A Causa
Há, porém, algo mais real e importante a considerar que, na minha avaliação é a causa maior de tudo.
Após acurada análise bíblica e das circunstâncias que envolvem o problema, nos deparamos com uma conclusão surpreendente para esse intrincado sentimento antijudeu. Cabe-me, portanto, compartilhar o que creio ser o verdadeiro motivo dessa emaranhada história milenar.
Se não, vejamos:
Exemplos na História
Examinando um pouco a história judaica - ela está repleta de relatos de investidas contra esse povo - vamos conseguir distinguir com razoável evidência essa realidade.
* No livro de Ester capítulo 3, versículo 6, lemos a narrativa do ódio gratuito de Hamã contra Mordecai a ponto de desejar matá-lo, pelo simples fato deste não reverenciá-lo. Nada obstante, quando ficou sabendo que Mordecai era judeu, não se contentou apenas em eliminá-lo, mas arquitetou um plano para exterminar toda sua raça. Fica claro que a ação para liquidar os judeus era totalmente sem motivo; apenas porque eram judeus;
* Vários reinos e nações tudo fizeram para exterminar os Israelitas, tais como: os Moabitas, os Amonitas e os Edomitas. Estes últimos, quando da invasão e destruição de Jerusalém pelos exércitos do rei Nabucodonosor (ver Salmo 137.7);
* Nos séculos anteriores à Primeira Guerra Mundial na Europa, em várias ocasiões, os judeus, foram alvos de perseguições e massacres. Um exemplo foi a conhecida noite dos cristais. Naquela época, eram obrigados a portar símbolos que identificassem sua condição de judeus, com a finalidade de indicar alvos de investidas racistas e atrocidades;
Esses são apenas alguns dentre os inúmeros casos de investidas contra os judeus no decorrer da história antiga e contemporânea. As desculpas são as mais inconsistentes e as razões alegadas são falsas e desqualificadas. Os sentimentos e motivos não se justificam, até porque, ninguém tem o direito de desfazer da vida de quem quer que seja.
O verdadeiro motivo, entretanto, fica bem claro: os judeus foram o povo escolhido por Deus para trazer a redenção à humanidade; eles foram o instrumento usado por Iavé para revelar o seu amor ao mundo perdido.
Como foi dito acima, a perseguição aos judeus não teve início na segunda guerra mundial, através de Goebels, o ministro da propaganda de Hitler. Ela está íntima e diretamente relacionada com a divulgação do propósito de Deus de enviar Jesus ao mundo. E nessa linha, todos os que falaram (em especial os profetas) e, de alguma forma, tocaram no assunto, foram alvos das investidas de satanás, pelos mais diversos meios por ele controlados.
E isto vem desde o princípio através da história do homem e do papel que os judeus desempenhariam no contexto mundial, como nação escolhida por Deus para a redenção da humanidade.
Não é intenção aqui de desculpar os judeus pelos seus erros cometidos nos séculos passados, mas de alertar acerca da exacerbação de sentimentos antijudaicos , que podem levar à ruína aqueles que se levantarem contra os instrumentos escolhidos por Deus. Só a ele cabe o julgamento. A ninguém mais.
Dessa forma, entendo que para cumprir o desígnio de Deus, os judeus haveriam de pagar o alto preço de ser o canal através do qual o evangelho haveria de alcançar toda a raça humana.
Como rejeitar aqueles a quem Deus ama e escolheu para beneficiar o mundo inteiro? A história dos judeus está patente aos olhos de Deus.
Uma coisa deve ficar bem clara: o amor de Jesus, que foi demonstrado pelo sacrifício de si próprio na cruz, com o propósito de salvar os seres humanos pela sua graça mediante a fé nele, esse mesmo amor é que tem preservado os judeus durante séculos, para cumprir os seus desígnios e trazer a redenção da humanidade.
O que tem sido dito até aqui não é uma defesa emocionada dos Israelitas, tampouco tem o propósito de ignorar o que eles fizeram de errado, mas trata-se de colocar as coisas no seu devido lugar e não tomar parte no juízo de Deus sobre os judeus. E aqui não cabe julgar a culpabilidade de Israel que justifica os ataques por ele recebidos.
O castigo de Deus a Israel é algo de exclusiva competência de Deus, no qual não cabe qualquer intromissão. Até mesmo para não suceder a alguém o que aconteceu a outras nações que receberam o merecido castigo pelo que fizerem a Israel. Quem deve lhe pedir contas pela sua desobediência é Deus e não nós. Os antigos inimigos de Israel praticamente já não existem. A grande maioria foi reduzida à nada.
Alguém pode ter a tendência de pensar e agir, mais ou menos dessa forma: - se Israel sempre desobedeceu a Deus, não quis andar nos seus caminhos e até rejeitou o seu Messias (Jesus), a ponto de ele levantar várias nações antigas para castigá-lo, devemos então também desprezá-lo, rejeitá-lo e odiá-lo.
No entanto, é preciso lembrar que, os povos que foram utilizados por Deus para castigar Israel, esses mesmos povos foram alvos do juízo de Deus pois, no papel de serem instrumentos de Deus para punir Israel, tiveram prazer em suas ações e, excedendo-se no castigo, ultrapassavam os limites desejando ver Israel destruído.
Em nenhum momento pode ser esquecido que Deus é o Pai de Israel e, como tal, seus castigos a Israel visam à sua restauração e não à sua destruição. É preciso que aqueles que dizem ser cristãos e professam o nome de Deus considerem e se conscientizem de algo que deve ficar bastante claro: Israel é um povo que possui uma aliança eterna com Deus e essa aliança jamais será quebrada.
É necessário serem considerados os propósitos de Deus com Israel. Apesar de seus erros, devemos amar os judeus e opor-nos a qualquer tipo de ressentimento e amargura contra eles.
E aqui cabe a frase de um autor desconhecido:
"Estranho que Deus escolheu o judeu; Mas muito mais estranho que,
Deus é o Juiz
Na verdade, eu creio que os julgamentos divinos que caíram sobre a nação de Israel são justos do ponto de vista de Deus. Não nos compete julgar aquilo que Deus reserva como prerrogativa sua.
Os judeus, por assim dizer, já sentiram na pele as consequências de algumas de suas irreflexões, como as que estão registradas nos evangelhos, tendo sido a rejeição de Jesus a principal delas.
Porém isso não dá a ninguém o direito de odiá-los.
No discurso de Pedro, narrado no capítulo 4 do livro de Atos, o apóstolo menciona que Herodes, Pôncio Pilatos, gentios e os povos de Israel se ajuntaram contra Jesus para fazerem tudo que já havia sido predeterminado por Deus.
Dessa forma, a atitude dos judeus para eliminarem o Autor da vida constituiu:
Em decorrência disso, receberam tudo que lhes aconteceu e ainda acontece atualmente. Por tão triste e infeliz decisão que tiveram em rejeitar Jesus o Príncipe da paz, atraíram sobre si consequências gravíssimas que seus atos mereceram.
Em uma das viagens que fiz ao Oriente Médio com uma caravana, após vermos na cidade do Cairo, no Egito, centenas de adultos e crianças maltrapilhas e famintas, em condições subumanas e miseráveis, vivendo em um antigo cemitério, um pastor que comigo viajava fez o seguinte comentário: “isso é bom, para pagar o que eles fizeram com os Israelitas”.
Essa atitude reprovável contra os egípcios envolvia vidas inocentes, seres humanos que nada têm a ver com a maldade do antigo Faraó e de seus antepassados. Não precisamos, não devemos e nem podemos acolher tão irracional atitude pró judaica, a ponto de nos alegrarmos com o infortúnio com o qual foram acometidas vidas humanas.
Dessa mesma forma, deparamos, também, com posições antijudaicas loucas e inflamadas pelo ódio.
A nós cabe, tão somente, deixar Deus agir livremente sem querermos interferir em seus atos soberanos. Mesmo porque toda a humanidade é culpada pela morte de Jesus e não somente os judeus.
Isso apenas faz parte de um julgamento temporário dos israelitas da parte do próprio Deus.
Entretanto, somente ele pode fazer esse juízo porque é justo, sabe o que faz e diz respeito apenas a ele, pois os pecados dos judeus foram direcionados e afetaram ao próprio Deus e a nós não foi dada a autoridade de julgar, principalmente usando as armas do ódio e da vingança.
Apesar de todos os seus erros, nunca, nenhuma nação ou povo fez coisas boas e úteis tão grandiosas e estupendas como fez a nação de Israel. Não se pode olvidar que o mundo inteiro foi extremamente favorecido pelos judeus e a eles deve muitíssimo.
Além disso, uma coisa importante que devemos considerar é que os judeus são monoteístas e, para defender a Deus e a sua fé no Único Deus a quem professam, estão dispostos a perderem as suas próprias vidas, coisa que alguns de nós cristãos tememos até em falar.
Será que estamos conscientes de que Israel foi constituído como nação sacerdotal, com o propósito de trazer a redenção para a humanidade? Como desprezar e até odiar um povo que o próprio Deus ama?
Israel é chamado por Deus como “a menina de seus olhos”. Eis mais alguns tratamentos carinhosos de Deus para com Israel: “Bichinho de Jacó”; “Povozinho de Israel”; “Minha Herança”.
Um dos nomes de Deus, pelo qual ele se autodenomina e se tornou conhecido, é: O Deus de Israel. Revelou-se como o Deus de Abraão; o Deus de Isaque; O Deus de Jacó - patriarcas judeus -, e, ainda, o Poderoso de Jacó.
Aqueles, pois, que pensam em algo como a aniquilação dos judeus, devem se lembrar que um judeu, Jesus, dentro em breve governará a terra. E não somente a terra mas todo o universo, e isso de forma plena e em todos os aspectos.
E mais: ao assumir o governo, procederá a um julgamento dos homens e de todos os poderes naturais e sobrenaturais e determinará a recompensa ou a sentença justa e merecida por cada um. É importante dar aos judeus a mesma consideração que Deus dá.
Nada mais é necessário além disso!
Benfeitores
Como indivíduos, os judeus que recebem Jesus como Salvador foram no início da era cristã, continuam sendo agora e sempre serão parte da igreja de Cristo.
A obra missionária mundial foi iniciada pelos judeus. Aliás, Edith Schaeffer, esposa de Francis Schaeffer, em seu livro O Cristianismo é Judaico, tece alguns comentários lembrando as origens do Cristianismo.
Prova disso é que a quase totalidade das manifestações de Deus à igreja e ao mundo, a Revelação Geral e a Revelação Específica, tanto de sua pessoa como de suas obras, decretos e propósitos, foi feita através dos judeus, na qualidade de historiadores, profetas, reis, pescadores, estadistas, homens do campo, legisladores, nobres, juízes, sacerdotes, etc.
Secularmente, o código judaico, que muito subsidiou e sobremaneira influenciou o Direito Romano e a filosofia de quase todos os povos em todos os continentes, foi retirado do decálogo e da jurisprudência da lei mosaica.
Dessa forma, povos de todo mundo possuem uma enorme e impagável dívida de gratidão para com o povo judeu pela sua contribuição que deram.
Grandes cientistas e estadistas judeus beneficiaram a humanidade, tais como Albert Einstein; Albert Sabin; Elie Wiesel – Nobel da Paz 1986; Gustav Mahler – maestro regente; Henry Kissinger – Secretário de Estado; Isaac Asimov – escritor; George Gershwim – Compositor; Benjamin Disraeli - conde de Beaconsfield (1804-1881), escritor e primeiro-ministro britânico; Isaac Bashevis Singer – escritor e Nobel de literatura 1978; Maimônides – pensador; Marc Chagall - pintor, desenhista, gravador e vitralista; Marcel Proust – apontado como o maior – e mais influente – escritor do século XX; Steven Spilberg – cineasta; Arnaldo Niskier - jornalista, professor, educador, administrador, ensaísta, orador, diretor de empresas, e secretário de ciência e tecnologia. Além desses, há um grande elenco no mundo das artes, da ciência, da literatura, etc.
Outro fator de grande importância no povo judeu é que, por desinformação ou má compreensão da história dos hebreus, muitos desconhecem os efeitos das orações feitas por aqueles que possuem maior zelo pela fé judaica. Se alguém pensa que Deus não está ouvindo a oração dos judeus, necessita de maior intimidade com a Bíblia, a fim de compreender os planos de Deus para aquele povo.
As orações dos judeus realizadas no Muro das Lamentações, em Jerusalém, sem dúvida alguma, são ouvidas por Deus e serão por ele respondidas na ocasião oportuna.
E virá, de fato, quando Jesus se revelar a eles e, então, dirão: ”ele é a nossa paz”; e ”bendito o que vem em nome do Senhor” – Isaías 54.7-10, 13; Mt 23.39; Lc 19.42-44.
Acredito que se houver melhor entendimento dos propósitos de Deus para os judeus e das sinceras orações que continuamente realizam, certamente a fé dos israelitas será alvo das intercessões de todos os cristãos.
Não me restam dúvidas de que Deus ouve as suas orações e, um dia terão resposta, cujos resultados deverão trazer a paz tão almejada e sonhada pelos remanescentes de Israel.
Os fatos negativos, perseguições e a dispersão dos judeus, em parte, foram motivados pelas falhas deles em entender, na sua plenitude, os propósitos de Deus. Isso, entretanto, não significa que Deus os rejeitou para sempre. Pelo contrário, usou-os com poder e graça, e, mesmo a despeito de não serem seu instrumento como nação, muitos deles honraram o seu Deus, Iavé.
Queiramos ou não, a função dos judeus na transmissão da mensagem de Deus é indiscutível. Somos gratos aos judeus por haverem sido eles o elo entre Deus e nós. Nossa dívida de gratidão para com os judeus é de inestimável preço, como de um filho ao seu pai.
Na Teologia Paulina, os gentios são zambujeiros, espécie de oliveira brava, enxertados nos ramos naturais, que são os judeus. E a observação do apóstolo é para que não haja nenhuma atitude de vanglória dos gentios sobre os judeus, pois são eles que sustentam os gentios e não o contrário.
A visão escatológica do profeta Zacarias dá conta de que, em um futuro breve, as nações que desejarem buscar o favor do Senhor deverão recorrer à intermediação dos judeus - Zc 8.20-23.
Conclusão
Finalmente, não podemos esquecer de que Israel é a menina dos olhos de Deus - Zc 2.8 8.23. “Se sua rejeição foi salvação dos gentios, que não será da sua restauração senão salvação mais plena?” - Rm 11.15.
*Jesus Cristo: divinamente, é o Deus Eterno; humanamente, é um judeu.
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.