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quarta-feira, 4 de março de 2015

Jeremias 31:1-40 - A RESTAURAÇÃO SERÁ GRANDE - VALE A PENA ESPERAR!

Estamos na décima terceira parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 31.
XIII. A CERTEZA DE RESTAURAÇÃO (30.1-33.26)- continuação.
Vimos que apesar do exílio iminente, Jeremias reafirmou a promessa de que o povo de Deus voltaria do cativeiro e que esses capítulos são chamados com frequência de "livro de consolação" de Jeremias, pois que contêm promessas da restauração de Israel e Judá depois dos setenta anos de exílio.
Para melhor compreensão, também dividimos essa parte XIII, em três seções: A. O livro de restauração (30.1-31.40) – concluiremos agora; B. Uma compra simbólica (32.1-44); e, C. Predições de restauração (33.1-26).
A. O livro de restauração (30.1-31.40) - continuação.
Estamos vendo nessa seção “A” o que se classifica como o livro da restauração onde a visão do futuro dada ao profeta mostra uma perspectiva gloriosa para o povo de Deus.
O capítulo começa com a promessa de que o Senhor naquele tempo seria o Deus de todas as famílias de Israel e eles seriam o seu povo, uma aliança com o Messias e a Igreja para todo o sempre.
O remanescente que escapou da espada é que achou graça no deserto. Foi por meio dele que os propósitos de Deus haveriam de ter continuidade (v. 7; 6.9; 23.3).
A volta da Babilônia seria pelo deserto (o atual deserto árabe), como havia sido o êxodo da terra do Egito. A mesma analogia pode ser encontrada em Is 40.3-4; 43.19-20. Como no primeiro êxodo, a restauração do exílio seria um exemplo do poder salvador do Senhor que iria a frente e daria descanso a Israel.
Como bem enfatiza o escritor de Hebreus, o descanso não era para qualquer um, mas para os que criam, por isso que ele os exortava a se esforçarem por entrar no descanso de Deus - Hebreus 4:1-3, 9-12: "procuremos diligentemente entrar no descanso de Deus".
A referência inicial, aqui no verso 3, ao falar que de longe o Senhor lhe apareceu é muito provavelmente uma referência ao Sinai (Êx 19-24). O povo de Israel foi eleito por Deus com base no amor divino (Dt 7.6-7) - não por méritos ou obras que tenham praticado - e no caráter eterno da aliança afirmada em Gn 17.7, onde com benignidade, outro símbolo do restabelecimento da aliança rompida, os atraiu.
Na era da restauração, depois do exílio, a mácula indelével da profanação seria, finalmente, removida. É interessante observar que a virgem de Israel, do verso 4, é desejada, em contraste com 18:13-15 onde a "virgindade" de Israel é desperdiçada.
A bênção da aliança na natureza (Dt 7.13; 28.4,30) seria experimentada até nos montes de Samaria, a capital do Reino do Norte, que teve o seu povo exilado pelos assírios em 722 a.C. A renovação depois do exílio seria tão grande que até mesmo esse Reino do Norte seria restaurado, mas como no caso da restauração de Judá, a de Samaria não foi diferente e também não se concretizou inteiramente devido à infidelidade do povo. Quem sabe, agora com a igreja do Senhor, não seja diferente?
Os atalaias do verso 6 talvez fossem homens responsáveis por saber as datas das festas anuais mediante a observação da lua. Era na região montanhosa de Efraim que ele proclamava a subida a Sião para adorarem a Deus. No período de restauração, o povo não frequentaria mais os santuários apóstatas do norte construídos por Jeroboão em Betel e Dã (1 Rs 12.26-33). Em vez disso, iriam a Sião.
A ordem era para o povo cantar e se alegrar e vibrar com a certeza do retorno porque o Senhor os haveria de restaurar; o resto de Israel seria restaurado. A promessa era de que os traria do reino do norte e os congregaria das extremidades da terra. Os que são citados são as grávidas, os aleijados, os cegos, as de parto, justamente as que dependiam de ajuda para virem.
Eles voltariam com choro, provavelmente de grande alegria (vs. 16) e seriam guiados aos ribeiros de águas, por caminho reto - Is 40.4 – para um lugar de descanso e refrigério para suas almas e corpos cansados da viagem - SI 23.2; Is 48.21; 49.10. Deus aqui estaria se revelando a eles como a um Pai, onde Efraim seria o seu primogênito - 3.4; 31.20; Êx 4.22; Os 11.1-4.
O Senhor é quem redimiu, ou resgatou, literalmente, "libertou mediante o pagamento de um resgate" (Lv 27.27). O termo também é usado para a libertação do povo de Israel do Egito pelo Senhor (Dt 7.8; 9.26). Não somente os resgatou como também os libertou, termo também usado com o sentido de redenção por um parente "resgatador" (Rt 3.9; veja Lv 25.25-28; Jr 32.7-8) de uma propriedade perdida por um membro da família. Esse termo igualmente também se refere à redenção de Israel do Egito ("resgatarei", Êx 6.6), indicando que os israelitas foram resgatados para um relacionamento íntimo com o Senhor - Êx 6.7. As duas ideias (o pagamento de um preço e a obrigação e relação de parentesco) são unidas na teologia da expiação do Novo Testamento.
Havia uma mão mais forte do que Jacó que o prendia no seu cativeiro, mas Deus, seu resgatador e redentor os livraria e agora viriam e cantariam de júbilo nos altos de Sião onde estariam radiantes pelos inúmeros benefícios do Senhor – vs. 12 – que nos faz ser esse jardim regado especial repleto de bênçãos:
·         Do trigo – o pão que sustenta e dá vida.
·         Do mosto – que alegra o coração.
·         Do azeite – que separa e unge para o serviço.
·         Dos cordeiros – do próprio sacrifício.
·         Dos bezerros – do próprio sacrifício.
Onde a virgem se alegrará na dança, como bem assim os mancebos e igualmente os velhos porque o Senhor trocaria o pranto por gozo, a tristeza pela alegria e os consolaria – vs. 13. Também os sacerdotes e todos do povo se fartariam das benesses do Senhor.
No verso 15, um lamento, um choro incomum em Ramá que ficava na tribo de Benjamim, no antigo território do norte. Raquel era a avó de Efraim e Manasses (progenitores das principais tribos do norte). Ela é retratada chorando pela destruição do Reino do Norte em 722 a.C.
Em Mt 2.18 essa imagem é aplicada à matança de inocentes ordenada por Herodes, pois Israel ainda estava sob a tirania de potências estrangeiras (romanas) quando Jesus nasceu.
A promessa é de que esses seus filhos voltariam – vs. 17 - para os seus termos, ou sejam ressuscitarão no tempo devido. Efraim aqui se mostra arrependido e crente em sua absolvição final embora tenha de passar por algum disciplinamento necessário para sua edificação. Ele exclama e pede para ser castigado e depois restaurado, pois nele havia arrependimento.
No verso 20, o Senhor se mostra favorável a ele e declara assim o seu amor e aceita suas orações. No tempo devido, será ele restaurado e reintegrado ao povo de Deus.
Há no verso 21, uma exortação aos exilados para se lembraram da Terra Prometida, para deixarem essa lembrança inspirar seu arrependimento e para voltarem à Terra Prometida durante a restauração.
A nova salvação não diminuiria a necessidade do apelo do Senhor para que o seu povo fosse fiel. O significado da coisa nova do Senhor, da mulher resgatando o varão – vs. 22 -, é obscuro, mas talvez o ditado evoque a imagem de uma mãe protegendo seu filho do sexo masculino (retratando, portanto, segurança), ou também pode ser uma metáfora para Israel, a noiva do Senhor, abraçando-a com fidelidade total (Os 2.16).
Dos vs. 23 ao 28, vemos promessas de Deus de muitas bênçãos e de vitórias para Judá e Jerusalém e também Israel. Todas elas vinculadas ao término do cativeiro, o qual estariam todas obrigadas a passar e ter paciência. A alma cansada será saciada e a faminta e a sedenta encontrariam o refrigério e o cuidado.
Também se poria fim a um velho ditado muito falado também em Ezequiel de que os pais comeram as uvas verdes, mas foram os dentes dos filhos que se embotaram. Esse provérbio foi usado pelos exilados para culpar as gerações anteriores pela calamidade do exílio, possivelmente com base numa compreensão equivocada de Êx 20.5 e Nm 14.18; Ez 18.2.
Não era como se pensava, mas cada um seria ou deveria ser morto pela sua própria iniquidade. Durante o período de restauração, as pessoas seriam julgadas individualmente. Veja a discussão detalhada em Ez 18.4-32 (veja também Dt 24.16). Embora as várias gerações anteriores também fossem culpadas (7.13;11.7-8), fica claro que essa geração merecia plenamente o castigo que lhe estava reservado.
Dos versos de 31 aos 34, temos a retomada de temas apresentados inicialmente por Moisés (Dt 30.1-10). Jeremias profetiza que Deus faria uma nova aliança com o seu povo. Como na antiga aliança (Êx 19-24) firmada depois da redenção do Egito (Êx 12 15), a nova aliança permitiria a redenção do exílio (v. 34). Essa passagem é citada em Hb 8.8-12.
O profeta, ao se expressar – vs. 31 - que viram dias de novo pacto, ele está se referindo ao período de restauração depois do exílio, quando Deus abençoaria o seu povo ricamente.
A ideia da nova aliança não era algo que fosse novo nesse sentido de surgimento, mas de renovação. O conceito claro aqui é de uma aliança renovada em vez de uma substituição de aliança - a BEG propõe e achamos interessante essa pausa, que se veja o seu artigo teológico "A aliança das obras e a aliança da graça", em Gn 6, e o quadro "As principais alianças na Bíblia", em Gn 9.
Algumas passagens do Novo Testamento (p. ex., 1Co 11.25; 2Co 3.6; Hb 9.15; 12.24) revelam que a nova aliança se cumpriu em Cristo, que realizou o desejo do Senhor de ter um relacionamento pactual renovado com o seu povo.
Ainda assim, na sua primeira vinda, Cristo apenas deu início à nova aliança. Ele continua a estabelecê-la neste período entre a sua primeira e a segunda vinda e a instituirá plenamente quando voltar em glória.
Essa aliança seria com a casa de Israel e com a casa de Judá, enfatizando a continuidade da aliança de Deus; porém, veja também 23.3 (E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão).
A Israel da nova aliança seria a descendência de Abraão, mas como os profetas do Antigo Testamento e o Novo Testamento indicam, os gentios crentes também seriam incluídos (GI 3.16,26-29). Essa foi a maior bênção de Deus a todos os povos da terra as quais alguns judeus mais zelosos acharam difícil de suportar tal compartilhamento dessas bênçãos de Deus, pois queriam mesmo a exclusividade delas.
A nova aliança a ser sancionada estaria em contraste com a antiga aliança no sentido de que, de modo algum, ela seria quebrada como a antiga o foi (v. 32; Hb 8.7-8).
Em outras passagens, esse contraste é associado à graça mediada pelo Servo justo que, pelo seu sacrifício definitivo, garantiria as bênçãos da aliança para o seu povo (p. ex., Is 53.4-5,8,10-12; cf. Hb 9.12-15; 10.1-4,10-18).
Apesar de Cristo já ter realizado muita coisa (isto é, antes de voltar em glória para estabelecer plenamente a nova aliança), a nossa situação como indivíduos e grupos é bastante semelhante à do povo na antiga aliança (1Co 10.1-11).
Nos dias de hoje, ainda é possível um cristão fazer parte da igreja visível (uma comunidade da nova aliança) e romper a aliança de modo tão severo a ponto de receber o julgamento ou a disciplina de Deus (veja Hb 10.29). Seria interessante também nesse momento uma boa reflexão no texto recomendado pela BEG, em seu artigo teológico "A perseverança e a preservação dos santos", em Fp 1. Essa possibilidade só será eliminada quando Cristo voltar.
Ao se referir ao pacto que fará depois daqueles dias, o profeta está falando de um tempo depois do exílio, mas não o especifica. O Novo Testamento mostra que esse período foi iniciado por Cristo.
O novo pacto seria inculcado diretamente na mente e no coração do crente. Os judaítas incrédulos do tempo de Jeremias reduziram a lei a um padrão externo, numa atitude bastante parecida com a dos judeus do tempo de Jesus e da igreja primitiva, cheia de regras e preceitos a serem observados – há cerca de 617 deles!
A ideia da lei impressa na mente e no coração não é nova. Era o ideal da antiga aliança que se realizou parcialmente nos homens e mulheres do Antigo Testamento que demonstraram ter uma fé verdadeira (Dt 6.5; 26.16; 32.46; 30.1,14).
Quando a nova aliança for plenamente instituída com a volta de Cristo, a lei de Deus será gravada no coração de cada participante da aliança de tal modo que se tornará impossível desobedecer a ela. Enquanto esse dia não chega, os cristãos experimentam o cumprimento parcial dessa promessa. Assim, nossas tentativas de interiorizar e amar a lei de Deus nunca são inteiramente bem-sucedidas.
O fato é que como não temos o livre-arbítrio (diga-se de passagem como o fato de não conseguirmos agir de modo contrário à nossa natureza) hoje e é impossível não pecar, depois, continuará sendo impossível, pela ausência do livre-arbítrio, pecarmos.
Essa é a fórmula da antiga aliança (1v 26.12; cf. 7.23): eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. A nova aliança não abolirá a antiga; antes, renovará e cumprirá os seus ideais – vs. 31.
Por conta dessa novidade de vida não será mais necessário o ensinamento para conhecer ao Senhor, pois todos o conhecerão. Essa exortação resume a obrigação da lei (p. ex., 22.16-17; 1 Cr 28.9).
A antiga aliança exigia que o povo de Deus o conhecesse, mas durante o exílio, o conhecimento de Deus em Israel quase se extinguiu.
Na plenitude da nova aliança, quando Jesus voltar, todos os seus participantes conhecerão a Deus que realizará, na nova aliança, aquilo que ordenou na antiga.
De acordo com a sua promessa, ele dará ao seu povo um coração para conhecê-lo (24.7). Por certo, apesar de Cristo ter dado início à nova aliança com sua morte e ressurreição, nem todos os participantes da nova aliança (a igreja visível) têm um conhecimento salvador do Senhor.
Os cristãos de hoje ainda precisam ensinar uns aos outros a conhecerem o Senhor. As palavras de Jeremias só se realizarão completamente quando Cristo voltar.
A base da promessa do perdão nos vs. 32-33 é identificada aqui como uma nova obra de redenção que se iniciou em Cristo em sua primeira vinda e se completará na volta de Cristo (veja Hb 10.1-17) onde jamais se lembraria novamente dos nossos pecados.
No Antigo Testamento, a palavra "lembrar" implica tomar atitudes com base num compromisso anterior - Gn 8.1. Assim, essa promessa se refere a um tempo em que Deus não mais agiria para julgar o seu povo pelos seus pecados, como havia feito segundo o seu compromisso anterior na antiga aliança — um tempo em que o sistema sacrifical da antiga aliança deixaria de existir, uma vez que servia de um lembrete permanente dos pecados (Hb 10.3-4,11).
A palavra "jamais" ressalta que a expiação futura pelos pecados seria definitiva e perfeita, eliminando a necessidade de outros sacrifícios pelo pecado. O fato é que Deus não iria esquecer no sentido de perder a sua memória – impossível! – mas no sentido de que não tomaria mais decisões a partir daquele contexto ruim de pecado.
Jr 31:1 Naquele tempo, diz o Senhor,
serei o Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu povo.
Jr 31:2 Assim diz o Senhor:
O povo que escapou da espada achou graça no deserto.
Eu irei e darei descanso a Israel.
Jr 31:3 De longe o Senhor me apareceu, dizendo:
Pois que com amor eterno te amei,
também com benignidade te atraí.
Jr 31:4 De novo te edificarei, e serás edificada ó virgem de Israel!
ainda serás adornada com os teus adufes,
e sairás nas danças dos que se alegram.
Jr 31:5 Ainda plantarás vinhas nos montes de Samária;
os plantadores plantarão e gozarão dos frutos.
Jr 31:6 Pois haverá um dia em que gritarão os vigias
sobre o monte de Efraim:
Levantai-vos, e subamos a Sião, ao Senhor nosso Deus.
Jr 31:7 Pois assim diz o Senhor:
Cantai sobre Jacó com alegria, e exultai por causa
da principal das nações; proclamai, cantai louvores, e dizei:
Salva, Senhor, o teu povo, o resto de Israel.
Jr 31:8 Eis que os trarei da terra do norte
e os congregarei das extremidades da terra;
e com eles os cegos e aleijados,
as mulheres grávidas e as de parto juntamente;
em grande companhia voltarão para cá.
Jr 31:9 Virão com choro, e com súplicas os levarei;
guiá-los-ei aos ribeiros de águas,
por caminho direito em que não tropeçarão;
porque sou um pai para Israel,
e Efraim é o meu primogênito.
Jr 31:10 Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a
nas longínquas terras marítimas, e dizei:
Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará,
como o pastor ao seu rebanho.
Jr 31:11 Pois o Senhor resgatou a Jacó,
e o livrou da mão do que era mais forte do que ele.
Jr 31:12 E virão, e cantarão de júbilo nos altos de Sião,
e ficarão radiantes pelos bens do Senhor,
pelo trigo, o mosto, e o azeite,
pelos cordeiros e os bezerros;
e a sua vida será como um jardim regado,
e nunca mais desfalecerão.
Jr 31:13 Então a virgem se alegrará na dança,
como também os mancebos e os velhos juntamente;
porque tornarei o seu pranto em gozo,
e os consolarei,
e lhes darei alegria em lugar de tristeza.
Jr 31:14 E saciarei de gordura a alma dos sacerdotes,
e o meu povo se fartará dos meus bens, diz o Senhor.
Jr 31:15 Assim diz o Senhor:
Ouviu-se um clamor em Ramá, lamentação e choro amargo.
Raquel chora a seus filhos, e não se deixa consolar a respeito deles,
porque já não existem.
Jr 31:16 Assim diz o Senhor:
Reprime a tua voz do choro, e das lágrimas os teus olhos;
porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor,
e eles voltarão da terra do inimigo.
Jr 31:17 E há esperança para o teu futuro, diz o Senhor;
pois teus filhos voltarão para os seus termos.
Jr 31:18 Bem ouvi eu que Efraim se queixava, dizendo:
Castigaste-me e fui castigado,
como novilho ainda não domado;
restaura-me, para que eu seja restaurado,
pois tu és o Senhor meu Deus.
Jr 31:19 Na verdade depois que me desviei, arrependi-me;
e depois que fui instruído, bati na minha coxa;
fiquei confundido e envergonhado,
porque suportei o opróbrio da minha mocidade.
Jr 31:20 Não é Efraim meu filho querido?
filhinho em quem me deleito?
Pois quantas vezes falo contra ele,
tantas vezes me lembro dele solicitamente;
por isso se comovem por ele as minhas entranhas;
deveras me compadecerei dele, diz o Senhor.
Jr 31:21 Põe-te marcos, faze postes que te guiem;
dirige a tua atenção à estrada, ao caminho pelo qual foste;
regressa, ó virgem de Israel,
regressa a estas tuas cidades.
Jr 31:22 Até quando andarás errante, ó filha rebelde?
pois o senhor criou uma coisa nova na terra:
uma mulher protege a um varão.
Jr 31:23 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Ainda dirão esta palavra na terra de Judá, e nas suas cidades,
quando eu acabar o seu cativeiro:
O Senhor te abençoe, ó morada de justiça, ó monte de santidade!
Jr 31:24 E nela habitarão Judá, e todas as suas cidades juntamente;
como também os lavradores e os que pastoreiam os rebanhos.
Jr 31:25 Pois saciarei a alma cansada,
e fartarei toda alma desfalecida.
Jr 31:26 Nisto acordei, e olhei; e o meu sono foi doce para mim.
Jr 31:27 Eis que os dias vêm, diz o Senhor,
em que semearei de homens e de animais a casa de Israel
e a casa de Judá.
Jr 31:28 E será que, como vigiei sobre eles
para arrancar e derribar,
para transtornar, destruir, e afligir,
assim vigiarei sobre eles
para edificar e para plantar, diz o Senhor.
Jr 31:29 Naqueles dias não dirão mais:
Os pais comeram uvas verdes,
e os dentes dos filhos se embotaram.
Jr 31:30 Pelo contrário, cada um morrerá
pela sua própria iniqüidade;
de todo homem que comer uvas verdes,
é que os dentes se embotarão.
Jr 31:31 Eis que os dias vêm, diz o Senhor,
em que farei um pacto novo com a casa de Israel
e com a casa de Judá,
Jr 31:32 não conforme o pacto que fiz com seus pais,
no dia em que os tomei pela mão,
para os tirar da terra do Egito,
esse meu pacto que eles invalidaram,
apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.
Jr 31:33 Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel
depois daqueles dias, diz o Senhor:
Porei a minha lei no seu interior,
e a escreverei no seu coração;
e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Jr 31:34 E não ensinarão mais cada um
a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo:
Conhecei ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles
até o maior, diz o Senhor;
pois lhes perdoarei a sua iniqüidade,
e não me lembrarei mais dos seus pecados.
Jr 31:35 Assim diz o Senhor,
que dá o sol para luz do dia,
e a ordem estabelecida da lua e das estrelas para luz da noite,
que agita o mar, de modo que bramem as suas ondas;
o Senhor dos exércitos é o seu nome:
Jr 31:36 Se esta ordem estabelecida falhar diante de mim,
diz o Senhor, deixará também a linhagem de Israel
de ser uma nação diante de mim para sempre.
Jr 31:37 Assim diz o Senhor:
Se puderem ser medidos os céus lá em cima,
e sondados os fundamentos da terra cá em baixo,
também eu rejeitarei toda a linhagem de Israel,
por tudo quanto eles têm feito, diz o Senhor.
Jr 31:38 Eis que vêm os dias, diz o Senhor,
em que esta cidade será reedificada para o Senhor,
desde a torre de Hananel até a porta da esquina.
Jr 31:39 E a linha de medir estender-se-á para diante,
até o outeiro de Garebe, e dará volta até Goa.
Jr 31:40 E o vale inteiro dos cadáveres e da cinza,
e todos os campos até o ribeiro de Cedrom,
até a esquina da porta dos cavalos para o oriente,
tudo será santo ao Senhor;
nunca mais será arrancado nem derribado.
Dos versos de 35 aos 37, vemos Deus falando da sua criação e que ela fora afetada pela queda do homem. Em outros tempos, a infidelidade pactual de Israel trouxe julgamento sobre a própria criação (4.23-26). Agora, a durabilidade da criação de Deus é definida como medida do seu compromisso com o seu povo na nova aliança.
Jerusalém foi reconstruída sob a liderança de Zorobabel e Neemias (Ed 1; Ne 1-12), mas esse programa de restauração fracassou devido ao pecado contínuo do povo. Para o Novo Testamento, essa promessa se cumprirá na nova Jerusalém que surgirá quando Cristo voltar (Ap 21.2,10).
A Torre de Hananel e a Porta da Esquina – vs. 38 – são os extremos opostos da cidade, indicando a sua totalidade (veja 2Cr 26.9; Zc 14.10-11).
Tudo agora seria santo ao Senhor e nunca mais seriam arrancados, nem derribados. A vitória esperada será demasiadamente grande, por isso convém ter paciência com a presente era e esperar nossa redenção final a qualquer momento.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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terça-feira, 3 de março de 2015

Jeremias 30:1-24 - O LIVRO DA RESTAURAÇÃO.

Entraremos agora na décima terceira parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 30.
XIII. A CERTEZA DE RESTAURAÇÃO (30.1-33.26).
Apesar do exílio iminente, Jeremias reafirmou a promessa de que o povo de Deus voltaria do cativeiro.
Do verso primeiro deste até ao 33.26, veremos que havia uma esperança firmada na certeza de uma restauração futura. Esses capítulos, chamados com frequência de "livro de consolação" de Jeremias, contêm promessas da restauração de Israel e Judá depois dos setenta anos de exílio.
Dividiremos esta parte XIII, em três seções: A. O livro de restauração (30.1-31.40) – iniciaremos agora; B. Uma compra simbólica (32.1-44); e, C. Predições de restauração (33.1-26).
A. O livro de restauração (30.1-31.40).
Veremos neste capítulo e no seguinte o que classificamos de o livro de restauração. Deus ordenou – vs. 2 - que Jeremias escrevesse uma compilação de suas profecias refererentes à restauração do povo de Deus depois do exílio. A visão do futuro dada ao profeta mostra uma perspectiva gloriosa para o povo de Deus.
Era para ele escrever que viriam dias em que os que foram exilados voltariam à sua terra que Deus deu aos pais deles e que a possuiriam. (31.27,31,38; 33.14).
Uma voz foi ouvida, mas não de paz e sim de tremor e de temor, pois por acaso um homem poderia estar dando à luz? A angústia do parto retrata o sofrimento que o povo sentiria nas mãos dos exércitos babilônios (4.19,31). Talvez a enfermidade ou fome levaria os homens a agirem como mulheres em trabalho de parto.
O profeta fala do futuro ao se referir nos versos 7 e 8 daquele dia, o dia do Senhor (30.3; Am 5.18; 8.9). A geração de Amós acreditava que esse dia seria de livramento quando, na verdade, seria um dia de julgamento.
No verso 7, se refere principalmente ao julgamento iminente contra Jerusalém. Já no verso 8 e em outras passagens, o dia do Senhor se refere à ocasião em que Deus atacaria os inimigos de Israel a fim de livrar o seu próprio povo (cf. o vs. 7) e eles serviriam ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhe levantará – vs. 9.
Temos então uma palavra profética para o tempo da restauração do exílio pelo levantamento de Zorobabel – o 31º descendente da linhagem messiânica, de 42 nomes, a partir de Mateus 1:1-17; ou, o 57º, da linhagem messiânica, de 77 nomes, a partir de Lucas 3:23-38 - e o apontamento do Messias, da descendência de Davi que se levantaria como rei em Israel para sempre.
No verso 10, uma palavra forte de consolo para que não temessem. (Is 41.8,10; 43.1; 44.1-2.). O temor do Senhor em 32.39 é compatível com essa ordem para não temerem. A ausência de medo é um cumprimento da bênção da aliança.
Dos versos 11 ao 20, Deus os faz lembrar da angústia e do aperto deles que era grande em função também da gravidade da ofensa deles para com Deus e com as coisas do reino de Deus.
A chaga deles era totalmente incurável e não haveria como restabelecê-los novamente, mas Deus, em sua infinita misericórdia e graça oportunas, estaria preparando uma restauração para eles. Todos os que se aproveitaram desse momento para afligirem ainda mais o povo de Deus, Deus entraria em juízo com eles.
Deus mesmo usa o ímpio para afligir o seu povo, mas o ímpio que não se cuide, pois com a medida com que medirem, serão medidos e ainda assim, com acréscimos.
Tendo em vista o vs. 9, a congregação provavelmente se trate de uma alusão ao tempo de Davi. Congregação é um termo técnico que indica a assembleia política ou religiosa do povo da aliança (1 Rs 12.20). Assim, todos os seus filhos como na antiguidade seriam congregados e seus opressores, castigados.
Jr 30:1 A palavra que do Senhor veio a Jeremias, dizendo:
Jr 30:2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel:
Escreve num livro todas as palavras que te falei;
Jr 30:3 pois eis que vêm os dias, diz o Senhor,
em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel
e Judá, diz o Senhor;
e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais,
e a possuirão.
Jr 30:4 E estas são as palavras que disse o Senhor,
acerca de Israel e de Judá.
Jr 30:5 Assim, pois, diz o Senhor:
Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não de paz.
Jr 30:6 Perguntai, pois, e vede, se um homem pode dar à luz.
Por que, pois, vejo a cada homem com as mãos
sobre os lombos como a que está de parto?
Por que empalideceram todos os rostos?
Jr 30:7 Ah! porque aquele dia é tão grande,
que não houve outro semelhante!
É tempo de angústia para Jacó;
todavia, há de ser livre dela.
Jr 30:8 E será naquele dia, diz o Senhor dos exércitos,
que eu quebrarei o jugo de sobre o seu pescoço,
e romperei as suas brochas.
Nunca mais se servirão dele os estrangeiros;
Jr 30:9 mas ele servirá ao Senhor, seu Deus,
como também a Davi, se   u rei,
que lhe levantarei.
Jr 30:10 Não temas pois tu, servo meu, Jacó, diz o Senhor,
nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei
de terras longínquas, e à tua descendência
da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará,
e ficará tranqüilo e sossegado, e não haverá
quem o atemorize.
Jr 30:11 Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te salvar;
porquanto darei fim cabal a todas as nações entre as quais
te espalhei; a ti, porém, não darei fim,
mas castigar-te-ei com medida justa, e de maneira alguma
te terei por inocente.
Jr 30:12 Porque assim diz o Senhor:
Incurável é a tua fratura, e gravíssima a tua ferida.
Jr 30:13 Não há quem defenda a tua causa; para a tua ferida
não há remédio nem cura.
Jr 30:14 Todos os teus amantes se esqueceram de ti; não te procuram;
pois te feri com ferida de inimigo,
e com castigo de quem é cruel,
porque é grande a tua culpa,
e têm-se multiplicado os teus pecados.
Jr 30:15 Por que gritas por causa da tua fratura? tua dor é incurável.
Por ser grande a tua culpa, e por se terem multiplicado
os teus pecados, é que te fiz estas coisas.
Jr 30:16 Portanto todos os que te devoram serão devorados,
e todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro;
e os que te roubam serão roubados,
e a todos os que te saqueiam entregarei ao saque.
Jr 30:17 Pois te restaurarei a saúde e te sararei as feridas,
diz o Senhor; porque te chamaram a repudiada, dizendo:
É Sião, à qual já ninguém procura.
Jr 30:18 Assim diz o Senhor:
Eis que acabarei o cativeiro das tendas de Jacó,
e apiedarme-ei das suas moradas;
e a cidade será reedificada sobre o seu montão,
e o palácio permanecerá como habitualmente.
Jr 30:19 E sairá deles ação de graças e a voz dos que se alegram;
e multiplicá-los-ei, e não serão diminuídos;
glorificá-los-ei, e não serão apoucados.
Jr 30:20 E seus filhos serão como na antigüidade,
e a sua congregação será estabelecida diante de mim,
e castigarei todos os seus opressores.
Jr 30:21 E o seu príncipe será deles, e o seu governador sairá
do meio deles; e o farei aproximar, e ele se chegará a mim.
Pois quem por si mesmo ousaria chegar-se a mim?
diz o Senhor.
Jr 30:22 E vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus.
Jr 30:23 Eis a tempestade do Senhor!
A sua indignação já saiu, uma tempestade varredora;
cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios.
Jr 30:24 Não retrocederá o furor da ira do Senhor,
até que ele tenha executado,
e até que tenha cumprido os desígnios do seu coração.
Nos últimos dias entendereis isso.
No verso 21, novamente a chamada do seu príncipe que sairia do meio deles e que haveria de reinar. Seria Deus mesmo que o faria se aproximar, que o atrairia a ele e ele irresistivelmente seria atraído.
Ninguém seria tão ousado, mas aqui Deus o permitiria. Isso era um contraste terrível com o domínio babilônico que Judá ainda teria de suportar. Deve ser entendido à luz do vs. 9 e trata, em última análise, de uma nova ordem (messiânica) de liderança.
Eu o farei se aproximar: achegue-se a mim! Eu o atrairei – Jo 12:32 -, não resistas a mim e venha. Achegai-vos a mim – Tg 4:8 - e eu vos ouvirei. Deixar-me-ei ser achado de vós – Jr 29:14 - quando me buscardes de todo o vosso coração. Era esse o Deus que estaria pronto para ser encontrado. E assim deste modo, o verso 22 se encaixa como uma luva: “E vós sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus”!
A tempestade já passou, a sua indignação santa já saiu do povo de Deus, mas agora será sobre a cabeça dos ímpios que essa mesma tempestade varrerá e será cruel, sobre cada um daqueles que rejeitam ao Senhor – vs. 23. A sua ira não retrocederá até que tenha executado e cumprido todos os desígnios de seu coração e somente nos últimos dias é que compreenderíamos isso.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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segunda-feira, 2 de março de 2015

Jeremias 29:1-32 - EU ME DEIXAREI ACHAR POR VÓS...

Estamos na décima segunda parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 29.
XII. A SEVERIDADE E DURAÇÃO DO EXÍLIO (25.1-29.32) - continuação.
Como já dissemos, aqui, nesta parte, Jeremias prenunciou um exílio longo de setenta anos como punição pelo seu pecado persistente e adverte que a destruição seria quase total, uma ideia rejeitada pelos falsos profetas. Sua mensagem continua sofrendo a oposição dos falsos profetas, dos sacerdotes e do povo (26.1-29.32).
Também dividimos esta parte XII, em 5 seções para facilitar nossa compreensão do assunto: A. A predição de setenta anos de exílio (25.1-38) – já vista; B. A reação à predição do exílio (26.1-24) – já vista; C. A rejeição das falsas profecias (27.1-22) – já vimos; D. O confronto com Hananias (28.1-17) – já vimos; E. Uma carta aos exilados sobre falsas profecias (29.1-32) – veremos e concluiremos agora.
E. Uma carta aos exilados sobre falsas profecias (29.1-32).
Temos aqui neste capítulo, uma carta aos exilados sobre as falsas profecias. Esses versículos resumem uma carta enviada por Jeremias aos judaítas no exílio. Ele os incentiva a aceitar o longo exílio como o castigo justo de Deus contra a nação, pois, com isso, estariam prontos para a restauração vindoura. Ou seja, aquela seria a geração que pagaria as contas e deveria pagá-la com alegria e esperança, pois somente assim garantiriam um retorno mais rápido.
O público alvo da carta enviada de Jerusalém por Jeremias era bem extenso e abrangia praticamente todos os exilados: anciãos, sacerdotes, profetas e todo o povo. A carta também fora enviada sem demora, assim que eles foram para o cativeiro.
A carta seguiu por mãos de Elasa, filho de Safã. Possivelmente, era da mesma família que simpatizava com Jeremias (26.24). Fora o próprio rei Zedequias que o tinha enviado a Nabucodonosor. Embora o propósito desse envio não seja mencionado, pode-se supor que era mantido algum tipo de contato regular entre Jerusalém e a Babilônia (51.59).
A carta também era profética e falada em nome do Senhor, pois ela começava com “Assim diz o SENHOR”. Como as profecias faladas, a carta também era palavra de Deus. A Bíblia de Estudo de Genebra – BEG – que está nos servindo de referência e apoio com seus comentários, possui um artigo teológico "As Escrituras como revelação", em Jr 29, muito interessante ao qual reproduzimos ao final de nossas reflexões.
A instrução era clara e simples e estranha para eles que estavam cativos, mas era o que o Senhor queria. Ele dizia para eles edificarem casas e habitarem nelas. Tomarem mulheres e gerarem filhos, multiplicarem-se e não diminuírem. Eram, de fato e de verdade, atos de compromisso com sua nova vida, demonstrando desse modo a aceitação da decisão do Senhor e reconhecendo a justiça desse longo período de exílio (Ez 8 1).
No verso 7, nos chama a atenção ao tríplice apelo da paz. O termo hebraico é sempre shalom (6.14). A falsa paz prometida levianamente (8.11) daria lugar à verdadeira paz (cf. Jn 14.27). Essa instrução exemplifica a maneira como os cristãos devem agir em relação às nações do mundo em que vivem. Na verdade somos estrangeiros em terra estranha, apenas esperando o momento de nossa redenção.
Eles deveriam nesse lugar buscarem a paz da cidade e orarem por por ela, pois a paz da cidade seria a paz deles. A bênção do Senhor pode ser concedida a qualquer nação mediante a oração e os atos do seu povo (p. ex., Abraão - Gn 20.17; José - Gn 37-50; e Daniel - Dn 1-6).
Os falsos profetas em Jerusalém afirmavam que os problemas causados pela Babilônia logo chegariam ao fim (p. ex., 28.2-4), mas esses eram profetas, adivinhos, que falsamente profetizavam.
Jeremias volta a falar do prazo de duração do exílio e diz que em setenta anos tudo terá passado. Uma geração inteira passaria, a do exílio!
Os versos de 11 ao 14 trazem à memória as palavras de Dt 30.3-5 (que é semelhante a Dt 4.29-30). A medida da compaixão de Deus na restauração, seria a medida de sua ira no exílio. Essa expectativa de uma restauração extremamente abençoada fundamenta a esperança neotestamentária de que as bênçãos do reino consumado de Cristo excederão em muito as bênçãos concedidas no AT.
Os planos e os projetos de Deus nunca foram de ruína para o seu povo, mas como ele mesmo diz, de paz para assim dar-lhes um futuro e com ele esperanças – vs. 11. O que na verdade estava ocorrendo era um grande ato da graça e da misericórdia de Deus sobre todo o povo rebelde e desobediente de Deus.
Apesar deles, a porta da invocação ainda estava aberta e bastaria que invocassem a Deus, que prontamente, os ouviria. Se o buscassem de todo coração, ele mesmo prometia que se deixaria achar por eles – vs. 13.
O castigo do exílio era a boa surra do papai e da mamãe que disciplina os seus filhos com amor no caminho em que devem andar para que ao crescerem não se desviem dele – Pv 22:6.
Essa frase do vs. 14 de que faria mudar a sorte deles, indica a restauração do relacionamento entre o Senhor e o seu povo. É típica do "livro de consolação" de Jeremias (caps. 33-36). Outras referências bíblicas: 30.3,18; 31.23; 32.44; 33.7,11,26; 48.47; 49.6,39.
Deus promete trazê-los de volta dentro do seu tempo, após cumprirem os seus planos e propósitos.
Apesar de ser um títere dos babilônios, Zedequias ainda reinava em Jerusalém e talvez fosse o objeto de falsas esperanças dos exilados, por isso que Jeremias falou a ele no verso 17 de que enviaria ali o tríplice terror de Deus: a espada, a fome e a peste para fazer deles como os figos ruins que não se pode comer de tão ruins – 24.8.
Há uma repetição do tríplice juízo de Deus no verso 18. No verso 17, ele os enviaria e no 18, os perseguiriam a tal ponto de se tornarem espetáculo de terror para todos os lados e ainda como motivo de execração, de espanto, de assobio e de opróbrio entre todas as nações para onde os haveria de lançar.
Ainda assim, não deram ouvidos, como de praxe, justamente para o juízo vir mesmo sem misericórdias. Zedequias e os que ficaram em Jerusalém seriam ainda mais castigados porque não haviam aprendido a lição ensinada pelas tribulações nas mãos dos babilônios. Eles recusaram arrepender-se do pecado e voltar-se para o Senhor em busca de socorro.
No vs. 19, está claro o fato de que não escutaram, isto é, fizeram pouco caso das advertências proféticas. Os exilados aos quais Jeremias escreve estavam na mesma situação que os judaítas que haviam permanecido na terra. Nenhum dos grupos havia entendido a necessidade de arrependimento total
Ainda mais uma vez no v. 20, o apelo para que ouvissem e se arrependessem, mas como já disse a palavra pregada que encontra corações de barro, somente faz endurecer mais ainda, para que o juízo venha com todas as suas forças.
Acabe, filho de Colaías e de Zedequias, e de Manassés, profetizava falsamente em nome do Senhor, por isso todos seriam exilados por causa deles e ainda seria formulada uma maldição – vs. 22. O julgamento de Deus contra Zedequias e Jerusalém seria tão grande que seria usado como o padrão do que uma pessoa amaldiçoada experimentaria no fogo. Um método babilônico de execução (veja Dn 3.6).
Eram tão terríveis e malignos que insensatamente – vs. 23 - se prostituiam e depois diziam que eram do Senhor e profetizavam.
Jeremias se opõe abertamente a esse falso profeta – vs. 24, Semaías, o neelamita -  que estava no meio dos exilados. Ele fez semelhantemente a Jeremias cartas em seu próprio nome ao povo que estava em Jerusalém, como também a Sofonias, filho de Maaséias, o sacerdote, e a todos os sacerdotes dizendo que ele tinha sido colocado no lugar de Jeoiada, o sacerdote, para ser o encarregado da casa do Senhor e que, portanto, deveria ter lançado em prisão e no tronco o profeta Jeremias, o anatotita, que falara do exílio que haveria de durar muito. Durariam os setenta anos especificados em 25.11-12; 29.10 e que, portanto, era para edificarem casas e plantarem pomares. Semaías cita a carta de Jeremias (vs. 5).
Jr 29:1 Ora, são estas as palavras da carta que Jeremias, o profeta,
                enviou de Jerusalém, aos que restavam dos anciãos do cativeiro,
                               como também aos sacerdotes, e aos profetas, e a todo o povo,
                                               que Nabucodonosor levara cativos de Jerusalém
                                                               para Babilônia,
                Jr 29:2 depois de terem saído de Jerusalém o rei Jeconias,
                               e a rainha-mãe, e os eunucos, e os príncipes de Judá
                                               e Jerusalém e os artífices e os ferreiros.
                Jr 29:3 Veio por mão de Elasa, filho de Safã, e de Gemarias,
                               filho de Hilquias, os quais Zedequias, rei de Judá,
                                               enviou a Babilônia, a Nabucodonosor,
                                               rei de Babilônia; eis as palavras da carta:
Jr 29:4 Assim diz o Senhor dos exércitos,
                o Deus de Israel, a todos os do cativeiro,
                               que eu fiz levar cativos de Jerusalém para Babilônia:
                Jr 29:5 Edificai casas e habitai-as;
                               plantai jardins,
                                               e comei o seu fruto.
                Jr 29:6 Tomai mulheres e gerai filhos e filhas;
                               também tomai mulheres para vossos filhos,
                                               e dai vossas filhas a maridos,
                                                               para que tenham filhos e filhas;
                                               assim multiplicai-vos ali, e não vos diminuais.
                Jr 29:7 E procurai a paz da cidade,
                               para a qual fiz que fôsseis levados cativos,
                                               e orai por ela ao Senhor:
                                                               porque na sua paz vós tereis paz.
Jr 29:8 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
                Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós,
                               nem os vossos adivinhadores;
                               nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhais;
                Jr 29:9 porque eles vos profetizam falsamente em meu nome;
                                não os enviei, diz o Senhor.
Jr 29:10 Porque assim diz o Senhor:
                Certamente que passados setenta anos em Babilônia,
                               eu vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra,
                                               tornando a trazer-vos a este lugar.
                Jr 29:11 Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós,
                               diz o Senhor; planos de paz, e não de mal,
                                               para vos dar um futuro e uma esperança.
                Jr 29:12 Então me invocareis, e ireis e orareis a mim,
                               e eu vos ouvirei.
                Jr 29:13 Buscar-me-eis, e me achareis,
                               quando me buscardes de todo o vosso coração.
                Jr 29:14 E serei achado de vós, diz o Senhor,
                               e farei voltar os vossos cativos,
                                               e congregarvos-ei de todas as nações,
                                                               e de todos os lugares para onde vos lancei,
                                                                              diz o Senhor;
                               e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei.
                Jr 29:15 Porque dizeis:
                               O Senhor nos levantou profetas em Babilônia;
                Jr 29:16 portanto assim diz o Senhor a respeito do rei
                               que se assenta no trono de Davi, e de todo o povo que habita
                                               nesta cidade, vossos irmãos,
                                                               que não saíram convosco para o cativeiro;
                               Jr 29:17 assim diz o Senhor dos exércitos:
                                               Eis que enviarei entre eles a espada, a fome e a peste
                                                               e fá-los-ei como a figos péssimos,
                                                               que não se podem comer, de ruins que são.
                Jr 29:18 E persegui-los-ei com a espada, com a fome e com a peste;
                               farei que sejam um espetáculo de terror para todos
                                               os reinos da terra, e para serem um motivo
                                               de execração, de espanto, de assobio, e de opróbrio
                                               entre todas as nações para onde os tiver lançado,
                Jr 29:19 porque não deram ouvidos às minhas palavras, diz o Senhor,
                               as quais lhes enviei com insistência pelos meus servos,
                                               os profetas; mas vós não escutastes, diz o Senhor.
                Jr 29:20 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, vós todos os do cativeiro
                               que enviei de Jerusalém para Babilônia.
                Jr 29:21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel,
                               acerca de Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias,
                                               filho de Maaséias, que vos profetizam falsamente
                                                               em meu nome:
                               Eis que os entregarei na mão de Nabucodonosor,
                                               rei de Babilônia, e ele os matará diante
                                                               dos vossos olhos.
                Jr 29:22 E por causa deles será formulada uma maldição
                               por todos os exilados de Judá que estão em Babilônia,                          
                                               dizendo:
                               O Senhor te faça como a Zedequias,
                               e como a Acabe, os quais o rei de Babilônia assou no fogo;
                Jr 29:23 porque fizeram insensatez em Israel,
                               cometendo adultério com as mulheres de seus próximos,
                                               e anunciando falsamente em meu nome palavras que
                                                               não lhes mandei.
                                               Eu o sei, e sou testemunha disso, diz o Senhor.
                Jr 29:24 E a Semaías, o neelamita, falarás, dizendo:
                               Jr 29:25 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
                               Porquanto enviaste em teu próprio nome cartas a todo o povo
                                               que está em Jerusalém, como também a Sofonias,
                                                               filho de Maaséias, o sacerdote,
                                                                              e a todos os sacerdotes, dizendo:
                Jr 29:26 O Senhor te pôs por sacerdote em lugar de Jeoiada,
                               o sacerdote, para que fosses encarregado da casa do Senhor,
                                               sobre todo homem obsesso que profetiza,
                                                               para o lançares na prisão e no tronco;
                Jr 29:27 agora, pois, por que não repreendeste a Jeremias,
                               o anatotita, que vos profetiza?
                Jr 29:28 Pois que até nos mandou dizer em Babilônia:
                               O cativeiro muito há de durar; edificai casas, e habitai-as;
                                               e plantai jardins, e comei do seu fruto.
                Jr 29:29:29 E lera Sofonias, o sacerdote,
                               esta carta aos ouvidos de Jeremias, o profeta.
                Jr 29:30 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
                               Jr 29:31 Manda a todos os do cativeiro, dizendo:
                                               Assim diz o Senhor acerca de Semaías, o neelamita:
                                                               Porquanto Semaías vos profetizou,
                                                                              quando eu não o enviei,
                                                                              e vos fez confiar numa mentira,
                Jr 29:32 portanto assim diz o Senhor:
                               Eis que castigarei a Semaías, o neelamita,
                                               e a sua descendência; ele não terá varão que habite
                                               entre este povo, nem verá ele o bem que hei de fazer
                                                               ao meu povo, diz o Senhor, porque pregou
                                                                              rebelião contra o Senhor.
No verso 29, temos que Sofonias, o sacerdote, leu esta carta aos ouvidos de Jeremias, o profeta, mas ai vem a palavra do Senhor para Jeremias repreendendo veementemente a Semaías como tendo sido falso profeta e feito com que lhe dessem crédito, o que não teria o Senhor pedido isso.
Comparando-se as ameaças feitas a Semaías com as feitas a Hananias (28.15-16), veremos que terrível coisa é pregar rebelião contra o Senhor. Ele não veria o bem que o Senhor haveria de fazer. Uma justiça irônica para quem anunciou o "bem" de maneira precipitada e sem conhecer a mente do Senhor.
As Escrituras como revelação: A Bíblia é a Palavra de Deus?
A teologia reformada enfatiza que Deus é transcendente sobre a sua criação. Sua transcendência cria uma distância tal entre ele e a humanidade que só podemos conhecer a Deus se ele condescender em se revelar a nós, o que ele faz de várias maneiras, tanto mediante os aspectos típicos da criação (revelação geral) quanto por meio de interações providenciais com o seu povo como seus profetas e apóstolos investidos de autoridade que escreveram as Escrituras (revelação especial). A teologia reformada procura fundamentar-se inteiramente na revelação que Deus fez de si mesmo, e não em especulações humanas acerca de Deus, e confia somente nas Escrituras como o único padrão infalível pelo qual toda revelação deve ser julgada.
Outros livros, especialmente textos antigos associados a Israel, são de grande valor para os cristãos. Ainda assim, desde o seu início, a teologia reformada aceitou os sessenta e seis livros da Bíblia como único registro, interpretação e explicação absolutamente inquestionável da autorrevelação de Deus. Logo, chamamos esse conjunto de livros que constituem a Bíblia de cânon (que significa "medida" ou "padrão").
Num sentido, as Escrituras são o testemunho fiel de pes-soas piedosas acerca do Deus que amaram e serviram. Num outro sentido, porém, são a revelação que o próprio Deus fez de si mesmo mediante a inspiração do Espírito Santo (2Tm 3.16). A igreja chama esses escritos de Palavra de Deus porque, em última análise, o seu autor é o próprio Deus.
A crença na revelação divina na forma escrita já existia nas práticas de sacerdotes do antigo Oriente Próximo que registravam as palavras dos deuses por escrito. Em Israel, a revelação escrita teve início, se não antes, na ocasião em que Deus gravou os Dez Mandamentos em tábuas de pedra e inspirou Moisés a escrever as leis e a história dos cinco pri-meiros livros da Bíblia (Êx 32.15-16; 34.1,27-28; Nm 33.2; Dt 31.9).
A verdadeira devoção em Israel sempre teve como elemento central a prática da revelação escrita na vida diária, tanto para líderes quanto para o povo em geral (Js 1.7-8; 2Rs 17.13; 22.8-13, 1Cr 22.12-13, Ne 8; SI 119). Esse mesmo princípio de que a vida toda deve ser governada pelas Escrituras norteia o Cristianismo de hoje.
Os cristãos acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus por vários motivos (CFW 1.5). Uma corroboração essencial para essa afirmação é o testemunho de Cristo e de seus apóstolos. Nosso conhecimento acerca de Cristo e seus apóstolos é proveniente da Bíblia, mas eles também deram testemunho da autoridade das Escrituras. Jesus considera-va a Bíblia de sua época (correspondente ao nosso Antigo Testamento) a instrução escrita de seu Pai celestial que ele devia obedecer (Mt 4.4,7,10; 5.17-20; 19.4-6; 26.31,52-54; Lc 4.16-21; 16.17; 18.31-33, 22 37; 24.25-27,45-47; Jo 10.35) e cumprir (Mt 26.24; Jo 5.46). Paulo descreve o Antigo Testamento como sendo inteiramente "inspirado por Deus" e escrito com o propósito de ensinar a fé cristã (2Tm 3.15-17; veja também Rm 15 4; 1Co 10.11). Pedro afirma a origem dos ensinamentos bíblicos em 1 Pe 1 .1 0-1 2 e 2Pe 1.21, e o escritor de Hebreus cita o Antigo Testamento de maneiras que evidenciam a sua autoridade (Hb 1.5-13; 3.7; 4.3; 10.5-7,15-17; cf. At 4.25; 28.25-27).
Uma vez que o ensino dos apóstolos a respeito de Cristo é a verdade revelada (1 Co 2.12-13), a igreja está cor-reta ao considerar que os ensinamentos apostólicos reuni-dos no Antigo Testamento completam as Escrituras. Pedro coloca as epístolas de Paulo no mesmo nível que o restante das Escrituras (2Pe 3.15-16) e Paulo cita o Evangelho de Lucas como parte das Escrituras em 1 Tm 5.18 (Lc 10.7).
As palavras das Escrituras são palavras de Deus. Assim, todo o seu conteúdo variado — histórias, profecias, poe-mas, cânticos, textos sapienciais, sermões, estatísticas, epís-tolas, etc. — deve ser recebido como sendo proveniente de Deus e tudo o que os escritores bíblicos ensinaram deve ser reverenciado como instrução que tem autoridade divina. Essa convicção é o foco da doutrina reformada Sola Scriptura (Somente as Escrituras), a crença de que a Bíblia é a única revelação absoluta, inquestionável e com autoridade para o povo de Deus Os cristãos devem ser gratos a Deus pela dádiva de sua Palavra escrita e atentar para a impor ância de basear a sua fé e a sua vida nessa verdade.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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