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domingo, 31 de maio de 2015

Oseias 2:1-23 - A INFIDELIDADE DO POVO DE DEUS E A FIDELIDADE DE DEUS.

Estamos fazendo nossa devocional hoje no capítulo 2 de Oséias. Como já dissemos, a palavra do Senhor foi pregada por ele nos tempos dos reis de Judá Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias; e, nos tempos do rei do norte, Jeroboão II (cerca de 786-746 a.C.), filho de Joás.
Parte II. A EXPERIÊNCIA PROFÉTICA DE OSEIAS (1.2-3.5) - continuação.
Essa parte II, como já vimos, fala da experiência de Oseias com o seu casamento, o divórcio e o novo casamento com Gômer simbolizando o relacionamento de Deus com Israel, ou seja, era a sua experiência profética.
Oseias contou a sua experiência familiar corno uma ilustração do relacionamento de Deus com o Reino do Norte, Israel. Esses capítulos desta segunda parte foram divididos em três seções: A. A esposa e filhos de Oseias (1.2-2.1) – concluiremos agora 1. A iminente destruição (1.2-9) – já vimos; 2. A restauração (1.10-2.1) – concluiremos agora; B. O castigo e a reconciliação (2.2-23); C. Oseias ama novamente (3.1-5).
A. A esposa e filhos de Oseias (1.2-2.1) -continuação.
Estamos vendo até o primeiro versículo deste capítulo a esposa e os filhos de Oseias.
Oseias recordou a origem de sua família, mediante a qual Deus ilustrou a sua intenção de punir o adúltero Israel. Esse material divide-se, como já dissemos acima, em duas partes: a apresentação do iminente julgamento divino (1.2-9) – já visto - e a promessa da anulação do julgamento após o exílio (1.10--2.1) – concluiremos agora.
2. A restauração (1.10-2.1).
Desde o verso 10 do capítulo anterior até o primeiro verso desse capítulo, estaremos vendo a restauração.
Os irmãos inimigos, Israel e Judá, reconciliar-se-iam; e as terríveis acusações contidas nos nomes Desfavorecida e Não-Meu-Povo, seriam anuladas.
B. O castigo e a reconciliação (2.2-23).
Oséias profetizou (com base na sua experiência conjugal) sobre a rejeição de Deus a Israel e sobre o seu propósito de castigá-lo e trazê-lo de volta para si mesmo.
Esses versículos, seguindo a divisão da BEG, foram divididos em duas partes: 1. A acusação contra a infidelidade (2.2-13) – veremos agora; 2. A promessa de reconciliação (2.14-23) – veremos agora;
1. A acusação contra a infidelidade (2.2-13).
Até ao verso 13, estaremos vendo a acusação contra a infidelidade. No tribunal do céu, Deus anunciou sua rejeição de Israel por causa de sua infidelidade evidente e contínua.
O verso 2 já começa com o imperativo para repreender ou contender com a sua mãe porque ela não era sua mulher e ele não era o seu marido.
Literalmente, o repreender significava "façam uma acusação". Essa é uma linguagem legal bastante usada pelos profetas para apresentar a ação judicial que Deus instaurou contra o seu povo.
A BEG nos esclarece que no processo que Deus moveu contra Israel, os filhos foram chamados para acusar a própria mãe.
No capítulo anterior, a mãe (Gômer) e os filhos (Jezreel, Desfavorecida e Não--Meu-Povo) representavam o Reino do Norte. Gômer era a origem dos "filhos de prostituição" (1.2).
Ela pode ter representado de maneira mais precisa as gerações infiéis de Israel que provocaram a ira de Deus, e os filhos representaram os israelitas que viviam as consequências da própria infidelidade. No entanto, é provável que Oseias não distinguisse claramente entre eles quando entregou suas profecias.
Apesar de o relacionamento ter sido quebrado pela infidelidade, a reconciliação - e não o divórcio - era o objetivo do repúdio de Deus (vs. 14-23).
A contenda tinha por objetivo que ela se afastasse das suas prostituições da sua face e dos seus adultérios de entre os seus seios e assim não fosse deixada despida, nua, como um deserto ou terra seca e fosse morta à sede – vs. 2 e 3.
Se não se arrependesse, a esposa infiel (Gômer/Israel) seria publicamente exposta (v. 10) e desamparada - castigos tradicionais para o adultério (Ez 16 37-39; Ap 17.16), para o qual a pena de morte (Dt 22.22; cf. Ez 16.39-40; Na 3.5-7) era a sentença máxima.
O amor ou o favor de Deus (1.6) também seria retirado dos filhos que, como sua mãe, eram culpados de comportamento promíscuo.
A mãe infiel (Israel) esperava que a religião cananeia da fertilidade e não o Senhor (vs. 8-9) lhe provesse as necessidades da vida: o seu pão e a sua água, a sua lã e o seu linho, o seu óleo e as suas bebidas.
No entanto, os seus caminhos haveriam de ser cercados com espinhos e contra ela seria levantada uma sebe para que não achasse mais as suas veredas. Deus anunciou a sua sentença contra a nação infiel.
Colocar obstáculos no caminho da esposa infiel (Gômer/Israel) atrapalharia e frustraria suas atividades irregulares. Ela iria dar seguimento à sua busca pelos seus amantes. Oseias deu ênfase à iniciativa da mulher, que representava o comportamento de todo o Israel de sair buscando todos os seus amantes. Ou seja, os baalins e os participantes dos rituais de fertilidade de Baal.
No entanto, ela seria frustrada em seus propósitos. O castigo levaria ao arrependimento, que sempre tem sido o objetivo dos julgamentos da aliança (cf. Lv 26). Ela chega a exclamar devido à sua frustração que voltaria ao seu primeiro marido uma vez que isso seria melhor do que ela enfrentava naquela ocasião – vs. 7.
A acusação de ingratidão é somada à de infidelidade. As dádivas agrícolas comerciais dadas pelo Senhor (Dt 7.13; 11.14; 12.17; 28.51; 28.1-12) eram creditadas a Baal, que era considerado o deus da tempestade e provedor da chuva e da fertilidade. O grão, e o vinho, e o azeite, a prata e o ouro, que eles usavam para Baal não tinham vindo dele, mas do Senhor.
Por causa dessa ingratidão e desse descaso, dos vs. 9 ao 13, Deus anunciou mais sentenças contra a nação.
Apesar de não ter sido punida com a morte (Dt 21.21-22; cf. Ez 16.37-40), a esposa infiel e negligente seria severamente castigada por meio de uma série de reversões dramáticas nos quais as dádivas de Deus seriam retiradas:
·         Pelas colheitas fracassadas (vs. 9,12) – seriam tirados o grão, o vinho, a lã e o linho.
·         Pela exposição (v. 10) – Deus descobriria a sua vileza diante dos olhos dos seus amantes sem ninguém que pudesse livrá-la de suas mãos.
·         Pela cessação das festas (v. 11) - as festas misturavam a adoração ao Senhor e a Baal.
Essa ação de Deus seria extrema e ríspida. Os israelitas atribuíam a sua prosperidade aos rituais de fertilidade. O que a prostituta recebeu — dádivas do Senhor (v. 8) — seria transformado em deserto ou devorado.
Por isso seria castigada pelos dias dos baalins, nos quais elas lhes queimava incenso, e se adornava com as suas arrecadas e as suas joias, e, indo atrás dos seus amantes, se esquecia e negligenciava o Senhor vs. 10.
Esses amantes que são citados diversas vezes - vs. 7,10,12 - provavelmente, eram os baalins e as prostitutas associadas aos templos dos baalins.
2. A promessa de reconciliação (2.14-23).
Dos versos de 14 ao 23, o discurso muda da repreensão e advertência para uma promessa da reconciliação.
Como era de hábito, Oseias acrescentou uma palavra de esperança aos julgamentos que acabara de anunciar. Falou da restauração após o exílio como um namoro que restabeleceria o relacionamento de Deus com Israel.
Deus estava dizendo que iria atraí-la e levá-la ao deserto onde lhe falaria ao coração - uma expressão idiomática usada em outros lugares para:
·         Cortejar (Gn 34.3).
·         Falar gentilmente (Rt 2.13).
·         Bajular (Jz 19.3).
Este atrair do vs. 14 pode ser equiparado a "seduzirei" (cf. Êx 22.16).
Assim como Deus levou o povo pelo deserto no primeiro Êxodo, ele prometeu guiar Israel em outro êxodo, dos lugares do cativeiro à Terra Prometida (vs. 16; cf. Jr. 2.2). Seria ali que ele lhe daria as suas vinhas dali e o vale de Acor por porta de esperança.
O vale de Acor era o "Vale dos problemas" ou o “vale da calamidade”. Há controvérsias quanto à sua localização precisa, mas é provável que estivesse na planície entre o deserto oriental e o lado ocidental fértil do Jordão. Este vale associado ao pecado de Acã (Js 7.24-26) seria transformado.
Ele, Acã, na sua confissão diante de Josué que o intimou, afirmou a sequência maligna do pecado, conforme podemos notar também em Gn 3:6. “Vendo...”, “Desejável...” e “Tomou....”. O vs. 21 diz: “Vi... cobicei-os e tomei-os”. Eva também viu, achou desejável, tomou e comeu do fruto proibido. Davi também com Bate-Seba: viu, achou desejável e a tomou. Que sejamos guardados disso pelo Espírito Santo.
Acã havia subtraído das coisas não permitidas: uma boa capa babilônica, duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinquenta siclos. Por causa disso ele e toda a sua família e todos os seus bens e pertences foram apedrejados e queimados.

Aonde tínhamos os problemas formando um vale, agora uma porta de esperança, anunciando o fim daquela situação. As falhas ocorridas na conquista do primeiro êxodo não se repetiriam.
Depois de receber as vinhas dali, depois de ter o vale de Acor, por porta da esperança, ali mesmo, no deserto, responderia como nos dias da sua mocidade, como no dia que subiu da terra do Egito, sendo deveras obsequiosa – vs. 15. Literalmente, "correspondente" ou "retribuidora". A experiência do êxodo de Israel foi vista sob uma luz positiva. Como naquela época, Israel retribuiria com fidelidade pactual ao Senhor (Lv 26.45).
Seria naquele dia – vs. 16 - ou seja, no dia do Senhor, quando ele julgaria os seus inimigos e abençoaria o seu povo fiel (Am 5.18) – que ela chamaria o Senhor de seu marido. A palavra hebraica para "homem" ('ish') também significa "marido".
Ao chamar o Senhor de seu marido, já não mais o chamaria de seu Baal. A palavra hebraica também pode significar "marido", "senhor" e o deus "Baal".
Após o julgamento do exílio, o relacionamento de Israel com o Senhor excederia o esplendor daquele estabelecido no primeiro êxodo.
Seria tão íntimo como um casamento (Ef 5.25-32) — em contraste com o relacionamento com um servo — e não estaria maculado pelas associações com a adoração de Baal (v. 17).
A BEG ainda nos diz que já nos dias de Moisés, a expectativa era de que as bênçãos de Deus depois do exílio seriam maiores que as anteriores a ele (Dt 30.5,9).
Essa promessa é o pano de fundo para o ensino do Novo Testamento - que as bênçãos e julgamentos em Cristo são maiores que as bênçãos e os julgamentos do Antigo Testamento (Hb 3.1-19).
Seria naqueles dias que o Senhor faria por eles aliança. Jeremias, o "discípulo póstumo" de Oseias, explicou que a aliança implicava um novo coração (Jr 31.31-34).
Essa aliança por eles seria:
·         Com as feras do campo.
·         Com as aves do céu.
·         Com os répteis da terra.
·         E com o arco, e a espada, e a guerra que seriam tiradas da terra.
Ou seja, a segurança e a paz do futuro reino são descritas como livres da ameaça de animais selvagens (Is 11.6-9) e de invasões (S1 46.9; Is 9.5; Mq 4.3). Os animais selvagens constituíam uma ameaça típica depois que os exércitos invasores dizimavam uma terra.
Os versos 19 e 20 falam do Senhor a desposando para sempre:
·         Em justiça: ou seja, salvação e libertação, defesa e justiça, e integridade e equidade nos relacionamentos garantidos por um contrato (10.12; Am 5 7; 6.12).
·         Em Juízo: as decisões legais e os relacionamentos pelos quais a integridade e a equidade são estabelecidas e restauradas (5.11; 6.5; 10.4; Am 5.7,15,24; 6.12; Mq 6.8).
·         Em amorável benignidade: indicando ligação afetiva, lealdade, fidelidade e bondade (4.1; 6.4,6; 10.12; 12.6; Gn 20.13, Êx 34.6-7; Js 2.19 1 Sm 15.6; 2Sm 15.20; SI 36.7; Jr 2.2).
·         Em misericórdias: significando compaixão, coração sincero e amor (1.6; Gn 43.14; Dt 13.17; 2Sm 24.14).
·         Em fidelidade: demonstrando confiança, autenticidade, constância, lealdade e responsabilidade nos relacionamentos. Ver também 4.1; SI 88.11; 89.1-2,5,8,24; 92.2; 98.3; também traduzido por "firmes" (Êx 17.12).
E ai, sim, conheceriam ao Senhor – vs. 20 - ou seja, reconhecer os laços da aliança entre Deus e o seu povo. O Conhecimento do Senhor está, portanto envolvido com a justiça, o juízo, amorável benignidade, misericórdias e fidelidade.
Passo final do namoro, o contrato de casamento envolvia o pagamento do dote ao pai da noiva (cf. 2Sm 3.14). As qualidades de justiça, juízo, benignidade, misericórdias e fidelidade constituiriam o dote a ser pago pela noiva e caracterizariam o relacionamento conjugal.
Livro de Oséias – capítulo 2:
1 Dizei a vossos irmãos:
Ami; e a vossas irmãs: Ruama.
2 Contendei com vossa mãe,
contendei; porque ela não é minha mulher,
e eu não sou seu marido;
para que ela afaste as suas prostituições da sua face
e os seus adultérios de entre os seus seios;
3 para que eu não a deixe despida,
e a ponha como no dia em que nasceu,
e a faça como um deserto,
e a torne como uma terra seca,
e a mate à sede.
4 Até de seus filhos não me compadecerei;
porquanto são filhos de prostituições.
5 porque sua mãe se prostituiu;
aquela que os concebeu houve-se torpemente;
porque diz:
Irei após os meus amantes,
que me dão o meu pão e a minha água,
a minha lã e o meu linho, o meu óleo
e as minhas bebidas.
6 Portanto, eis que lhe cercarei o caminho com espinhos,
e contra ela levantarei uma sebe,
para que ela não ache as suas veredas.
7 Ela irá em seguimento de seus amantes,
mas não os alcançará;
buscá-los-á, mas não os achará;
então dirá:
Irei, e voltarei a meu primeiro marido,
porque melhor me ia então do que agora.
8 Ora, ela não reconhece que fui eu o que lhe dei
o grão, e o vinho, e o azeite,
e que lhe multipliquei a prata e o ouro,
que eles usaram para Baal.
9 Portanto, tornarei a tirar
o meu grão a seu tempo e o meu vinho
no seu tempo determinado;
e arrebatarei a minha lã e o meu linho,
com que cobriam a sua nudez.
10 E agora descobrirei a sua vileza
diante dos olhos dos seus amantes,
e ninguém a livrará da minha mão.
11 Também farei cessar
todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas,
e os seus sábados,
e todas as suas assembléias solenes.
12 E devastarei a sua vide e a sua figueira, de que ela diz:
É esta a paga que me deram os meus amantes;
eu, pois, farei delas um bosque,
e as feras do campo as devorarão.
13 Castigá-la-ei pelos dias dos baalins,
nos quais elas lhes queimava incenso,
e se adornava com as suas arrecadas e as suas jóias,
e, indo atrás dos seus amantes,
se esquecia de mim, diz o Senhor.
14 Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto,
e lhe falarei ao coração.
15 E lhe darei as suas vinhas dali,
e o vale de Acor por porta de esperança;
e ali responderá, como nos dias da sua mocidade,
e como no dia em que subiu da terra do Egito.
16 E naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará meu marido;
e não me chamará mais meu Baal.
17 Pois da sua boca tirarei os nomes dos baalins,
e não mais se fará menção desses nomes.
18 Naquele dia farei por eles aliança
 com as feras do campo, e com as aves do céu,
e com os répteis da terra;
e da terra tirarei o arco, e a espada, e a guerra,
e os farei deitar em segurança.
19 E desposar-te-ei comigo para sempre;
sim, desposar-te-ei comigo em justiça,
e em juízo, e em amorável benignidade,
e em misericórdias;
20 e desposar-te-ei comigo em fidelidade,
e conhecerás ao Senhor.
21 Naquele dia responderei, diz o Senhor;
responderei aos céus, e estes responderão a terra;
22 a terra responderá
ao trigo,
e ao vinho,
e ao azeite,
e estes responderão a Jizreel.
23 E semeá-lo-ei para mim na terra,
e compadecer-me-ei de Lo-Ruama;
e a e Lo-Ami direi:
Tu és meu povo;
e ele dirá:
Tu és o meu Deus. 
A BEG completa dizendo que Cristo, por sua obediência ativa, supriu essas virtudes do pacto pelo seu povo. Cristo imprime a sua natureza no coração da sua igreja por meio do Espírito Santo (2Co 3.3).
Naquele dia o Senhor responderia aos céus que responderia a terra que responderia ao trigo, ao vinho, ao azeite e estes a Jezreel. Ou seja, Deus seria obsequioso respondendo graciosamente a Israel, quando a nação novamente aprendesse a responder/retribuir a ele (vs. 15).
O Senhor mostraria que ele, e não Baal, comandava os ciclos da natureza para que a terra fosse fértil e produzisse a safra que estava retida (v. 9). Jezreel significa "Deus planta" - a terra renovada seria particularmente fértil (1.4-5).
A prometida restauração chegaria ao clímax:
·         Quando o passado vergonhoso de Jezreel (1.4-5; cf. 2.22) fosse redimido.
·         Quando à Desfavorecida (1.6) fosse demonstrado o amor de Deus.
·         Quando a Não-Meu-Povo (1.9) se tornasse o povo de Deus. Tu és o meu Deus!
Cristo é o cumprimento dessas profecias, pois nele estão sendo restauradas todas as coisas.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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sábado, 30 de maio de 2015

Oséias 1:1-11 - O CASAMENTO DE OSÉIAS - SÍMBOLO DA INFIDELIDADE DE ISRAEL

Sobre o livro de Oséias
Em nosso pequeno e humilde trabalho, estaremos agora entrando, no sexto livro (Oséias), dos últimos 17 livros da Bíblia (AT) que, justamente são os livros proféticos. Começaremos com Oséias os profetas menores. Estamos nos apoiando no texto da BEG, inclusive em seus comentários.
Autor:
O profeta Oseias, filho de Beeri – 1.1. Conforme a BEG, a familiaridade de Oséias com a geografia (4.15; 5.1,8; 6.8,9; 9.15; 10.5; 12.11) e a história do Reino do Norte, Israel (5.13; 7.7,11; 8.4,9-14), sugere que ele era natural dessa região.
Propósito:
·         Mostrar que era justo o juízo de Deus que levará Israel, o Reino do norte, ao exílio.
·         Garantir ao povo de Deus, dividido, que uma grande restauração aconteceria após esse período.
Verdades fundamentais:
·         Deus é um marido ciumento e o seu povo é a sua esposa – comparar com o texto de Efésios 5:22-33, que compara Jesus com o marido e a Igreja com a esposa.
·         Deus demonstra grande bondade para com o seu povo, mas este se volta contra ele.
·         Deus punirá o seu povo pelas claras violações de sua aliança.
·         Deus jamais abandonará completamente o seu povo, mas irá restaurá-lo para viver com ele as bênçãos da aliança.
Contextualização:
As palavras proféticas de Oséias estão dentro do período de tempo entre 760 e 722 a.C, poucos anos antes da queda de Samaria.
·         Oséias profetizou durante os últimos anos de Jeroboão II (793-753 a.C.), o terceiro rei da dinastia Jeú.
·         Oséias viu o fim dessa dinastia quando o filho de Jeroboão, Zacarias, foi assassinado por volta de 753 a.C. (2Rs 15.8-12; veja 1.4-5). Segundo Zacarias, outros três reis de Israel também foram assassinados:
ü  Salum [2Rs 15.13-14].
ü  Pecaías [2Rs 15.22-25].
ü  Peca [2Rs 15.27-30]).
§  Um se tornou um prisioneiro político (Oseias; 2Rs 17.1-4).
·         Oseias também viu a Assíria assumir o controle da Síria e de Israel (2Rs 16.7-9) em sua expansão para o norte e para o oeste sob Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.).
ü  Seu filho Salmaneser V (727-722 a.C.) foi que forçou Oseias, o último rei do Reino do Norte, a tornar-se seu vassalo (2Rs 17.3).
ü  Depois que o rei Oseias rebelou-se, Salmaneser sitiou Samaria. O sucessor de Salmaneser, Sargão II, tomou Samaria em 722 a.C. e exilou muitos israelitas (2Rs 17.5-6).
A pregação de Oseias refletia as inconstantes circunstâncias políticas do Reino do Norte. Na relativa calma do governo de Jeroboão II, Oseias falou:
·         A respeito da injustiça e da complacência.
·         Alertou sobre o iminente julgamento (p. ex., 2.5,8,13).
·         Falou em outras passagens de um tumulto posterior quanto a questões internas (p. ex., 7.3-7; 13.10-11) e externas (p. ex., 7.8-12; 12.1).
ü  Por exemplo, a guerra siro-efraimita de 735-732 a.C. (2Rs 15.27-30; 16.5-9; Is 7.1-9) provavelmente estava por trás da mensagem de Oseias, em 5.8-10 (talvez até em 5.8-6.6).
ü  O texto também reflete a inconstante lealdade de Samaria entre o Egito e a Assíria (5.13; 7.11; 8.9-10, 9.3; 11.5; 12.1).
O comentário político de Oseias explicou:
·         As razões para o ataque final dos assírios.
·         O encarceramento do rei Oseias.
·         O cerco de Samaria e o fim do Reino do Norte em 722 a.C.
Já o comentário ético de Oseias explicou por que Deus permitiu que o seu povo fosse destruído pelos inimigos.
·         Israel estava em decadência moral e espiritual.
·         Sua antiga fé, que Oseias descreveu de maneira tão bela utilizando a analogia do amor conjugal (2.14-23), havia sido contaminada pela religião cananeia da fertilidade, particularmente ritos que incluíam orgias sexuais e bebedeiras (4.10-13).
ü  A religião cananeia adorava Baal como o doador da chuva e da fertilidade. A adoração ao Senhor e a adoração a Baal se misturaram (2.5-13).
ü  A corrupção religiosa se estendeu até mesmo aos líderes religiosos, que em sua ganância e dureza de coração falharam em instruir o povo na fé verdadeira e toleraram — até apadrinharam — práticas sincréticas (4.4-13; 5.1; 6.9).
Embora o comentário de Oseias, tanto o político como o ético, focalizava as violações da aliança cometidas por Israel que suscitaram o julgamento de Deus, todavia, ele equilibrou a mensagem de destruição (o juízo de Deus) com a proclamação do eterno amor de Deus e a promessa da restauração após um período de exílio (p. ex., 1.10 2.1; 2.21-23).
Particularidades do livro de Oséias
·         É o registro das suas experiências e das palavras a serviço dos propósitos de Deus para Israel.
·         É o registro das razões para a derrota do Reino do Norte, mas dando, ao mesmo tempo, ao povo de Deus esperança quanto à futura restauração.
·         Outros temas presentes no livro, conforme a BEG:
ü  A ênfase da singularidade da soberania (12.9; 13.4) e da santidade (11.9) de Deus, a quem a adoração é a única resposta apropriada (3.5). Deus não tolera nenhuma reivindicação rival. Todas as coisas estão sob o seu controle, seja a prosperidade (2.8), a história de Israel (5.14,15) ou das nações (10.10).
ü  O tema da infidelidade conjugal/pactual - simbolizado pelo relacionamento de Oseias com a sua esposa, Gômer, e com seus filhos, domina o livro (p. ex., 2.2-5; 3.3; 4.10-19; 5.3-7; 6.10; 8.9; 9.1).
ü  A ênfase no arrependimento, chamando o desobediente Israel a voltar para o Senhor, a quem havia abandonado, e a restabelecer um relacionamento fiel com ele (2.19-20).
ü  O real significado entre conhecer ou reconhecer a Deus (p. ex., 2.8,20; 4.1,6; 5.4; 6.3,6; 13.4), palavras que Oseias usa corno termos técnicos para: intimidade, lealdade e obediência na aliança. O livro de Oséias ensina que o verdadeiro conhecimento de Deus envolve o tipo de intimidade que uma pessoa experimenta no casamento e em situações familiares, e que é evidenciado na adoração, na pureza do estilo de vida e no comprometimento leal com a aliança do Senhor. Oseias também alertou que o pecado pode iludir as pessoas para que pensem que conhecem e compreendem a Deus quando, de fato, estão distante dele (8.2).
ü  O tema da prostituição como urna ilustração do sincretismo religioso, também permeia o livro (2.2-13; 4.10-19; 5.4; 9.1-10). Por várias vezes, Oseias mostrou o pecado de Israel de casar a adoração estabelecida na aliança do Senhor com a religião cananeia. A impossibilidade desse tipo de união advertiu o povo de Deus quanto a permanecer firmemente ligado a uma cultura que incentivava o compromisso e a aceitação de princípios e crenças incompatíveis com a doutrina bíblica.
·         Os caps. 1-3 descrevem a vida familiar de Oseias:
ü  Seu casamento. Preferimos, sem entrar nos detalhes das controvérsias e das interpretações devidas, entender que esse casamento foi real, literal.
Essa interpretação literal faz com que essa analogia entre o relacionamento de Oseias corno a sua esposa infiel e entre o relacionamento do Senhor com Israel seja de fato dolorosa.
ü  O divórcio.
ü  O novo casamento com Gômer.
Cristo em Oseias
Oseias revela Cristo, conforme a BEG, pelo menos de quatro maneiras.
·         Primeiro, o tema do iminente julgamento de Israel, pelas mãos dos assírios, antecipou o julgamento que viria e ainda virá em Cristo. O ministério terreno de Jesus fez distinção entre o justo e o injusto de Israel. Jesus pronunciou o julgamento sobre o povo da aliança que abertamente violou o seu relacionamento com Deus (Mt 23.13-39).
Ainda hoje, a mensagem do evangelho separa os que serão salvos dos que serão julgados (2Co 2.16; I Ts 5.5; 1Pe 2.9).
Quando Cristo retornar, o julgamento final contra todos os inimigos de Deus, de dentro e fora da aliança, acontecerá (Mt 25; At 24.25; Ap 14.7).
·         Segundo, Oseias equilibrou a sua mensagem de julgamento com a certeza da restauração depois do exílio. Esse tema apontou de maneira ainda mais direta para Cristo. Oseias declarou que após um exílio, "nos últimos dias" (3.5):
ü  Deus perdoaria o seu povo (14.1-3; no NT: Mt 26.28; Lc 24.47).
ü  Renovaria a sua aliança com ele (2.1; no NT: Mc 14.24; Hb 8.1-13).
ü  Concederia a ele muitas bênçãos (14.4-7; no NT: Mt 25.46; Jo 10.28; Ef 1.14, 2Tm 2.10).
Todas essas bênçãos se cumprem em Cristo (At 2.17; 2Tm 3.1; Hb 1.2; Tg 5.3; 2Pe 3.3). Os apóstolos Paulo e Pedro citaram Os 1.9-10 como tendo se cumprido em Cristo, por meio da incorporação dos gentios ao povo de Deus junto com os judeus que estavam sob a maldição do exílio (Rm 9.25-26; 1 Pe 2.10),
·         Terceiro, a experiência de casamento, divórcio e novo casamento de Oseias (caps. 1-3) previu Cristo ao fazer o paralelo da experiência de Deus com o seu povo da aliança.
O retrato de Israel como a noiva do Senhor é o pano de fundo que o apóstolo Paulo usou ao referir-se à igreja como a noiva de Cristo (Ef 5.23-32; cf. Ap 19.7).
A igreja tem a mesma posição no pacto de relacionamento com Deus que Israel tinha e, em Cristo Jesus, foi antecipado e é realizado:
ü  As bênçãos.
ü  Os julgamentos.
ü  Os privilégios.
ü  As responsabilidades do antigo Israel.
·         Quarto, Oseias incluiu o restabelecimento do trono de Davi na sua visão da restauração após o exílio (1.10-11; 3.5). Essa esperança era totalmente messiânica, uma profecia de que o grande Filho de Davi governaria sobre todo o seu povo.
O Novo Testamento ensina que Jesus cumpriu essa esperança: ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores (1 Tm 6.15; Ap 19.16).
Feita essa pequena introdução ao livro de Oséias, com a preciosa ajuda da BEG, vamos, igualmente, conforme a BEG, apresentar nossa divisão proposta do livro para melhor podermos refletir em suas mensagens.
Veremos ao longo desses 14 capítulos três partes: Parte I. APRESENTAÇÃO (1.1); Parte II. A EXPERIÊNCIA PROFÉTICA DE OSEIAS (1.2-3.5); Parte III. A MENSAGEM PROFÉTICA DE OSEIAS (4.1-14.9)
Oseias 1:1-11 - O CASAMENTO DE OSEIAS
SÍMBOLO DA INFIDELIDADE DE ISRAEL
Parte I. APRESENTAÇÃO (1.1).
A mensagem de Oseias veio do Senhor e deveria ser ouvida.
Oseias iniciou a sua profecia apresentando-se como um mensageiro de Deus e indicando a época em que a palavra de Deus veio a ele. Ele já começa dizendo que era a palavra do Senhor.
Conforme a BEG, na qual estamos aproveitando seus comentários, a palavra de Deus é a mensagem de Deus dada por meio de Oseias. Oseias é uma palavra derivada do verbo "salvar". Esse nome provavelmente significa "ele [Javé salvou ou libertou]".
Enquanto quatro reis de Judá são citados por Oseias no primeiro versículo:
·         Uzias (cerca de 783-742 a.C.).
·         Jotão (cerca de 742-735 a.C.).
·         Acaz (cerca de 735-715 a.C.).
·         Ezequias (cerca de 715-687 a.C.).
O único rei do norte citado é:
·         Jeroboão II (cerca de 786-746 a.C.), filho de Joás, rei de Israel.
Talvez o escritor tenha achado que a sucessão de reis do norte que governaram entre Jeroboão II e a queda do norte, em 722 a.C. (dos quais, quatro foram assassinados) não merecesse ser mencionada.
A prioridade dada aos reis judaítas pode indicar que esse livro foi, em última análise, escrito no Reino do Sul e para o Reino do Sul, ainda que o ministério de Oseias tivesse sido no norte.
Comparando-se os livros de Oséias com o de Isaías veremos que Isaías depois de se identificar a si mesmo como o autor, ele contextualizou-se historicamente à época dos reis de Judá.
O livro de Isaías é uma compilação de revelações de Deus que vieram a Isaías durante os mesmos reinados que Oséias disse: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias.
Ou seja, ambos foram contemporâneos e viveram sob os mesmos reis, exceto que Isaías se instalava em Judá e Oséias em Samaria.
Vamos fazer uma comparação de ambos os versículos primeiro dos dois livros:
Is 1:1 Visão de  Isaías, filho de Amós, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de
Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá. (G.N.)
1 A palavra do Senhor, que veio a Oséias, filho de Beeri, nos dias de           .
Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, (G.N.)
e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.
Parte II. A EXPERIÊNCIA PROFÉTICA DE OSEIAS (1.2-3.5).
Veremos na parte II que a experiência de Oseias com o seu casamento, o divórcio e o novo casamento com Gômer simbolizava o relacionamento de Deus com Israel, ou seja, era a sua experiência profética.
Oseias contou a sua experiência familiar corno uma ilustração do relacionamento de Deus com o Reino do Norte, Israel. Esses capítulos desta segunda parte dividiremos em três seções: A. A esposa e filhos de Oseias (1.2-2.1) – começaremos agora 1. A iminente destruição (1.2-9) – veremos agora; 2. A restauração (1.10-2.1) – começaremos a ver agora; B. O castigo e a reconciliação (2.2-23) 1. A acusação contra a infidelidade (2.2-13) 2. A promessa de reconciliação (2.14-23) C. Oseias ama novamente (3.1-5).
A. A esposa e filhos de Oseias (1.2-2.1).
Veremos até o primeiro versículo do capítulo dois a esposa e os filhos de Oseias.
Oseias recordou a origem de sua família, mediante a qual Deus ilustrou a sua intenção de punir o adúltero Israel. Esse material divide-se, como já dissemos acima, em duas partes: a apresentação do iminente julgamento divino (1.2-9) e a promessa da anulação do julgamento após o exílio (1.10--2.1).
1. A iminente destruição (1.2-9).
Oseias casou-se com Gômer e deu nomes simbólicos aos seus filhos para que Israel pudesse saber do julgamento contido no ataque assírio.
A orientação e palavra a Oséias veio do Senhor para ele tomar, de fato, uma mulher de prostituições e ter filhos de prostituição com ela. A sua explicação a ele era porque a terra tinha se prostituido, apartando-se do Senhor.
O casamento e os filhos de Oseias simbolizavam o adultério religioso dos israelitas, que buscaram outros deuses e participaram das religiões da fertilidade de Canaã.
Oséias obedecendo ao Senhor vai e escolhe Gômer, filha de Diblaim. Ao contrário do nome dos seus filhos, não há nenhum significado simbólico no seu nome (1.4-2.1).
Conforme a BEG, a falta de referência a Oseias, nos vs. 6,8, abre espaço para a possibilidade de que ele não era o pai dos outros dois filhos de Gômer, mas não tem, necessariamente, esse significado.
Quando ela concebeu, também a escolha do nome da criança veio do Senhor que mandou chamá-la de Jezreel. Literalmente, o seu significado é "Deus semeia/planta" ou "semeou/plantou".
Uma curiosidade sobre a escolha desse nome Jezreel para o seu primeiro filho:
·         Jezreel era um vale entre as cadeias de montanhas da Samaria e da Caldeia, local da vitória de Gideão sobre os midianitas (veja Jz 6.33).
·         Também era o nome de uma cidade na extremidade sul do vale, onde Jeú subiu ao poder por meio de uma violenta revolta (1Rs 21.1; 2Rs 9-10).
A explicação que Deus dá para a escolha desse nome era porque, em breve, visitaria o sangue dele sobre à casa de Jeú e faria cessar o reino da casa de Israel e naquele dia quebraria o arco de Israel no vale de Jezreel.
Jeroboão II, o único rei do norte citado na apresentação, pertencia à dinastia de Jeú, que se tornou rei em uma carnificina em Jezreel (2Rs 9.14-37; cf. 1Rs 19.16-17); o acontecimento foi relembrado e o local do julgamento profetizado (v. 5) no nome do filho de Oseias.
A dinastia de Jeú havia seguido a idolatria dos primeiros reis do Reino do Norte e experimentaria o julgamento de Deus no ataque violento das forças assírias.
Quando ele fala que quebraria o arco de Israel ele estava se referindo ao arco de guerra, símbolo da força militar de Israel (Gn 49.24; 1Sm 2.4; Ez 39.3; cf. Jr 49.35). Mas essa força foi quebrada pelo exército assírio sob o comando de Tiglate-Pileser III, que conquistou os territórios do norte de Israel no vale de Jezreel. Apropriadamente, o local do julgamento em 733 a.C. (2Rs 15.29).
O castigo por meio da derrota militar foi uma das maldições pelo rompimento da aliança (Dt 28.25, 49-57; cf. Lv 26.17). 
No verso 6, tornou Gômer a gera filhos e dessa vez deu a luz uma menina que ganhou o nome, dado por Deus de Lo-Ruama ou Desfavorecida. Deus sempre lhe explica os motivos e aqui ele diz para ele que o nome lhe foi dado porque não tornaria mais a compadecer-se, nem perdoar de maneira alguma a casa de Israel.
Literalmente, seu nome significa que "ela não recebeu nenhuma compaixão"; significava a iminente retirada da compaixão que Deus havia demonstrado apesar de Israel ter sido infiel à aliança. (seria interessante ver 2.4 e a restauração da compaixão, em 2.23; para depois se comparar, também, com Dt 31.17; 32.19-20).
No entanto, embora Deus não se compadecesse de Israel, mas de Judá haveria de se compadecer. Num futuro próximo, Judá também enfrentaria a agressão assíria, mas com a grande diferença de que seria poupado.
Essa promessa se cumpriu na miraculosa libertação sofrida por Jerusalém das mãos dos assírios em 701 a.C. (2Rs 19.32-37; Is 37.14,33-38). A cidade foi salva – vs. 7:
·         Não pelo arco.
·         Nem pela espada.
·         Nem pela guerra.
·         Nem pelos cavalos.
·         Nem pelos cavaleiros.
Uma vez desmamada a Desfavorecida, novamente concebeu a sua mulher e lhe deu à luz outro filho e o Senhor mandou ela se chamar de Lo-Ami, ou seja, de Não-Meu-Povo. Porque eles não eram mais seu povo, nem ele era mais o seu Deus.
Esse nome marcou o ponto alto do julgamento divino quando Deus anulou a antiga fórmula da aliança (Ex 6.7; Lv 26.12; Dt 26.17-19) e declarou que o povo estava entregue às maldições reservadas aos inimigos de Deus.
Literalmente, "Não sou o seu 'Eu Sou". Verifica-se aqui que Oséias usou o nome para Deus revelado a Moisés em Êx 3.14.
2. A restauração (1.10-2.1).
A partir do verso 10 até o primeiro verso do próximo capítulo, estaremos vendo a restauração.
Como ocorre muitas vezes nesse livro, a palavra negativa de julgamento é equilibrada por uma palavra de esperança. As severas palavras de julgamento, simbolizado nos nomes das três crianças, um dia seriam anuladas.
Por isso que diz no verso dez que o número dos filhos de Israel seria como a incontável areia do mar. Uma alusão à promessa patriarcal de inumeráveis descendentes (Gn 22.17; 32.12; cf. Gn 13.16; 15.5; 17.1; 26.24; 28.14).
Também naquele lugar que se dizia que eles não eram o seu povo, seria dito que eles seriam os filhos do Deus vivo.
Em contraste com o vs. 9, Oseias afirmou que todo o Israel um dia seria novamente o povo da aliança de Deus e que os israelitas seriam herdeiros das bênçãos divinas.
Essa restauração do povo de Deus não foi apenas prometida, mas permaneceu como um ideal pelo qual o povo deveria empenhar-se até que a promessa se cumprisse.
A anulação da sentença teve início em pequena escala quando os remanescentes de Israel se uniram a Judá durante as reformas de Ezequias (2Cr 30.11,18), assim como após o exílio, sob a liderança de Zorobabel (1 Cr 9.3; Ed 8.35). Ambas as restaurações duraram pouco tempo porque o povo voltou aos seus caminhos pecaminosos.
O Novo Testamento ensina que a promessa da restauração foi, é e será cumprida somente em Cristo. A igreja, formada por judeus e gentios, constitui o povo restaurado (Rm 9.24-26; 1 Pe 2.10; Ap 7.9; 21.3).
Os filhos do Deus vivo agora, em Cristo e com Cristo, se tornaria uma expressão singular que descreveria o relacionamento íntimo (e legítimo) entre o que Deus - o doador da vida - desejou desfrutar com Israel, em oposição ao relacionamento sem vida (e ilegítimo) que Israel tinha com Baal.
Em Is 40.18-20; 41.5-10; 44.9-20; 46.5-11, os ídolos "mortos" foram comparados ao Deus vivo. A expressão repetiu Dt 14.1, mas a ideia de que os crentes são filhos de Deus seria muito mais enfatizada no Novo Testamento (cf. Mt 5.9; Rm 8.14,19; GI 3.26; Hb 2.11; 12.7).
Livro de Oséias – capítulo 1:
1 A palavra do Senhor, que veio a Oséias,
filho de Beeri, nos dias de
Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá,
e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.
2 Quando o Senhor falou no princípio por Oséias,
disse o Senhor a Oséias:
Vai, toma por esposa uma mulher de prostituições,
e filhos de prostituição;
porque a terra se prostituiu,
apartando-se do Senhor.
3 Ele se foi, pois, e tomou a Gomer, filha de Diblaim;
e ela concebeu, e lhe deu um filho.
4 E disse-lhe o Senhor:
Põe-lhe o nome de Jizreel;
porque daqui a pouco visitarei o sangue de Jizreel
sobre a casa de Jeú,
e farei cessar o reino da casa de Israel.
5 E naquele dia quebrarei o arco de Israel no vale de Jizreel.
6 E tornou ela a conceber,
e deu à luz uma filha.
E o Senhor disse a Oséias:
Põe-lhe o nome de Lo-Ruama;
porque não tornarei mais a compadecer-me
da casa de Israel,
nem a perdoar-lhe de maneira alguma.
7 Mas da casa se Judá me compadecerei,
e os salvarei pelo Senhor seu Deus,
pois não os salvarei pelo arco,
nem pela espada,
nem pela guerra,
nem pelos cavalos,
nem pelos cavaleiros.
8 Ora depois de haver desmamado a Lo-Ruama,
concebeu e deu à luz um filho.
9 E o Senhor disse:
Põe-lhe o nome de Lo-Ami;
porque vós não sois meu povo,
nem sou eu vosso Deus.
10 Todavia o número dos filhos de Israel
será como a areia do mar,
que não pode ser medida nem contada;
e no lugar onde se lhes dizia:
Vós não sois meu povo,
se lhes dirá:
Vós sois os filhos do Deus vivo.
11 E os filhos de Judá e os filhos de Israel
juntos se congregarão,
e constituirão sobre si uma só cabeça,
e subirão da terra;
pois grande será o dia de Jizreel. 
Para finalizar o capítulo a menção desse desejo de união entre Judá e Israel os quais se congregariam e se constituiriam sobre si em uma só cabeça que subiria da terra fazendo grande o dia de Jezreel. Uma profecia dessas sobre a completa reconciliação entre os dois reinos e o Senhor somente seria possível – e será - sob o governo de Cristo, o filho de Davi (Mt 1.23; 2.6,15).
O profeta Oséias jogou com o significado de Jezreel ("Deus semeia/planta" ou "semeou/plantou"), o nome do seu primeiro filho, para transformá-lo numa imagem positiva.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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