abastados com o trigo e alegres com o vinho - que ocorrerá depois que o Messias
estabelecer plenamente o seu reino cumpre a esperança da renovação da criação
(veja Is 65.17; Ap 21.1).
Nossa reflexão de hoje sobre a unidade,
sobre o estar juntos nos levará novamente ao livro de Isaías.
Is 65:24 E
acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei;
e
estando eles ainda falando, eu os ouvirei.
Is 65:25 O
lobo e o cordeiro juntos se apascentarão,
o
leão comerá palha como o boi;
e
pó será a comida da serpente.
Não farão mal
nem dano algum
em todo o meu
santo monte, diz o Senhor. Is 65.24,
25.
Do verso 17 ao 25 deste capítulo, veremos
os novos céus e a nova terra! É Deus quem cria todas as coisas, inclusive novos
céus e nova terra. O novo ato de Deus é experimentado agora em suas bênçãos.
(42:9; 43:18-19; 48:6; 60:19-22; II Pe 3:13; Ap 21:1).
Das coisas passadas, das adversidades e
desgraças, jamais haverá novamente memória delas. Isso não significa um apagão
geral com perda de identidade e do senso de pertencimento ao mundo, a Deus e ao
tempo.
Deus colocou no coração dos homens a
eternidade, mas estamos presos, momentaneamente, no tempo e no espaço, assim,
mesmo sabendo de que um dia morreremos, sabemos de alguma forma que seremos
ressuscitados por ele, para vivermos eternamente com ele. É muita glória que
apenas sentimos seu frescor de bem longe, mas é só por uns instantes...
Os santos, os eleitos, os remanescentes, os
que o buscam, devem celebrar agora a vinda da salvação (66:10) e se alegrarem
perpetuamente, pois que ele cria para Jerusalém motivos de exultação e para o
povo, motivos de grande gozo – vs. 18. Isaías faz alusão à linguagem de Gn 1:1
para atrair a atenção para a renovação radical do mundo que acontecerá quanto à
restauração do seu povo for completada (Rm 8:18-25).
Deus exultará em Jerusalém e se alegrará no
seu povo e doravante nunca mais se ouvirá voz de choro, nem de clamor – vs. 19;
Ap 21:4.
O fato de não haver mais ali nem crianças,
nem velhos, trata-se apenas de declarações poéticas que expressam a vida sem
fim que chegará ao clímax da restauração após o exílio. Elas prometem uma vida
significativa e abençoada para todos, em contraste com a doença e a morte
prematura que resultaram da maldição de Deus (Dt 28:20-22).
Por isso que edificarão casas e as
habitarão e plantarão vinhas e comerão dos seus frutos, o que hodiernamente nem
sempre é uma garantia. Nem todos os que constroem, nem os que plantam são os
que desfrutam, por causa do pecado, da presença do mal e da morte no mundo,
decorrentes das maldições de Deus.
Como é triste edificar para outros
habitarem e plantar para outros desfrutarem. Isso terá um fim uma vez que os
dias de cada um de nós será como o das árvores e os seus escolhidos poderão
gozar por longo tempo das obras de suas mãos – vs. 22.
Não trabalharão debalde, nem terão filhos
para a calamidade, pois que serão a descendência bendita do Senhor. O oposto do
julgamento de Deus sobre a existência humana (Gn 3:16-18). Tanto eles quanto
seus descendentes serão abençoados pelo Senhor (cf. 61:9). .
Assim, antes de clamarem e ainda estando
eles falando, o Senhor já estaria vindo com a resposta e com a providência. Uma
figura que significa que não haverá tempo para tristeza entre a oração e o
louvor (30:19; 58:9). Hoje sofremos e padecemos em oração, muitas vezes sem
entender porque o socorro tardou ou porque o Senhor não respondeu ou porque
ainda fez outra coisa que não esperávamos.
Nesse tempo, haverá paz na criação, paz
para a comunidade redimida (11:6-9). O
lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi, isto
é, haverá respeito, unidade e diversidade, mas o pó será a comida da serpente,
uma alusão a Gn 3:14. A maldição de Satanás será finalmente consumada. Nem mal
nem dano algum se fará em todo santo monte. Significa ausência de toda desgraça
e injúria para todo o sempre!
Estamos estudando, com a ajuda preciosa da
BEG, o livro de Zacarias cujo pano de fundo histórico é o mesmo de Ageu, sendo
que a ênfase de Zacarias não era somente a reconstrução do templo, como vimos
em Ageu, mas ele também encorajava o povo quanto a Jerusalém ser o local, num
futuro de médio prazo, para o reino de Deus. Estamos finalizando a primeira
parte com o oitavo capítulo.
I. AS PROFECIAS COM APLICAÇÃO IMEDIATA (1.1 -8.23) – continuação.
Como já dissemos, desde o primeiro
versículo até o capítulo oito, estamos vendo as profecias que foram entregues
aos primeiros a retomarem do exílio, enquanto lutavam com o desafio de
reconstruir o templo.
Assim, foi dividida essa parte em cinco
seções: A. Título (1.1) – já vimos;
B. Mensagem Inicial (1.2-6) – já vimos;
C. Ai oito visões noturnas (1.7-6.8) – estamos
vendo; D. A coroação de Josué (6.9-15) –
já vimos; e, E. A transformação de Jerusalém (7.1-8.23) – concluiremos agora.
E. A transformação de Jerusalém (7.1-8.23) – continuação.
Como já falamos, encerradas as oito visões
noturnas que Zacarias recebeu a respeito do que Deus faria com relação às
dificuldades que os que retornaram enfrentariam, veremos, doravante, até 8.23,
a transformação de Jerusalém.
Esses capítulos formaram nossa divisão
proposta, seguindo a BEG: 1. A contínua hipocrisia de Jerusalém (7.1-14) – já vista e 2. As futuras bênçãos de
Jerusalém (8.1-23) – veremos agora.
2. As futuras bênçãos de Jerusalém (8.1-23).
Encerrando essa primeira parte, estaremos
vendo agora as futuras bênçãos de Jerusalém. Esse capitulo descreve o futuro de
Jerusalém, um tempo em que a hipocrisia seria eliminada do meio da comunidade
restaurada. O futuro é semelhante ao retratado por Isaías (Is 65-66).
Com a vinda de Cristo ao mundo, essas
bênçãos começaram a aparecer, mas a sua plena realização aguarda o seu glorioso
retomo (Is 65.17; Ap 21.1-22.5).
O zelo de Deus – vs. 2 - nasce do amor que
ele tem pelo seu povo e do compromisso com ele, e que, em troca, espera receber
dele (1.14).
O Senhor estava dizendo ao seu profeta que
estaria voltando para Sião e habitaria ali e então a cidade seria chamada por
causa dele, do Senhor, de Cidade Fiel, ou da Verdade (NVI).
A fiel observância da lei de Deus era rara
em Israel, mesmo nos dias de Zacarias. O profeta previu um tempo em que o povo
de Deus refletiria perfeitamente o seu caráter em suas relações mútuas (v. 16;
veja. também, Ex 34.6-7).
Já o monte do Senhor dos Exércitos seria
chamado de Monte Santo ou Sagrado (NVI). O monte Sião um dia será santo porque
a presença de Deus habitará lá de um modo especial e o pecado será totalmente
eliminado. Os profetas repetidamente enfatizaram que o dia da salvação seria o
dia da renovação da presença de Deus (2.5,11).
Os versos 4 e 5 que falam dos velhos e das
crianças enchendo as cidades revelam um quadro das bênçãos da aliança de Deus:
a longevidade (cf. Ex 20.12) e crianças brincando refletem um estado de paz e
bem-estar.
Naquela época e mesmo hoje isso parece
mesmo impossível, mas não para Deus. Esse termo “maravilhoso” descreve uma situação
ou estado que inspira admiração naquele que o contempla porque é impossível
obtê-lo pela força humana. Veja outros exemplos do uso desse termo em Gn 18.14 (“difícil”)
e Jz 13.18.
No entanto, o remanescente seria abençoado
grandemente. Aqueles que permaneceram fiéis em meio à desobediência, seriam
resgatados por Deus e continuariam como o povo de sua aliança. Em Rm 11.5,
Paulo falou de “um remanescente segundo a eleição da graça". Os eleitos de
Deus são preservados para servi-lo com fidelidade (veja Is 1.9: Mq 2.12).
Deus iria salvar o seu povo espalhado de
entre as nações. Salvaria os do leste e do oeste – vs. 8 – e os traria de volta
para que habitassem em Jerusalém. Como o escritor de Crônicas confirmou, a
plena restauração do povo de Deus envolveria a volta de muitos judeus de terras
estrangeiras (veja Dt 30.1-5: veja, também, ICr 1-9; Ir 30 8-11).
O laço de lealdade entre Deus e Israel era
o centro da aliança (Gn 17.7) e é o ponto principal da aliança renovada em Jr
31.33.
Deus promete que haveria uma rica semeadura
onde a videira daria o seu fruto, a terra produziria suas colheitas e o céu
derramaria o seu orvalho.
O dia da total renovação incluirá a
restauração da natureza em grande escala (Dt 30.9). Os crentes hoje, recebem o
Espírito Santo como um adiantamento de sua herança (Ef 1.13-14) e aguardam
ansiosamente a renovação da natureza nos novos céus e na nova terra quando
Cristo retomar (Ap 21.1-22.5).
Como Deus tinha feito Israel ser uma
maldição entre as nações, ele os salvaria e os transformariam em uma grande
bênção, por isso que eles deveriam ser fortes e não terem medo – vs. 13 - 15. Duas
vezes nesse trecho ele repete a palavra “não tenham medo” para eles.
O povo foi chamado a guardar a lei e, assim
colocar a sua vida de acordo com a lei de Deus. O comportamento piedoso aqui
descrito – vs. 16-17 - faz contraste com a impiedade característica da maior
parte da história de Israel, mas a verdade e a justiça reinarão (Am 5.24).
Ele aponta o que deveriam fazer e declara,
explicitamente, que odiava quem não praticava todas essas coisas:
·Falem
somente a verdade uns com os outros.
·Julguem
retamente em seus tribunais.
·Não
planejem no íntimo o mal contra o seu próximo.
·Não
queiram jurar com falsidade. (Zacarias 8:16,17).
E novamente veio a palavra do Senhor ao seu
profeta – vs. 18. Esse versículo – vs. 19 - retoma a pergunta feita em 7.3. Os
jejuns que os judeus haviam observado se transformariam em celebrações, seriam ocasiões
alegres e cheias de júbilo, com festas felizes para o povo de Judá, por isso,
que Deus os exorta – vs. 19 - a amarem a
verdade e a paz.
Esse jejum do quarto mês pranteava a queda
dos muros de Jerusalém que foi um acontecimento que marcou o inicio do fim da
cidade (2Rs 25.3-4).
Sobre os jejuns do quinto e sétimo meses
eram aqueles que pranteavam o assassinato de Gedalias, governador de Judá,
ordenado pelos babilônios - 7.5.
Sobre o jejum do décimo mês, vemos que o texto
de 2Rs 25.1 relata como Nabucodonosor começou a sitiar Jerusalém no décimo mês
(Jr 39.1-10).
Nos versos de 20 a 23, veremos que eles retratam
uma grande peregrinação de nações gentias para Jerusalém.
Essa cena frequente nos profetas (14.16-20;
Is 2.1-4; Mq 4.1-5) descreve a extensão do reino de Deus, ultrapassando as fronteiras
de Israel em direção ao mundo (M1 1.5).
Um estágio inicial dessa expansão foi
oferecido a Israel nos dias de Zacarias, mas não teve realização significativa
até o ministério de Cristo e seus apóstolos. Os gentios se unirão plenamente a
Israel somente no glorioso retorno de Cristo.
Muitos povos e poderosas nações – vs. 22; Is
2.2-4; Mq 4.1-3 – virão finalmente buscarem ao Senhor dos Exércitos para
suplicarem a ele o seu favor.
»ZACARIAS [8]
Zc 8:1 Depois
veio a mim a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
Zc 8:2 Assim diz o Senhor dos exércitos:
Zelo por Sião com grande zelo;
e, com grande indignação, por ela estou zelando.
Zc 8:3 Assim
diz o Senhor:
Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém;
e Jerusalém chamar-se-á a cidade da verdade,
e o monte do Senhor dos exércitos o monte santo.
Zc 8:4 Assim
diz o Senhor dos exércitos:
Ainda nas praças de Jerusalém sentar-se-ão velhos e
velhas,
levando cada um na mão o seu cajado,
por causa da sua muita idade.
Zc 8:5 E as ruas da cidade se encherão de meninos e
meninas,
que nelas brincarão.
Zc 8:6 Assim
diz o Senhor dos exércitos:
Se isto for maravilhoso aos olhos do resto deste povo
naqueles dias,
acaso será também maravilhoso aos meus olhos?
diz o Senhor dos exércitos.
Zc 8:7 Assim
diz o Senhor dos exércitos:
Eis que salvarei o meu povo,
tirando-o da terra do oriente e da terra do ocidente;
Zc 8:8 e os trarei, e eles habitarão no meio de
Jerusalém;
eles serão o meu povo,
e eu serei o seu Deus em verdade e em justiça.
Zc 8:9 Assim
diz o Senhor dos exércitos:
Sejam fortes as vossas mãos, ó vós,
que nestes dias ouvistes estas palavras da boca dos
profetas,
que estiveram no dia em que foi posto
o fundamento da casa do Senhor dos exércitos,
a fim de que o templo fosse edificado.
Zc 8:10 Pois antes daqueles dias não havia salário
para os homens,
nem lhes davam ganho os animais;
nem havia paz para o que saia
nem para o que entrava,
por causa do inimigo;
porque eu incitei a todos os homens,
cada um contra o seu próximo.
Zc 8:11 Mas agora não me haverei para com o resto
deste povo
como nos dias passados, diz o Senhor dos exércitos;
Zc 8:12 porquanto haverá a sementeira de paz;
a vide dará o seu fruto,
e a terra dará a sua novidade,
e os céus darão o seu orvalho;
e farei que o resto deste povo herde todas essas
coisas.
Zc 8:13 E há de suceder, ó casa de Judá, e ó casa de
Israel,
que, assim como éreis uma maldição entre as nações,
assim vos salvarei, e sereis uma bênção;
não temais, mas sejam fortes as vossas mãos.
Zc 8:14 Pois
assim diz o Senhor dos exércitos:
Como intentei fazer-vos o mal,
quando vossos pais me provocaram a ira,
diz o Senhor dos exércitos, e não me compadeci,
Zc 8:15 assim tornei a intentar nestes dias fazer o
bem
a Jerusalém e à casa de Judá; não temais.
Zc 8:16 Eis as coisas que deveis fazer:
Falai a verdade cada um com o seu próximo;
executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas;
Zc 8:17 e nenhum de vós intente no seu coração
o mal contra o seu próximo;
nem ame o juramento falso;
porque todas estas são coisas que eu aborreço,
diz o senhor.
Zc 8:18 De
novo me veio a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
Zc 8:19 Assim diz o Senhor dos exércitos:
O jejum do quarto mês, bem como o do quinto, o do
sétimo,
e o do décimo mês se tornarão para a casa de Judá
em regozijo, alegria, e festas alegres;
amai, pois, a verdade e a paz.
Zc 8:20 Assim
diz o Senhor dos exércitos:
Ainda sucederá que virão povos, e os habitantes de
muitas cidades;
Zc 8:21 e os habitantes de uma cidade irão à outra,
dizendo:
Vamos depressa suplicar o favor do Senhor,
e buscar o Senhor dos exércitos;
eu também irei.
Zc 8:22 Assim virão muitos povos, e poderosas nações,
buscar em Jerusalém o Senhor dos exércitos,
e suplicar a bênção do Senhor.
Zc 8:23 Assim
diz o Senhor dos exércitos:
Naquele dia sucederá que dez homens,
de nações de todas as línguas,
pegarão na orla das vestes de um judeu, dizendo:
Iremos convosco,
porque temos ouvido que Deus está convosco.
A ênfase do vs. 23 que fala de dez homens
segurando as barras das vestes de um judeu – Rm 2.29 - está no grande número
(veja "muitos povos", no v. 22) de gentios que iriam adorar o Deus
verdadeiro. Como ocorre com outras profecias sobre a restauração, conforme já
temos dito e como nos esclarece a BEG, o cumprimento dessa visão:
·Começou
em seu ministério terreno (Mt 28.19-20).
·Continua
por meio da igreja, hoje.
·Será
completado quando Jesus retomar (Ap 5.9).
Eles dirão que irão conosco porque eles tem
ouvido – pelos testemunhos, óbvio – que Deus está conosco! Aleluias, é o
Emanuel, Deus conosco. Deus estaria com os que retornaram do exílio no sentido
de que ele se levantaria e lutaria ao lado deles contra os inimigos (Veja 2Cr
13.12).
Nossa reflexão de hoje sobre a
unidade, sobre o estar juntos nos levará novamente ao livro de Isaías.
Is
45:20 Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos,
os
que escapastes das nações;
nada
sabem os que conduzem em procissão
as
suas imagens de escultura,
feitas
de madeira,
e
rogam a um deus que não pode salvar.
Assim diz O SENHOR, mas não qualquer
senhor, antes aquele que criou os céus, que formou a terra e a fez e a confirmou
não para ficar vazia ou ser um caos - essa é a mesma palavra traduzida como
“sem forma” em Gn 1:2 que descreve o caos primordial do momento da criação -,
mas para ser habitada.
Sendo aquele que criou todas as coisas,
Deus era mesmo capaz de levar adiante o seu plano. Jamais seria sua intenção
manter Israel no estado de pura desolação no qual os assírios e os babilônios o
haviam deixado.
Diferentemente dos oráculos pagãos, que
eram obscuros e ambíguos – vs. 19 -, a revelação do Senhor era clara e pública,
ainda que o resultado de suas promessas pudesse não se conformar às
expectativas humanas (48:16).
O convite de Deus para ser encontrado era
sincero (vs 19, 20; 55:3), por isso que ele os avisa dizendo que não o
buscariam em vão, pois o encontrariam, com certeza. As palavras de Deus
prometem e estabelecem ordem no seu reino (Sl 96:10; 98:9; 99:4), pois que fala
a justiça e anuncia coisas retas.
Aos que escaparam das nações, o convite
imperativo era para congregar, vir e se achegar juntos a Deus que se deixaria
achar quando o buscassem de todo o seu coração. Que palavra maravilhosa e que
promessa! Quanto aos que conduzem em procissão as suas imagens de escultura,
feitas de madeira e rogam a um deus que não pode salvar, de nada sabem!
Depois de congregar, vir e se achegarem
juntos, agora era para anunciar, achegarem-se novamente, tomarem conselhos
todos juntos e a primeira pergunta faz uma referência à salvação iniciada com o
decreto de Ciro que dizia que os israelitas deveriam retornar para casa (40:1 –
55:13; 44:24; 45:13). Quem fez ouvir e quem anunciou? A resposta simples era
que o Senhor tinha feito isso porque além dele não há outro Deus que seja
igualmente justo e salvador.
Era para olhar para ele para ser salvo,
como os israelitas olhavam para a serpente pendurada num madeiro e eram curadas
das suas mordidas letais, assim deveriam olhar para o Senhor e serem curados,
salvos. Isso também nos aponta para a cruz de Cristo e a sua obra, pois os que
olham para o Senhor serão salvos de seus pecados para sempre. Toda a terra – vs.
22 – todos os seus termos porque ele é Deus e não há outro!
Aqui no vs. 23, Deus entra com um juramento
e como não havia alguém maior, jurou por si mesmo, ratificando e dando total
validade à sua palavra de que todo joelho se dobrará e toda língua confessará
que Jesus Cristo é o Senhor! Rm 14:11; I Co 15:25; Fp 2:10,11.
O reconhecimento será geral de que tanto a
justiça como a força estão no Senhor e a ele virão mas serão envergonhados
todos os que se indignarem contra Deus, no entanto, no Senhor serão
justificadas e se gloriarão toda a descendência de Israel – vs. 24 e 25.
Como tenho falado e pregado a justiça de
Deus é um atributo de sua pessoa que ele, por sua graça, comunica conosco de
forma que também nós nos sentimos injustiçados quando sofremos algo que não
seja justo.
Eu costumo dizer que temos o senso da
justiça, não a justiça que é o próprio Deus.
Repararam nos verbos: CONGREGAR, VIR,
ACHEGAR-SE (juntos). Depois, novamente, ANUNCIAR, ACHEGAREM-SE novamente, TOMAREM
conselhos (juntos, novamente). Isso dá até uma excelente pregação. O que acham?
Comentem!
Estamos estudando, com a ajuda preciosa da
BEG, o livro de Zacarias cujo pano de fundo histórico é o mesmo de Ageu, sendo
que a ênfase de Zacarias não era somente a reconstrução do templo, como vimos
em Ageu, mas ele também encorajava o povo quanto a Jerusalém ser o local, num
futuro de médio prazo, para o reino de Deus. Estamos na primeira parte e no sétimo
capítulo.
I. AS PROFECIAS COM APLICAÇÃO IMEDIATA (1.1 -8.23) – continuação.
Como já dissemos, desde o primeiro versículo
até o capítulo oito, estamos vendo as profecias que foram entregues aos
primeiros a retomarem do exílio, enquanto lutavam com o desafio de reconstruir
o templo.
Assim, foi dividida essa parte em cinco
seções: A. Título (1.1) – já vimos;
B. Mensagem Inicial (1.2-6) – já vimos;
C. Ai oito visões noturnas (1.7-6.8) – estamos
vendo; D. A coroação de Josué (6.9-15) –
já vimos; e, E. A transformação de Jerusalém (7.1-8.23) – veremos agora.
E. A transformação de Jerusalém (7.1-8.23).
Encerradas as oito visões noturnas que
Zacarias recebeu a respeito do que Deus faria com relação às dificuldades que
os que retornaram enfrentariam, veremos, doravante, até 8.23, a transformação
de Jerusalém.
Esses capítulos tratam da situação de
pecaminosidade de Jerusalém em contraste com o futuro da cidade. Dois tópicos
ganham destaque: a exposição da contínua hipocrisia (7.1-14) e as bênçãos do
futuro (8.1-23) e formarão nossa divisão proposta, seguindo a BEG: 1. A contínua
hipocrisia de Jerusalém (7.1-14) e 2. As futuras bênçãos de Jerusalém (8.1-23).
1. A contínua hipocrisia de Jerusalém (7.1-14).
Na primeira parte veremos a contínua
hipocrisia de Jerusalém. Zacarias confrontou de maneira direta a pecaminosidade
dos que retornaram do exílio. Esse capítulo trata da pergunta feita pelos que
retornaram quanto à necessidade de jejuar, já que a restauração havia começado.
A preocupação deles com essa questão,
enquanto as injustiças continuavam na Terra Prometida, era demonstrar que ainda
viviam da mesma maneira hipócrita que havia levado as gerações anteriores para
o exílio.
A palavra do Senhor veio ao seu profeta no
quarto ano do reinado do rei Dario, no quarto dia do nono mês, o mês de
quisleu, isto é, em 7 de dezembro de 518 a.C.; ou seja, pouco mais do que dois
anos após as visões nos caps. 1-6.
Foi na época em que o povo de Betel enviou
Sarezer e Régen-Meleque, com seus homens para suplicarem ao Senhor. Essa delegação
chegou de Betel para inquirir (talvez orgulhosa de sua piedade) se deveria
continuar a jejuar como uma maneira de prantear a destruição do templo (586
a.C.) no quinto mês (2Rs 25.8-15).
O jejum deles era praticado no quinto e no
sétimo mês e eles achavam que com isso estariam agradando a Deus e
conquistando, ou adquirindo direitos, junto à divindade, obrigando-a, em
contrapartida, a executar o que desejavam.
Conforme nos recorda a BEG, para ser bem
exato, haviam se passado sessenta e oito anos desde a destruição do templo, mas
Deus estava falando em números redondos (Dn 9.2) ao dizer dos setenta anos. Nesse
tempo ocorreu também o jejum que pranteou o assassinato de Gedalias, governador
de Judá, ordenado pelos babilônios (2Rs 25.25).
A pergunta de Deus atingiu o coração deles
no ponto exato da questão, ou seja, seria para Deus ou para eles mesmos que
estiveram jejuando?
A resposta do Senhor por intermédio de
Zacarias apontou para a hipocrisia do jejum: eles haviam jejuado por causa
deles mesmos (talvez por acharem que, jejuando, ganhariam mérito diante de Deus
ou pareceriam piedosos diante das outras pessoas). O mesmo era verdade quanto
às festas de Israel que guardavam.
Deus explica por sua palavra a razão do
fracasso deles. Seus antepassados haviam ido para o exílio porque não
estabeleceram a justiça na leria Prometida. Os que de lá retornaram não
aceitaram essa realidade e continuaram as más obras de seus antepassados.
Deus estava pedindo a eles que executassem
juízo verdadeiro. Zacarias chamou o povo para fazer o que seus pais não haviam
feito. O juízo verdadeiro significaria aplicar a Palavra de Deus aos problemas
pessoais e sociais, confrontando a comunidade restaurada; ou seja, libertar o
oprimido e punir os opressores.
Por toda a Bíblia, a visão do pleno
livramento do povo de Deus e da salvação inclui o estabelecimento da justiça na
terra (p. ex., Is 9.7; 42.4; Ap 6.10).
Esses grupos das viúvas, órfãos,
estrangeiros e o pobre – vs. 10 -, eram totalmente explorados. Deus tinha um
amor especial por eles (Ex 22.21; Dt 10.18) e havia feito provisão para que
fossem cuidados (Dt 24.17-22).
Deus também pronunciou maldições sobre
aqueles que os oprimissem (Dt 27.19). Para uma consulta mais aprofundada ainda
temos referências às injustiças perpetradas a esses grupos no SI 94.6 e em Is
10.1-2.
Deus jamais tolerou injustiças ou maldades
e cada um intentava em seu coração o mal contra o seu próximo. O problema maior
em maltratar os outros não está nos atos exteriores, mas na atitude interior de
desprezo e desrespeito para com os outros (Mt 5.21-22).
Eles haviam endurecido os seus corações
para não ouvirem a Lei e as palavras do Senhor dos Exércitos que tinha
proferido pelo seu Espírito. Deus inspirou seus profetas a falarem suas
palavras. As Escrituras nos fornecem um recurso infalível para que entendamos
suas palavras inspiradas. O não atendimento delas ou seu desprezo leva Deus a
ficar irado e a agir em resposta.
O julgamento de Deus no exílio foi
proporcional à desobediência do povo. Deus tinha falado e eles desprezados, mas
agora eles clamavam e eram tratados da mesma maneira. Os profetas repetidamente
enfatizaram que os atos religiosos de adoração eram anulados pela desobediência
(p. ex., lSm 15.22; Is 1.15).
»ZACARIAS [7]
Zc 7:1
Aconteceu no ano quarto do rei Dario,
que a palavra do Senhor veio a Zacarias,
no dia quarto do nono mês, que é quisleu:
Zc 7:2 Ora, o povo de Betel tinha enviado Sarezer,
e Regem-Meleque, e os seus homens,
para suplicarem o favor do Senhor,
Zc 7:3 e para dizerem aos sacerdotes,
que estavam na casa do Senhor dos exércitos,
e aos profetas:
Chorarei eu no quinto mês, com jejum,
como o tenho feito por tantos anos?
Zc 7:4 Então
a palavra do Senhor dos exércitos veio a mim, dizendo:
Zc 7:5 Fala a todo o povo desta terra,
e aos sacerdotes, dizendo:
Quando jejuastes, e pranteastes,
no quinto e no sétimo mês,
durante estes setenta anos,
acaso foi mesmo para mim que jejuastes?
Zc 7:6 Ou quando comeis e quando bebeis,
não é para vós mesmos que comeis e bebeis?
Zc 7:7 Não eram estas as palavras que o Senhor
proferiu por intermédio dos profetas antigos,
quando Jerusalém estava habitada e próspera,
juntamente com as suas cidades ao redor dela,
e quando o Sul e a campina eram habitados?
Zc 7:8 E a
palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo:
Zc 7:9 Assim falou o Senhor dos exércitos:
Executai juízo verdadeiro,
mostrai bondade e compaixão
cada um para com o seu irmão;
Zc 7:10 e não oprimais a viúva,
nem o órfão, nem o estrangeiro,
nem o pobre;
e nenhum de vós intente no seu coração
o mal contra o seu irmão.
Zc 7:11 Eles, porém, não quiseram escutar,
e me deram o ombro rebelde,
e taparam os ouvidos,
para que não ouvissem.
Zc 7:12 Sim, fizeram duro como diamante o seu coração,
para não ouvirem a lei,
nem as palavras que o Senhor dos exércitos
enviara pelo seu Espírito
mediante os profetas antigos;
por isso veio a grande ira do Senhor dos exércitos.
Zc 7:13 Assim como eu clamei, e eles não ouviram,
assim também eles clamaram, e eu não ouvi,
diz o Senhor dos exércitos;
Zc 7:14 mas os espalhei com um turbilhão por entre
todas as nações,
que eles não conheceram.
Assim, pois, a terra foi assolada atrás deles,
de sorte que ninguém passava por ela,
nem voltava;
porquanto fizeram da terra desejada uma desolação.
O Senhor os tinha espalhado com um vendaval
entre nações que eles nem conheciam. A terra que deixaram para trás ficou tão
destruída que ninguém podia atravessá-la. Foi assim que transformaram a terra
aprazível em ruínas – vs. 14.
A desobediência de seus antepassados haja
provocado o julgamento de Deus. Zacarias queria que o povo compreendesse que a
desobediência continua resultaria em mais julgamento.
Nossa reflexão de hoje sobre a unidade,
sobre o estar juntos nos levará ao capítulo 11, verso 6 – 9, do livro de
Isaías.
Is 11:6 E morará o lobo com o cordeiro,
e
o leopardo com o cabrito se deitará,
e
o bezerro, e o filho de leão
e
o animal cevado andarão juntos,
e
um menino pequeno os guiará.
Is
11:7 A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos,
e
o leão comerá palha como o boi. Is
11:8
E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide,
e
a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco.
Is
11:9 Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte,
porque
a terra se encherá do conhecimento do SENHOR,
como
as águas cobrem o mar.
Se não houvesse reverência, tudo seria um
caos, por isso que cada coisa deve ocupar o seu espaço, lugar e tempo. A
reverência a Deus é a fonte de conhecimento (Pv 1.7). Davi insistiu que seus
filhos que viessem a governar deveriam manifestar essa qualidade (II Sm
23:1-4).
Seria do tronco, do rebento, do resto
purificado, que viria o Messias. E ele viria com os sete Espíritos de Deus
para, entre outras coisas, fazer justiça e juízo na terra.
Nos versos 3 a 5, desse capítulo que hoje
escolhemos para refletir sobre a unidade, vemos isso claramente. Isaías está
falando de deleite, de justiça, de equidade, de juízo contra os perversos e
obstinados de coração, de fidelidade, a favor dos mansos, dos pobres, daqueles
que ansiavam pela justiça e equidade divinas (14:30; 25:4) por serem oprimidos
pelos maus governantes desta terra (3:15; 10:2; 14:32; 29:19; 32:7; 41:17;
49:13; 54:11; 61:1; 66:2) os quais seriam protegidos pelo grande Rei que viria.
O Messias comandaria esse poder e essa
autoridade (Sl 2:9; 82:8; Ap 6:15-17; 20:11-12) de maneira que um simples sopro
seu destruiria o ímpio (49:2; 61:1; Hb 4:12; Ap 19:15). Estamos esperando isso
acontecer e sabemos que o dia se abrevia. Maranata!
O apóstolo Paulo conhecia bem o livro de
Isaías tanto que até quando escreve Ef 6:14 ele fala do cinto da justiça que
Isaías se referiu no verso 4, 5 quando fala da justiça como o cinto dos seus
lombos e a fidelidade como o cinto dos seus rins.
No verso 6, escolhido por nós em nossa
reflexão hoje, as ilustrações de animais selvagens transformados, retrata de
maneira eficaz o reino pacífico de Cristo. Essa visão está sendo cumprida hoje
na unidade da igreja de Cristo e encontrará o seu cumprimento final nos novos
céus e na nova terra.
Existem diversas igrejas terrenas com suas
idiossincrasias específicas por causa de seus líderes e estatutos que vão
formando famílias de crentes espalhados pelo planeta inteiro que parecem não
terem ligação entre si ou parecem discordantes, intolerantes e brigando entre
si.
No entanto, todo crente sabe e conhece o
crente, seu amigo de trabalho, que não é de sua denominação e com ele consegue
comunhão e compartilhamento das coisas de Deus, isso em todo o planeta.
É como a igreja invisível de Cristo que é
comandada pelo Espírito de Deus, o Espirito Santo, que torna essa realidade da
união de Isaías 11:6-9 uma realidade no meio do caos.
É a terra se enchendo do conhecimento do
Senhor e como as águas cobrem o mar e prevalecem contra tudo, assim, o
conhecimento de Cristo, de Deus, da sua Palavra vai conquistando e invadindo as
praias e cidades inteiras, muitas das vezes num verdadeiro maremoto ou tsunami
de amor, de fé e de esperança.
Quando Cristo voltar em glórias, tudo será
consumado e aí o sonho se tornará real.
Enquanto isso que tal estarmos mais juntos
para aproveitarmos a comunhão e o conhecimento das coisas de Deus que ele nos
tem permitido?
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
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É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
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