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domingo, 29 de março de 2015

Lamentações 4:1-22 - OS SOFRIMENTOS DO CERCO.

Como já dissemos, estamos refletindo no livro de Lamentações que se propõe a expressar e orientar outros em seus lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônicos. Agora veremos o quarto capítulo.
IV. O PRESENTE E O FUTURO DE SIÃO.
Neste penúltimo capítulo, veremos o poeta expressando a Deus o apelo desesperado de Judá por livramento. Esse poema apresenta o mais vívido retrato do livro de Lamentações sobre as agonias de Judá, mas também assegura que a devastação terá um fim.
O capítulo começa falando do ouro de que era puríssimo e que agora estava se escurecendo. Uma referência aos metais, às pedras preciosas e ao rico mobiliário do templo de Salomão, agora destruídos por Nabucodonosor (2Rs 25.9).
Eram os filhos de Sião que eram comparáveis ao ouro puríssimo. O símbolo do ouro é rapidamente transferido para o povo, que era infinitamente mais valioso do que as riquezas do templo. Como "propriedade peculiar" (Ex 19.5), eles eram extremamente preciosos, mas foram tratados como comuns e insignificantes.
Até certos animais, como os chacais e avestruzes, proverbialmente conhecidos pelo descuido para com os filhotes (Jó 39.16) estavam cuidando melhor de seus filhotes do que a filha do seu povo. O tratamento áspero dos filhos por parte dos pais é um tema do capítulo (cf. v. 10), como eco de 2.20, onde as mulheres comem seus próprios filhos por causa da grande fome e desespero.
Os profetas haviam previsto que os ricos e criados de maneira refinada, cairiam repentinamente numa desesperada situação de privação e perigo (Jr. 6.2; Am 4.1-3; 6.1).
Depois de comparados com aqueles animais descuidados com seus filhotes que no entanto cuidavam melhor deles do que a filha de Sião de seus filhos, ele agora estende essa comparação, ou amplia ela, para falar que maior era a sua maldade - a palavra hebraica pode ser traduzida como "punição" ou "maldade", de acordo com o contexto, porque as duas ideias apresentam uma ligação de causalidade – do que a maldade que se praticava à época em Sodoma e Gomorra.
Nesse capítulo, a conexão é forte, uma vez que o extremo sofrimento de Judá é ligado ao seu pecado de modo inquebrantável. A comparação de Jerusalém com Sodoma é notável em razão de seus comparáveis pecado e sentenças decorrentes do julgamento (veja Is 1 .10; cf. a comparação da cidade israelita de Gibeá com Sodoma e Gomorra em Jz 19.22-30.
A impressão que temos nos versos 7 e 8 são de que as descrições físicas desses nobres eram excepcionais, no entanto, agora, devido ao cerco e a fome reinante, a sua aparência perdeu a sua formosura e a sua pele, antes alva e brilhosa, agora se apegava aos ossos de forma que os mortos à espada pareciam mais felizes do que os que estavam sendo atingidos pela fome.
A morte por inanição não era um modo de julgamento instantâneo e sumário, mas de dor prolongada e uma violação da dignidade humana. Era antinatural a maldição de Deus no seu aspecto mais inflexível e duro.
Que tamanha fome era aquela e que tanto despudor se encontrava ali de forma que as mãos das mulheres compassivas era que cozia os seus filhos, imaginem as mãos da mulher não compassiva, da violenta, da ignorante ou de qualquer outra?
O foco volta para a ira de Deus – vs. 11; a explicação, até mesmo para estes males, encontra-se no pecado de Judá.
O verso 12 era possivelmente uma referência à invencibilidade assumida de Sião, reforçada pelo dramático fracasso dos assírios em conquistar a cidade, depois da vitória de Senaqueribe sobre o resto de Judá em 701 a.C. (2Rs 18.13-19.37). Parecia ser algo incabível e impensável que alguém pudesse derrotar Jerusalém por causa de ser ela a capital onde estava o templo do Senhor e nele habitava o Criador.
A explicação do que se sucedia e a causa de sua derrota está clara no verso 13. Por causa do pecado dos seus profetas e das iniquidades dos seus sacerdotes, que derramaram no meio dela o sangue dos justos. O povo, como já explicamos, tinha os profetas que desejavam e não os que precisava por simplesmente rejeitarem ao Senhor.
Os sacerdotes eram os que vagueavam como cegos pelas ruas - vs.14 Eram como cegos nas ruas - Dt 28.28-29 - contaminados com o sangue inocente. Isso é uma referência ao assassinato e ao tornar a cidade impura. Em outros lugares, a frase se refere ao sangue da vítima nas mãos do assassino - Is 59.3. Ironicamente, nesse versículo, o sangue que contamina os cegos é o sangue dos compatriotas mortos.
Eles saiam gritando para se desviarem e que eram imundos e que não podiam ser tocados – vs. 15; Lv 13.45. No entanto, quando fugiram, se cumpriu a maldição de Dt 28.65-66. Foi de fato a ira do Senhor que os espalhou – vs. 16.
Israel e Judá caracteristicamente procuraram auxílio em alianças políticas ao invés de procurá-lo no Senhor – vs. 17; Is 7; 30.1-5; Jr 24.
Eles estavam sendo observados de maneira que não podiam nem andarem pelas ruas. Era o sinal claro de que o fim deles se aproximava veloz. Os seus perseguidores – vs. 19 - eram mais ligeiros que as aves do céu - Jr 4.13. Eram perseguidos sobre os montes e no deserto, lhes esperavam ciladas.
Havia neles uma esperança posta no rei o qual era considerado o seu fôlego, o ungido do Senhor. Uma referência ao último rei davídico, Zedequias, que havia sido deportado de Judá por Nabucodonosor (2Rs 25.7), de sorte que nenhum rei dessa linhagem estava reinando na ocasião em que esse poema foi escrito.
Entretanto, as reformas anteriores de Josias (2Rs 22-23) conquanto religiosas, haviam assegurado a independência de Judá e pareciam confirmar as antigas promessas de Deus a Davi (2Sm 7), deixando a esperança de que um dia Deus restauraria a dinastia davídica, especificamente por meio do justo Renovo de Davi (Jr 23.5-8).
Lm 4:1 Como se escureceu o ouro!
como se mudou o ouro puríssimo!
como estão espalhadas as pedras do santuário
pelas esquinas de todas as ruas!
Lm 4:2 Os preciosos filhos de Sião, comparáveis a ouro puro,
como são agora reputados por vasos de barro,
obra das mãos de oleiro!
Lm 4:3 Até os chacais abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos;
mas a filha do meu povo tornou-se cruel
como os avestruzes no deserto.
Lm 4:4 A língua do que mama fica pegada pela sede ao seu paladar;
os meninos pedem pão, e ninguém lho reparte.
Lm 4:5 Os que comiam iguarias delicadas desfalecem nas ruas;
os que se criavam em escarlata abraçam monturos.
Lm 4:6 Pois maior é a iniqüidade da filha do meu povo
do que o pecado de Sodoma, a qual foi subvertida
como num momento, sem que mão alguma lhe tocasse.
Lm 4:7 Os seus nobres eram mais alvos do que a neve,
mais brancos do que o leite,
eram mais ruivos de corpo do que o coral,
e a sua formosura era como a de safira.
Lm 4:8 Mas agora escureceu-se o seu parecer
mais do que o negrume; eles não são reconhecidos nas ruas;
a sua pele se lhes pegou aos ossos;
secou-se, tornou-se como um pau.
Lm 4:9 Os mortos à espada eram mais ditosos do que os mortos à fome,
pois estes se esgotavam, como traspassados,
por falta dos frutos dos campos.
Lm 4:10 As mãos das mulheres compassivas cozeram os próprios filhos;
estes lhes serviram de alimento na destruição
da filha do meu povo.
Lm 4:11 Deu o Senhor cumprimento ao seu furor,
derramou o ardor da sua ira; e acendeu um fogo em Sião,
que consumiu os seus fundamentos.
Lm 4:12 Não creram os reis da terra,
bem como nenhum dos moradores do mundo,
que adversário ou inimigo pudesse entrar
pelas portas de Jerusalém.
Lm 4:13 Isso foi por causa dos pecados dos seus profetas
e das iniqüidades dos seus sacerdotes,
que derramaram no meio dela o sangue dos justos.
Lm 4:14 Vagueiam como cegos pelas ruas;
andam contaminados de sangue, de tal sorte
que não se lhes pode tocar nas roupas.
Lm 4:15 Desviai-vos! imundo! gritavam-lhes;
desviai-vos, desviai-vos, não toqueis!
Quando fugiram, e andaram, vagueando,
dizia-se entre as nações:
Nunca mais morarão aqui.
Lm 4:16 A ira do Senhor os espalhou;
ele nunca mais tornará a olhar para eles;
não respeitaram a pessoa dos sacerdotes,
nem se compadeceram dos velhos.
Lm 4:17 Os nossos olhos desfaleciam,
esperando o nosso vão socorro.
em vigiando olhávamos para uma nação,
que não podia, livrai.
Lm 4:18 Espiaram os nossos passos,
de maneira que não podíamos andar pelas nossas ruas;
o nosso fim estava perto;
estavam contados os nossos dias,
porque era chegado o nosso fim.
Lm 4:19 Os nossos perseguidores foram mais ligeiros
do que as águias do céu;
sobre os montes nos perseguiram,
no deserto nos armaram ciladas.
Lm 4:20 O fôlego da nossa vida, o ungido do Senhor,
foi preso nas covas deles, o mesmo de quem dizíamos:
Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações.
Lm 4:21 Regozija-te, e alegra-te, ó filha de Edom,
que habitas na terra de Uz;
o cálice te passará a ti também;
embebedar-te-ás, e te descobrirás.
Lm 4:22 Já se cumpriu o castigo da tua iniqüidade, ó filha de Sião;
ele nunca mais te levará para o cativeiro;
ele visitará a tua iniqüidade, ó filha de Edom;
descobrirá os teus pecados.
A inimizade histórica entre Edom e Judá era escandalosa por causa de uma antiga afinidade de sangue, como já tivemos a oportunidade de ver (Edom era outro nome para Esaú, irmão de Jacó; Gn 25.30). Edom regozijou-se com a queda de Jerusalém, mas cairia também – vs. 21; Jr 49.7-22; Am 9.20.
O castigo da sua maldade já estava consumado – vs. 22. Em 3.22, a mesma palavra para "consumar" é traduzida como "consumidos". Por causa de sua misericórdia e compaixão, Deus poria um fim à punição do seu povo e o livraria. Esse, entretanto, não seria o caso com respeito a Edom (Is 40.2; Jr 49.7-22).
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.