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sábado, 20 de setembro de 2014

II Crônicas 1:1-17 - SALOMÃO - COMEÇO DE SEU REINADO EM ISRAEL

Terminamos o primeiro livro de Crônicas com a morte de Davi e começaremos agora o segundo livro de Crônicas, iniciando-se com o reinado de Salomão.
Nossas reflexões se encontram aqui, na Parte II – O REINO UNIDO – 9:35 a II CR 9:31.
B. O reinado de Salomão – II Cr 1:1 a 9:31.
Salomão aqui no primeiro capítulo é apresentado como o sucessor ideal de Davi. Por razões óbvias, o cronista omite as dificuldades de Salomão de ascender ao trono e a queda dele devido os seus casamentos mistos – I Re 11:1-40 – e descreve a extensão do seu reino sobre todo Israel e sua completa dedicação para com a construção do templo do Senhor – 2:1 a 8:16.
Veja que interessante a observação da BEG, sobre o quiasmo encontrado neste início: o registro  do reinado de Salomão forma um quiasmo amplo (A B C D D' C' B' A’), ou seja, um arranjo literário de declarações paralelas de fora para dentro, como mostram os pares de letras [p. ex., A e A', como aparece acima].
O padrão do reinado de Salomão é:
(A) A grande sabedoria e riqueza de Salomão (1:1-17).
(B) Assistência internacional (2:1-18).
(C) A construção e os móveis e utensílios do templo (3:1-5:1).
(D) A dedicação do templo (5:2-7:10).
(D') A resposta divina à dedicação (7:11-22).
(C') A conclusão da construção do templo (8:1-16).
(B') O reconhecimento internacional (8:1-9:21).
(A') A grande sabedoria e riqueza (9:22-28).
O cronista encerra com um relato sucinto da morte de Salomão (9:29-31).
Esta parte “B”, que irá até o capítulo 9, terá também nove partes, como o quiasmo acima, ao qual passaremos a seguir doravante.
(A) A grande sabedoria e riqueza de Salomão (1:1-17).
Neste capítulo primeiro veremos que Salomão oferece sacrifícios em Gibeão – 1:1-6, texto paralelo em I Re 3:3-4; que Salomão pede a Deus sabedoria – 1:7-13, texto paralelo em I Re 3:5-15; e, veremos as riquezas de Salomão – 1:14-17, texto paralelo em I Rs 10:26-29.
Ao dizer, logo no início, que Salomão se fortaleceu, o cronista está indicando ao povo do pós-exílio o sucesso que adviria depois das dificuldades (12:13; 13:1; 17:1; 21:4 ; 25:11;  27:6). Ele também reconhece que a ascensão de Salomão ao poder foi tumultuada, mas omite detalhes (1 Rs 2) a fim de idealizar Salomão. Deus estava com o rei e a sua ascensão foi o resultado da bênção soberana de Deus em cumprimento das esperanças de Davi (I Cr 22:11,16; 28:20).
O cronista incluiu esse pedido constante do verso 9 no qual Salomão pedia a Deus que se cumprisse a sua palavra, para ligar o reinado de Salomão a Davi. Salomão dependia inteiramente de Deus para desempenhar o seu papel como rei e assim reconheceu que a multiplicação de Israel era o cumprimento da promessa feita por Deus a Abraão (Gn 13:16; 22:17).
Para os leitores pós-exílio, essa recordação dava esperança de um repovoamento em grande escala da Terra Prometida de sua época (Ne 1:8-9; 8:7-8).
Irei aproveitar este momento, em especial, para citar um trecho de um livro meu que fala dessa questão da sabedoria de Salomão[1] – se você já conhece o texto pode passar para a segmentação do capítulo primeiro, abaixo:
A fim de falarmos dessa sabedoria e da vida desse homem interessante, façamos algumas contextualizações necessárias para melhor compreensão:

O nascimento de Salomão e sua ascensão ao reino:
1.      Os pais: Davi e Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o Heteu (2 Sm 11:3); filha de Amiel (I Cr 3:5) – foi enquanto os soldados de Israel lutavam contra os Amonitas é que Davi se envolveu com Bate-Seba ocasionando não somente o adultério como também o assassinato de Urias, o Heteu. Davi foi advertido por Natã e se arrependeu, mas isso não impediu o juízo de Deus: foram terríveis as consequências do pecado de Davi. Desse envolvimento nasceu um menino que por juízo divino faleceu (II Samuel 12:15-18). Depois, Davi tomou a Bate-Seba por esposa e buscava consolá-la (2Sm 12:24). Com ela teve quatro filhos, entre eles, Salomão, seu primogênito.
§  As instruções do Pai ao filho à semelhança da instrução de Deus a Josué – Js 1: 6 e 7: duas ordens: primeira, a adesão, manutenção e cumprimento do mandato espiritual; segunda, a construção do templo ao Senhor.
1 E aproximaram-se os dias da morte de Davi; e deu ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo: 2  Eu vou pelo caminho de toda a terra; esforça-te, pois, e sê homem. 3  E guarda a ordenança do SENHOR teu Deus, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que fores. 4  Para que o SENHOR confirme a palavra, que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará sucessor ao trono de Israel.” (I Re 2:1-4)
§  Amor ao povo de Deus versus sua ascensão/prosperidade – I Cr 14:2 “2  Reconheceu Davi que o SENHOR o confirmara rei sobre Israel; porque, por amor do seu povo de Israel, o seu reino se tinha exaltado muito.
Davi ensinou ao seu filho que o povo de Deus era especial e que deveria ser amado e cuidado com respeito, carinho e dedicação. O pai certamente incutiu no filho e o filho aprendeu do pai, pelo seu exemplo, que estava diante de um povo especial.
§  A mãe, Bate-Seba aparece na genealogia de Jesus Cristo em Mt 1:6. Seu nome significa filha do juramento ou sétima filha. Com certeza, Bate-Seba deve ter instruído seu filho e dado a ele, educação, respeito, carinho e muito amor.
2.      O nome escolhido pelos pais e o seu significado – seu nome tanto pode significar consolo devido a morte do primeiro filho, como paz, significando a restauração do relacionamento de Davi com Deus. Estão presentes em seu nome as ideias de paz, integridade, totalidade e perfeição como que apontando o Espírito Santo para o Príncipe da Paz, o Filho de Davi, o Senhor (Is 9:6).
3.      O nome escolhido por Natã e o seu significado “Então, Davi veio a Bate-Seba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela um filho a quem Davi deu o nome de Salomão; e o SENHOR o amou. Davi o entregou nas mãos do profeta Natã, e este lhe chamou Jedidias, por amor do SENHOR.” (2 Sm 12: 24,25). Jedidias significa o amado, porque o Senhor o amou.
4.      A escolha de Salomão como rei de Israel – Adonias, o irmão mais velho que estava vivo, tentou reivindicar para si o reinado de Israel, mas Davi que estava quase morrendo foi convencido por Bate-Seba e o profeta Natã a consagrarem Salomão como rei (I Reis 1:5-40). A sua coroação aconteceu sem pompa, sem planejamento, mas firmou-se e durou 40 anos.
1°.   A primeira aparição de Deus a Salomão
 A oferta de Deus: “Pede-me o que queres que eu te dê
§  Ocorreu em Gibeão: “temeu muito; porque Gibeão era cidade grande como uma das cidades reais e ainda maior do que Ai, e todos os seus homens eram valentes.” (Js 10:2). Foram os Gibeonitas que enganaram a Israel e com eles fizeram acordo sem consultarem ao Senhor (Js 9:3-7).
A cidade de Gibeão situa-se num morro de cerca de 60m acima das planícies circunvizinhas e próxima de Jerusalém, uns 9,5 Km. Era habitada pelos Heveus que era uma das 7 nações cananéias destinadas à destruição. (Dt 7:1, 2). Essa cidade ainda pertenceu ao território de Benjamim a qual foi designada aos sacerdotes araônicos (Js 18:25).
§  Ocorreu de noite – a hora é escolhida por Deus no momento que ele deseja.
§  Ocorreu em sonhos – poderia ser de outra forma, mas o Senhor preferiu falar-lhe em sonhos. Certamente que Salomão deveria estar angustiado e pesaroso, pois estava no início de seu reinado e ardia em seu coração o desejo de servir a Deus e ao povo de Deus.
2°.   A resposta de Salomão
  • Reconhecimento da benevolência de Deus para com seu pai, Davi
  • Reconhecimento da fidelidade, justiça e retidão de seu pai Davi
  • Reconhecimento de que o Senhor está sendo benevolente para com ele
  • Reconhecimento de que o desafio de reinar é muito grande e que não se sente capaz, sendo ainda muito criança
  • Reconhecimento de que está diante de um povo escolhido, grande, numeroso
  • Reconhecimento de que necessita executar a justiça e o juízo como rei e ai faz o seu pedido, um coração compreensivo:
-      Para julgar o “teu” povo
-      Para prudentemente discernir entre o bem e o mal
Obs.: Salomão não pediu a sabedoria como um fim em si mesmo.
3°.   A resposta de Deus
A sábia resposta de Salomão agradou ao Senhor. Se forçarmos um pouquinho entenderíamos que surpreendeu a Deus (óbvio que não, mas a ênfase é apenas para destacar o quanto ela foi boa). Analisando a resposta divina, vemos que Deus disse que:
  • Salomão não pediu: nem longevidade; nem riqueza; nem a morte de seus inimigos
  • Salomão pediu entendimento para discernir o que é justo (Obs.: repetindo, Salomão não pediu: sabedoria como um fim em si mesmo)
  • ... então Salomão receberá:
-      Coração sábio, inteligente e sem igual nem antes nem depois
-      Riquezas e glórias como nem um outro por todos os dias de sua vida
-      Prolongamento de seus dias (benção condicionada!) se:
Ø  Andar nos caminhos de Deus, como andou Davi
Ø  Guardar os estatutos de Deus, como andou Davi
Ø  Guardar os mandamentos de Deus, como andou Davi.
4°.   Aplicações
Deus ainda apareceu a Salomão mais duas vezes, uma atendendo a sua oração de dedicação do templo que ele se empenhou em construir ao Senhor, em obediência às ordens de seu pai Davi – I Re 9:2 e outra quando o Senhor o rejeitou – I Re 11:11. Todas elas serão vistas no seu devido tempo quando chegarmos aos respectivos capítulos.
Bem, a vida de Salomão também tem outras vieses que não exploraremos, no momento,  mas sabemos que Deus se indignou com ele ao final a ponto de levantar contra ele um inimigo, adversário, Hadade, edomita, que era da linhagem real de Edom (descendente de Esaú – Gn 36:43).
Por duas vezes + 1 lhe apareceu (I Re 11:9 e 11) e ainda assim, desviou-se indo após outros deuses por causa de suas muitas mulheres estrangeiras que o Senhor tinha advertido para que não se envolvesse, pois elas lhe perverteriam o seu coração.
O que aprendemos dessa lição – a oferta de Deus, o pedido de Salomão e a resposta de Deus - e como podemos aproveitá-la em nossas vidas e caminhada de fé nos dias atuais?
1°.         Que temos de estarmos preparados para responder a questão de Deus ... é de repente que acontece... poderá ser em Gibeão, a noite e em sonhos ou poderá ser agora mesmo no momento em que a palavra de Deus é ministrada ao seu coração: PEDE-ME O QUE QUERES QUE EU TE DÊ.
2°.         Que nossa resposta não pode visar a nossa necessidade, mas a do povo de Deus
a.       O povo precisava de justiça e de juízo;
b.      Salomão nada pediu para si mesmo;
c.       Jesus Cristo nos ensinou a orar o pai nosso e em nenhum momento vemos o individualismo, mas a preocupação com o grupo, com a família de Deus, com a coletividade, com o povo de Deus, reparem: nosso, nossas, teu, tua, a nós... o foco não é o “eu”, mas o “nós”.
3°.         Que temos de ter em nossas vidas e em nossas mentes uma atitude ou disposição mental que esteve em Salomão de
a.       reconhecimento da bondade de Deus
b.      reconhecimento da soberania de Deus
c.       reconhecimento da sabedoria de Deus
4°.         Que somos um povo de Deus
a.       Eleito
b.      Grande
c.       Numeroso
5°.         Que Deus atende a necessidade do povo – juízo e justiça e ainda as nossas necessidades, de forma maior do que pedimos, sonhamos ou imaginamos – riquezas, fama, sabedoria (Ef 3:20).
6°.         Que Deus se agrada quando deixamos o egoísmo e passamos a pensar na coletividade – ele amou a resposta de Salomão porque ele não foi egoísta.
7°.         Que precisamos de sabedoria do alto, isto é, que precisamos de Jesus Cristo, a nossa verdadeira sabedoria. Deus apareceu a Salomão, o filho de Davi e lhe disse que pedisse o que quisesse. Deus Pai também deu ao Filho de Davi, Jesus Cristo, todas as coisas porque o Filho de Deus deu a sua própria vida por causa de seu povo.
8°.         Que as minhas maiores necessidades serão saciadas pelo próprio Senhor quando eu também aprender a ter uma atitude e uma disposição não egoísta. “Ao que tem sem lhe dará para que tenha mais ainda, mas ao que não tem, até o que tem ser-lhe-á tirado” (Mt 25:29)
9°.         Que assim como Davi deu ao seu filho ordens, duas ordens, nós também recebemos do Senhor ordenanças, principalmente de evangelização:
18  E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. 19  Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20  Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28: 18-20).
II Cr 1:1 Salomão, filho de Davi, fortaleceu-se no seu reino;
                e o SENHOR seu Deus era com ele, e o engrandeceu sobremaneira.
                II Cr 1:2 E falou Salomão a todo o Israel, aos capitães de mil
                               e de cem, aos juízes e a todos os governadores
                                               em todo o Israel, chefes das famílias.
                II Cr 1:3 E foi Salomão, e toda a congregação com ele,
                               ao alto que estava em Gibeom, porque ali estava
                                               a tenda da congregação de Deus, que Moisés,
                                                               servo do SENHOR, tinha feito no deserto.
                II Cr 1:4 Mas Davi tinha feito subir a arca de Deus
                               de Quiriate-Jearim ao lugar que lhe preparara;
                                               porque lhe tinha armado uma tenda em Jerusalém.
                II Cr 1:5 Também o altar de cobre que tinha feito Bezaleel,
                               filho de Uri, filho de Hur, estava ali diante
                                               do tabernáculo do SENHOR;
                                                               e Salomão e a congregação o buscavam.
                II Cr 1:6 E Salomão ofereceu ali sacrifícios perante o SENHOR,
                               sobre o altar de cobre que estava na tenda da congregação;
                                               e ofereceu sobre ele mil holocaustos.
II Cr 1:7 Naquela mesma noite Deus apareceu a Salomão, e disse-lhe:
                Pede o que queres que eu te dê.
II Cr 1:8 E Salomão disse a Deus:
                Tu usaste de grande benignidade com meu pai Davi,
                               e a mim me fizeste rei em seu lugar.
                II Cr 1:9 Agora, pois, ó SENHOR Deus, confirme-se a tua palavra,
                               dada a meu pai Davi; porque tu me fizeste reinar sobre um
                                               povo numeroso como o pó da terra.
                II Cr 1:10 Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento,
                               para que possa sair e entrar perante este povo;
                                               pois quem poderia julgar a este tão grande povo?
II Cr 1:11 Então Deus disse a Salomão:
                Porquanto houve isto no teu coração, e não pediste riquezas, bens,
                               ou honra, nem a morte dos que te odeiam, nem tampouco
                                               pediste muitos dias de vida,
                mas pediste para ti sabedoria e conhecimento,
                               para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te constituí rei,
                II Cr 1:12 Sabedoria e conhecimento te são dados;
                               e te darei riquezas, bens e honra, quais não teve
                                               nenhum rei antes de ti, e nem depois de ti haverá.
                II Cr 1:13 Assim Salomão veio a Jerusalém, do alto que estava em
                               Gibeom, de diante da tenda da congregação;
                                               e reinou sobre Israel.
II Cr 1:14 E Salomão ajuntou carros e cavaleiros,
                e teve mil e quatrocentos carros, e doze mil cavaleiros;
                               os quais pôs nas cidades dos carros,
                                               e junto ao rei em Jerusalém.
                II Cr 1:15 E fez o rei que houvesse ouro e prata em Jerusalém
                               como pedras; e cedros em tanta abundância como sicômoros
                                               que há pelas campinas.
                II Cr 1:16 E os cavalos, que tinha Salomão, eram trazidos do Egito;
                               e os mercadores do rei os recebiam em tropas,
                                               cada uma pelo seu preço.
                II Cr 1:17 E faziam subir e sair do Egito cada carro por seiscentos
                               siclos de prata, e cada cavalo por cento e cinqüenta;
                                               e assim, por meio deles eram para todos os reis
                                                               dos heteus, e para os reis da Síria.
Como vimos no presente capítulo, Salomão não tinha pedido a sabedoria em si mesmo no sentido de tornar-se o homem mais sábio do que qualquer outro homem, mas a sua sabedoria tinha um objetivo específico: para que ele pudesse sair e entrar perante o povo a fim de poder julgá-lo com justiça e equidade – vs 10.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
http://www.jamaisdesista.com.br




[1] O REINO DIVIDIDO - Reflexões bíblicas nas histórias dos reis de Judá e de Israel em I e II Reis.
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.