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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

I Coríntios 13 1-13 - O AMOR NAS MÃOS DE PAULO.

Como já dissemos, Coríntios foi escrita para, principalmente, combater a rebeldia, as divisões e a falta de amor que tinham sido causadas pelo orgulho e pela presunção na igreja de Corinto. Estamos vendo a parte II, cap. 13/16.
Breve síntese do capítulo 13.
Vamos falar de amor? A própria palavra tem um timbre que agrada nossos ouvidos “amor!”. Paulo nos falou de amor e nos deixou uma grande lição ao dissecar, se isso fosse possível, em laboratório, o amor.
Dizer o que é amor é para os poetas e para os inspirados. Eu mesmo titubearia nas palavras e escorregaria nas frases, atropelaria nos parágrafos e no fim me envolveria numa grande colisão.
A palavra de Deus diz que DEUS È AMOR! (I Jo 4:8 e 16). Assim, se pudéssemos materializar o amor e trazê-lo, à existência personificando-o e este se materializasse diante de nós, ele seria Deus em pessoa.
Deus é amor e todos os seus atos, mesmo a justiça, é um ato de amor. Paulo torna isso mais simples e prático e diz que pouca coisa vale, ou nada vale, as grandes coisas se nelas não houver o amor.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. A CARTA DOS CORÍNTIOS (7.1-16.12) - continuação.
Como dissemos, estamos vendo que Paulo respondeu às questões levantadas na carta enviada pela igreja de Corinto. Ele falou em detalhes sobre os desafios específicos enfrentados pelos coríntios, que envolviam relacionamentos conjugais, divórcio e virgindade. Como dissemos, depois de tratar das questões levantadas pelos da casa de Cloe, Paulo se volta, então, para outras questões levantadas pela igreja.
Dividimos essa parte, conforme a BEG, em seis subpartes: A. Casamento e divórcio (7.1-40) – já vimos; B. Carne oferecida aos ídolos (8.1-11.1) – já vimos; C. Problemas no culto (11.2-34) – já vimos; D. Os dons espirituais (12.1-14.40) – começaremos a ver agora; E. Ressurreição (15.1-58); e, F. A coleta e outros assuntos (16.1-12).
D. Os dons espirituais (12.1-14.40) - continuação.
Depois de tratar de dois problemas do culto da igreja em Corinto, Paulo aborda uma questão intimamente relacionada a isso: os dons e a manifestação do Espírito na igreja.
A argumentação de Paulo se divide em quatro seções, que formarão nossa divisão proposta: 1. A diversidade de dons dentro da unidade da igreja (12.1-31) – já visto; 2. A importância do amor (13.1-13) – veremos agora; 3. Profecias e dom de línguas (14.1-25); e, 4. O princípio de ordem na igreja (14.26-40).
2. A importância do amor (13.1-13).
Veremos neste capítulo a supremacia do amor. Na perspectiva de Paulo, o problema principal quanto aos dons espirituais da igreja em Corinto era a falta de amor.
Assim, Paulo passa a elaborar sobre a natureza e a importância do amor cristão.
Por meio de hipérboles (exageros propositais), Paulo concentra-se na inutilidade de exercer dons sem amor. Na verdade, ele disse que ainda que pudesse realizar milagres grandiosos e impossíveis, sem amor isso de nada adiantaria.
Ele começa comparando a língua dos homens com a língua dos anjos. Diz as BEG que provavelmente está seja uma referência ao dom de falar em línguas humanas estrangeiras, como ocorreu em At 2. Sendo a expressão “dos anjos” mais bem entendida se tomada como hipérbole (assim como "conheça todos os mistérios" e "transportar montes"). É impossível determinar se existe uma língua angelical.
Paulo vai fazendo diversas comparações até que diz que se alguém entregasse o meu próprio corpo para ser queimado. Pode essa ser mais outra hipérbole. No entanto, alguns manuscritos importantes trazem, "entregue o meu próprio corpo para me orgulhar". Nesse caso, a frase representaria o compromisso total de Paulo com o ministério apostólico, indicando a sua expectativa de ostentar um orgulho piedoso no dia de Cristo (Fp 2.16).
As descrições de Paulo – vs. 4 ao 7 - não reduzem o amor a sentimentos baratos ou atos mecânicos. Cada termo descreve tanto emoções quanto atitudes. Pensar no amor cristão como simples sentimento ou simples atividade é contradizer as definições do apóstolo.
Vemos nas suas tentativas de descrição do amor ele demonstrando que não há no amor nenhuma gota de egoísmo, por isso que não busca seus próprios interesses, não se exaspera, nem se ressente do mal. Ou, "não guarda registro das ofensas". Provavelmente significa que a pessoa que ama não concentra a atenção nas injustiças cometidas pelos outros contra ela. Outra possibilidade é que o amor não planeja o mal contra os outros, pois nele não há o “eu”, mas o “outro”.
Ou seja, tudo suporta, sofre, crê e espera. Paulo faz uso desse termo quatro vezes com o objetivo de produzir efeito retórico à medida que conduz a sua descrição do amor ao clímax.
À luz das hipérboles apresentadas (veja os vs. 1-3), não devemos pensar que amar significa confiar ou proteger sem restrições. Cada uma das responsabilidades cristãs, incluindo o amor, deve ser praticada com equilíbrio, por meio de todas as outras responsabilidades (justiça, misericórdia, verdade, etc.).
Além disso, tudo, o amor jamais acaba. Podemos considerar essa declaração como um resumo dos versículos anteriores, especialmente à luz da frase "tudo suporta" (vs. 7).
Ao mesmo tempo, essa declaração permite a Paulo criar um contraste entre o amor, que permanece (vs. 13), e os dons espirituais, que cessarão.
Provavelmente Paulo mencionou essas três categorias - profecias, línguas, ciência - como representantes de todos os dons espirituais, uma vez que possuem um caráter terreno e temporário até que venha o fim dos tempos.
Uma interpretação alternativa (embora menos provável) é que Paulo se referiu somente a essas três porque têm funções especiais de revelação.
O contexto da passagem “quando vier o que é perfeito” (especialmente o vs. 12) sugere que o apóstolo se refere à segunda vinda de Cristo como o último acontecimento no plano redentor e revelador de Deus.
Comparado ao que os cristãos receberão no futuro, as bênçãos presentes são apenas parciais e, por isso, imperfeitas. Portanto, os coríntios mostravam sinais de imaturidade, além de orgulho, ao atribuírem tamanha importância aos dons incompletos e temporários do Espírito.
A ideia de que Paulo talvez esteja se referindo à total revelação contida nas Escrituras do Novo Testamento - um ponto de vista que vê as profecias e outras revelações como dons obsoletos - tem pouco apoio no contexto em questão.
Mesmo assim, foram sugeridas outras interpretações para "perfeito", tais como a maturidade no amor, que os coríntios deveriam buscar, a maturidade da igreja primitiva e a morte do cristão individual.
O fato é que na presente existência, ou vida aqui, vemos apenas em parte, como um reflexo escuro, ou seja, não vemos completamente, pois somos limitados. Talvez porque os coríntios gostassem tanto de alardear o conhecimento que tinham, Paulo conclui salientando o caráter parcial do nosso conhecimento presente.
A mudança da voz ativa ("conhecerei") para passiva ("sou conhecido") é encontrada em outras passagens nas cartas do apóstolo e servem para salientar a dependência do cristão da graça de Deus (8.3; Cl 4.9; cf. 1Co 14.38).
Paulo não está sugerindo que algum dia o cristão conhecerá a Deus de maneira total, pois isso é impossível. Aqui, a sua intenção é focalizar a natureza da sabedoria e intimidade com Deus, as quais todo cristão compartilhará algum dia.
Paulo encerra esse assunto dizendo “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor”. Sim, obviamente que o maior é o amor, pois é o único que permanecerá na presença eterna do Pai. Quanto ao restante, tudo passará, mesmo, inclusive as atuais e poderosas fé e esperança.
I co 13:1 Ainda que eu fale
                as línguas dos homens
                e dos anjos,
                               se não tiver amor,
                                               serei como o bronze que soa
                                               ou como o címbalo que retine.
I co 13:2 Ainda que eu tenha
                o dom de profetizar
                e conheça todos os mistérios
                e toda a ciência;
ainda que eu tenha
                tamanha fé,
                               a ponto de transportar montes,
                                               se não tiver amor,
                                                               nada serei.
I co 13:3 E ainda que
                eu distribua todos os meus bens entre os pobres
                e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado,
                               se não tiver amor,
                                               nada disso me aproveitará.
I co 13:4 O amor
                é paciente,
                é benigno;
o amor
                não arde em ciúmes,
                não se ufana,
                não se ensoberbece,
                I co 13:5 não se conduz inconvenientemente,
                não procura os seus interesses,
                não se exaspera,
                não se ressente do mal;
                I co 13:6 não se alegra com a injustiça,
                               mas regozija-se com a verdade;
                I co 13:7 tudo sofre,
                tudo crê,
                tudo espera,
                tudo suporta.
I co 13:8 O amor jamais acaba;
                mas, havendo profecias,
                               desaparecerão;
                havendo línguas,
                               cessarão;
                havendo ciência,
                               passará;
                               I co 13:9 porque, em parte, conhecemos
                               e, em parte, profetizamos.
I co 13:10 Quando, porém, vier o que é perfeito,
                então, o que é em parte será aniquilado.
I co 13:11 Quando eu era menino,
                falava como menino,
                sentia como menino,
                pensava como menino;
quando cheguei a ser homem,
                desisti das coisas próprias de menino.
I co 13:12 Porque, agora,
                vemos como em espelho,
                               obscuramente;
                                               então, veremos face a face.
                               Agora, conheço em parte;
                                               então, conhecerei como também sou conhecido.
I co 13:13 Agora, pois, permanecem
                a fé,
                a esperança
                e o amor,
                               estes três; porém o maior destes
                                               é o amor.
Quando em nós não triunfa o amor é porque estamos sendo e cultivando o egoísmo. O egoísmo olha somente para ele mesmo e o outro somente tem sentido no sentido de que lhe possa ser útil em seu prazer. Do contrário, é descartável e pouco importa a sua existência.
Aquele que fuma e bebe em casa e dá mal exemplo a seus filhos, esposa, amigos e diz que não consegue parar é porque não ama nem os seus entes mais queridos. A sua desculpa não inocenta os seus atos. O seu prazer é maior e mais importante do que todos à sua volta. Como nele permanecerá o amor de Deus?
A lista de outras coisas que fazemos e que nos comprometem diante de nosso próximo é enorme e bem poderíamos colocá-la aqui para nossa reflexão.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
...
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domingo, 27 de dezembro de 2015

I Coríntios 12 1-31 - OS DONS SÃO PARA A EDIFICAÇÃO DO CORPO DE CRISTO, ENTENDEU?

Como já dissemos, Coríntios foi escrita para, principalmente, combater a rebeldia, as divisões e a falta de amor que tinham sido causadas pelo orgulho e pela presunção na igreja de Corinto. Estamos vendo a parte II, cap. 12/16.
Breve síntese do capítulo 12.
Sobre os dons espirituais. Paulo aqui vai falar dos dons do Espírito Santo que o Espírito Santo distribui a cada um conforme seja útil à sua igreja a qual somos nós coletivamente e individualmente como partes do corpo.
Quando os dons viram coisa e as queremos cobiçar para termos então em nós não opera o amor, antes queremos ser melhor do que nossos irmãos possuindo dons que ele não tenha.
Desejai ardentemente os dons, ele vai dizer somente em I Co 14:1. Vejamos na íntegra o versículo em questão: “Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis.”.
Reparem que primeiro ele fala de seguir o amor para depois dizer procurar com zelo os dons espirituais. Sabem por quê? Por que o dom não será para nós uma coisa ou algo que nos transforme em seres especiais melhorados.
Os dons não são para outra coisa se não para a edificação da sua igreja, conforme Deus o queira.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. A CARTA DOS CORÍNTIOS (7.1-16.12) - continuação.
Como dissemos, estamos vendo que Paulo respondeu às questões levantadas na carta enviada pela igreja de Corinto. Ele falou em detalhes sobre os desafios específicos enfrentados pelos coríntios, que envolviam relacionamentos conjugais, divórcio e virgindade. Como dissemos, depois de tratar das questões levantadas pelos da casa de Cloe, Paulo se volta, então, para outras questões levantadas pela igreja.
Dividimos essa parte, conforme a BEG, em seis subpartes: A. Casamento e divórcio (7.1-40) – já vimos; B. Carne oferecida aos ídolos (8.1-11.1) – já vimos; C. Problemas no culto (11.2-34) – já vimos; D. Os dons espirituais (12.1-14.40) – começaremos a ver agora; E. Ressurreição (15.1-58); e, F. A coleta e outros assuntos (16.1-12).
D. Os dons espirituais (12.1-14.40).
Depois de tratar de dois problemas do culto da igreja em Corinto, Paulo aborda uma questão intimamente relacionada a isso: os dons e a manifestação do Espírito na igreja.
A argumentação de Paulo se divide em quatro seções, que formarão nossa divisão proposta: 1. A diversidade de dons dentro da unidade da igreja (12.1-31); 2. A importância do amor (13.1-13); 3. Profecias e dom de línguas (14.1-25); e, 4. O princípio de ordem na igreja (14.26-40).
1. A diversidade de dons dentro da unidade da igreja (12.1-31).
Veremos neste capítulo a unidade e a diversidade de dons. Paulo começa o assunto falando sobre a sua preocupação principal: a necessidade de união e respeito mútuo entre os cristãos de Corinto que manifestavam o Espírito.
Os dons espirituais eram outra questão levantada pelos coríntios na carta que enviaram a Paulo.
Como prefácio ao assunto dos dons espirituais em Corinto, Paulo lembra seus leitores do contraste entre suas experiências pagã e cristã.
Não está claro se alguém estava, de fato, pronunciando maldições contra Jesus - é possível que Paulo estivesse formulando uma situação hipotética, ou talvez se referindo a ocasiões em que as autoridades exigiam que os cristãos negassem o Senhor.
De qualquer modo, o objetivo de Paulo nesse versículo refere-se ao conteúdo desses pronunciamentos. Tendo em vista 14.6-19, pode-se inferir que o apóstolo estava antecipando seus argumentos sobre a virtude da linguagem compreensível.
Os pagãos também experimentavam o poder dos pronunciamentos, porém a questão mais importante eram as palavras em si.
O vs. 3 é fundamental para entendermos o ministério do Espírito Santo na vida de todo crente. Paulo afirmava que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: "Jesus seja amaldiçoado"; e ninguém pode dizer: "Jesus é Senhor", a não ser pelo Espírito Santo. Isso é muito importante!
Os dons podem ser diversos, mas o Espírito é o mesmo. Os coríntios exageravam a importância do dom de línguas, de modo que Paulo lembrou-os de que a variedade de dons distribuídos à igreja procede do mesmo Espírito. As expressões "o Senhor é o mesmo" e "o mesmo Deus" revelam a importância da doutrina da Trindade e apoiam a preocupação de Paulo quanto à unidade em meio à diversidade.
Temos assim diversidade nos tipos de dons, de ministérios e na forma de atuação, mas sempre o Senhor é um só e o objetivo disso tudo é visando a um fim proveitoso: a edificação do corpo de Cristo.
O cristão pode interpretar de modo totalmente errado o propósito dos dons espirituais (chamados aqui de "manifestação do Espírito") caso passe a utilizá-los visando a objetivos egoístas. Os dons são variados porque as necessidades da comunidade cristã também são variadas.
Nos vs. de 8 a a10, veremos aqui uma lista de dons, mas não tem os mesmos a intenção de ser um catálogo exaustivo (há outros incluídos no vs. 28) e pode se referir apenas aos dons mais evidentes ou necessários em Corinto (veja o vs. 11).
Não é necessário supor que esses dons se manifestassem em todas as igrejas, nem há evidências bíblicas disso. A lista em Rm 12.6-8, por exemplo, inclui apenas dois dentre os dons mencionados aqui (profecia e fé) e omite aqueles considerados "miraculosos" (como o dom de curar e falar em línguas).
Não há como determinar a natureza de alguns dons listados em 1 Coríntios, pois o Novo Testamento não fornece, em nenhuma passagem, nada próximo de uma descrição satisfatória. O que Paulo pensa a respeito desses dons só pode ser determinado em termos gerais.
Por exemplo, qual seria a diferença entre "palavra de sabedoria" e "palavra do conhecimento"? Do mesmo modo, não está claro a razão de Paulo ter listado individualmente os dons da "fé" (que possivelmente se referem à capacidade de realizar feitos "sobrenaturais"), "curar" e "operações de milagres".
A referência ao "discernimento de espíritos” talvez devesse ser compreendida à luz de 14.29. Entretanto, a nossa incapacidade para determinar a função exata de alguns desses dons não obstrui a compreensão sobre o assunto principal dessa passagem: a diversidade de dons que Deus nos concede tem como objetivo a unidade da igreja (vs. 11).
É difícil definir com clareza esse dom da profecia. Pode se referir à:
(1)   Pregação e revelação do conteúdo das Escrituras.
(2)   Profecia inspirada, como a dos profetas do Antigo Testamento.
(3)   Exortação espontânea.
(4)   Divulgação de informações específicas sobre o presente ou futuro.
Num sentido mais amplo, todos os cristãos são "profetas" que, por meio do Espírito Santo, declaram "as grandezas de Deus" (At 2.11; cf. At 2.18; 1Pe 2.9), porém, na prática, a profecia e o dom de ensino são coisas diferentes (Ef 4.11).
No Novo Testamento, a profecia geralmente se refere à exortação (At 15.32) e, às vezes, a acontecimentos futuros (At 11.27-28; 21.10-11).
O Novo Testamento apresenta literatura profética comparável aos escritos dos profetas do Antigo Testamento (p. ex., Ap 1.3; 22.18-19). Várias profecias autoritativas e inspiradas estavam restritas ao período de fundamentação da igreja no século 1 (Ff 2.20; Hb 1.1-3).
Há muito debate sobre a descrição exata desse dom da variedade de línguas. Para alguns, refere-se a falar em estado de êxtase, possivelmente relacionado às línguas dos anjos° (13.1), porém não há evidência que apoie essa concepção e nem Paulo afirma existir uma "língua de anjos".
A referência em 13.1 é hipotética. Por outro lado, o Novo Testamento fornece clara e inequívoca evidência de que o Espírito Santo concedeu aos primeiros cristãos a capacidade para falar línguas humanas estrangeiras reconhecíveis, idiomas contemporâneos (At 2.1-11).
As línguas faladas na igreja de Corinto precisavam ser interpretadas por meio de dons espirituais (14.2,5,19,23,27-28) e soavam como línguas estrangeiras, mas não há como determinar a natureza específica delas.
Embora essa interpretação também possa ser questionada, é a que fornece o sentido mais provável para o termo "línguas".
É, no entanto o Espírito Santo que as distribui, como lhe apraz. Precisamos perceber a importância dessa breve expressão, pois isso nos ajuda a enxergar a lista anterior de dons anterior em sua perspectiva correta.
O Espírito concede dons específicos a cristãos e igrejas de acordo com a sua vontade e, assim, sustenta o povo de Deus de modo soberano. Esse fator irá explicar o motivo por que o Novo Testamento não fornece listas e explicações detalhadas sobre os dons; eles variam bastante, de acordo.
A igreja tem liberdade para orar a Deus pedindo dons com o objetivo de suprir determinadas necessidades, mas essas orações devem ser oferecidas em submissão à soberania e sabedoria perfeitas de Deus.
Todo corpo é um. A descrição da igreja de Cristo como um corpo constitui um dos ensinamentos mais importantes e característicos de Paulo.
Na verdade, o apóstolo recebeu uma revelação especial sobre esse "mistério", algo que estava oculto há muito tempo: o povo de Deus, tanto judeus quanto gentios, agora formam um só corpo, por causa da exaltação de Cristo (Ef 1.22-23; 3.2-6).
Tanto a existência quanto o crescimento da igreja provém dessa unidade estabelecida por Cristo por meio do Espírito Santo (Ef 4.3-6,11-16; Cl 2.19; 3.14-15).
Ele nos fala no vs. 13 que em um corpo só todos fomos batizados em um só Espírito, e a todos nós foi dado beber de um só Espírito, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. A ênfase na palavra "todos" e a referência aos sacramentos nos trazem à memória uma descrição semelhante dos israelitas em 10.1-3.
O batismo do Espírito (isto é, a inclusão dos cristãos no corpo de Cristo) é uma das verdades simbolizadas e seladas pelo batismo com água.
Pode-se dizer que ele representa um sinal que marca o ingresso do indivíduo na aliança de Deus. De modo semelhante, participar da Ceia do Senhor indica a comunhão permanente do cristão com o corpo (10.17).
Esse privilégio maravilhoso é uma bênção desfrutada por todos os cristãos professos e admitido na igreja, e não apenas por um grupo seleto e superior. Paulo enfatiza tanto esse aspecto universal quanto a unidade que ela implica.
Dos vs. 14 ao 20, tendo demonstrado a unidade da igreja de Cristo, Paulo passa ao tema da diversidade.
Ele corrige o erro dos coríntios ao demonstrar a necessidade e utilidade dos diversos membros do corpo humano, cada um exercendo funções diferentes.
Como havia feito no vs. 11, no vs. 18 o apóstolo volta a apoiar o seu ponto de vista na soberania da vontade de Deus, que "dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve" (vs. 18).
Sem dúvida, os coríntios que negavam a validade de certos dons estavam, na verdade, rejeitando o cuidado de Deus pelo corpo de Cristo. Paulo salientou a unidade, e não a uniformidade.
Essa preocupação com os mais fracos fornece pistas importantes para entendermos o problema que Paulo está tratando, pois manifesta outra dificuldade dos coríntios para a qual o apóstolo chamou a atenção na maior parte da carta: o falso sentimento de realização espiritual e bem-estar. Essa falsa confiança produziu em alguns coríntios uma atitude de superioridade e desprezo para com cristãos aparentemente mais fracos e menos dignos.
Nesse contesto, a preocupação principal de Paulo era tratar dessa atitude depreciativa quanto a certos dons (possivelmente em favor do dom de línguas).
As categorias listadas nesse versículo 28 são diferentes daquelas apresentadas nos vs. 8-10. Isso vem confirmar que Paulo não estava interessado em fornecer uma relação exaustiva.
Aqui, começa com “apóstolos” e "profetas", que considerava como “fundamento” (Ef 2.20), e acrescentou uma terceira categoria, "mestres", tornando essa lista semelhante à de Ef 4.11.
Embora os termos gregos traduzidos como “socorros" e “governos" não ocorram em nenhuma outra passagem do Novo Testamento, provavelmente Paulo está pensando naquele que "exerce misericórdia" e “o que preside" (Rm 12.8).
As perguntas retóricas nesses dois versículos, 29 e 30, levam ao ápice o argumento de Paulo: os cristãos não devem esperar que todos recebam os mesmos dons, pois Deus os distribui de acordo com a sua vontade (vs. 11,18).
O seu sábio conselho incluía procurar, com zelo, os melhores dons. O significado dessa frase tem sido questionado.
Alguns acreditam que se refere aos dons mais importantes relatados no vs. 28 (especialmente o dom de profecia).
Outros argumentam que a frase serve de introdução ao debate sobre o amor no cap. 13.
O mais provável, no entanto, é que Paulo esteja antecipando uma ideia que escreveu um pouco mais à frente, "procurai progredir, para a edificação da igreja" (14.12); ou seja, os cristãos devem falar com “entendimento, para instruir outros" (14.19).
O verbo “procurai", traduzido no imperativo afirmativo, também pode ser traduzido como simples declaração atual. Isto é, Paulo pode estar argumentando que os coríntios se preocuparam tanto em buscar os melhores dons que perderam de vista o propósito ao qual se destinam.  
Antes de explicar o que quer dizer com "melhores dons" (veja o cap. 14), Paulo chama a atenção para a condição essencial ao exercício apropriado de qualquer dom: o amor.
I Co 12:1 A respeito dos dons espirituais,
                não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
I Co 12:2 Sabeis que, outrora,
                quando éreis gentios,
                                deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos,
                                               segundo éreis guiados.
I Co 12:3 Por isso, vos faço compreender
                que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma:
                               Anátema, Jesus!
                Por outro lado, ninguém pode dizer:
                               Senhor Jesus!,
                                               senão pelo Espírito Santo.
I Co 12:4 Ora, os dons são diversos,
                mas o Espírito é o mesmo.
I Co 12:5 E também há diversidade nos serviços,
                mas o Senhor é o mesmo.
I Co 12:6 E há diversidade nas realizações,
                mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.
I Co 12:7 A manifestação do Espírito é concedida
                a cada um visando a um fim proveitoso.
I Co 12:8 Porque a um é dada,
                mediante o Espírito,
                               a palavra da sabedoria;
e a outro,
                segundo o mesmo Espírito,
                               a palavra do conhecimento;
I Co 12:9 a outro,
                no mesmo Espírito,
                               a fé;
e a outro,
                no mesmo Espírito,
                               dons de curar;
I Co 12:10 a outro, operações de milagres;
a outro, profecia;
a outro, discernimento de espíritos;
a um, variedade de línguas;
e a outro, capacidade para interpretá-las.
I Co 12:11 Mas um só e o mesmo Espírito
                realiza todas estas coisas,
                               distribuindo-as, como lhe apraz,
                                               a cada um, individualmente.
I Co 12:12 Porque, assim como
                o corpo é um
                e tem muitos membros,
                e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo,
                               assim também com respeito a Cristo.
I Co 12:13 Pois, em um só Espírito,
                todos nós fomos batizados em um corpo,
                               quer judeus,
                               quer gregos,
                               quer escravos,
                               quer livres.
E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.
I Co 12:14 Porque também o corpo não é um só membro,
                mas muitos.
I Co 12:15 Se disser o pé:
                Porque não sou mão,
                               não sou do corpo;
                                               nem por isso deixa de ser do corpo.
I Co 12:16 Se o ouvido disser:
                Porque não sou olho,
                               não sou do corpo;
                                               nem por isso deixa de o ser.
I Co 12:17 Se todo o corpo fosse olho,
                onde estaria o ouvido?
Se todo fosse ouvido,
                onde, o olfato?
I Co 12:18 Mas Deus dispôs os membros,
                colocando cada um deles no corpo,
                               como lhe aprouve.
I Co 12:19 Se todos, porém, fossem um só membro,
                onde estaria o corpo?
I Co 12:20 O certo é que há muitos membros,
                mas um só corpo.
I Co 12:21 Não podem os olhos dizer à mão:
                Não precisamos de ti;
nem ainda a cabeça, aos pés:
                Não preciso de vós.
I Co 12:22 Pelo contrário,
                os membros do corpo que parecem ser mais fracos
                               são necessários;
                I Co 12:23 e os que nos parecem menos dignos no corpo,
                               a estes damos muito maior honra;
                também os que em nós não são decorosos
                               revestimos de especial honra.
I Co 12:24 Mas os nossos membros nobres
                não têm necessidade disso.
Contudo, Deus coordenou o corpo,
                concedendo muito mais honra
                               àquilo que menos tinha,
                                               I Co 12:25 para que não haja divisão no corpo;
                                                               pelo contrário, cooperem os membros,
                                                                              com igual cuidado,
                                                                                              em favor uns dos outros.
I Co 12:26 De maneira que,
                se um membro sofre,
                               todos sofrem com ele;
                e, se um deles é honrado,
                               com ele todos se regozijam.
I Co 12:27 Ora, vós sois corpo de Cristo;
e, individualmente, membros desse corpo.
I Co 12:28 A uns estabeleceu Deus na igreja,
                primeiramente, apóstolos;
                em segundo lugar, profetas;
                em terceiro lugar, mestres;
                depois, operadores de milagres;
                depois, dons de curar,
                socorros,
                governos,
                variedades de línguas.
I Co 12:29 Porventura, são todos apóstolos?
Ou, todos profetas?
São todos mestres?
Ou, operadores de milagres?
I Co 12:30 Têm todos dons de curar?
Falam todos em outras línguas?
Interpretam-nas todos?
I Co 12:31 Entretanto, procurai, com zelo,
                os melhores dons.
E eu passo a mostrar-vos ainda
                um caminho sobremodo excelente.
Podemos ver que os dons se manifestam pelo Espírito Santo. Paulo nos explica que os dons, os serviços e as realizações são diversas sendo a manifestação concedida a cada um para fim proveitoso.
É mediante o Espírito que a cada um é realizada, distribuída e dada a palavra da sabedoria, do conhecimento, a fé, a operações de milagres, a profecia, o discernimento de espíritos, a variedade de línguas e a capacidade para interpretá-las.

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