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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

I Coríntios 7 1-40 - CASAR OU NÃO CASAR, EIS A QUESTÃO!

Como já dissemos, Coríntios foi escrita para, principalmente, combater a rebeldia, as divisões e a falta de amor que tinham sido causadas pelo orgulho e pela presunção na igreja de Corinto. Estamos vendo a parte II, cap. 7/16.
Breve síntese do capítulo 7.
Casar ou não casar? Eis o que Paulo analisa e aconselha seus membros jovens e também os viúvos e viúvas: melhor é não casar para poder cuidar desimpedidamente das coisas do Senhor, mas imagine como seria se todos fossem cuidar das coisas do Senhor? Não haveria mais humanos!
Realmente quem casa deve cuidar do outro e já não tem aquela liberdade para trabalhar na seara do Senhor como gostaria. Com o casamento, vem os filhos e mais cuidados e tribulações enfrentaremos que dificultarão uma dedicação total ao Senhor.
Nossa atenção agora está voltada para a esposa, para os filhos, para os bens e patrimônios e para o Senhor. Não é a mesma coisa daquele que está livre e pode dedicar-se totalmente à obra do Senhor.
A mulher é uma bênção em nossas vidas? Os filhos são bênçãos em nossas vidas? Sim, totalmente. Feliz do homem que consegue a graça de ter sua família nos Caminhos do Senhor e assim todos são trabalhadores da seara.
E você jovem vai ou não casar-se? Fique tranquilo, Deus jamais o deixará confuso.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. A CARTA DOS CORÍNTIOS (7.1-16.12).
Paulo respondeu às questões levantadas na carta enviada pela igreja de Corinto. Ele falou em detalhes sobre os desafios específicos enfrentados pelos coríntios, que envolviam relacionamentos conjugais, divórcio e virgindade.
A idolatria desenfreada na igreja de Corinto levantou questões sobre o envolvimento em rituais pagãos e carne oferecida aos ídolos. Paulo tratou de problemas específicos do culto, como o uso do véu e a Ceia do Senhor.
O propósito e as funções dos dons espirituais no corpo de Cristo, incluindo as línguas e a profecia, deveriam ser aplicados dentro da estrutura da ordem e do amor cristãos.
Ao contrário da religião pagã, a fé cristã insiste em que a salvação só está completa quando o nosso corpo físico é renovado e desfruta os novos céus e a nova terra.
De passagem, Paulo mencionou várias questões práticas, especialmente a coleta de fundos para os crentes sofredores de Jerusalém.
Como dissemos, depois de tratar das questões levantadas pelos da casa de Cloe, Paulo se volta, então, para outras questões levantadas pela igreja.
Ele toca em seis assuntos: casamento e divórcio (7.1-40), alimentos sacrificados aos ídolos (8.1-11.1), culto de adoração (11.2-34), dons espirituais (12.1-14.40), ressurreição (15.1-58) e a coleta financeira para Jerusalém, bem como várias outras questões (16.1-12). Elas formarão a seguinte divisão proposta, segundo sempre a BEG: A. Casamento e divórcio (7.1-40) – veremos agora; B. Carne oferecida aos ídolos (8.1-11.1); C. Problemas no culto (11.2-34); D. Os dons espirituais (12.1-14.40); E. Ressurreição (15.1-58); e, F. A coleta e outros assuntos (16.1-12).
A. Casamento e divórcio (7.1-40).
Veremos até o vs. 40, questões sobre o casamento e o divórcio. O primeiro assunto discutido nessa seção refere-se ao casamento e está dividido em três partes: os relacionamentos conjugais (vs. 1-9), o divórcio (vs. 10-24) e as virgens (vs. 25-40).
1. Relacionamentos conjugais (7.1-9).
As circunstâncias em Corinto suscitaram debates importantes sobre as relações sexuais dentro do casamento, a questão dos solteiros e quanto a casar-se novamente.
No vs. 1, Paulo está respondendo a questões que lhe escreveram e ele diz que seria bom que o homem não tocasse em mulher. Provavelmente um provérbio utilizado por algum grupo de ascetas entre os cristãos de Corinto.
Essa declaração, se considerada literalmente, não se refere apenas ao relacionamento conjugal, mas a todas as relações sexuais, quer dentro ou fora do casamento.
Os opositores de Paulo podem ter apelado à condição de solteiro dele para validarem suas posições sobre esse assunto; porém, não era essa a opinião dele sobre a relação sexual (vs. 2-5; 1Tm 2.15).
Todavia, Paulo reconheceu que há, sob determinadas circunstâncias, algum valor no fato de alguém permanecer solteiro (vs. 7-8,26) e forneceu razões específicas para que um cristão pudesse optar por isso (vs. 29-35).
A intenção da declaração, contudo, era corrigir a posição daqueles que impunham o celibato. Em outro contexto, Paulo falou sobre o casamento de maneira positiva (p. ex., Ef 5.22-33; 1Tm 3.2) e até mesmo condenou aqueles que proibiam as pessoas de se casarem (1Tm 4.3).
Além disso, Paulo ratificou o Antigo Testamento que advoga repetidamente o casamento piedoso, o sexo e a procriação como o plano de Deus para a humanidade (p. ex., Gn 1.28-29; 2.18).
Seria bom não se casarem, não tocarem em mulheres; mas por causa da impureza, então, seria melhor ainda ter uma esposa e cada mulher o seu próprio marido.
Corinto era uma cidade conhecida por praticar a imoralidade sexual. Provavelmente, Paulo pensava na questão específica dos cristãos que se relacionavam com prostitutas, uma questão de que havia tratado na passagem anterior (6.15-20).
Considerando a solução de Paulo para o problema ("cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido"), é provável que alguns cônjuges estivessem recusando ter relações sexuais com seus parceiros, o que levava estes últimos a procurar satisfação sexual na prostituição.
O verbo "ter" de cada um ter o seu próprio marido e esposa, não tem o mesmo significado que "possuir". Antes, significa "viver numa relação sexual com", assim como em 5.1.
A solução de Paulo para o problema da imoralidade e prostituição era que o casal unido pelo matrimônio mantivesse uma vida sexual ativa, dessa maneira refreando a motivação para apelar à imoralidade. 
O sexo dentro do casamento não é uma opção, mas uma obrigação para marido e esposa. Paulo se refere a essa atitude de abstenção das obrigações sexuais como "privação" (vs. 5).
Esse versículo quatro, extraordinário, revela um ponto de vista muito à frente do seu tempo:
(1)     Uma percepção sadia quando à sexualidade da mulher.
(2)     Um entendimento da reciprocidade que existe entre marido e esposa quanto ao relacionamento mais íntimo do casamento.
As Escrituras não favorecem a ideia de que o marido é o único que pode ter satisfação sexual ou que somente ele deve determinar como, onde e quando praticar a relação sexual.
A ordem de Paulo era para que os casais não se privassem um ao outro no tocante à área sexual, a não ser por mútuo consentimento.
Paulo indica que abster-se de sexo na relação conjugal é privar ambos de algo necessário. Essa abstenção, se ocorrer, não dever ser unilateral, mas consentida por ambos e isso por algum tempo.
Paulo admite que a abstenção temporária de sexo (algo semelhante ao jejum) pode ser viável em períodos intensos de oração. No entanto, o caráter temporário dessa situação não permite legalizarmos uma abstenção prolongada.
Deus não apenas permitiu como também ordenou a união sexual dentro do casamento. Paulo somente permite abstenção sexual temporária no casamento por meio de acordo mútuo e àqueles a quem isso possa beneficiar. Ele não ordenou que isso fosse instituído como prática ocasional para todos os casais.
No entanto, ele manifesta seu desejo de querer que todos os homens sejam tais como também ele era. Em vista das circunstâncias em Corinto (vs. 26), Paulo admite que seria melhor se os solteiros da igreja de Corinto permanecem assim como ele.
Cada um tem de Deus o seu próprio dom, por isso a capacidade de Paulo para permanecer solteiro, sem cair no pecado sexual, era uma bênção divina. Todavia, o celibato não é o único dom espiritual legítimo na área sexual.
O Espírito concede seus dons aos cristãos para o benefício da igreja e nenhum dom tem o objetivo de tornar um cristão superior ao outro. Todos os dons provêm de Deus e são concedidos de acordo com seus propósitos (12.4-7). Meu objetivo jamais deverá ser melhor do que meu irmão, mas sim tornar-me melhor a cada dia em rumo à perfeição a qual jamais atingirei.
Com essa declaração, Paulo procura demonstrar que, embora veja benefício para os coríntios que permanecessem sem casar durante a crise que enfrentavam, o plano de Deus inclui tanto o casamento quanto a condição de solteiro.
Os coríntios não deveriam considerar o casamento como uma condição inferior a dos solteiros, mesmo em meio à crise. Além do mais, Paulo esclarece que os solteiros precisam receber dom espiritual especial para resistir ao pecado sexual. Ele não quis dizer que permanecer solteiro é, em si mesmo, um dom de Deus, pois o casamento e os filhos são bênçãos da aliança (Gn 2.18; Lv 26.9; Dt 28.11; 30.9).
Caso alguém não viesse a se dominar, literalmente, "não se controlar", Paulo reconhece que permanecer solteiro poderia levar alguns a cair no pecado sexual, assim como abster-se de sexo na relação conjugal poderia levar um dos cônjuges a cair em pecado (vs. 2). Portanto, seria melhor que se casassem.
Apesar dos benefícios de permanecer solteiro durante a crise em Corinto (vs. 26), o casamento era uma opção melhor para aqueles a quem Deus não concedeu dons especiais (vs. 7) para resistir ao pecado sexual. Casar-se não é pecado, mas a imoralidade sexual é.
Portanto, ainda que o casamento fosse uma condição menos preferível para enfrentar a crise em Corinto, era uma opção melhor do que cair em pecado.
2. Divórcio (7.10-24).
Relativamente ao divórcio, até ao vs. 24, veremos que Paulo tratou de várias questões práticas em relação ao divórcio, incluindo situações em que este pode ser permitido e quando homens e mulheres divorciados podem se casar novamente.
O seguinte mandamento daria ele aos casados, repito, não ele, mas o Senhor - Paulo diz o contrário no vs. 12 ("eu, não o Senhor"), mas não está sugerindo qualquer discordância entre ele e Deus quanto a essas questões - que a esposa não se separasse do marido.
Quanto ao problema tratado aqui (vs. 10-11), Jesus transmitiu um ensinamento bastante conhecido durante o seu ministério terreno (Mc 10.1-12). Todavia, nos vs. 12-16, Paulo debate uma situação que Jesus não tratou diretamente. Mesmo assim, o seu mandamento apostólico tinha inspiração e autoridade divina, como esclarece 14.37.
Ela até poderia, porém, vir a separar-se, mas deveria permanecer casta até se reconciliar novamente com o seu marido. Apesar da instrução do Senhor, parece que algumas esposas em Corinto, influenciadas pelo ascetismo, haviam deixado seus respectivos maridos.
Visto que o casal havia assumido o compromisso mútuo de permanecerem juntos até que a morte os separasse (vs. 39), Paulo esclarece que só havia duas opções para essas mulheres: reconciliarem-se com seus maridos ou permanecerem sem casar. O mesmo deve ser entendido para os homens, ou se reconciliam com suas esposas ou permanecem sem casar.
O ensino de Paulo pode ser aplicado corretamente a qualquer outra situação de divórcio ou separação entre cristãos, desde que não envolva infidelidade (a BEG recomenda a leitura de seu excelente o artigo teológico 'Casamento e divórcio', em Mt 19). O objetivo, seja qual for o caso, deve ser a reconciliação (Mt 19.8-9).
Quanto aos vs. 12 e 13, Paulo diz que era ele falando, não o Senhor: se um irmão tem mulher descrente, e ela se dispõe a viver com ele, não se divorcie dela. E, se uma mulher tem marido descrente, e ele se dispõe a viver com ela, não se divorcie dele.
Essa é a circunstância especial para a qual Jesus não forneceu nenhuma instrução. Por que não desfazer um casamento em que apenas um dos cônjuges é cristão, especialmente se é o cônjuge incrédulo que deseja separar-se? Paulo responde dizendo que não se deve forçar o cônjuge incrédulo a permanecer casado (vs. 15), porém o cônjuge cristão não deve tomar a iniciativa do divórcio se o parceiro incrédulo estiver disposto a permanecer casado.
O vs. 14 (marido santificado pela esposa crente; esposa santificada pelo marido crente; filhos santos em função disso) é uma afirmação surpreendente de um princípio do Antigo Testamento quanto ao caráter especial de um lar no qual pelo menos um dos cônjuges é crente: toda a sua família é considerada como separada do mundo e sob as sanções da aliança de Deus.
Os termos traduzidos como "santificado” e "santos" têm origem na mesma família de palavras. Embora sejam utilizados com frequência para indicar a salvação, mediante a fé, daqueles escolhidos por Deus, esses termos também indicam o relacionamento de aliança com Deus que pode resultar em salvação e bênçãos (p. ex., 2Ts 1.6-10), ou incredulidade e maldição (p. ex., Hb 6.4-10; 10.29).
O cônjuge e os filhos incrédulos passam a contar com a influência da obra de Deus por meio do cônjuge ou pai/mãe cristão e se tornam parte da igreja visível, a comunidade da aliança.
Consequentemente, esse versículo tem sido usado como parte da argumentação quanto ao batismo dos filhos de cristãos (a BEG recomenda, mais uma vez, a leitura e reflexão de seu excelente artigo teológico "O batismo de crianças ou de convertidos", em Cl 2).
Alguns interpretam essa declaração do vs. 15 como dando a entender que se um cônjuge incrédulo se divorcia do seu cônjuge cristão, este pode se casar novamente.
Embora possa ser uma conclusão legítima do ensino de Paulo nessa passagem (cf. Rm 7.2-3), na verdade o objetivo aqui é simplesmente afirmar que o cristão não está obrigado a insistir que o seu cônjuge incrédulo permaneça no casamento. Essa persistência pode impedir que o homem e a mulher vivam "em paz". 
O verso seguinte que afirma não saber a mulher ou o marido se o seu cônjuge se salvará, permite dois entendimentos. À luz do vs. 14, a declaração sugere que o vs. 15 tem algo de parentético e, nesse caso, Paulo está fornecendo a razão para o cristão não se divorciar do cônjuge incrédulo: como este foi santificado, existe uma grande possibilidade de que venha a ser salvo.
Por outro lado, pode ser que o vs. 16 forneça a razão para a instrução dada no vs. 15: o cristão deve aceitar o divórcio solicitado pelo cônjuge incrédulo, pois não tem garantias de que este será salvo caso seja forçado a permanecer no casamento.
A ordem de Paulo – vs. 17 - para todas as igrejas dizia que andasse cada um segundo o Senhor lhe tivesse distribuído, cada um conforme Deus o tivesse chamado.
Os versículos seguintes esclarecem que a frase "conforme Deus o tem chamado" não é uma referência à posição social, mas à própria conversão. Observe que os vs. 17-24 estabelecem um princípio que traz coerência a todo o capítulo: tornar-se cristão não exige que a pessoa altere a sua situação conjugal, étnica ou social (vs. 8,20,26).
Às vezes, esse versículo é mal interpretado com o objetivo de dizer que o cristão não deve procurar melhorar a sua situação social ou econômica. Pelo contrário, Paulo encorajou os escravos a alcançarem liberdade, caso houvesse oportunidade para isso (vs. 21).
A primeira parte desse versículo faz paralelismo com Gl 5.6; 6.15. Parece que a segunda parte ("guardar as ordenanças de Deus") é outra maneira de dizer, "a fé que atua pelo amor" (G1 5.6). Esse tipo de fé atuante é característica da "nova criatura" (Gl 6.15).
Paulo sintetiza o assunto dizendo que cada um deveria permanecer como fora chamado. Paulo emprega o termo "permaneça" em vez de "ande", porém essa declaração deve ser entendida à luz da explicação abrangente fornecida no vs. 17. Em todo caso, Paulo não está dizendo que o cristão é obrigado a permanecer em sua condição atual (o que estaria contradizendo o vs. 21), mas exortando-o a não ficar preocupado com isso (veja o vs. 21).
Veja o vs. 21 que diz para não se preocupar com isso. Não é errado buscar uma situação social melhor, como fica claro no restante dos versículos. Contudo, Paulo não desejava que os cristãos ficassem preocupados com situações que não poderiam ser alteradas. Queixas e insatisfação poderiam trazer consequências espirituais fatais (10.10), pois refletiam falta de confiança na soberania de Deus.
Paulo lhes lembra que foram comprados por preço – vs. 23. Essa declaração apoia o vs. 22 (cf. 6.20). Se os cristãos compreendessem de fato a quem pertencem, perceberiam que nem mesmo a escravidão pode causar danos à posição privilegiada que têm em Cristo. De modo inverso, até mesmo o maioral entre os homens é apenas um servo humilde diante de Cristo. Portanto, o cristão não precisa, nem deve, tornar-se "escravos de homens".
3. Virgens (7.25-40).
Depois de falar do divórcio, Paulo trata das virgens. A argumentação geral de Paulo sobre o casamento e o divórcio levou-o a tratar da questão específica das virgens na igreja de Corinto.
Com respeito às virgens – vs. 25 – ele não teria mandamento do Senhor, mas falaria disso como alguém que alcançou misericórdia do Senhor e poderia falar e ministrar sobre esse assunto novo, porém relacionado à questão levantada na carta que os coríntios escreveram a Paulo.
Essa expressão sugere que os comentários de Paulo não são mandamentos categóricos sobre escolhas morais, mas recomendações para uma situação específica. Essa interpretação é confirmada pela declaração no vs. 28 e pelas opções disponíveis no vs. 38.
Por causa dos problemas atuais, seria melhor que o homem permanecesse como estava. Provavelmente Paulo se refere a um problema específico e incomum em Corinto. Alguns argumentam que o vs. 28 ("tais pessoas sofrerão angústia na carne") sugere uma ideia mais abrangente: os sofrimentos que todo cristão enfrenta neste mundo perverso (C1 1.4).
No entanto, essa última interpretação é improvável em vista de vários fatores:
(1)     Em outras passagens, Paulo ratificou o casamento, sem ressalvas, como prática comum (11.9; Ef. 5.23-33; 1Tm 2.15; 4.3; 5.14).
(2)     Paulo mencionou a idade da mulher como um fator importante (vs. 36), algo irrelevante se a crise fosse perpétua.
(3)     O Antigo Testamento ratificou o casamento em todas as situações difíceis que Israel enfrentou, a despeito do fato de que as crises de Israel foram muito piores do que as da igreja (isto é, uma vez que a era vindoura ainda não havia sido inaugurada; ainda, mais desta vez, a BEG recomenda leitura e reflexão em seu excelente artigo teológico "O plano das eras", em Hb 7).
Com toda probabilidade, Paulo estava apenas encorajando uma moratória temporária para o casamento até que a crise de Corinto tivesse passado.
Todavia, essa lógica pode ser aplicada a outras crises. Algumas vezes a vida pode se tornar tão difícil que o melhor é não se casar (supondo que a pessoa em questão tenha recebido o dom para resistir à tentação sexual).
Casado ou solteiro? Literalmente, "comprometido com uma mulher/esposa". A expressão de Paulo indica noivado e não casamento consumado. Era necessário o "divórcio" para quebrar um compromisso de noivado.
A questão de Paulo era que os noivos não deveriam anular o noivado simplesmente por causa da situação difícil que a igreja enfrentava. Embora talvez fosse melhor adiarem o casamento até que a crise tivesse passado, Paulo não insistiu nesse adiamento.
Na verdade, até mesmo em situações difíceis ele se mostrou propenso a encorajar o casamento das mulheres mais velhas, provavelmente porque estas corriam o risco de passarem da idade de ter filhos caso a crise se prolongasse (vs. 36).
Ninguém comete pecado se vier a casar-se, mas sofrerão angústias na carne – vs. 28. Isto é, "enfrentarão muitas dificuldades na vida". Paulo não está dizendo que o casamento é sempre mais difícil do que permanecer solteiro - pois Deus criou a mulher para auxiliar, não para servir de obstáculo (Gn 2.18).
Nessa passagem, Paulo está se referindo aos tipos de angústias ("na carne") que poderiam surgir durante aquela crise, e não à duração de tais sofrimentos. Geralmente Paulo utiliza o termo "carne" para se referir às características deste mundo perverso. Isso sugere que, em momentos de crise, há maior potencial de sofrimento para os casados do que para os solteiros (essa é a sua quarta recomendação de artigo teológico "O plano das eras", em Hb 7 – vale à pena conhecer e refletir).
Nos vs. de 29 a 31, Paulo afirma que o tempo se abrevia, onde a aparência deste mundo passa. O cristão deve viver com a percepção de que não há tempo a perder.
As decisões na vida cristã devem ser caracterizadas por um sentido de urgência (Rm 13.11-12). Em momentos de crise (vs. 26), precisamos nos concentrar na esperança dos novos céus e nova terra que virão, sempre lembrando do reino eterno de Deus em vez de ficarmos ansiosos com este mundo perverso e suas preocupações.
Paulo queria todos eles livres de preocupações. No Novo Testamento, as palavras traduzidas nos vs. 32-34 como "preocupações" e "preocupa" têm, às vezes, uma acepção positiva ("cuidado", cf. 12.25; "cuide", Fp 2.20), mas em geral transmitem uma conotação negativa (cf. Mt 6.25-34 ["ansiosos"]; 10.19 ("cuideis"); 28.14 ["segurança"]; Lc 10.41 ("inquieta"; "te preocupas"); 12.11,22-26 ["preocupeis"; "ansiosos"]; Fp 4.6 ("ansiosos")).
Está claro que aqui Paulo tinha em mente um significado negativo, pois queria que seus leitores evitassem as preocupações.
Paulo listou várias preocupações que acometem os casados e solteiros, explicando que em tempos de dificuldades o casamento pode se transformar numa fonte extra de ansiedade. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor.
Embora adiar o casamento em períodos difíceis possa liberar as pessoas de várias ansiedades, mesmo assim os solteiros permanecem vulneráveis às preocupações, que se estendem às tarefas e obrigações para as quais Deus os chamou (p. ex., 2Co 11.28) e até mesmo ao relacionamento com Deus (p. ex., SI 38.18).
Em momentos de crise, os casados têm mais responsabilidades e, consequentemente, mais preocupações que os solteiros. O homem casado está sujeito não apenas às inquietações em relação aos assuntos de Deus (do mesmo modo que o solteiro, vs. 32), como também às preocupações de suas responsabilidades familiares.
Também a mulher, tanto a viúva como a virgem. Paulo pode estar fazendo distinção entre solteiras de modo geral e mulheres de uma classe especial (virgens noivas ou mulheres que se comprometeram com a virgindade).
Em períodos de crise, havia um aumento no número de situações que poderiam gerar preocupações às mulheres solteiras ou virgens.
A qualificação a que Paulo se referiu ("assim no corpo como no espírito") chama a atenção dessas mulheres não apenas quanto à tensão provocada pelo relacionamento e chamado de Deus, mas também à tentação envolvendo o pecado sexual (cf. vs. 8-9).
Tanto as mulheres não casadas como as virgens preocupam-se em serem santas. Paulo não está menosprezando o chamado das solteiras em relação ao das casadas quanto à devoção ao Senhor.
Antes, procura mostrar que até mesmo a devoção a Deus pode ser estressante para aqueles que não possuem perspectivas e prioridades corretas (cf. Lc 10.38-42).
Em tempos de crise, as mulheres casadas sofrem mais desgaste por causa de assuntos familiares e responsabilidades para com o marido. Como ocorre em outras áreas, essa situação de ansiedade pode se estender ao chamado e relacionamento com Deus.
O que Paulo falava visava o bem de seus ouvintes, pois era em favor dos seus próprios interesses. O público dos solteiros talvez pensasse que o casamento aliviaria algumas de suas ansiedades - o que de fato era verdadeiro, caso as circunstâncias fossem outras (Gn 2.18) - porém em tempos de crise as responsabilidades conjugais poderiam tornar a vida mais difícil.
Aqui – vs. 35 -, o objetivo de Paulo não é dizer que a situação de solteiro é melhor porque evita mais preocupações (que é o seu argumento nos vs. 32-34), mas que tanto os casados quanto os solteiros devem seguir esse ensinamento para evitar preocupações e viver de maneira piedosa.
Com relação aos vs. 36-38, há duas maneiras diferentes de interpretar essa passagem. Não sabemos qual era a situação específica em Corinto da qual Paulo estava tratando, mas há dois fatos claros:
(1)     Casar ou adiar o casamento são boas opções em períodos de crise, ainda que Paulo tenha percebido mais benefícios na última condição.
(2)     O estado de solteiro passa a ser menos preferível à medida que a noiva envelhece, possivelmente porque o adiamento do casamento reduz o período em que a mulher pode ter filhos.
A mulher está ligada ao seu marido enquanto ele viver. O casamento é, sem dúvida, um compromisso para a vida inteira.
Se um deles morrer, cada um fica livre para casar-se novamente. As viúvas, assim como as outras mulheres mencionadas nesse capítulo, tinham a escolha de voltarem a se casar ou não. A única condição era que, caso decidissem se casar, o novo marido teria de pertencer ao "Senhor".
No entanto, seu conselho seria que ela seria mais feliz se permanecesse viúva. Não em todas as circunstâncias, porém especificamente nesse caso sim, tendo em vista a crise em Corinto (cf. 1Tm 5.14).
I Co 7:1 Quanto ao que me escrevestes,
                é bom que o homem não toque em mulher;
                               I Co 7:2 mas, por causa da impureza,
                                               cada um tenha a sua própria esposa,
                                               e cada uma, o seu próprio marido.
I Co 7:3 O marido conceda à esposa
                o que lhe é devido,
e também, semelhantemente, a esposa,
                ao seu marido.
I Co 7:4 A mulher
                não tem poder sobre o seu próprio corpo,
                               e sim o marido; e também,
semelhantemente, o marido
                não tem poder sobre o seu próprio corpo,
                               e sim a mulher.
I Co 7:5 Não vos priveis um ao outro,
                salvo talvez por mútuo consentimento,
                               por algum tempo, para vos dedicardes à oração
                                               e, novamente, vos ajuntardes,
                                                               para que Satanás não vos tente
por causa da incontinência.
I Co 7:6 E isto vos digo como concessão e não por mandamento.
I Co 7:7 Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou;
                no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom;
                               um, na verdade, de um modo;
                               outro, de outro.
I Co 7:8 E aos solteiros e viúvos digo
                que lhes seria bom se permanecessem no estado
em que também eu vivo.
I Co 7:9 Caso, porém, não se dominem,
                que se casem;
                               porque é melhor casar do que viver abrasado.
I Co 7:10 Ora, aos casados,
                ordeno, não eu, mas o Senhor,
                               que a mulher não se separe do marido
                                               I Co 7:11 (se, porém, ela vier a separar-se,
                                                               que não se case
                                                                              ou que se reconcilie
com seu marido);
                               e que o marido não se aparte de sua mulher.
I Co 7:12 Aos mais digo eu, não o Senhor:
                se algum irmão tem mulher incrédula,
                e esta consente em morar com ele,
                               não a abandone;
                I Co 7:13 e a mulher que tem marido incrédulo,
                               e este consente em viver com ela,
                                               não deixe o marido.
I Co 7:14 Porque o marido incrédulo
                é santificado no convívio da esposa,
e a esposa incrédula
                é santificada no convívio do marido crente.
Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros;
                porém, agora, são santos.
I Co 7:15 Mas, se o descrente quiser apartar-se,
                que se aparte;
                               em tais casos, não fica sujeito à servidão
                                               nem o irmão,
                                               nem a irmã;
Deus vos tem chamado à paz.
I Co 7:16 Pois, como sabes, ó mulher,
                se salvarás teu marido?
Ou, como sabes, ó marido,
                se salvarás tua mulher?
I Co 7:17 Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído,
                cada um conforme Deus o tem chamado.
É assim que ordeno em todas as igrejas.
I Co 7:18 Foi alguém chamado, estando circunciso?
                Não desfaça a circuncisão.
Foi alguém chamado, estando incircunciso?
                Não se faça circuncidar.
I Co 7:19 A circuncisão, em si, não é nada;
a incircuncisão também nada é,
                mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus.
I Co 7:20 Cada um permaneça na vocação em que foi chamado.
I Co 7:21 Foste chamado, sendo escravo?
                Não te preocupes com isso;
                               mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade.
I Co 7:22 Porque o que foi chamado no Senhor,
                sendo escravo,
                               é liberto do Senhor;
semelhantemente, o que foi chamado,
                sendo livre,
                               é escravo de Cristo.
I Co 7:23 Por preço fostes comprados;
                não vos torneis escravos de homens.
I Co 7:24 Irmãos, cada um permaneça diante de Deus
                naquilo em que foi chamado.
I Co 7:25 Com respeito às virgens,
                não tenho mandamento do Senhor;
                               porém dou minha opinião,
                                               como tendo recebido do Senhor
a misericórdia de ser fiel.
I Co 7:26 Considero, por causa da angustiosa situação presente,
                ser bom para o homem permanecer assim como está.
                               I Co 7:27 Estás casado?
                                               Não procures separar-te.
                               Estás livre de mulher?
                                               Não procures casamento.
I Co 7:28 Mas, se te casares,
                com isto não pecas;
e também, se a virgem se casar,
                por isso não peca.
Ainda assim, tais pessoas sofrerão angústia na carne,
                e eu quisera poupar-vos.
I Co 7:29 Isto, porém, vos digo, irmãos:
                o tempo se abrevia;
                               o que resta é que não só os casados
                                               sejam como se o não fossem;
                               I Co 7:30 mas também os que choram,
                                               como se não chorassem;
                               e os que se alegram,
                                               como se não se alegrassem;
                               e os que compram,
                                               como se nada possuíssem;
                               I Co 7:31 e os que se utilizam do mundo,
                                               como se dele não usassem;
                                                               porque a aparência deste mundo passa.
                                               I Co 7:32 O que realmente eu quero
                                                               é que estejais livres de preocupações.
Quem não é casado
                                                               cuida das coisas do Senhor,
                                                                              de como agradar ao Senhor;
I Co 7:33 mas o que se casou
                cuida das coisas do mundo,
                               de como agradar à esposa,
                                               I Co 7:34 e assim está dividido.
Também a mulher,
                tanto a viúva como a virgem,
                               cuida das coisas do Senhor,
                                               para ser santa,
                                                               assim no corpo como no espírito;
                a que se casou, porém,
                               se preocupa com as coisas do mundo,
                                               de como agradar ao marido.
I Co 7:35 Digo isto em favor dos vossos próprios interesses;
                não que eu pretenda enredar-vos,
                               mas somente para o que é decoroso
                                               e vos facilite o consagrar-vos,
                                                               desimpedidamente, ao Senhor.
I Co 7:36 Entretanto,
                se alguém julga que trata sem decoro a sua filha,
                               estando já a passar-lhe a flor da idade,
                                               e as circunstâncias o exigem,
                                                               faça o que quiser.
                                                                              Não peca;
                                                                                              que se casem.
I Co 7:37 Todavia, o que está firme em seu coração,
                não tendo necessidade,
                               mas domínio sobre o seu próprio arbítrio,
                                               e isto bem firmado no seu ânimo,
                                                               para conservar virgem a sua filha,
bem fará.
I Co 7:38 E, assim, quem casa a sua filha virgem
                faz bem;
quem não a casa
                faz melhor.
I Co 7:39 A mulher está ligada enquanto vive o marido;
                contudo, se falecer o marido,
                               fica livre para casar com quem quiser,
                                               mas somente no Senhor.
I Co 7:40 Todavia,
                será mais feliz se permanecer viúva,
                               segundo a minha opinião;
                                               e penso que também
                                                               eu tenho o Espírito de Deus.
Eu sou casado há mais de 30 anos e tenho 3 lindos e maravilhosos filhos. Minha esposa e filhos estão preparados para servirem ao Senhor em família e cada um já procura seu cônjuge. A esposa certa vem do Senhor, diz a palavra de Deus e nossos filhos são a sua herança. (Pv 18:22; 19:14; Sl 127:3).
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
...
Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

I Coríntios 6 1-20 - CUIDADO COM QUEM VOCÊ SE UNE FÍSICA E ESPIRITUALMENTE.

Como já dissemos, Coríntios foi escrita para, principalmente, combater a rebeldia, as divisões e a falta de amor que tinham sido causadas pelo orgulho e pela presunção na igreja de Corinto. Estamos vendo a parte II, cap. 6/16.
Breve síntese do capítulo 6.
Julgaremos o mundo e os anjos e não haveremos de julgar as coisas desta vida? Assim Paulo fala e exorta os Coríntios que não julgaram aquele que cometera tão grande ato de pecado. Paulo ficou indignado porque além de não julgarem o malfeitor, ainda assim estavam levando os casos aos tribunais terrestres.
Ele chega a dizer que melhor seria para nós sofrermos antes o dano do que expor ao vitupério o caminho que estamos seguindo. Pior ainda é o fato de haver demandas entre nós. No lugar delas é preferível sofrer por amor aos irmãos tanto o dano quando a injustiça.
Sabemos que haverá justiça porque seguimos a justiça, mas no presente muitas injustiças estão se passando sem que se faça algo. Aquele que vê e consente com a injustiça e nada faz é covarde e Paulo nos diz o lugar do covarde.
Os injustos não herdarão o reino de Deus e os covardes? Também não. Se nos falta coragem, ousadia e sabedoria para discernirmos e agirmos com justiça, peçamos a Deus que nada nos improperará.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. RELATÓRIO FEITO PELOS DA CASA DE CLOE (1.10-6.20) - continuação.
Dos vs. 1.10 ao 6.20, estamos vendo esse relatório feito pelos da casa de Cloe. Paulo volta a sua atenção para algumas questões que haviam sido relatadas a ele "pelos da casa de Cloe" (1.11). Ele tem duas preocupações principais, que formarão nossas divisões, seguindo a BEG: A. Divisões na igreja (1.10-4.21); B. Problemas morais e éticos (5.1-6.20).
B. Problemas morais e éticos (5.1-6.20) - continuação.
Até ao capítulo 6.20, estamos vendo os problemas morais e éticos. Além de fomentar divisões, a arrogância dos coríntios havia gerado vários problemas morais e éticos, segundo o relatório dos da casa de Cloe. Paulo trata de três questões que são, exatamente, as nossas divisões propostas, conforme a BEG: 1. Um caso de incesto (5.1-13) – já vimos; 2. Litígios (6.1-11) – veremos agora; e, 3. Imoralidade sexual (6.12-20) – veremos agora.
2. Litígios (6.1-11).
A família de Cloe relatou que havia processos judiciais entre cristãos. Paulo considerou esse problema como uma questão de corrupção muito séria dentro da igreja.
Paulo parece mudar de assunto, passando da questão da imoralidade para o litígio entre cristãos. Contudo, precisamos perceber algumas ligações importantes entre essas questões.
Em primeiro lugar, Paulo volta a falar sobre a imoralidade (embora de um modo diferente) em 6.9. Logo, não considerou encerrado esse assunto.
Além disso, o litígio entre os coríntios era uma extensão do mesmo problema discutido no cap. 5: a doutrina deficiente da igreja.
Assim como os cristãos não têm autoridade para regular a vida dos ímpios, do mesmo modo os ímpios não têm autoridade para regular a vida da igreja. Caso os coríntios tivessem compreendido a ligação entre a comunidade israelita e a igreja cristã, teriam percebido o absurdo de cristãos buscarem resolver seus problemas fora da igreja. Quem consegue imaginar um gentio pagão julgando questões entre os israelitas no deserto?
O sarcasmo de Paulo volta a ficar evidente, principalmente quando pergunta se não haveria entre os coríntios nenhum sábio. Os coríntios, que se orgulhavam tanto de sua sabedoria (4.10), preferiam resolver as suas disputas diante de juízes ímpios, ao invés de cristãos.
O disparate da situação em Corinto fica mais claro quando se percebe que os cristãos, por ocasião da consumação da História (e não agora; 5.12-13), participarão com Cristo não apenas do julgamento dos ímpios, mas também dos anjos perversos.
Paulo faz uma pergunta importante no vs. 7, por que não sofreis, antes, o dano? Sem dúvida, a questão não é que os cristãos devem perdoar os abusos cometidos uns contra os outros ou que devem se submeter às injustiças que outros cristãos cometem.
A recomendação para a parte lesada sofrer as consequências pode indicar que Paulo estava se referindo a casos de menor importância que não tinham grande impacto individual ou familiar.
Do contrário, outros princípios bíblicos, como a responsabilidade familiar, teriam sido mencionados aqui. O fato de que havia fraudes e injustiça entre os membros da igreja de Corinto demonstra o quanto eles haviam decaído.
Um dos princípios recorrentes da Escritura é afirmar que as coisas do mundo são incompatíveis com o reino de Deus (15.50; GI 5.21). Contudo, isso levanta a questão de como alguém pode vir a ser salvo, uma vez que todos são pecadores.
Paulo oferece uma resposta dupla: por um lado, Deus se agrada em justificar o ímpio (Rm 4.5); e por outro, Deus santifica aqueles a quem justifica (Rm 6.1-4). Paulo tinha a esperança de que a maioria dos membros da igreja visível de Corinto fosse de cristãos verdadeiros que haviam sido justificados em nome de Cristo, e que a imoralidade deles nesse momento era uma anomalia que podia e devia ser corrigida.
A persistência no erro seria uma evidência - e não uma prova de fato - de que a fé que eles professavam era falsa. A BEG recomenda aqui a leitura de seu excelente artigo teológico “A perseverança e a preservação dos santos", em Fp 1.
Paulo vai citar os que não entrarão no reino dos céus, nem mesmo podem entrar e a lista é grande: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas – no grego, homossexuais passivos ou ativos, respectivamente -, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros.
Ele fala que assim desse mesmo jeito, foram alguns deles, mas agora não são mais, pois foram lavados, santificados e justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus – vs. 11. Também a BEG recomenda ver seu outro excelente artigo teológico "Santificação", em Tt 3.
3. Imoralidade sexual (6.12-20).
A cidade de Corinto era bastante conhecida pela sua prostituição religiosa e Paulo trata do problema da imoralidade sexual de modo abrangente e direto.
Ao dizer que todas as coisas lhe eram lícitas, mas nem todas convinham, Paulo parece estar citando palavras de outras pessoas, provavelmente um provérbio popular que os moradores de Corinto utilizavam para justificar seu comportamento imoral.
Sua resposta sugere que, ainda que houvesse alguma verdade nesse provérbio, os coríntios haviam distorcido o significado dele.
Na verdade, os argumentos de Paulo refutaram o propósito para o qual esse ditado era utilizado em Corinto. Em vez de permitir fazer qualquer coisa com o corpo, Paulo enfatiza o propósito nobre para o qual Deus o criou.
Ele faz uma comparação excelente ao dizer que os alimentos foram feitos para o estômago e este para os alimentos e da mesma forma, nosso corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor e o Senhor para o corpo. No caso específico do alimento e do estômago, ambos serão destruídos depois.
Pelo seu grande poder, Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós – vs. 14. Como indicam os vs. 15-17, Paulo lembra os coríntios de que a salvação em Cristo não inclui apenas a ressurreição da alma, mas também do corpo.
Esse fato, que ocorrerá no retorno de Cristo, tem implicações para a nossa vida hoje. Muitos coríntios tinham uma visão errônea do corpo físico por causa da influência dos filósofos gregos.
Devido a uma teologia deficiente, alguns consideravam as relações sexuais como algo intrinsecamente pecaminoso, pois envolviam as paixões físicas (7.1-5).
No entanto, o problema aqui parece ser exatamente o oposto: alguns coríntios encaravam a promiscuidade sexual algo bem aceitável, pois pensavam que a participação do corpo, por não ter valor intrínseco, não acarretava consequências para a vida espiritual.
Paulo esclarece isso dizendo que nossos corpos são membros de Cristo. A doutrina da união do cristão com Cristo é um dos ensinamentos principais do apóstolo Paulo.
Esse versículo indica que essa união se estende até mesmo ao corpo físico do cristão (veja Rm 12.1). Portanto, os coríntios estavam enganados ao pensar que a união com uma prostituta era algo sem importância por envolver apenas o corpo físico.
Reparem que quem se une a uma prostituta, forma um só corpo com ela e o que se une com o Senhor é um espírito com ele – vs. 16, 17.
O contraste em questão não é que a união com Cristo é espiritual enquanto a união com a prostituta é física. Paulo já havia salientado no vs. 15 que a união com Cristo também se aplica ao corpo, como desenvolve mais adiante nos vs. 18-20.
Em vista do vs. 19, a palavra "espírito" no vs. 17 provavelmente deveria começar com letra maiúscula. Todos os cristãos estão unidos (de corpo e alma) a Cristo por meio do Espírito Santo e essa união impede que o cristão ofereça o seu corpo à prostituição.
Caso a condenação dessa prática se refira especificamente às pessoas que se prostituíam no templo da deusa Afrodite, tornaria ainda mais evidente as implicações religiosas da imoralidade dos coríntios (10.20).
O conselho básico e sábio nessa hora era para FUGIR da imoralidade sexual. Paulo então comenta que qualquer outro pecado é fora do corpo, mas o pecado sexual é feito contra o próprio corpo.
O significado dessa passagem “pecado fora do corpo” tem sido questionado. Sem dúvida há muitos outros pecados que afetam o corpo do cristão. Embora alguns desses pecados sejam mais repulsivos do que outros, o cristão não deve pensar que um irmão que tenha caído nessa área está fora do alcance do perdão.
Todavia, o ensino de Paulo deixa claro que a união física imoral traz consequências específicas porque corrompe o templo do corpo, assim como a idolatria corrompe o templo de adoração. Logo, esse pecado corrompe a identidade cristã de quem foi unido a Cristo por meio do Espírito Santo. É interessante observar que a proibição nesse versículo ("Fugi da impureza") é expressa na mesma linguagem que o mandamento contra a idolatria (10.14).
Aqui, no vs. 19, Paulo faz uma revelação interessante: nosso corpo é santuário do Espírito Santo. Paulo caracteriza o conceito de igreja como o novo templo onde Deus habita. Embora o cristão precise compreender o caráter pessoal do relacionamento com o Espírito Santo que habita nele, também é preciso lembrar que a ênfase da Escritura como um todo está na identidade corporativa do povo de Deus como templo santo e casa espiritual (Ef 2.19-22; 1 Pe 2.4-5).
I Co 6:1 Aventura-se algum de vós,
                tendo questão contra outro,
                               a submetê-lo a juízo perante os injustos
                               e não perante os santos?
I Co 6:2 Ou não sabeis
                que os santos hão de julgar o mundo?
Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós,
                sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?
                               I Co 6:3 Não sabeis que havemos de julgar
os próprios anjos?
                                               Quanto mais as coisas desta vida!
I Co 6:4 Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos,
                constituís um tribunal daqueles
que não têm nenhuma aceitação na igreja.
                               I Co 6:5 Para vergonha vo-lo digo.
                                               Não há, porventura, nem ao menos
um sábio entre vós,
                                                               que possa julgar no meio da irmandade?
                               I Co 6:6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão,
                                               e isto perante incrédulos!
I Co 6:7 O só existir entre vós demandas
                já é completa derrota para vós outros.
Por que não sofreis, antes, a injustiça?
Por que não sofreis, antes, o dano?
                I Co 6:8 Mas vós mesmos
                               fazeis a injustiça
                               e fazeis o dano,
                               e isto aos próprios irmãos!
I Co 6:9 Ou não sabeis que os injustos
                não herdarão o reino de Deus?
Não vos enganeis:
                nem impuros,
                nem idólatras,
                nem adúlteros,
                nem efeminados,
                nem sodomitas,
                I Co 6:10 nem ladrões,
                nem avarentos,
                nem bêbados,
                nem maldizentes,
                nem roubadores herdarão o reino de Deus.
I Co 6:11 Tais fostes alguns de vós;
                mas vós vos lavastes,
                mas fostes santificados,
                mas fostes justificados
                               em o nome do Senhor Jesus Cristo
                               e no Espírito do nosso Deus.
I Co 6:12 Todas as coisas me são lícitas,
                mas nem todas convêm.
Todas as coisas me são lícitas,
                mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.
I Co 6:13 Os alimentos são para o estômago,
e o estômago, para os alimentos;
                mas Deus destruirá tanto estes como aquele.
Porém o corpo não é para a impureza,
                mas, para o Senhor,
                               e o Senhor, para o corpo.
I Co 6:14 Deus ressuscitou o Senhor
e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
I Co 6:15 Não sabeis que os vossos corpos
                são membros de Cristo?
                               E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo
                                               e os faria membros de meretriz?
                                                               Absolutamente, não.
I Co 6:16 Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta
                forma um só corpo com ela?
                               Porque, como se diz,
                                               serão os dois uma só carne.
I Co 6:17 Mas aquele que se une ao Senhor
                é um espírito com ele.
I Co 6:18 Fugi da impureza.
Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer
                é fora do corpo;
                               mas aquele que pratica a imoralidade
                                               peca contra o próprio corpo.
I Co 6:19 Acaso, não sabeis que o vosso corpo
                é santuário do Espírito Santo,
                                que está em vós,
                                               o qual tendes da parte de Deus,
                                               e que não sois de vós mesmos?
I Co 6:20 Porque fostes comprados por preço.
                Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.
Quem se une ao Senhor é um com ele, assim como quem se une à sua esposa e é um com ela e assim, também, como quem se une à prostituta ou a outros tipos de uniões e ambos serão um só corpo.
Com quem estamos nos unindo para sermos um só? Com Deus e com aqueles que ele aprova ou estamos em união com o diabo? Se estamos e somos um com o diabo, qual será o nosso fim? Fugi da impureza é o conselho sábio do apóstolo Paulo!
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
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Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.

domingo, 20 de dezembro de 2015

I Coríntios 5 1-13 - ESTAMOS TODOS NO MESMO BARCO!

Como já dissemos, Coríntios foi escrita para, principalmente, combater a rebeldia, as divisões e a falta de amor que tinham sido causadas pelo orgulho e pela presunção na igreja de Corinto. Estamos vendo a parte II, cap. 5/16.
Breve síntese do capítulo 5.
Houve alguém em Coríntios que ultrapassou os limites e cometeu atrocidade tal que nem mesmo entre os gentios se tinha ouvido. Aquele era um caso gravíssimo e não poderiam as coisas prosseguirem sem uma exemplar punição.
O fato é que estamos todos no mesmo barco, Cristo, a caminho da pátria celestial e dentro deste barco estão reunidos aqueles por quem Cristo morreu. Ninguém no barco era flor que se cheirava, pelo contrário todos fedíamos.
Agora somos salvos, mas a salvação ainda não foi completada na presente era por causa de nossa natureza e porque Deus ao nos salvar não nos levou embora, mas nos deixou em convivência uns com os outros.
É natural, pois que surjam problemas, intrigas e muitas coisas desagradáveis, mas todas elas parecem ter limites. Paulo não tolerava nem no barco os que se dizendo salvos eram, declaradamente e sem temor a Deus, voltados ao pecado.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. RELATÓRIO FEITO PELOS DA CASA DE CLOE (1.10-6.20) - continuação.
Dos vs. 1.10 ao 6.20, estamos vendo esse relatório feito pelos da casa de Cloe. Paulo volta a sua atenção para algumas questões que haviam sido relatadas a ele "pelos da casa de Cloe" (1.11). Ele tem duas preocupações principais, que formarão nossas divisões, seguindo a BEG: A. Divisões na igreja (1.10-4.21); B. Problemas morais e éticos (5.1-6.20).
B. Problemas morais e éticos (5.1-6.20).
Até ao capítulo 6.20, estaremos vendo os problemas morais e éticos. Além de fomentar divisões, a arrogância dos coríntios havia gerado vários problemas morais e éticos, segundo o relatório dos da casa de Cloe. Paulo trata de três questões: um caso de incesto dentro da igreja (5.1-13), processos judiciais entre cristãos (6.1-11) e imoralidade sexual (6.12-20). Eles formarão nossa divisão proposta, conforme a BEG: 1. Um caso de incesto (5.1-13) – veremos agora;2. Litígios (6.1-11); e, 3. Imoralidade sexual (6.12-20).
1. Um caso de incesto (5.1-13).
Veremos neste capítulo, um caso de incesto e como Paulo lidou com ele. Os coríntios estavam tão confiantes em si mesmos que não enxergavam a gravidade do incesto para a igreja.
Não sabemos se o pai desse homem já estava morto ou se esse filho casou-se de fato com a sua madrasta. Em qualquer caso, fica explícito o relacionamento sexual incestuoso, conforme condenado em Lv 18.8.
O verbo grego "possuir" pode significar "viver um relacionamento sexual imoral com" e fica evidente pela reação de Paulo nesse capítulo que esse era o sentido em questão.
Ainda que a cultura greco-romana nos dias de Paulo tolerasse discretamente uma vasta ordem de atividades imorais, até mesmo os gentios censuravam esse tipo de incesto.
O problema fundamental da igreja em Corinto não era a imoralidade de um de seus membros, mas a arrogância ao tolerar e aceitar a prática de um ato incestuoso (vs. 6).
Os coríntios tinham tanto orgulho de sua tolerância que passaram não apenas a desprezar os padrões morais bíblicos como também a adotar os costumes dos ímpios (vs. 1). O orgulho os levou até mesmo a desconsiderar os primeiros ensinamentos apostólicos de Paulo a essa igreja (5.9).
Nos vs. de 3 a 5, temos uma passagem bastante difícil. Embora distante da comunidade, Paulo emitiu sentença de julgamento profético como se estivesse em Corinto.
De fato, Paulo deu ordens à igreja para expulsar o transgressor ("entregue a Satanás"). Essa expulsão visava ao arrependimento e à salvação da pessoa, algo que só poderia ser alcançado por meio da "destruição da carne", isto é, quando esse homem obtivesse domínio sobre suas tendências carnais.
De acordo com uma das interpretações de 2Co 2.5-11, esse homem se arrependeu de seu pecado. Eles se reuniram em nome do Senhor Jesus, juntamente com Paulo, em espírito, ou seja, eles tinham conhecimento de sua vontade no tocante a isso. A igreja reunida em assembleia possui autoridade delegada por Jesus (Jo 14.13).
Paulo condenava o orgulho deles que era como um bocado de fermento que poderia levedar toda a massa. Ou melhor, levedura, que na verdade é uma pequena porção da massa fresca que é deixada para azedar.
Depois disso, pode ser adicionada a uma porção maior de massa fresca, causando a fermentação desta. No entanto, esse processo pode envolver riscos para a saúde se a fermentação durar muito tempo.
Como parte do rito anual de purificação da festa da Páscoa, os israelitas precisavam retirar todo o fermento de suas casas (Ex 12.15). Nesse sentido, Paulo usa o fermento para simbolizar a impureza e a corrupção; e a nova massa, sem fermento, para simbolizar a pureza.
Por um lado, os cristãos verdadeiros em Corinto já haviam sido genuinamente purificados por Cristo e, desse modo, Paulo continuou a dispensar à igreja visível o generoso tratamento de considerar seus membros como cristãos genuínos.
No entanto, ao tolerarem o incesto na comunidade, a igreja visível de Corinto havia se tornado corrupta e precisava ser purificada.
A verdadeira natureza de cada indivíduo torna-se mais clara conforme a fé de cada um é examinada e provada pelo tempo (2Co 13.5-6) – aqui a BEG recomenda refletir em seu excelente artigo teológico "A perseverança e a preservação dos santos", em Fp 1.
Paulo desenvolve essa representação da Páscoa ao sugerir que o sacrifício pascal, sendo sombra das coisas reais que virão (1-1b 10.1), apontava para o seu cumprimento definitivo na morte de Jesus Cristo.
O estágio final da argumentação de Paulo, e em particular o mais belo, foi traçar um paralelo entre a festa dos Pães Asmos e a vida pura que os cristãos devem ter. Como povo de Deus vivendo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, todos os dias são motivo para celebrarmos essa festa.
Antes de escrever 1 Coríntios, Paulo havia enviado outra carta (que não chegou até nós) instruindo os coríntios a apartarem-se de cristãos que continuavam a praticar a imoralidade.
Os coríntios não entenderam o que Paulo quis dizer (pensando que a ideia era apartar-se totalmente do mundo) ou tentaram evadir o assunto argumentando que o apóstolo exagerava.
Paulo aproveitou a oportunidade para esclarecer que se referia àqueles que se dizem “irmãos", porém viviam de maneira contraditória com a fé que professavam.
A ordem para banir os transgressores ("com esse tal, nem ainda comais") referia-se principalmente à vida em comunidade e provavelmente não tinha intenção de evitar contato pessoal (veja 2Ts 3.15).
Ao citar a ordem repetitiva em Deuteronômio para expulsar os ímpios de Israel (p. ex., Dt 17.7,12), Paulo apresenta um paralelo importante entre a comunidade da aliança no Antigo Testamento e a igreja cristã (10.1-11).
A igreja visível deve disciplinar seus próprios membros, assim como fazia o povo de Israel no Antigo Testamento. Contudo, os de fora não devem ser disciplinados (isto é, excluídos do contato pessoal; vs. 11) pela igreja.
Nem mesmo Paulo em sua autoridade apostólica julgava "os de fora". Isso não significa que Paulo não tenha criticado e chamado os ímpios ao arrependimento, mas que ele não lhes impunha a disciplina que se aplicava à igreja.
I Co 5:1 Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal,
                como nem mesmo entre os gentios, isto é,
                               haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai.
I Co 5:2 E, contudo, andais vós ensoberbecidos
e não chegastes a lamentar,
                para que fosse tirado do vosso meio
                               quem tamanho ultraje praticou?
I Co 5:3 Eu, na verdade,
                ainda que ausente em pessoa,
                               mas presente em espírito,
                                               já sentenciei, como se estivesse presente,
                                                               que o autor de tal infâmia seja,
                                               I Co 5:4 em nome do Senhor Jesus,
                                                               reunidos vós
                                                               e o meu espírito,
                                                               com o poder de Jesus,
                                                                              nosso Senhor,

I Co 5:5 entregue a Satanás
                para a destruição da carne,
                               a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus].
I Co 5:6 Não é boa a vossa jactância.
Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?
I Co 5:7 Lançai fora o velho fermento,
                para que sejais nova massa,
                               como sois, de fato, sem fermento.
Pois também Cristo,
                nosso Cordeiro pascal, foi imolado.
                               I Co 5:8 Por isso, celebremos a festa
                                               não com o velho fermento,
                                               nem com o fermento da maldade e da malícia,
                                                               e sim com os asmos da sinceridade
e da verdade.
I Co 5:9 Já em carta vos escrevi
                que não vos associásseis com os impuros;
                               I Co 5:10 refiro-me, com isto, não propriamente
                                               aos impuros deste mundo,
                                               ou aos avarentos,
                                               ou roubadores,
                                               ou idólatras;
                                                               pois, neste caso, teríeis de sair do mundo.
I Co 5:11 Mas, agora, vos escrevo
                que não vos associeis com alguém que,
                               dizendo-se irmão,
                                               for impuro,
                                               ou avarento,
                                               ou idólatra,
                                               ou maldizente,
                                               ou beberrão,
                                               ou roubador;
                                                               com esse tal, nem ainda comais.
I Co 5:12 Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora?
                Não julgais vós os de dentro?
                               I Co 5:13 Os de fora, porém, Deus os julgará.
Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.
Paulo optou pela expulsão deste irmão que cometeu tão grande malignidade, mas garantiu que o mesmo seria ainda salvo. Outro exemplo cruel que temos de convivência difícil foi o caso de Judas, porém judas não se salvou. No caso de Judas, Jesus o amou até o fim para nos mostrar o exemplo da paciência e da fé.
Disciplina eclesiástica e exclusão: Quem deve ser disciplinado?[1]
O conceito cristão de disciplina abrange urna ampla gama de procedimentos que incluem o desenvolvimento, a instrução e o treinamento necessários para formar discípulos de Cristo. A teologia reformada enfatiza a importância da disciplina eclesiástica reconhecendo que a mesma é um dos sinais necessários da verdadeira igreja (juntamente com a pregação da Palavra e a ministração correta dos sacramentos). A disciplina eclesiástica inclui o incentivo informal do aprendizado, da devoção, do culto, da comunhão, da retidão e do serviço num contexto de cuidado e responsabilidade (Mt 28.20; Jo 21.15-17; 2Tm 2.14-26; Tt 2; Hb 13.17). O Novo Testamento também mostra que a disciplina formal ou judicial tem um lugar importante no amadurecimento da igreja e das pessoas (1 Co 5.1-13; 2Co 2.5-11; 2Ts 3.6,14-15; Tt 1.10-14; 3.9-11).
A disciplina judicial foi instituída por Deus no Antigo Testamento e fica evidente em passagens que exigem a aplicação de penas legais para determinados crimes. Por exemplo, correspondendo à exclusão de hoje, a pena por vários crimes no Antigo Testamento era a eliminação do transgressor do meio do seu povo (Gn 17.14; Êx 30.33,38; 31.14; Lv 7.20-21,25,27; 17.4,9; 19.8; 23.29; Nm 9.13; 15.30). No Novo Testamento, Jesus outorga esse poder aos apóstolos, autorizando-os a ligar e desligar (isto é, proibir e permitir; Mt 18.18) e a declarar os pecados perdoados ou retidos (Jo 20.23). Na teologia reformada, as "chaves do reino", que inicialmente foram dadas a Pedro e definidas como o poder de ligar e desligar (Mt 16.19), costumam ser entendidas como a autoridade dos apóstolos de estabelecer doutrinas e impor a disciplina de modo infalível. Esse mesmo poder se reflete, ainda que de modo falível e imperfeito, na pregação do evangelho pela igreja e em sua autoridade nos tribunais eclesiásticos devidamente instituídos.
Nas igrejas reformadas, a disciplina eclesiástica vai desde a admoestação até a exclusão da Ceia do Senhor e exclusão da congregação, que é descrita como entregar uma pessoa a Satanás, o príncipe deste mundo (Mt 18.15-17: 1Co 5.1-5,11; 1Tm 1.20; Tt 3.10-11). Os pecados públicos (isto é, aqueles que foram cometidos diante de a igreja), devem ser corrigidos publicamente na presença da congregação (1Co 5.4-5; 1Tim 5.20; cf. Cl 2.11-14). No caso de uma transgressão pessoal, Jesus ensinou que o procedimento inicial deve ser particular, empregado na esperança de não ser necessário pedir à igreja que repreenda publicamente as pessoas envolvidas (Mt 18.15-17).
O propósito maior da disciplina eclesiástica em todas as suas formas é preservar a pureza e paz da igreja e resgatar aqueles que se desviaram dos caminhos da fé cristã. Mesmo nos casos de exclusão, urna vez que o arrependimento seja constatado pelas autoridades devidamente ordenadas, a igreja deve então reconhecer a remissão de pecados e receber o transgressor de volta à comunhão plena (2Co 2.6-8). Veja CFW 30; CB 32; CH 83,84,85.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.


[1] Extraído da BEG – Artigo Teológico referente a I Coríntios 5.
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